segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Investimentos vários

Após ausência natalícia, abro 2010 com um desejo óbvio. Que este ano nos inicie a caminhada rumo ao nosso Penta... Feito que está o irónico pedido mais desejado, passo a coisas mais sérias.

Aumentámos o capital social da Benfica Sad para 115 milhões (mais 40 milhões) e continuamos a investir na equipa de futebol como provam as recentes contratações de Kardec, Airton e Éder Luís.

Muitas pessoas acham que esta estratégia é uma jogada muito arriscada quando se sabe que o passivo de todo o universo consolidado do Benfica suplanta os 400 milhões de Euros.

Eu entendo perfeitamente o investimento no futebol, aceito-o e acho que é fundamental para o Benfica valorizar activos e aumentar as receitas. Uma boa equipa de futebol, com bons jogadores e boa equipa técnica, faz aumentar as audiências no estádio, faz aumentar o número de sócios, faz aumentar a venda de red pass, faz aumentar a venda de merchandising, faz valorizar essas estrelas onde se investe, como fazem valorizar outros que doutra maneira não poderiam dar nas vistas e consequentemente valorizar-se.

Investir na equipa de futebol sem colocar em perigo a tesouraria do dia-a-dia é a opção certa e lógica num clube como o Benfica pela razão simples que a hipótese de ser campeão - o título máximo e mais desejado por todos os adeptos encarnados - dá acesso directo à liga dos campeões e aos milhões de receitas de TV, de bilheteira, de pontos que dão euros e mais importante, da valorização desses activos (jogadores) donde se investiu milhões uns meses/anos antes.

Em qualquer negócio, pensar grande, com boa estratégia e com pés assentes no chão é normalmente sinónimo de sucesso. No entanto no futebol as coisas não são tão lineares, porque na maioria dos casos não se é coerente com esta estratégia.

Primeiro vamos considerar que muitas vezes se falha nos objectivos a que nos propomos quando contratamos um novo jogador. Veja-se o caso do Keirisson que foi comprado por 14 milhões e pelo que vi o senhor jogar à minha frente - os jogos na TV não contam - o Barcelona pode estar perante um redondo flop. O Luís Fabiano também o foi e depois rebentou em Espanha... Veremos o que pode acontecer. O nosso Filipe Bastos e o Freddy Adu eram jogadores de futuro e nem no Belenenses jogam... Sepsi era o nosso defesa esquerdo de futuro e foi já recambiado para a Roménia. Patric e Shaffer seguirão o mesmo caminho rumo a casa mais cedo ou mais tarde... Temos ao longo dos últimos anos contratado jogadores que podem ser promessas e apenas um ou outro cumprem esse requisito. David Luiz é um deles, Sidnei poderá ser (ou talvez não, se Jesus assim o entender) mas na verdade é que do Brasil podem vir grandes futuros craques como grandes flops no imediato. Uma coisa é certa... Os valores que se apregoam para Alan Kardec, Airton, Éder Luís não são proibitivos mas revelam uma clara aposta no futuro e numa continuação do investimento no futebol.

No entanto todas as nossas contratações acima de 5 milhões de Euros são valores seguros da equipa como se prova com Luisão, Saviola, Javi Garcia, Ramires, Cardozo ou Di Maria. Mais uma vez digo... Pensar grande e apostar pela certa é menos arriscado que tentar ser chico esperto acabando a comprar gato por lebre. Ao contrário de outros negócios, este negócio do futebol é muito complicado de prever. A verdade é que já temos 60 jogadores nos nossos quadros e isso parece-me inaceitável, sejam eles Portugueses, Brasileiros, jovens ou veteranos. Eu não sou director desportivo, nem conheço as razões que podem fazer um clube como o Benfica comprar 60 "activos", pagando-lhes ordenados e os valores das transferências, mas quero acreditar que alguém sabe as razões para esta politica e pensa nas soluções que nos levarão a diminuir esse número para os 40 aceitáveis.

Posto isto, acho bem que se comece a preparar as próximas épocas e parece-me que estas aquisições de inverno são a pensar mais em Julho de 2010 que propriamente em Fevereiro próximo. Não me parece mal que assim seja. Sabemos que venderemos um ou outro jogador como sejam Di Maria, Cardozo, Luisão e/ou Yebda. Estas vendas deverão ser suficientes para o Benfica encarar os próximos anos com algum desafogo financeiro, apesar de eu defender que uma equipa quando tem bons valores e com resultados só se deve vender pelas propostas irrecusáveis. Na minha opinião mais vale ir aumentando o ordenado dos jogadores que se conhecem e que sabemos que são bons, identificados com o clube e com os adeptos que estar a arriscar comprar brasileiros (ou de outra nacionalidade) sem saber se podem ajudar ou não a equipa.

Isto para dizer que eu entendo que seja interessante ir comprando barato, amortizar esse activo contabilisticamente nos anos de contrato e depois vendê-lo por três ou quatro vezes o preço de custo. Isto é o ideal em todos os negócios. No entanto, os próximos 4 anos de Benfica serão os anos onde podemos cimentar a liderança nacional, podemos voltar a fazer brilharetes na Liga Europa e desejavelmente na Champions League. Para que isso aconteça, uma estabilidade de plantel, de equipa técnica e de modelo de jogo é desejável.

Já sabemos que nos próximos anos vamos assistir a uma série de evoluções financeiras na nossa Sad e no clube, vamos ter um naming do estádio, vamos renegociar os direitos televisivos, vamos ainda ter mais sócios, mais pessoas a assistir aos jogos em casa e mais jogos na liga milionária. Isso vai trazer mais clubes interessados nos nossos jogadores (activos) e nós teremos que definir uma estratégia clara de investimento na equipa, nos resultados, no equilíbrio entre "quem sai e quem fica" sem prejudicar a performance desportiva da equipa.

Todas as equipas desejam ser campeãs, fazer boas campanhas europeias, realizar mais valias com activos adquiridos uns anos antes, comprar depois "jogadores melhores" e com mais potencial, gastando um quarto do dinheiro dos que foram vendidos . Fórmula fácil de escrever e difícil de aplicar.

O Benfica optou por apostar seguro em jogadores como Saviola, Aimar, Javi Garcia, Ramires (que já chegou titular da selecção canarinha) e outros com potencial como David Luiz, Cardozo ou Di Maria. Hoje, todos assistimos ao melhorar das performances desportivas do nosso clube e antes sequer de vender qualquer jogador, contratámos Kardec e Airton a pensar no futuro.

Esse futuro, é hoje construído com uma base de risco própria de quem gere futebol. Nos dias que correm temos ouvido muitas vozes criticas em relação à opção Brasil em detrimento dos nossos novos jogadores da formação ou em detrimento de outros jovens Portugueses oriundos de outros clubes nacionais.

Eu já aqui escrevi que acho que faltam Portugueses no nosso plantel e não mudo a minha opinião mas também sei que não é fácil adaptar esta teoria á parte prática.No tempo de Camacho e de Quique Flores, eles preferiam espanhóis na equipa. Noutros tempos, outros preferiram Ingleses (de segunda) ou suecos de primeira. Sempre tivemos brasileiros nas nossas equipas e com Jesus era óbvio que ele iria preferir um mercado que conhece bem, nem que seja pelo número de brasileiros que treinou ao longo da sua carreira. Quem conhece os meandros do futebol sabe que a politica desportiva tem de estar sempre alicerçada em várias áreas e uma das mais importantes é a opinião do treinador que todos sabemos, assiste a vários jogos brasileiros. Esta frase nem sequer é uma critica. É apenas constatar um facto. No entanto, penso que deveremos pensar em gerar receitas extraordinárias (vender dois ou três jogadores máximo, aumentando extraordinariamente outras receitas) e tentar manter a tal espinha dorsal nos próximos anos.

