quinta-feira, 11 de junho de 2009

A Mística com sotaque latino-americano



Há uns dias e a propósito dum texto que escrevi aqui sobre a Verdadeira Mística Benfiquista, tive na caixa de comentários um link com um texto sobre Mozer.

Mozer foi o meu herói de sempre no Benfica e foi com ele que aprendi realmente o que significa a palavra Mística. Não é muito normal que seja um defesa a mostrar e a entusiasmar um jovem Benfiquista como eu, mas a verdade é que ele foi obviamente o meu maior ídolo num determinado momento. Eu era, como se denomina na gíria, um fã incondicional de Mozer - com recortes nos cadernos, poster's e colecção de fotos - e se me perguntassem nessa altura que outros símbolos do Benfica seguiam Mozer, a resposta era clara - Valdo e Ricardo Gomes.

Mozer esteve 8 épocas no Flamengo e teve apenas dois anos no Benfica antes de se transferir para Marselha, onde jogou três anos. Voltou ao Benfica depois da sua passagem Francesa onde ficou mais três épocas, apesar de na minha opinião sem o brilhantismo daquelas duas fantásticas temporadas entre 87 e 89.

Quando Mozer se transfere para Marselha pela extravagante quantia de 500 mil contos - algo como 2,5 milhões de Euros - tomei contacto pela primeira vez com a questão materialista de que os jogadores valem dinheiro e que o futebol é uma industria, muito mais que um belo jogo colectivo.

Fiquei triste mas lembro-me duma frase que alguém disse e que se repete cada ano em cada clube - "Não há insubstituíveis" - que de alguma maneira me fez ter esperança que alguém pudesse fazer melhor que Mozer ou pelo menos igualá-lo. É basicamente o mesmo que os adeptos do Manchester estão a pensar agora com a transferência de Ronaldo para o Real Madrid. Não há insubstituíveis e esse dinheiro - 94 milhões de Euros - deve amortizar a perca de Cristiano e devem chegar para substitui-lo à altura.

Voltando ao texto do link que estava na caixa de comentários e tendo como pano de fundo a Mística que tanto venho apregoando nos últimos tempos, resolvo transcrever esse texto do blog Bafica - http://bafica.blogspot.com/ - para que entendamos o que para Mozer significava o Benfica, a sua Mística e o célebre velho Estádio da Luz.

