terça-feira, 24 de junho de 2008

Silly Season 08

A Silly Season do futebol é exactamente a altura do ano onde os jornais mais gostam de ser o centro das atenções. Na altura em que os jogadores descansam para retemperar forças e energias para uma nova época é quando entram em cena os agentes, os intermediários, as jogadas de bastidores e as grandes manchetes dos jornais.

Quebro o meu silêncio para (também mas não só) voltar a falar do mesmo assunto com que deixei o blog há cerca de um mês. Escrevi aqui a minha opinião sobre o caso Cristian Rodriguez e não retiro uma virgula ao que escrevi na altura. Quem quiser ler basta clicar nos textos "Que sejas Feliz" e "Que sejas feliz parte II" mas resume-se basicamente numa tomada de posição clara sobre o que eu considero uma falta de respeito dum jogador Benfiquista perante a nossa Instituição e consequentemente o afastamento imediato do Benfica da mesa de negociações sobre a contratação definitiva desse jogador para o plantel da próxima época.

Rui Costa optou por fazer o contrário do que eu aqui escrevi e em vez de mandar um grito de revolta mostrando que neste Novo Benfica não há lugar para o desrespeito, mostrou exactamente o contrário, pondo-se a jeito para que agora o critiquem pelo simples facto de "deixar fugir um jogador acarinhado, para o grande rival FCPorto".

No futebol o timing é tudo. O que hoje é, amanhã já não é, e definir bem os timings das decisões é crucial para que o juízo dessa decisão seja encarado na opinião publica como positivo ou negativo.

E o Benfica falhou o timing neste "caso Rodriguez" em toda a linha. Primeiro falha quando não exerce a opção de compra a 31 de Março de 2008. Nessa altura o Benfica teria que claramente dar um sinal ao jogador e ao grupo de empresários que gere a sua carreira se queria ou não queria accionar essa cláusula e negociá-la nessa altura.

Depois falha o timing porque quando Rodriguez afirma que gostaria de representar o FCPorto, o Benfica devia automaticamente sair fora das negociações e mostrar a todos os Benfiquistas que independentemente do valor inquestionável de Rodriguez há valores que nunca se metem em causa no nosso Glorioso.

Se nessa altura o Benfica tem tomado esta posição e mesmo que o jogador fosse representar o FCPorto, nenhum dos adeptos do Benfica podia criticar a opção tomada por Rui Costa, porque era uma medida "à antiga" daquelas que nos lembram que não joga no Benfica quem quer, mas sim quem sente a camisola do Glorioso de forma "mística".

Passado o timing deste deslize e deixando que o FCPorto contratasse Rodriguez um mês depois deste episódio, Rui Costa é hoje criticado por todos aqueles que dizem que começa a perder nesta guerra com o FCPorto. E é verdade que é criticável mas também é verdade que para mim o Rodriguez estava fora do Benfica no momento em que li n"A Bola" o que disse no regresso de Angola.

Sei que este processo só tinha uma maneira de ser conduzido e sei que Rui Costa não o conduziu bem, mas não queria ter no Benfica alguém que desejava assim tanto jogar no FCPorto - por isso e por outras razões desejo-te os maiores insucessos nesse teu novo clube.

Passando este episódio voltamos a ter nomes e nomes e mais nomes nos media todos os dias.

Assusto-me com a hipótese de falhar o negócio "Huelva" onde o Benfica daria 10 milhões de Euros por Carlos Martins e Pongolle. Não me assusto porque os acho jogadores brilhantes (apesar do Pongolle poder ser uma boa contratação), mas assusto-me porque "estavam a horas de ser apresentados" e agora afinal pode não ser bem assim.

Infelizmente se se confirmar que estes jogadores não jogam no Benfica no próximo ano começa a ser preocupante o conceito flop que se começa a apoderar da nação Benfiquista em cada uma destas Silly Season veraneantes. E como eu tenho aqui escrito o conceito flop está directamente relacionado com as expectativas que se criam no nosso espírito.

Eu defendo que no Futebol os negócios anunciam-se, não se negoceiam na praça pública. Ou seja, se o Benfica quisesse comprar Pongolle e Carlos Martins negociava, decidia se os valores eram exequíveis para as nossas finanças e fechava ou abandonava o negócio.