O Luisão é para mim o exemplo a seguir. Deveremos manter os jogadores o maior número de anos possível e tentar que criem laços com o clube. Nem sempre os jogadores da cantera são mais apaixonados pelo clube que os que vêm de fora e o que está a acontecer com David Luiz é um exemplo do que acabo de dizer. O grau de empatia com a massa associativa é de tal forma elevado que neste momento é já um símbolo do terceiro anel - para os críticos e para os seus fans. Só temos que continuar a contratar menos e melhores, manter os que estão e começar a pensar em aproveitar seriamente os jovens da formação. Temos Roderick, Miguel Vitor e outros se seguirão como disse Luis Filipe Vieira na célebre entrevista a "A Bola" da passada semana.

Isto significa que num futuro próximo - no máximo 5 anos - poderemos ter realmente 4 ou 5 jogadores da nossa formação na equipa. Vamos acreditar nisso, vamos acreditar em quem decide, vamos acreditar nos que agora chegam e vamos acreditar que discordando aqui ou ali, não podemos criticar sem saber os reais objectivos de algumas das decisões que são tomadas neste âmbito. Como disse antes, este negócio não é linear. Eu prefiro poucos e muito bons, com créditos firmados, preferencialmente jovens e Portugueses. Acham que Rui Costa, Jesus ou Luís Filipe Vieira não pensam o mesmo? Mais uma vez falar é fácil mas decidir não é tão fácil. Vamos dar o benefício da dúvida e apoiar onde podemos ser realmente úteis - na bancada a gritar Benfica, Benfica, Benfica... Sábado lá estarei em Vila do Conde, onde perdi a última vez que lá fui com um golo de Miguelito, apesar de ter sido campeão umas semanas depois. Lá está um bom exemplo do que disse antes. Queríamos Portugueses, compramos o Miguelito e depois viu-se o que deu. Eu dou o benefício da dúvida a quem tem que decidir...

Força Benfica

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Exemplar...

O Benfica hoje mostrou a todos porque razão é candidato ao título. Eu digo a "todos" porque é óbvio que para nós que acompanhamos a equipa e que vemos a diferença abismal desta época para outras, esta análise é algo óbvia e que já conhecemos há várias semanas.

No entanto há uns quantos analistas que acham que o Benfica é realmente um bluff e viveram esta semana num autêntico conto de fadas... Não haveria melhor semana para jogar um derby contra FCPorto, pois a juntar à perda de gás duma equipa "que não aguenta o Inverno", tínhamos as lesões de Aimar, Ramires, Ruben Amorim, Sidnei e os castigos de Fábio Coentrão e Di Maria. A isto juntamos a "falta de atitude competitiva em Olhão", e "os fantasmas antigos" que previam e continuarão a prever que o Benfica vai falhar um ano mais. Como tudo é possível no futebol, todas as teorias são prováveis até que as mesmas caiam por terra com resultados.

Hoje assistimos à queda duma dessas teorias. O FCPorto não é mais forte que o Benfica, não tem um plantel com mais soluções e não tem obviamente melhor equipa técnica. Isso parece-me visível para todos os que entendem um pouco de futebol.

Estamos na 14ª jornada e o Benfica leva 4 pontos de avanço sob FCPorto, leva 38 golos marcados e 9 golos sofridos e já foi a Alvalade e Braga, faltando ir a FCPorto na ante penúltima jornada.

Até lá muitas coisas irão acontecer e este mês de Janeiro já pode dar indicações claras nesse aspecto. Vamos a Vila do Conde jogar com Rio Ave e à Madeira jogar contra Marítimo e depois desse jogo teremos 8 partidas em casa e 6 encontros fora. Posto isto, sabemos que estes dois jogos serão fundamentais para o campeonato, mas hoje não é dia de falar no futuro imediato, mas é dia para desfrutar desta vitória e deste momento único deste ano 2009.

Hoje Jorge Jesus dissipou todas as dúvidas em relação ao seu valor e ao aproveitamento que fez do nosso plantel.

Jogou contra FCPorto com Urreta, lançando durante o jogo Weldon, Luís Filipe e Filipe Meneses ganhando a guerra das substituições de forma clara e inequívoca. Eu disse aqui ontem que não queria saber se jogávamos bem ou mal, se íamos ser roubados ou beneficiados, se íamos ser superiores ou inferiores ao FCPorto, desde que ganhássemos. Aliás até disse que provavelmente hoje FCPorto era superior ao Benfica pela simples razão de ter preparado este jogo com todo o plantel disponível e sem nenhum jogo a meio da semana como o Benfica teve.

O que se provou hoje é que a vitória é indiscutível, num dia terrível de chuva, frio e vento e com um domínio táctico inquestionável. Hoje o FCPorto foi forte num determinado momento da segunda parte, contra uma equipa do Benfica desfalcada de vários jogadores nas opções titulares e nas opções suplentes. A partir do momento que se acerta no meio campo com as substituições acabou o jogo.

Em relação ao árbitro, hoje não vamos falar muito disso mas uma mão clara de Cristian Rodriguez dava amarelo e penalti. Uma agressão bárbara do mesmo Cristian Rodriguez deveria dar vermelho directo e o árbitro e fiscal de linha acham que afinal amarelo é suficiente. Fora isto, podemos discutir uma ou outra opção mas a verdade é que estas foram os mais gritantes casos de arbitragem.

Antes do derby assistimos a várias capas com contratações de jogadores por parte do Benfica. Uns verdadeiros - parece-me que não há fumo sem fogo no Kardec e no Airton - e outros tão ridículos, quanto preocupantes. Sempre achei que nesta semana de derby estarmos a falar de contratações para Janeiro era um autêntico tiro no pé, mas nunca entendo se essas informações aparecem do Benfica ou para prejudicar o Benfica. Também não importa falar muito nisso ou discutir alguns dos nomes que realmente se falam para entrar no nosso plantel. Depois do que se passou ontem no Estádio da Luz e mesmo com o AEK na passada quinta feira, penso que o Benfica não tem que se preocupar em quem contrata, mas sim em segurar todos os que estão no plantel neste momento.

Para o fim, vou falar de David Luiz. Eu que tantas vezes o critico lá do alto da bancada, tenho de assumir que com toda a pressão e com toda a anti campanha que foi alvo nestas últimas semanas - onde o comparam amiúde a Bruno Alves, como se houvesse comparação entre alguém que "dá" e não recebe amarelos e alguém que "não dá" e sempre recebe amarelos - o nosso defesa esteve excelente. A maturidade que revela com esta idade dá que pensar e a maneira como responde ao jornalista que lhe fala do Real Madrid é sincera e comovente.

"Amo o Benfica e amo jogar no Benfica. Sem dúvida alguma que vou continuar no Benfica".

Este é o nosso futuro e em vez de pensarmos em comprar incertezas, deveremos planear o nosso futuro com as certezas que já temos na equipa. Esta é uma equipa e um plantel que devem ser apoiados e deverão ser estes que nos darão os títulos que necessitamos nos próximos anos.

Hoje apenas deveremos celebrar o Natal mais alegres, sabendo que os profetas da desgraça - na sua maioria equipados de verde e na sabedoria do seu recente quinto lugar - terão um Natal à antiga... Para os de azul, e do alto da arrogância com que encararam este jogo, o Natal será de "rabinho entre as pernas" com a certeza que agora têm realmente um Benfica renascido das cinzas. Para o "Porto B" que também equipa de encarnado os "parabéns" por terem ganho aos três grandes nesta primeira volta e acredito que ainda possam roubar pontos importantes ao "FCPorto A" quando se deslocarem ao Dragão na segunda volta.