"É preciso sair do país para enxergar o prestigio e o tamanhão do Benfica em todo o mundo. Estive três anos em França, no Marselha, joguei num estádio fantástico, o vélodrome, convivi com grande jogadores como Papin e Waddle, mas o Benfica estará sempre no meu pensamento.Os meus companheiros de equipa não percebiam muito o meu entusiasmo pelo clube, já que sabiam pouco do futebol português, embora reconhecendo o tremendo historial do Benfica.Durante os primeiros tempos tive de aturar os comentários de Papin, logo desde o inicio, sempre que jogávamos em casa.Uns dias antes de cada jogo, o Papin chegava para mim e me dizia: "Mozer, vais ver o que é um estádio cheio e um ambiente terrível." Terrível para os outros. Não sei se o se o Papin dizia isso para me intimidar, já que era novo no clube e não percebia muito daquela conversa. Mas para mim, sempre pensava: "Este cara precisava de jogar no Maracanâ ou no estádio da Luz, cheios." Era o que eu pensava.Até que, na taça dos campeões, nas meias-finais, o Benfica calhou no caminho do Marselha. Fiquei, ao início, desgostoso, porque ia defrontar o meu Benfica, o clube que os meus companheiros sabiam que eu adorava. Me lembro de Sauzée, o meu zagueiro do lado me ter perguntado: "Você vai estar e condições de jogar contra o Benfica?" Aí, senti que beliscavam o meu profissionalismo. Nos dois, jogos joguei a duzentos por cento.Depois do primeiro jogo, em Marselha, uns dias antes de jogarmos na Luz, virei para o Papin e lhe perguntei: " Papin, você quer mesmo ver o que é um estádio cheio, com 120 mil a gritar todos para o mesmo lado?" Engraçada a reacção do Papin: "Você, está querendo me meter medo, Mozer?" Não estava não e por isso lhe disse para esperar para ver. E já agora, tremer. Pois bem, chegou o dia, chegámos no estádio da Luz e fomos logo indo para os balneários. Muitos risos, muita convicção de que íamos jogar a final da Copa dos Campeões. Lembro até que Tapie disse aos jornalistas franceses que lhe podiam chamar de Bernardette se o Marselha perdesse a eliminatória.Antes de subirmos ao relvado, para o aquecimento, Papin ainda troçou de mim, dizendo que estava já "tremendo de medo". E ria-se bastante.Os jogadores foram saindo do balneário e eu atrasei um pouco, porque estava colocando uma ligadura no tornozelo. Quando cheguei perto do túnel de acesso ao estádio, começo a ver os meus companheiros, completamente assustados e todos do lado de dentro, não querendo entrar. Só depois percebi que, nessa altura o Eusébio foi chamado ao relvado para receber uma homenagem e foi aí que o estádio quase vinha abaixo. Logo no momento em que os meus companheiros do Marselha se preparavam para entrar. Claro que voltaram atrás assustados e me perguntado: "O que era aquilo?". Aquilo respondi eu, é o INFERNO DA LUZ. Aí todos me começaram a me dizer para ser eu o primeiro a avançar, subi as escadas, entrei no relvado, não fui mal recebido e quando olhei para trás, estava sozinho. Espreitando, à saída da escadaria estavam alguns dos meus companheiros do Marselha, ainda com um olhar de medo e só nessa altura começaram a entrar. No regresso as cabinas, perguntei a Papin: "Já sabes agora o que é um estádio cheio e um grande ambiente?" A resposta, nunca mais a esqueci: "Mozer, nunca vi uma coisa destas. Tudo isto é incrível. Sempre tiveste razão, o Benfica é ENORME!" Naquela noite, o Marselha perdeu, fiquei triste mas senti orgulho pelo Benfica. E já agora, naquele balneário, fui o único a ter uma vitória. Foi uma vitória moral, sobre aqueles que não acreditavam na grandeza do Benfica."

Este emocionante texto de Mozer, mostra o que é interiorizar e sentir o Benfica para sempre, mesmo que nem sempre tenham sido Benfiquistas. Ricardo Gomes e Valdo foram exemplos que como Mozer foram e voltaram mantendo sempre o Benfica no coração. Ambos estiveram três épocas no Benfica, foram vendidos ao Paris Saint Germain, onde estiveram 4 épocas e voltaram depois para o Benfica onde ficaram uma (Ricardo Gomes) e duas épocas (Valdo).

Estes três exemplos de Benfiquismo e de Mística com sotaque - os três perfazem 14 épocas no Benfica - mostram que nem só de Portugueses vive esta Mística e sobre este tema outro comentário de Captain Kid noutro texto afirmava que "entre um estrangeiro e um Português Portista não há grandes diferenças". É verdade, mas o que teremos que conquistar são os estrangeiros Benfiquistas ou pelo menos, estrangeiros com aspirações a ganhar e a lutar pelo Benfica como se o sentissem desde pequenos.

A nossa formação e as ideias de Rui Costa expostas hoje n"A Bola" são claras e para ele o mercado sul-americano é uma prioridade por razões que se prendem com a adaptabilidade ao nosso futebol. Diz ele que:

"O que verdadeiramente temos é preferência por bons jogadores, independentemente do mercado onde actuem, mas é evidente que os jogadores sul-americanos têm demonstrado uma melhor capacidade de adaptação ao campeonato português."