Tal como Pablo Aimar. Eu acho o Pablo Aimar dos melhores jogadores da ultima década. O que fez na selecção Argentina e nos seus melhores anos de Valência (antes das lesões e da sua transferência para Zaragoza) fez com que admirasse cada uma das suas jogadas. No entanto, não acredito que possa chegar a vestir a nossa camisola. E espero enganar-me. Mas como vejo o processo sinto que provavelmente, e uma vez mais, devíamos chegar, negociar, fechar e depois anunciar. Pois o que vejo na capa d´"A Bola" hoje é a notícia que Rui Costa mandou uma carta a sensibilizar o jogador para o projecto do Benfica oferecendo-lhe a "sua" camisola 10.

Eu optaria por ir a Zaragoza ou onde o senhor Aimar estivesse e tentaria cara a cara utilizar todos os meus argumentos de persuasão pessoal mas até admito que Rui Costa tivesse optado pela carta, mas o que não admito uma vez mais é como e porquê chega esta notícia à capa d´"A Bola".

Estas são as noticias que fazem as delícias dos nossos adversários. Caso Pablo Aimar decida a sua vida noutras paragens, lá está o Benfica a ser ridicularizado pelos nossos principais adversários. Eu sempre disse e defendo que este ano temos que falar pouco, dispensar bem e contratar melhor. Mas em silêncio. E Rui Costa tem gerido muito bem esse silêncio, mas alguns dos seus colaboradores talvez não o façam tão bem como ele.

Faltam cerca de 15 dias para o arranque da nossa próxima época e ainda temos uma série de processos pendentes em mão e poucas contratações fechadas. Primeiro a renovação da grande esperança júnior André Carvalhas que espero que chegue a um acordo rapidamente. Depois, temos a tal anunciada contratação de Jorge Ribeiro (que futebolisticamente pode ser uma mais valia, mas que no plano pessoal e dos tais valores de Ética que ainda existem no meu Benfica, me envergonhará profundamente) e por fim temos os dois únicos nomes anunciados até hoje - Ruben Amorim e Yebda.

Do primeiro tenho boas referências, do segundo muitas dúvidas. Aliás mais que dúvidas tenho receios que se revele uma contratação falhada em absoluto. Espero enganar-me. E a 15 dias do arranque da época não temos mais nada.

Espero que Rui Costa tenha tempo suficiente para dar os tais seis (?) jogadores que Quique Flores pediu mas a ver pela amostra, sinto que tem tarefa dificultada.

O último nome a ser veiculado é o médio ofensivo Balboa do Real Madrid. Parecia-me uma boa opção mas a julgar pelas suas palavras nem sequer conhece o interesse do Benfica. A ver vamos.

O que sei é que no meio de todos estes processos negociais, o tempo não joga a nossa favor. Temos Escudero, Balboa, Pablo Aimar, Pongolle, Carlos Martins, Miccoli, Valdivia, Albelda, Thiago Silva, Cléber Santana, Soldado (entre muitos outros) referenciados na nossa imprensa diariamente e muitos poucos nomes anunciados para os nossos adversários. Sim há alguns nomes anunciados para o Sporting, mas não tantos como do Glorioso. Eu sei que esta Silly Season 2008 como outras tantas anteriores vive das manchetes com o Benfica mas temos claramente que nos dar ao Respeito uma vez mais e a este nível não podemos permitir que apareçam notícias, nomes e histórias que nos fazem acreditar numa das duas seguintes teorias - ou estes nomes são realmente verdade e estamos com o nosso director desportivo de cabeça perdida a atirar em todas as direcções ou temos uma estrutura técnica muito fechada e todos estes nomes e histórias são completamente mentirosas. Dizem que no meio é que está a virtude - pois acreditemos que a nossa maior virtude é acreditar (passe a expressão) que tudo se resolverá pelo melhor para o nosso Glorioso. Até lá continua a Silly Season 2008 este ano animada pela sucessão de Scolari no cargo técnico da Selecção. Que decidam bem - os nossos e os da Federação.

Força Benfica

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