Ao senhor Eduardo Barroso e todos os outros comentadores azuis e verdes, obrigado por nos terem motivado a fazer um grande jogo e obrigado por terem ajudado a nossa massa associativa a cerrar fileiras no apoio inequívoco à equipa no jogo de ontem. Com as vossas alarvidades será mais fácil sermos campeões. Continuem a odiar a nossa equipa, o nosso plantel, a nossa equipa técnica e a nossa massa adepta. Um dia poderão resolver esse vosso problema existencial trocando esse ódio encarnado pelo amor sincero ao vosso clube.

Foi tão bom voltar a ganhar ao FCPorto. Tão, tão bom...

Força Benfica

domingo, 20 de dezembro de 2009

O jogo do ano. Ponto final.

Desde há uns anos largos que o Benfica - FCPorto é obviamente o jogo do ano. Não há derby (ou clássico, como agora se diz entre grandes que não são da mesma cidade) igual a este pela simples razão que são os clubes que mais promovem a batalha dentro e fora do campo, assumindo-se como os verdadeiros adversários na Liga, independentemente da classificação que tenham nas alturas em que se defrontem.

Posto isto, espero que fique claro para quem me lê, a importância máxima que tem este jogo no meu calendário pessoal. Entre viagens, trabalho, lazer, férias ou qualquer outra actividade, a data do Benfica-FCPorto está sempre a bold e sublinhada. Aconteça o que acontecer, não se perde este jogo no estádio "por nada deste mundo". Eu sei que na prática é assim com todos os benfiquistas, mas agora entra-se no politicamente correcto afirmado-se que "este jogo não decide nada".

Qualquer pessoa que saiba como funcionam os campeonatos sabe que este ou qualquer outro jogo numa prova com 30 jornadas não decide nada - a não ser que seja o último ou penúltimo e pode realmente decidir o título. Mas a verdade é que quando entrarmos hoje no Estádio só queremos ganhar e ganhar e ganhar. Ninguém pensa nos 4 pontos de distância que ficamos do FCPorto em caso de vitória - que realmente não nos dão nenhum título - mas queremos ganhar como se não houvesse amanhã. E este tem de ser o espírito de todos os nossos jogadores no jogo de hoje e de todos os outros jogos que tenham pela frente as riscas azuis e brancas do FCPorto, porque do outro lado independentemente das nacionalidades ou anos que levam no clube, este jogo contra o Benfica é sempre uma final.

Do nosso lado só se pode ter uma atitude que é ser 100% Benfica. Por isso é que esta semana não me preocupei nada com as noticias das lesões, das gripes, dos castigos, dos bluffs, etc... Sei que hoje provavelmente seremos teoricamente mais fracos que o FCPorto pela simples e única razão que eles terão o plantel a 100%, com uma semana de treinos limpa e nós teremos vários titulares afastados e outros possíveis titulares na enfermaria há várias semanas sem sequer fazerem corrida. Mas como disse antes, isso é apenas teoria, porque na prática o que queremos ver esta noite é o espírito renascido que levamos desde Julho. Queremos atitude, garra, força, excelência, capacidade de sofrimento e a tal mística em cada jogador do Benfica seja ele o Luís Filipe, o Cardozo, o Peixoto ou o menino Filipe Menezes.

Isto é cultura de equipa. Quando se diz para fora que "este jogo não decide nada", joga-se nos tais mind games psicológicos das expectativas, mas internamente tem que se ter um discurso oposto. Jogamos a vida neste jogo. É assim que se cria cultura de vitória, de exigência e de responsabilidade. Sei que o Jesus sabe disto mas tenho dúvidas que mais alguém o sinta da mesma maneira na estrutura directiva que acompanha o futebol. Penso sempre que são uns meninos de coro, e a ver as capas que foram saindo com possíveis contratações ainda mais me convenço quão "meninos" são os nossos profissionais da comunicação do futebol.

Esta semana é tempo de paz e por isso até escrevi pouco apesar de vários tópicos me exigirem várias abordagens. Tivemos uma assembleia geral muito importante na terça feira, um jogo na quinta e capas nos jornais, em todos os dias com possíveis reforços do Benfica e nem uma capa com esse assunto do lado do FCPorto.

Eu não quero falar disso hoje, mas falarei seguramente depois do jogo porque há coisas que merecem ser escritas, mesmo que nos timings errados.

Hoje há a emoção e o nervosismo dum jogo que nos apaixona a todos desde o momento em que nos lembramos de falar, e isso significa desde o momento em que dizemos Benfica. Papá e mamã apareceram, logo de seguida... Esta guerra assumida entre Benfica e FCPorto desde que Pinto da Costa é presidente desse clube, é uma das marcas mais fortes deste Portugal pós 25 de Abril. Isso é algo inquestionável. Faz parte do ADN do país, mesmo que alguns intelectuais pensem que tudo o que tenha a palavra futebol é digno de gente do povo. Sim, sim do povo e das elites, por isso marca o ADN do nosso país. Porque é transversal em idades, classes sociais e regiões geográficas deste nosso Portugal.

Hoje joga-se muito mais que um jogo e muitíssimo mais que três pontos. "São apenas três pontos" dizem os treinadores tentando retirar pressão das suas equipas mas nós sabemos que três pontos jogámos nós em Olhão. Hoje jogamos contra o FCPorto e os três pontos é o que menos nos importa. O que queremos é ganhar. Só isso, ganhar. Não quero jogar bonito, não quero justiça no marcador, não quero que ganhe o melhor, nem quero que o árbitro seja isento. Quero ganhar... O mais animalesco dos sentimentos revela-se. No fim do jogo voltamos ao normal, ao equilíbrio, ao fair-play, ao respeito pelo adversário - que na prática nunca o perdemos durante o jogo - e aplaudiremos se o resultado não for o que nós mais desejamos. Sim é verdade, mas a plenitude só chega com a vitória. É assim e será sempre assim, apesar de no último Benfica - FCPorto para o campeonato ter aqui escrito um post com o título "O dia em que aprendi a valorizar um empate". Sim é verdade que valorizei o empate do Benfica contra FCPorto num contexto muito específico. Hoje desejo apenas e só a vitória e sei que essa vitória é possível apesar do tal medo (sim é medo, não é nem receio, nem respeito) que sempre tenho do FCPorto, fruto de duas décadas onde infelizmente essa equipa ganhou muito mais que nós.

Hoje será diferente, mesmo que empatarmos. Não vamos desacreditar no título por perdermos um jogo nem celebrá-lo se o ganharmos, mas por essa razão este jogo é apenas um Benfica - FCPorto e tem de ser encarado exactamente assim. Um jogo apenas com um resultado possível e esse será a nossa vitória.

Acredito em todos os jogadores, acredito nos técnicos, acredito muito no público que estará nas bancadas a puxar em todos os momentos, como o fizeram por exemplo contra Naval, contra Guimarães, contra Marítimo ou contra Olhanense na passada semana. Desta vez seremos apenas 60000, porque os outros 5000 serão obviamente adeptos do FCPorto, mas vamos parecer 120000 como noutros tempos, mas com a mesma guerra.

Isto leva-me ao único assunto que quero falar hoje, para além da esperança que tenho na vitória. O Benfica disponibilizou ao FCPorto o número de bilhetes previsto na lei para as suas claques e apoiantes, parecendo-me que o fez de forma muito natural e lógica. Independentemente do resultado, a nossa direcção deveria alertar a Liga, para o facto do jogo entre FCPorto e Benfica no Dragão ser na penúltima jornada, onde se pode decidir o título nacional, garantindo desde já que o Benfica terá direito à percentagem de bilhetes devidamente prevista nos regulamentos da Liga.