Rui Costa foi emprestado ao Fafe e faz dessa experiência um modelo que para ele pode ser importante para fazer crescer jovens talentos. Eu tenho opinião contrária, porque Messi, Ronaldo, Bojan, Raul e muitos outros nunca precisaram de ser emprestados para mostrar o seu valor e crescer futebolisticamente. No entanto respeito na totalidade as suas afirmações. Diz Rui Costa que:

"Um dos meus objectivos é obter o melhor rendimento dos jovens da formação, mas isso não significa precipitar a entrada de jovens no nosso escalão principal só para dizer que o fizemos ou para que isso seja contabilizado a nível estatístico. Vamos fazê-lo quando sentirmos que estão preparados, e o Miguel Vítor este ano é um claro exemplo do caminho que queremos percorrer. Estamos a desenvolver um óptimo trabalho de base que começa a dar os seus frutos, ainda ontem conquistamos, ao fim de vinte anos, o Campeonato Nacional de Iniciados, e temos boas hipóteses de ganhar os títulos de Juvenis e Juniores. O centro de estágio foi, desse ponto de vista, uma obra fundamental para a consolidação da formação!
"

O Benfica tem vários jogadores jovens, alguns deles nacionais e outros de vários pontos do globo. Temos Fábio Coentrão a brilhar em Toulon e a ser colocado por alguma imprensa nacional "pouco credível" na órbita do negócio Jesus, temos Adu na selecção Americana sénior a disputar a Taça Confederações, temos Miguel Vitor implantado no plantel do Benfica, temos Urreta, (Uruguai) Di Maria (Argentino), Filipe Bastos, David Luiz e Sidnei (Brasileiros) e alguns outros jovens estrangeiros e nacionais na formação Benfiquista.

Há uns dias disse sobre Patric que me parecia que as afirmações deste jovem jogador já mostravam sinais de raça e de Mística diferentes de outros Benfiquistas com sotaque que por aqui têm passado nos últimos anos. Pois bem, aplaudi Patric e critico Ramires porque disse ao site sambafoot que:

"Vou para Portugal com a intenção de realizar uma boa temporada e sair depois para outro grande clube europeu". Mais adiantou que:

"Para ser sincero, conheço pouco do campeonato português. É muito difícil segui-lo a partir do Brasil. De tempos a tempos, podemos ver um pouco dos resumos e dos golos."

Ramires quer usar o Benfica como a tal passagem que eu referi neste texto e especificamente neste parágrafo:

"...eu detesto ler entrevistas de Brasileiros quando chegam a Portugal. Normalmente aparecem com esse auto convencimento e arrogância ao aeroporto que me irritam. Como se viessem do mundo perfeito do futebol e esta passagem pelo Benfica fosse isso mesmo - uma passagem - para outros campeonatos mais importantes."

Infelizmente parece que este Ramires veio com este conceito de "passagem para um clube grande" interiorizado e ou se convence que Grande é o Benfica ou vamos ter problemas com este rapaz que até ver vinha rotulado de humilde, trabalhador e disciplinado.

Obviamente que o que todos queremos é que ele jogue bem, se afirme na equipa e depois o futuro logo se verá, mas muitas destas ideias são impostas aos jogadores pelos agentes com neurónios - tanto um com outro - activos junto à carteira e aos milhões das percentagens das transferências futuras.

Cá estaremos para colocar o Benfiquismo em todos os que chegam e que nós queremos que se mantenham muitos anos. Mesmo que partam, que fiquem ou voltem com o Benfica no coração, como fizeram Mozer, Ricardo Gomes e Valdo.

Força Benfica

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O título que não ganhávamos há 20 anos

O Benfica acaba de se sagrar campeão nacional de Iniciados depois de bater o Sporting de Braga por 5-0 e quando ainda falta uma jornada para o fim do mesmo campeonato.

Será este título importante? Pois na prática é mais um título de formação na área do Futebol, mas o que faz deste um título importantíssimo, é que já lá vão 20 anos desde ganhámos este específico título pela última vez.

Numa altura em que o Benfica estabiliza a sua formação no Seixal com metodologias e trabalho que na verdade não teve nos últimos anos, ganha e torna-se mais competitivo.

Muitos Parabéns a todos que trabalham diariamente na formação, porque é aqui que se começa a construir o Benfica da próxima década. Estamos na luta pelo importante título de juniores e apesar de mais complicado na luta pelo título de juvenis. Que este título de iniciados sirva de exemplo, para a conquista do pleno nas camadas jovens, o que provavelmente não conseguimos na formação do Benfica há mais de duas décadas.

Força Benfica

O tiro pela culatra...

Já passaram mais de 24 horas sobre a tristeza que se abateu nalguns Benfiquistas ontem, e hoje penso que já se pode opinar de forma mais calma acerca das incidências da noite passada.