Quem me lê, obviamente que dirá "mas é óbvio que o FCPorto é obrigado a dar bilhetes ao Benfica", mas neste país e com este clube, na penúltima jornada do campeonato que lhes permitirá (ou não, ou não) ter o segundo penta da sua história, penso que tudo é possível. Desde o sorteio do campeonato que tenho dúvidas sobre se teremos ou não teremos bilhetes para assistir a esse jogo e quanto mais depressa os conseguíssemos, melhor...

Bem, a verdade é que até podemos ser campeões na ante penúltima jornada, uma semana antes contra o "FCPorto C" no Estádio da Luz, mas isso é um sonho longínquo e que hoje nem faz sentido falar.

O que faz sentido falar é na imensa esperança que todos temos na vitória e no prazer que é estarmos aí a ver o jogo in loco onde apenas se pode sentir tudo isso sem intermediários. Antes do jogo Benfica-FCPorto da época transacta escrevi aqui com o título "Paixão é... " :

Não trocar o meu lugar no Estádio da Luz esta noite por nenhum outro local do mundo, por nenhuma outra companhia, por nenhum outro compromisso, por nenhuma outra qualquer situação, por nenhuma fortuna material que alguém me ousasse propor. A Paixão que tenho pelo Benfica é algo que não quero explicar ou entender. Para mim, basta sentir e desfrutar, porque no fundo é disto que vivemos - das nossas grandes Paixões.

Vivemos das nossa grandes paixões e este Benfica - FCPorto - como todos os outros, em todas as outras épocas - é um dos principais alimentos dessa paixão.

Quando penso nestes jogos penso no ambiente que se vivia naqueles jogos à tarde dos anos 80 e 90 no nosso antigo Estádio da Luz cheio e com as bandeiras desfraldadas ao vento. É isso que quero sentir hoje, noutro estádio, de noite, sem bandeiras mas com a mesma fome de conquista que tínhamos nesses tempos.

Mesmo no final deste 2009, vamos fazê-lo histórico e nosso. Não só o último do ano como também, o último da década. Para mim resume-se ao "Jogo do Ano". Eu acredito na vitória, obviamente...

Força, Força, Força Benfica

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Quem é Eduardo Barroso?

Anda por aí um senhor a apregoar há umas semanas que o Benfica é um bluff, que a equipa não joga nada, que as goleadas são inventadas, que os árbitros roubam sempre a favor do Benfica, que os nossos jogadores são todos miseráveis, que o nosso futebol é uma nulidade, entre outras alarvidades.

Esse senhor diz que o Benfica não será campeão, que a pior coisa que aconteceu ao Porto foi a expulsão do Di Maria e o quinto amarelo do Coentrão pois de tão fraquinhos que são não jogarem só pode premiar o Benfica, diz também que a melhor coisa que aconteceu ao FCPorto é a possível utilização do David Luiz pois seguro que esse jogador vai fazer dois penaltis e ser expulso no jogo do próximo domingo, entre mais uma ou outra alarvidade.

Esse senhor ainda diz mais coisas... Diz que somos uma invenção total da imprensa, que sem ser a nossa capacidade de mobilização - lá está, promovida pela imprensa - o Benfica é futebolisticamente a maior nódoa do campeonato nacional e afirmou ainda que o Benfica de Quique Flores "o ano passado ainda era líder" querendo tentar passar a imagem que este ano o Benfica rebentou, já deu o que tinha a dar e que perdeu todo o gás. Lembrou ainda que o Benfica pode ser goleado no domingo e esqueceu-se de nos lembrar a todos a classificação e em que lugar está esta miserável equipa.

Esse senhor é um médico respeitado e se o visse aqui à minha frente comprimentava-o com um sorriso, com a boa educação que me caracteriza e evitava a todo custo falar de futebol. Respeito-o como pessoa, como médico e como um magnifico cidadão, amigo do seu amigo e um militante convicto duma causa médica nobre que abraçou num projecto de vida a todos os títulos, notável. Por tudo isto, uma sentida vénia de cidadão para cidadão...

No entanto este ódio visceral ao Benfica não é normal e a cegueira que afecta este senhor é gritante. Não lhe basta ver na tabela os nossos 37 golos marcados, os nossos "apenas" 9 golos sofridos e os nossos 9 pontos perdidos em 13 jogos - Maritimo (c), Braga (f), Sporting (f) e Olhanense (f) - mas seria bom que visse a própria classificação. Seria bom que examinasse com atenção que no primeiro lugar ex-aequo com os mesmos pontos vão duas equipas de nome Sporting de Braga e Benfica. Isso mesmo... Essa equipa miserável vai á frente e a sua equipazinha maravilha só está a 12 pontos e com um score fantástico de 14 golos marcados e 11 sofridos. Este senhor ainda diz mais...

Diz que se o Sporting tivesse ganho dois dos jogos que perdeu, poderia estar descansadamente no domingo a desejar um empate no Benfica-FCPorto e a entrar sorrateiramente na luta pelo campeonato... Mas eu digo-lhe já que não, não estaria... Sabe porquê meu caríssimo Eduardo Barroso? Porque se o Benfica tivesse ganho ao Sporting e ao Olhanense e mesmo com os tais 6 pontinhos a mais na classificação fruto das tais vitórias imaginárias resultante dum qualquer passe mágico duma qualquer criança, o Benfica teria mais quatro pontos - ficaria com 34 pontos - e estaria neste momento com mais 11 pontos que o clube do coração do senhor Eduardo Barroso. Como é bom sonhar.... Como eu não vivo de sonhos, só queria perguntar uma coisa aos Benfiquistas que me lêem (que pelos números que me vão chegando são cada vez mais e dos vários pontos do globo)...

Com inimigos assim para que é que nos preocupamos a denegrir o nosso próprio clube em semana tão importante? Se temos lagartos que neste momento não escondem a sua filiação azul e branca, porque temos nós que dizer mal da nossa equipa? Se temos adeptos frustrados a tentarem arranjar estímulos para poderem passar um natal mais feliz, porque temos nós que dizer mal da nossa equipa? Se temos adversários nossos a dizer que esta semana será difícil para o nosso clube, mercê de duas derrotas numa semana, porque temos nós que dizer mal da nossa equipa? Se temos meio mundo com inveja de tudo o que o Benfica apresenta futebolisticamente nestes últimos meses, porque temos nós que dizer mal da nossa equipa?

Esta semana vamos rir na cara de cada um que ouse pensar que o Benfica está fora do título. Esta semana vamos estar mais juntos que nunca. Esta semana vamos ouvir cada um dos corruptos dizer "que eles são os melhores", "que a sua equipa maravilha voltou", "que apostam na vitória do FC Porto e claro que preferem o Benfica o mais debilitado possível" ou que "o penta está a caminho" e com a humildade dos campeões vamos mostrar do que somos feitos no domingo. Não quero ouvir nem um Benfiquista pessimista e com discursos derrotistas a dar trunfos a estes atrasados mentais.

Se domingo formos goleados pela tal equipa maravilha de azul e branco - para gáudio do senhor Eduardo Barroso - estaremos a 2 pontos do segundo e a 3 do primeiro. Muito provavelmente ainda seremos a equipa mais concretizadora da liga e uma das menos batidas e saberemos unir esforços para na hora seguinte recuperarmos os nossos heróis, a nossa equipa técnica e prepararmo-nos todos para recuperar esses míseros pontinhos rumo ao título.

Como nada disso vai acontecer, teremos que mostrar hoje, amanhã e cada dia que durar esta guerra até Maio de 2010 que o Benfica este ano terá apoio inequívoco de todos os milhões de Benfiquistas espalhados pelo mundo. Quem não acreditar e quiser comemorar o título antecipado do FCPorto saia e não apareça. Não dêem razão a nenhum sportinguista ou portista frustrados. Sejam fiéis ao Benfica e acreditem. Deixem esses atrasados mentais dizerem todas estas baboseiras mas por favor não mandem tiros no nosso clube, fazendo o joguinho do coitadinho que agora vê que afinal o Benfica está "só" em primeiro e á frente dessas equipazinhas miseráveis que equipam de azul, verde e branco.