Primeiro, vou falar da entrevista de Vilarinho na TVI24. Estando no estrangeiro não tive oportunidade de ver a entrevista em directo do nosso presidente da assembleia geral que na prática é o representante de todos os sócios do Benfica na estrutura do clube. Quando li na net que haviam frases polémicas - que tiradas fora de contexto eram autênticas bombas - tentei informar-me e vi que a TVI24 emite em directo na internet, podendo ver a repetição desse mesmo programa num horário mais tardio.

Vi todo o programa e analisei cada uma das suas frases. O primeiro ponto que tenho de ressalvar e que senti ao ver esta entrevista foi Pena... Não é um sentimento nobre eu sei, mas foi o que senti - Pena dum senhor que me lembro de apoiar em alguns jantares no ano 2000 e Pena daquele Presidente que mais alegria me deu em ser Benfiquista numa célebre noite de eleições.

Nesse dia 27 de Outubro de 2000 estava nos Estados Unidos. Deixei o meu cartão a um familiar para que pudesse votar por mim, mas ainda hoje não sei se algum dia chegou mesmo a votar - ele diz que sim mas se calhar ficou mesmo pela longa fila... As tecnologias de voto não eram tão evoluídas quanto hoje e sei que passei o dia nervoso a pensar no que poderia acontecer ao meu Benfica se Vilarinho não ganhasse as eleições. Pelas 7pm andava eu sozinho nas ruas de New York a fazer tempo para um jantar que tinha programado e recebo a chamada de Portugal com a boa nova... "Vilarinho Ganhou as Eleições" dizia me do outro lado da linha uma apoiante indefectível de Vilarinho e minha grande amiga de sempre.

Estava sozinho e sozinho fiquei mais uma hora ou talvez menos. Estava eufórico... A euforia era interior e sabia da felicidade que tinha dentro de mim. Apoiei inequivocamente Vilarinho nessa campanha e sem ter sido um "mouro de trabalho", estive como bom sócio em alguns jantares com o candidato, em algumas sessões de esclarecimento e quando a boa nova chegou a New York tive o maior orgulho nos meus consócios. Não somos obviamente um clube de burros, um clube sem inteligência, um clube populista... Esse é o posicionamento que alguns teimam em fazer passar e nesse dia senti um turbilhão de emoções no individual. O jantar era com pessoas a quem o Benfica lhes diz pouco e dessa noite lembro que alem da vitória do Meu Benfica acabei por cruzar-me no restaurante com o Magic Johnson e trocar palavras de ocasião com um dos ídolos de sempre - apesar de eu jogar mais do lado do Jordan.

Ontem quando sentia Pena deste Senhor (sim com "S" grande) lembrei-me de tudo o que este homem fez num determinado momento para que o Benfica não acabasse. Também me lembrei das (muitas) coisas erradas que fez, nomeadamente o despedimento do Mourinho e outras coisas de índole desportiva.

Quando ontem Vilarinho se esquece que é o presidente da mesa da assembleia geral do Benfica afirmando que não vão haver candidatos em Julho, como não haveriam candidatos em Outubro e quando diz umas quantas frases de apoio inequívoco a Luís Filipe Vieira está a tomar partido por um candidato, quando o seu papel não é obviamente esse. Tive Pena por ele...

Tive Pena quando bate com o punho na mesa e afirma que:

"Estou farto de benfiquistas. Prefiro trabalhar com sportinguistas do que com benfiquistas que se estão sempre a queixar. Benfiquistas sou eu mais 10 ou 20."

Aqui a Pena é quase reforçada pela tristeza que deve ser para um Homem que já foi presidente do Benfica desconhecer de forma tão profunda o seu clube do coração. Quando Vilarinho afirma esta frase atrás transcrita e acreditando nele, sinto que a sua entourage ao longo dos anos deve ter sido muito fraquinha... Deve se ter rodeado de muito más pessoas - que por acaso eram Benfiquistas - e deve ter ido muitas vezes para o camarote presidencial em vez de ir mais vezes para o terceiro anel, onde se sente o verdadeiro Benfiquista, hoje e sempre.