Não deixem por favor que ninguém ouse gozar com o Benfica pois "num país que aceita que uma mentira repetida muitas vezes se torne verdade", tudo pode ser possível. Tudo menos aceitar que qualquer badameco nos intimide com discursos populistas e mentirosos.

Domingo estaremos 60000 Benfiquistas no Estádio da Luz a apoiar inequívocamente a nossa equipa e não tenho a menor dúvida que cada um dos milhões que nas televisões, nos écrans da net ou nas rádios dos quatro cantos do mundo terão uma esperança imensa na nossa equipa. Gritem esse apoio e não tenham vergonha de nada, antes, durante e depois do jogo. Somos e seremos sempre maiores que esta corja de frustrados que vivem e morrerão com o maior desgosto possível - não serem do Benfica.

Todos seremos poucos nesta semana e não deveremos afastar-nos das nossas responsabilidades. Apoiar inequívocamente o nosso Benfica.

Força, Força, Força Benfica

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Safámos o resultado

Estive em Olhão este fim de semana e assisti ao jogo numa daquelas bancadas amovíveis que existem nesse Estádio. Paguei 50€ pelo bilhete na tal bancada amovível, num estádio digno de terceiro mundo, contra uma equipa que está em último classificado e uma semana antes do Benfica - FCPorto. Não me arrependo nem por um segundo ter viajado tantos kms para assistir ao nosso pior jogo do ano, porque vi aí muito mais que um jogo.

Primeiro admito que durante esta semana se falou muito no árbitro nos blogs, nos cafés, nos jornais e até imagino que se tenha falado desse árbitro nos treinos do Benfica. Este senhor é o árbitro que mais amarelos dá no campeonato e por "sorte" ou "azar" foi nomeado para um jogo do Benfica antes da partida mais importante do ano contra FCPorto.

Há coisas que não se controlam como a nomeação do árbitro para um jogo do Benfica, mas há coisas que nós controlamos, temos que controlar e somos obrigados a controlar.

Nenhum director desportivo ou qualquer director do Benfica se deve intrometer em qualquer decisão técnica. Isto parece-me de cartilha de primeira classe do dirigismo de futebol aqui ou na China.

No entanto, numa "guerra sem quartel", há coisas que são óbvias. Por exemplo, alguém deveria informar TODA a equipa que este árbitro é famoso pelo número de amarelos que dá e alguém deveria informar-lhes que este adversário não é igual a todos os outros da Liga. Alguém deveria dizer aos nossos jogadores que tal como o Braga é um "FCPorto B", esta equipa de Olhanense é um "FCPorto C" e isso deveria ser suficiente para eles entenderem algumas regras de actuação nestes jogos.

Uma delas parece-me clara e evidente. Não se devem meter em nenhuma escaramuça provocada por adversários do Olhanense, não deverão actuar no limite em nenhuma falta sob pena de levarem amarelos e/ou expulsões, não deverão entrar em qualquer jogo psicológico dos jogadores do Olhanense e deverão ter nervos de aço em todas as situações. Quer o resultado seja a nosso favor ou a favor do adversário, quer o árbitro nos roube um penalti ou marque outro contra nós a três metros da grande área, quer os adversários nos provoquem ou o público seja o mais hostil do mundo, a nossa equipa só tem alhear-se de tudo isto e apelar aos tais nervos de aço que falei há pouco.

Não há nenhum mal nisto. Os nossos jogadores são jovens mas ganham bem. Sabem que ser jogador de futebol não é apenas dar uns pontapés na bola e se alguém lhes ensinar estas regras eles aprendem facilmente porque podem ser burros ou estúpidos - que não é o caso - mas o que lhe explicarem é mesmo muito fácil de entender.

Depois de tudo isto, eu entrei no estádio - ou naquele campinho de futebol digno duma terceira divisão de qualquer Liga civilizada - com a certeza que íamos lutar pela vitória com a humildade dos campeões e com as regras "duns meninos".

Ia preparado para tudo pois sabia que ao contrário do que se apregoava nos tais cafés ou até mesmo em Olhão, o Benfica ia passar realmente as passas do Algarve para ganhar este jogo. Na terça feira, quando me dirigi à bilheteira onde fui "assaltado" nos tais 50€, alguém do Olhanense me dizia que o Benfica daria uma goleada e que "os defesas locais se iam abrir todos" para deixar passar o Cardozo, ao que lhe lembrei que o Cardozo não jogava de listas azuis e de dragão ao peito. Ele respondeu que era bem capaz de ter razão... Adiante.

Quando cheguei ao Estádio, senti logo que alguma coisa poderia acontecer naquele jogo e sempre esperei que a perdermos, perdêssemos com a dignidade dum campeão, deixando tudo em campo e sem cometer nenhum tipo de erros "extra desportivos".

Não vou falar da parte desportiva ou táctica pois penso que jogámos tão mal, tão mal que o empate veio do céu. Tal como escrevo no título safámos o resultado e tal como no tempo de Trapattoni, um pontinho aqui, outro pontinho ali se vai "enchendo o papo da galinha". Na corrida para o título parece-me que pode ser um ponto muito importante.

Vou voltar aquilo que mais me preocupou na rápida visita ao Algarve. Este Benfica não tem liderança e isso é muito triste. Quando Fábio Coentrão é agredido mesmo à minha frente - nessa tal bancada amovível manhosa - vi em centésimos de segundos toda a máfia e manhosice deste futebol pequenino que temos. Não vou entrar em pormenores e em teorias da conspiração de "quem manda em quem" mas foi claro para mim que alguém estudou a lição e alguém não a estudou. É inadmissível que Cardozo, Luisão e outros se metam numa escaramuça tão premeditada quanto mal disfarçada, com um único objectivo - rastilho para uma mão cheia de cartões.

E porque razão David Luiz foi o único jogador do Benfica que em todo o jogo nunca se envolveu em nenhuma dessas escaramuças ficando a vários metros de todas as situações perigosas? É o único inteligente ou terá sido o único avisado? Eu quero acreditar na nossa estrutura e quero acreditar que todo o nosso departamento desportivo "sabe andar nisto" mas ás vezes tenho dúvidas.

Será que ninguém avisou Cardozo, ou os restantes colegas do perigo que este jogo representava? Eu não quero, nem posso acreditar nisso. Mas depois há coisas que me parecem estranhas. Jorge Jesus acalmou as hostes quando se fazia a entrada para o túnel separando as águas e separando os nossos jogadores dos jogadores adversários. Até aqui tudo bem. Mas ninguém avisou os nossos jogadores do perigo de escaramuças ou de qualquer tipo de provocação contra este adversário?

Mais uma vez vou retirar desta análise qualquer teoria da conspiração. Eu quero acreditar que nunca ninguém do FCPorto encomendou qualquer confusão ou incidente que permitisse ao árbitro exibir a gala de cartões amarelos/vermelhos que já nos habituou. Não estou a ser irónico e sei que estas coisas não funcionam assim. Não é o Pinto da Costa que liga ao Jorge Costa para ele passar uma mensagem aos jogadores contra o Benfica. É a própria situação do Olhanense sendo ultimo classificado, com treinador e jogadores ligados "umbilicalmente" ao FCPorto e adeptos ávidos de uma vitória contra Benfica que dinamitam toda a situação.

Eu não critico os jogadores, não critico Jorge Jesus, nem sequer Rui Costa ou a nossa estrutura de futebol. Não o critico porque sei em que altura do ano estamos. Mas uma coisa eu sei. A equipa em Olhão não teve liderança. Não sei se foi a perca de Aimar, de Di Maria ou de Ramires, na segunda parte carregámos sem cabeça, sem foco e a acreditar como eu acreditava - apenas com o coração encarnado que eles têm como eu e como muitos malucos que ainda continuamos a sustentar chulos.

Quando um desses chulos afirma que fazer o jogo no Estádio do Algarve significaria ter um "triplo da receita" - passar de 250 000€ para 750 000€ - e que por respeito aos sócios não o fez, eu tenho de me rir. Ninguém de bom senso abdica de 500 000€ por respeito aos sócios desse clube. Aliás de um estádio ao outro distam apenas cerca de 14 km e 500 000€. Eu não quero aqui levantar suspeitas porque o tal chulo em questão - e atenção que a expressão chulo apenas aparece devido aos preços altos, altíssimos que todos nós Benfiquistas pagámos por cada bilhete - até pode ser boa pessoa mas como se dizia da mulher de César, "não basta sê-lo é preciso parecê-lo..."

Voltando ao jogo onde tudo correu mal - menos o golo de Nuno Gomes e o falhanço do avançado Olhanense no último minuto de jogo - o Benfica mostrou ingenuidade. Eu acredito e acreditarei este ano na conquista do título. Acompanharei o Benfica para todo o lado e estarei todas as semanas de jogos no nosso estádio. No entanto, nestes jogos fora entendem-se muitas coisas, que no nosso magnifico cativo em Lisboa não se entendem. Como aliás se entendeu na derrota na Trofa o ano passado, ou até mesmo este ano em Braga. Temos que sair de casa com todas as lições bem estudadas. Temos que entrar nestes campos a saber os trunfos técnicos/tácticos dos adversários e os perigos escondidos nas entre-linhas sem manhosices e com total legalidade.

Eu não quero falar muito do Di Maria e da sua atitude infantil, mas uma coisa é fazer aquilo sem ser avisado e outra coisa é fazer aquilo depois de ter sido avisado durante a semana dos perigos que se adivinhavam nesta visita ao Algarve. Qualquer uma delas deve ser punida exemplarmente no seio do grupo. Nem eu nem ninguém deverá saber do castigo que o Benfica lhe deverá aplicar porque nestes casos a protecção do grupo deve ser o principal objectivo. Nós precisamos dum Di Maria forte e não será a crucificá-lo na praça pública que isso virá a acontecer. Só espero uma coisa dum bom gestor desportivo. Punição exemplar no interior e protecção total no exterior.

Rui Costa é novo e bem formado. Não se pode nunca pedir a uma pessoa de 36 anos que saiba tudo do seu novo ofício nem se deve comparar as atitudes dum homem novo e bem formado com as manhas dum seu antecessor mais velho e bem menos formado. O fantasma de José Veiga aparece muitas vezes na mente dos Benfiquistas quando se cometem alguns destes erros. No entanto, José Veiga é passado e não será a lembrá-lo que se recupera a boa liderança. Há coisas que ou se têm ou não se têm e Jorge Jesus sabe-a toda. Bem sei que não será ele que tem de pensar em tudo mas na prática será ele que terá de preparar os 26 jogadores para as batalhas que se travam para lá da táctica. Não há outra maneira de o fazer. Quando Jesus arrisca meter Coentrão a defesa esquerdo todos sabíamos que só um milagre poderia fazer com que Coentrão jogasse contra FCPorto. Por duas razões. Por um lado o árbitro estava numa toada de amarelos que fazia com que cada falta pudesse ser um possível cartão e por outro lado, Jorge Costa sabia que Coentrão deveria ser mais mole e deveria apostar mais nos contra-ataques por esse lado.

Infelizmente nem cinco minutos passaram com o jogador na defesa esquerda sem levar o amarelo. Depois de ter perdido Di Maria e apesar de se "pensar jogo a jogo" obviamente que Jesus não foi inteligente. Mas tudo bem... Ele saberá porque o colocou ali mas agora tem que gerir um plantel sem muitos jogadores para dois jogos numa semana.

Falarei de cada um dos jogos a seu tempo e sei que Jesus estará a esta hora a pensar exactamente nisso. Ele quer ganhar a AEK poupando todos os 14 jogadores que podem ser opções para FCPorto. Por outro lado sabe que ganhar ao FCPorto por meio-zero será um passo de gigante na candidatura ao título.

Eu estou com a equipa, com os treinadores e com os directores. Claro que sei as dificuldades em ser campeão neste país, com todas estas equipazinhas que morrem para ganhar ao Benfica, mas também sei que a nossa equipa está preparada para sofrer. Não é semana para criticar a atitude passiva de alguns jogadores do Benfica este sábado, nem tão pouco a semana certa para criticar a pouca inteligência de alguns dos nossos jogadores em vésperas do encontro com FCPorto. Esta semana é a semana do ano que mais ansiamos e vamos vivê-la com unidade absoluta. Só assim será possível derrotar o FCPorto com os guerreiros que entrarem no campo no próximo domingo. Vamos ganhar e esquecer toda esta má jornada no Algarve. Para terminar e depois de ver as atitudes de cada um dos adeptos olhanenses a desejarem que o Benfica apenas fosse campeão na PlayStation, a aplaudirem o amarelo inventado de Javi Garcia e pedirem desesperadamente o amarelo para David Luiz - seguramente a pensar no jogo do próximo domingo - só posso desejar um bom regresso do Olhanense à segunda liga e que por ali fique "para sempre".

Força Benfica

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Chegámos ao primeiro grande momento de decisões

Ontem mostrámos a todos que se interessam por futebol que afinal o inverno não assusta, que com ou sem autocarro temos uma equipa com soluções e que a nossa capacidade de marcar (muito) é algo que está no ADN deste grupo.

"Capacidade de marcar " não significa marcar sempre, mas a verdade é que temos tido a felicidade de criar muitas oportunidades de golo e de marcar algumas dessas oportunidades. Apenas algumas, não todas.

Ontem estive no estádio depois duma temporada ausente e senti que a equipa está preparada para sofrer e para lutar contra clubes muito mais fortes que Académica e para plantéis que sendo menos fortes que Académica nos vão criar mais dificuldades que a equipa de Coimbra.

Aquele dilúvio pedia disponibilidade total de todos os jogadores e mesmo sem sermos brilhantes na primeira parte - longe disso - já ganhávamos por 2-0 ao intervalo. Aquele golo de Saviola digno de predestinado, que o é, marcou um pouco a noite de ontem.

Agora vem o pior. Temos quatro jogos que podem decidir realmente o campeonato - Olhanense (f), FCPorto (c), Rio Ave (f) e Marítimo (f) - ao que se segue o jogo contra a única equipa que derrotou este ano o Benfica em casa - Guimarães.

Todos sabemos que estes próximos 4/5 jogos para o campeonato são decisivos mesmo que se joguem até Fevereiro, mas também sabemos que é neste mês de Dezembro que se desenham as equipas com estofo de campeão.

O Olhanense vai de mal a pior, e este jogo com o Benfica em casa será o tudo ou nada de Jorge Costa para "agradar a norte", "agradar a sul" mantendo o seu lugar e dando um pouco mais de oxigénio a uma equipa a precisar de muito para sair do último lugar da Liga.

Eu lá estarei, mesmo com os preços exorbitantes dos bilhetes, com a certeza que muito do futuro do nosso campeonato se joga este fim de semana.

É usual dizer-se que os jogos em vésperas de dérbies são importantíssimos pois uma escorregadela aumenta a pressão de ganhar (ou recuperar) esses pontos perdidos contra quem se deveria ganhar, noutras corridas directas.

Este jogo no Algarve tem esse condão de ser encarado como uma ante câmara para chegar à Luz com 3 pontos de avanço e ao mesmo tempo um perigo para David Luiz e Fábio Coentrão à beira de não jogarem no próximo dia 20 de Dezembro, se virem o quinto amarelo contra o Olhanense.