Deve estar a falar dos tais notáveis que não pagam bilhete no Estádio - se calhar nem quotas - e ainda escrevem nos jornais, falam nas TV como os "tais" notáveis do nosso Glorioso e que no final só querem estar na tribuna, comer e beber grátis... Eu conheço bem demais este meio dos notáveis do Benfica e sei que na minha área profissional os bilhetes para esse lado do Estádio aparecem de várias maneiras. Nunca troquei o meu sítio do costume por esses bilhetes e se eu mandasse essa gente poderia não pagar bilhete, mas nunca de forma sistemática e apenas lhos dava sempre que se verificasse a qualidade de sócio com quotas em dia...

Não suporto uma certa corja de pessoas que aparecem de vez em quando a dizer mal e a opinar - o mundo artístico/politico/gestão/jet set é pródigo nisso - e na verdade não sentem nem amam o Benfica como qualquer um dos que eu vejo semanalmente nos pavilhões ou no nosso terceiro anel.

E se é esta gente com que Vilarinho se cruza no estádio, nas direcções que trabalhou antes de ser presidente ou no que ele conhece da vida de cada uma dessas pessoas eu desculpo-o. O problema é da sua amostra. Por isso é que todos os verdadeiros Benfiquistas se sentiram ofendidos com esta frase e com outras - nomeadamente quando diz que "o título de basquetebol não me diz nada. Já sei que amanhã vou ser criticado mas as modalidades são um sorvedor do dinheiro do futebol". Senhor Vilarinho, não seja assim... Desfrute do Benfica, tente aproveitar o que lhe resta de Benfiquismo e lembre-se que você foi fundamental na História recente do Benfica e será melhor lembrado quando mais inteligente e sensato for o seu discurso.

Por falar em discurso sensato, Luís Filipe Vieira ainda não falou, mas Vilarinho mostrou um pouco o que vai na alma do Presidente. Pensou Luís Filipe Vieira que com esta decisão unilateral de provocar eleições antecipadas os Benfiquistas iam entender e aplaudir unanimemente esta decisão. Pois mais uma vez provou que é pouco inteligente para algumas questões. O tal feeling e a tal intuição que por exemplo Domingos Soares Oliveira referiu como característica do nosso Presidente na mais recente entrevista à nossa Mística, não servem para tudo...

Hoje as vozes Benfiquistas fizeram-se ouvir, criticando na sua maioria a decisão do nosso Presidente. Os blogs - salvo raras e honrosas excepções - são totalmente críticos e têm caixas de comentários cheios de críticas a esta decisão, o povo real que liga para os programas de opinião publica de TV e rádios deste nosso Portugal que acham que o "coitadinho" do Veiga já não pode concorrer e "isso não está bem"...

A pior coisa que pode acontecer em Portugal é que alguém passe por "coitadinho" e outro que passe por "abusador" ou "pouco democrático". Nem o Veiga é um "coitadinho", nem o Vieira um total "abusador/ditador" mas o posicionamento de cada um começa a ter nova definição, depois da decisão de Luís Filipe Vieira. Por isso é que lhe saiu o "tiro pela culatra"... Ele que pensava que hoje ia rebentar com a concorrência em nome da estabilidade, viu escarrapachado na opinião publica precisamente o contrário do que havia interiormente previsto.

Hoje até Bruno Carvalho começa a ter mais apoiantes, coisa que ontem era impensável... Tudo na óptica tão Portuguesa da valorização do coitadinho e da culpabilidade do vilão.


Ninguém veja nestas palavras uma definição exemplificativa e real do coitadinho e do vilão. Nada disso. Eu tenho muito claro o que é que cada um representa nesta história, mas a verdade é que esta decisão foi precipitada e como muitas das decisões do nosso Presidente pouco inteligentes e teimosas. A teimosia com que defendeu muitos dos projectos de sucesso nestes 6 anos é a mesma teimosia com que defende e defenderá más ideias. Para umas coisas é bom ser teimoso, para outras é mau. Por isso é que no que toca ao Benfica prefiro sempre deixar que a sensatez me ajude a opinar e se fosse Presidente além da sensatez, utilizaria a inteligência, a tranquilidade e ao mesmo tempo a Paixão para que o equilíbrio da decisão fosse equitativo entre a gestão e a definição clara do que é ser Benfiquista.