Agora começa-se a jogar a sério nos bastidores. Todas as palavras começam a contar a dobrar e todos os cuidados são poucos. O ano passado por esta altura, perdemos dois pontos contra Setúbal em casa e depois retiraram-nos outros dois contra Nacional antes do escandaloso penalti de Yebda no Dragão.

A época passada já terminou e nem interessa lembrar, mas esta temporada está ao rubro e assim ficará até, pelo menos, o dia 20 de Dezembro. Nesse dia decide-se muito, é verdade, mas não se decide menos em Olhão. Eu não tenho dúvidas que a equipa sabe disso e entrará nesse jogo com a clara noção da importância superior desse encontro. Assim espero, pois facilitar um milímetro que seja contra "gente daquela" é dar o ouro ao bandido de mão beijada.

Concentração total no sábado é o que se exige a quem ambiciona altos voos nesta época. Dia 17 de Dezembro contra AEK e dia 20 de Dezembro contra FCPorto serão outros carnavais. Agora a prioridade é Olhanense e sair de lá com os três pontos e com David Luiz e Fábio Coentrão limpos para receber o FCPorto. Todos seremos poucos para essa batalha.

Temos que olhar a 360 graus e mesmo assim não perder o foco no essencial - ser guerreiro e combativo, disciplinado e forte, ambicioso e determinado. Dependemos de nós, para ser campeões e esse é o único objectivo que o plantel tem de focar. Somos nós que importa. Não são os árbitro, os adversários, as tácticas dos outros ou os tais factores externos que vão influenciar o nosso desempenho no que resta de campeonato. Nós mandamos e se a nossa equipa com os adjectivos que utilizei anteriormente, encarar cada jogo como uma final, seremos campeões contra tudo e contra todos. Sem dúvida.

Nós como adeptos, sócios, simpatizantes, temos apenas que apoiar incondicionalmente estes jogadores, não fazer contas a quem sai ou a quem entra - teremos tempo de falar disso em Junho 2010 - e sentir que as goleadas são uma consequência feliz, mas a vitória contra o Naval também o é. Não há vitórias de primeira e de segunda e estes próximos jogos vão ser autênticas guerras. Quem estiver mais forte ganha e não devemos começar a utilizar desculpas para o que pode ou não pode acontecer. Temos de dar confiança cega aos nossos jogadores e mostrar-lhes que estamos com eles nesta primeira fase de grandes decisões. Ontem ver quase 42000 pessoas naquele dilúvio é a mostra clara e inequívoca que como dizem os de Liverpool - "they will never walk alone" esta época.

Faltam 5 dias para Olhão, 10 dias para receber o AEK e 13 dias para defrontar o FCPorto. Em futebol 13 dias não são nada e queremos exigência e concentração máximas. Todos acreditamos porque todos vemos o que é inequívoco. Somos melhores e vamos provar que o somos. Onde? No único local onde se deve provar a superioridade no futebol. No relvado.

Se os outros quiserem começar a preparar o terreno "limpando as armas, os fatos e as espadas", nós respondemos apenas com os nossos guerreiros. É apenas o que nós temos. Uma equipa de guerreiros que vão mostrar porque são melhores no terreno que todos os outros em Portugal.

Vão aparecer muitas capas, muitas entrevistas, muitas polémicas e muitas aldrabices nos próximos dias. Nós já sabemos disso tudo e apenas responderemos no(s) campo(s), no(s) relvado(s) e com as armas que melhor utilizamos nesta época - golos.

Força Benfica

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Vamos lá então falar de contas...

Primeiro que tudo falo das contas desportivas. Segundo os mais excitados comentadores/analistas desportivos nacionais a crise do Benfica era tão aguda que com um pouco de sorte marcávamos um golinho lá para o Carnaval, ou início de Primavera...

A verdade é que ganhámos em Minsk, 4 dias depois de jogarmos em Alvalade, depois de termos andado muitos milhares de kms e de sentir as temperaturas frias do leste. Ganhámos e conquistámos os tais doze pontos que nos permitem ser primeiro lugar no grupo da Liga Europa. Sendo assim, temos um jogo mais descansado no dia 17 de Dezembro contra AEK, mas nem por isso, devemos facilitar. Gostava de fazer os 15 pontos, ganhar mais um dinheirinho e a verdade é que é sempre bom ganhar a Gregos, seja lá porque razão for.

Já o Sporting voltou a provar o seu momento de forma estonteante. Ainda bem que o jogo de ontem contra Heerenveen - esse colosso Europeu - foi transmitido em canal aberto para que Portugal possa ver a nova versão da Laranja Mecânica. Os analistas têm razão na análise que fazem ao excelente e rápido trabalho do Carlos Carvalhal. Ontem notou-se o dedo mágico de Carvalhal e esse dedo já teve eco no entusiasmo dos adeptos que ontem foram mais de 12000 nas bancadas de Alvalade. Pena não se poder jogar no Pavilhão Atlântico, pois assim apenas teriam menos 4000 lugares que a lotação total da sala. Mesmo sem esgotar, mas muito perto disso, foi magnífica a reacção de Liedson no final da partida. Que humildade, que espírito de grupo e que amor ao clube, pedindo para sair da equipa e afirmando que não se sente bem a jogar sozinho no ataque. Aliás ainda lembrou que na selecção exactamente com o mesmo esquema e jogando sozinho na frente de ataque das Quinas, sente-se melhor, não pedindo para não jogar, porque tem mais apoio nas alas. Não entendo porque pensa assim Liedson, mas estas palavras são tudo menos desestabilizadoras. Representam um sinal claro de boa gestão de plantel e das suas vedetas, respeito pelos novos métodos de Carvalhal e muito simpáticas para com toda a equipa técnica que pensa na melhor maneira de potenciar as pérolas que tem no plantel. Além disso, "apenas" tinham passado 5 dias desde o extenuante jogo contra o Benfica e a equipa não saindo de Alcochete e sem nenhum tipo de viagem mostrou uma disponibilidade física assombrosa. Neste momento apenas Barcelona pode chegar ao nível exibicional deste Sporting. E eu que não tinha acreditado no Eduardo Barroso e no Rui Oliveira e Costa quando estes disseram que o Sporting estava numa subida vertiginosa e o Benfica a perder o gás... Shame on me.

Ok, agora vamos falar de contas e deixar a ironia de lado porque o assunto é o Benfica. Eu tenho uma formação académica ligada a números e a alguma estatística. Depois optei por áreas profissionais mais criativas e não tão relacionadas com a gestão pura e dura dos balanços, dos passivos ou activos. Dito isto, lembro que quando digo que fui para áreas mais criativas estou a colocar de lado a criatividade das engenharias financeiras que com os mesmos números e com o mesmo valor de dinheiro, conseguem criar - literalmente - vários cenários com essas mesmas engenharias.

Primeiro que tudo vou falar do passado recente. O Benfica está à beira de pagar o Estádio. Desde 2002 que estamos escravos do nosso project finance e do pagamento ao banco dessa importante obra. Alguém no Benfica teve a maravilhosa ideia de dar nomes às bancadas num acervo de criatividade sem paralelo na história recente do nosso clube. Dizem-me que foi o próprio Luís Filipe Vieira e só por isso dever-se-ia utilizar o seu exemplo nas escolas de marketing. Nem sempre dos bancos das universidades vêm as melhores ideias. Muito bem, além do dinheiro das bancadas, estamos também escravos do dinheiro dos bilhetes, pois uma percentagem desse dinheiro vai todos os meses para pagar o estádio. Além disso, temos as rendas dos estabelecimentos que estão no Estádio da Luz. Parte dessas rendas vão para pagar o estádio, como acredito que parte do dinheiro das nossas quotas vá directo para o pagamento dessa dívida de muitos milhões de euros.