A maioria dos analistas também acham que Luís Filipe Vieira não devia contratar ninguém até dia 3 de Julho. Devo ser a única voz discordante desta opinião, mas eu defendo o contrário.

Não contratar ninguém neste defeso é prejudicar o Benfica de duas maneiras. Primeiro e por tudo o que escrevi ontem, toda esta trapalhada de eleições antecipadas só favorece o candidato Luís Filipe Vieira não favorecendo em nada o Sport Lisboa e Benfica. Se alem disso ainda formos prejudicar o clube com a impossibilidade de afinar as rescisões, dispensas ou contratações então seriamos prejudicados duplamente.

Desconheço o que legalmente se pode ou não pode fazer mas não quero acreditar que o Benfica terá um mês parado a partir de agora. É apenas a minha opinião e conhecendo o que todos conhecemos deste nosso teimoso Presidente só tenho que admitir que nem lhe passará pela cabeça parar a gestão normal do seu dia a dia como ainda Presidente do clube.

Hoje sinto que há aqui três hipóteses para o nosso clube ao nível de candidaturas.

Por um lado, a hipótese de ninguém se apresentar é algo real apesar de Bruno Carvalho e o tal Movimento "Vencer Vencer" afirmarem que vão até ao fim e decididamente às urnas.

Outra hipótese era termos muitas candidaturas espontâneas e do povo que é realmente a maior massa crítica do Benfica. São apenas necessárias 250 assinaturas para qualquer um de nós ser candidato a Presidente do Benfica. Posto isto podíamos ter dezenas de candidaturas para mostrar a dinâmica do nosso clube. Esta para mim seria uma das boas hipóteses - mostrar a Luís Filipe Vieira que afinal há 1001 opiniões e que cada um de nós pode ser Presidente ou dirigente como Cosme Damião foi, acumulando inclusivamente como jogador da nossa equipa. O Benfica não é dos notáveis e quando ontem Vilarinho disse que não haveriam candidaturas em Julho ou em Outubro demonstra confundir análise eleitoralista com desejo ou vontade pessoal.

Outra hipótese seria o aparecimento dum candidato Obama do Benfica, que em 3 semanas poderia candidatar-se e apresentar-se numa única candidatura apoiada por todos os que não se revêm neste nosso Presidente, sendo o rosto duma real candidatura vencedora. O problema é que o Barack Obama nos Estados Unidos demorou 2 anos a mostrar quem era e neste momento não seria possível fazê-lo em 3 semanas. Mas como eu gostava que aparecesse a tal verdadeira lufada de ar fresco que o Benfica tanto necessita. Como eu gostava que essa pessoa pudesse aparecer e mostrar que afinal o Benfica é dos Benfiquistas, que a chama está viva e pode ainda estar mais viva, que nos desse a esperança que todos queremos, que nos tirasse do marasmo que temos vivido - mesmo que a gestão do dia a dia esteja bem feita.

Como tudo isto me parecem cenários de pura invenção da minha pessoa, é realmente possível que Luís Filipe Vieira obtenha a tal maioria de votos que deseja para ter a estabilidade para continuar a gerir o nosso Benfica. Não tenho dúvidas que esse deve ser o desfecho, mas o cartão amarelo ninguém o tira. Primeiro, o cartão amarelo dado nestes dias com as criticas de todos os quadrantes da nossa massa adepta e depois nas urnas será dado o segundo cartão amarelo - se bem que aqui não suficiente para o expulsar - que se pode mostrar com votos noutras candidaturas, em votos nulos ou brancos fazendo com que a sua vitória seja maioritária mas não esmagadora.

E tudo isto se podia ter evitado...

Força Benfica

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Dia triste para o Sport Lisboa e Benfica...

Hoje é um dia triste para o Benfica. Hoje é o dia em que se prova que tudo no Benfica se sabe antes da hora, e que a estratégia - certa ou errada - é sempre discutida primeiro na praça publica e só depois nos locais apropriados.

Começo por Quique Flores e o seu acordo de rescisão amigável com o Benfica, que foi comunicado hoje à CMVM. Eu disse em tempos que a estabilidade era o nosso maior trunfo para esta época. Hoje, mais que criticar Quique ou aplaudir Quique - na hora da despedida há sempre um focar mais claro nos pontos fortes que nos pontos fracos - há que criticar toda a gestão deste processo e há que criticar de forma clara toda a gestão do apoio dado (ou a falta dele) a Quique nos momentos realmente duros da época.

Para quem estava a começar um ciclo que se queria de futuro, este treinador deve servir de exemplo para todos os gestores desportivos e presidentes que querem aprender o que "não se deve fazer" num ano zero que se pretende de continuidade. Eu não vou dizer se os resultados não apareceram por falta de solidariedade entre direcção e equipa técnica ou se foram os maus resultados que fizeram com que esse divorcio existira, mas a verdade é que de uma ou outra maneira se sentiu que esta administração, esta direcção, esta direcção desportiva não estava coesa com a equipa técnica e isso num primeiro ano que se quer de aprendizagem é crucial que exista para se obter sucesso. Vem nos livros - mas naqueles de primeira classe - do dirigismo desportivo, se é que existem livros desses no mercado.

Assinar por dois anos com um treinador, tem de significar dar o corpo às balas por esse treinador, exigir mais e mais dele internamente e apoiá-lo externamente SEMPRE. Num momento dado da época eu achei que a este treinador se devia renovar por mais um ano para não dar azo a qualquer tipo de especulação jornalística, ou mesmo à especulação dos jogadores e da sua performance.

Cada técnico que esteja refém das opiniões dos administradores está a prazo no Benfica. Seja Jesus, Quique, Koeman, Fernando Santos, Mourinho ou Trapattoni. Ponto Final.

Sobre Jorge Jesus só tenho a dizer que há uma coisa positiva. Muito positiva... Com Jesus a expectativa é realmente baixa. Eu apelei e apelei e apelei durante este ultimo ano que era importante que o Benfica baixasse a expectativa pois no fundo estava a começar um ciclo contra ciclos já em fase de maturidade como eram os de Sporting e FCPorto, que apresentavam equipas técnicas estáveis. Jorge Jesus é uma escolha tão má, tão pouco acertada e tão diferente do perfil de Quique Flores que me parece impossível terem sido as mesmas pessoas a escolherem-no. E isto diz tudo do descontrolo que vai no Benfica. Foram as mesmas pessoas que escolheram os dois perfis de treinadores para dirigir o Glorioso? Serão pessoas da mesma direcção?

Eu já disse e repito que vou esquecer as calinadas de Português do nosso futuro treinador, vou esquecer que depois dum jogo com algum suspense no resultado, o meu treinador disse aos jornalistas que esse tinha sido um jogo digno dum filme de "Francesco Coppolla" (sim, exactamente assim), vou esquecer todo o ódio que este senhor tem demonstrado quando joga contra o Benfica, vou esquecer o seu sportinguismo assumido desde sempre e vou focar apenas nos pontos positivos. Quais são? Ser tão má opção que a nossa expectativa este ano será tão baixa que até nos podemos arriscar a ser campeões. Por vezes a inconsciência é premiada. Neste caso pode ser premiado o Presidente que inteligentemente definiu este perfil de treinador, pode ser premiado o director desportivo que aceitou essa escolha e podem ser premiados todos os adeptos que como eu já não esperam nada de nada... Vamos ao Estádio da Luz como se fossemos uns cordeirinhos. Sem chama mas com a paixão cega que nos faz todas as semanas estar ali no sítio do costume a sofrer, a apoiar e a gritar pelo nosso Glorioso. Assim será com Jesus, com Manuel Machado e se quiserem até com o Quinito, porque nós os verdadeiros Benfiquistas somos maiores que toda esta corja que pensa que Ama mais o Benfica que os verdadeiros Benfiquistas. Custa-me ver um sportinguista a defender a honra do nosso convento, mas se tiver que ser, assim será.