Além disto, o Benfica fez um novo centro de estágios, investiu na Benfica TV, investiu nas modalidades, inventou receitas extraordinárias (realmente "extraordinárias") de merchandising, de patrocínios e duplicou o nosso número de associados. Pagou no meio de tudo isto muitas das dívidas que vinham de trás e investiu como nunca na equipa de futebol. Tudo ao mesmo tempo e sem presenças constantes nas champions, sem ganhar títulos - com a excepção de 04/05 - e sem vender jogadores. Miguel, Manuel Fernandes e Simão são valores residuais comparados com os valores de FCPorto por exemplo ou até mesmo dos números de Nani ou Cristiano Ronaldo do nosso vizinho Sporting.

Reestruturámos vários serviços, dinamizámos a marca Benfica com a criação de várias áreas como Benfica Telecom, Benfica Viagens, Benfica Seguros ou a clínica Benfica. Informatizámos e modernizámos toda a estrutura e neste momento começamos a trabalhar numa óptica de marketing que vai muito para lá da "comunicação" desse mesmo Marketing. Quem está familiarizado com a área sabe que nem só de comunicação/publicidade/promoção vive uma empresa orientada para o Marketing e o Benfica tem feito um óptimo trabalho em criar as condições para podermos aumentar as receitas nos próximos 20 anos, que nos permitam aproximar-nos das grandes equipas europeias.

No dia em que se pagar o Estádio, teremos mais receitas que servirão o clube e/ou a SAD porque todo esse dinheiro que hoje é canalizado para o tal papão do project finance ficam disponíveis para o culbe/SAD.

Além do pagamento do estádio, o Benfica conta com mais uma ou outra arma de marketing como o naming desse mesmo estádio e a renovação dos direitos de transmissão dos nossos jogos. O naming do estádio, deverá ser algo que pode ser uma realidade nos próximos 2 a 3 anos. Não tenho dúvidas que uma presença mais assídua na champions ajudarão à concretização desse importante objectivo. O Liverpool pensa por exemplo em resolver o seu problema financeiro vendendo o nome do seu novo estádio por mais de 200 milhões de euros. Se o Benfica vender por metade desse valor, já é um óptimo negócio.

As receitas associadas às vendas de 4 ou 5 jogadores nos próximos anos, com clara realização de mais valias - Di Maria, Luisão, Ramires, Cardozo Javi Garcia, David Luiz, Coentrão, Sidnei - são outra fonte de receita que não tivemos no passado recente.

E por falar nessas vendas, é normal que se associe essas vendas ao fundo de jogadores recentemente criado.

Esse fundo de 40 milhões de Euros deveria ter sido utilizado para abater o Passivo da SAD? Sim, era o que eu pensaria que se deveria fazer, mas alguém pensou no Benfica de maneira diferente. No blog Forum Benfica está tudo muito bem explicado, apesar de haver apreensão e preocupação com a opção de colocar essa receita - cerca de 18 milhões de euros - no item "proveitos diferidos" em vez de colocá-lo no item "mais valias".

Para que se entenda o que referi atrás, onde disse "que o mesmo dinheiro às vezes tem interpretações diferentes" tomemos como exemplo este caso. Colocando os 18 milhões de euros como mais valias, o Benfica teria um resultado liquido positivo de cerca de 11,8 milhões de euros, um passivo no valor de 189,4 milhões e um activo com 189 milhões. Por conseguinte teríamos um capital próprio negativo de 400 mil euros na diferença entre activo menos passivo.

Colocando o dinheiro em proveitos diferidos apresentamos um prejuízo de 6,2 milhões de euros, temos um activo de 189 milhões e um passivo de 207 milhões fazendo uma diferença de 18 milhões de euros que serão os capitais próprios.

Eu não vou aqui discutir se contabilisticamente esta decisão é correcta ou incorrecta, porque realisticamente não tenho a resposta certa para esta opção. O que sei e o que sinto, é que o Benfica deve ter algum cuidado com os empréstimos obrigacionistas sucessivos, pois essa ferramenta deve ser pontual e não sistemática. Já disse e penso que temos condições para resolvermos os nossos maiores problemas financeiros nesta próxima década fruto dum trabalho fantástico que visou preparar o Benfica para estes novos desafios.

Até aqui parece me tudo muito pacífico, mas a verdade é que se começam a ler e a ouvir algumas vozes que lembram o carácter democrático do clube e defendem uma maior transparência na estratégia e nalgumas decisões, como sejam por exemplo a entrada do estádio para a SAD sem que os sócios do clube sejam ouvidos e numa assembleia de accionistas marcada para um dia complicado como é o próximo dia 23 de Dezembro. Eu lá estarei na qualidade de accionista, mas também de sócio com muitos anos.

Ás vezes, penso que a direcção do clube pensa que falar com os sócios, explicar-lhes as coisas é algo "chato", e provavelmente "perigoso" porque o "segredo é a alma do negócio". Mas nós temos que ser informados e às vezes ouvidos, e não apenas para aprovação de contas.

Como dizia Luís Filipe Vieira e bem, o clube é dos sócios. Até aí tudo bem. A SAD é dos accionistas e muitos dos accionistas são do Benfica, mas muitos não são, ao contrário dos sócios, que somos todos benfiquistas. Na minha opinião deve-se tentar aproximar a comunicação entre clube e associados para irmos entendendo o que se passa.

Domingos Soares Oliveira tem aparecido sempre com um ar muito confiante e motivado, apregoando a boa saúde financeira do Benfica, mesmo sem vender ou sem champions. Ontem ficámos a saber que com a criação do fundo, já não é Rui Costa que decidirá vender ou não vender, mas sim as regras definidas pelo próprio fundo, onde o Benfica pode sempre cobrir as propostas dos possíveis compradores. Soubemos isso e soubemos que o Benfica tem 18 milhões de euros para investir na equipa agora em Dezembro e fala-se que dois milhões serão para comprar o jovem central do Rio Ave, Fábio Faria.

Tudo isto parecem-me afirmações fora de tempo, despropositadas e no local errado. Ontem Domingos Soares Oliveira falava perante uma plateia de possíveis investidores na linha do Estoril. Parece-me óbvio que ele tenha que falar do Benfica em termos positivos e motivadores. Agora dizer que o Benfica pode investir 18 milhões de euros em Dezembro, já não é tão natural até porque o mercado de inverno não é um mercado assim tão apetecível. A não ser para aproveitar alguma pérola do outro lado do atlântico, não vejo como será possível ao Benfica investir tanto dinheiro nem vejo qual a utilidade dessas afirmações quando temos um plantel forte.

Ele no entanto sabe melhor que eu as linhas com que se cose e as opções e engenharias financeiras necessárias para levar o Benfica aos objectivos grandes a que todos se propõem na direcção da SAD.

Mesmo que existam 18 milhões de euros para investir que vêm do fundo de jogadores, e numa sociedade que vem dando prejuízos atrás de prejuízos, que não consegue reduzir o passivo como desejávamos e que tem ainda alguns problemas de passado mal resolvidos - Euro Área e o caso Mantorras são apenas alguns exemplos - parece-me de mau tom fazer essa afirmação.

Sei que a fez com a firme certeza que estaria a motivar investidores e a fazer bem para o nosso Benfica. Assim espero, como também espero que nos próximos anos se possa melhorar a comunicação clube-sócios para que todos possamos estar melhor informados sobre o que se passa nas contas e nas opções estratégicas do clube e da sociedade. Neste momento há muitas perguntas sem resposta - como o meu blog vizinho "Geração Benfica" aqui escreve - e nada como ser claro para que possamos seguir o caminho com transparência e com competência.

Força Benfica