Enquanto Jesus não é apresentado posso opinar sobre o que me vai na alma. No dia em que for apresentado será obviamente o melhor treinador do mundo e a sua desconhecida equipa técnica a mais competente para servir os interesses do Benfica. Até esse dia posso ir opinando sensatamente. Começo com um simples "Força Jesus..."

Mas porque razão é que este dia é realmente um dia triste para o Benfica? Porque se despediu o treinador? Não, até porque esse treinador já estava despedido há muito tempo. Hoje é um dia triste porque os meus dirigentes continuam a usar estratagemas que só visam proteger-lhes o couro (e cabelo), continuam a mentir a toda a imprensa como aconteceu depois do jantar no Altis a semana passada - quando toda a gente já sabia que as eleições queriam ser antecipadas - continuam a defender a democracia e depois utilizam estratégias politicas muito pouco democráticas para servir os seus interesses e pouco os interesses gerais do Benfica democrático.

Eu defendo todas as eleições do Benfica em Outubro. É assim que estão nos estatutos e nesses estatutos também está definido que um Presidente gere o clube e não o calendário do Futebol.

aqui disse que ser Presidente do Benfica é muito mais que ser Presidente do Futebol. Nesses termos, qual é o problema em deixar as eleições para Outubro como eu defendi, defendo e defenderei? Eu dei um mandato ao meu Presidente para gerir até Outubro de 2009 e não para se demitir desse mandato a seu bel prazer e consoante os seus objectivos. Estou triste por isso. Sinto que o meu Presidente está teoricamente preocupado com a estabilidade do plantel mas na verdade está com medo da instabilidade normal duma época de candidatura em Outubro de 2009. Se fosse esse realmente o objectivo - planificar com estabilidade o plantel - teria decidido antecipar as eleições para fim de Maio ou inicio de Junho pois assim daria tempo para preparar a nova época a quem fosse eleito. Marcar as eleições para dia 3 de Julho é absolutamente irresponsável.

O nosso Presidente da Assembleia Geral disse hoje o seguinte:

"Atendendo à instabilidade que foi criada de alguns meses a esta parte pela antecipação de uma discussão eleitoral que só deveria acontecer em Outubro, foi proposto pelo Presidente da Direcção a renúncia dos Órgãos Sociais de forma a poder clarificar e poder trazer de regresso ao Sport Lisboa e Benfica a tranquilidade institucional de que necessita. Esta proposta foi aceite por todos, o que significa que o acto eleitoral, inicialmente agendado para Outubro, será antecipado para o dia 3 de Julho, sendo que o prazo para apresentação das candidaturas irá decorrer até às 17h30 do dia 22 de Junho. O Benfica sempre foi dos Sócios. É esse o seu principal património. São eles que devem avaliar e decidir qual o caminho a seguir. A partir de amanhã tomarei a iniciativa de clarificar os detalhes do processo eleitoral."

Com todo o respeito que tenho por Manuel Vilarinho - por razões óbvias - esta declaração é ridícula. Por esta ordem de ideias Bush ter-se-ia demitido 2 anos antes quando se começaram a discutir as eleições de Novembro de 2008.

Não acredito em nada disto e fico triste com todo o este processo. Para si senhor Luís Filipe Vieira uma carta aberta nesta noite triste de Junho...

"Senhor Luís Filipe Vieira, os meus 20 votos estariam assegurados em Outubro porque a minha memória não é curta, e sei o que gosto do Meu Benfica para me aventurar em projectos de risco nesta altura. No entanto, neste momento dou-lhe o cartão amarelo próprio de quem sabe muito bem o que é o Benfica, a nossa cultura e a missão dum Presidente responsável. Esta sua decisão vem ferida de morte e sei que o respeito que merecem todos os sócios do Benfica deveria ter ficado acima de guerra politicas e de grupos económicos/comunicação social. Se o senhor entende de politica ou de politiquices, eu não quero isso no meu Benfica. Sei os seus objectivos e conheço bem as suas (boas) intenções, mas sinceramente não é isso que espero do meu Presidente.

Quero que o meu PRESIDENTE seja humilde suficiente para planificar um projecto e se apresente com esse projecto no tempo correcto e definido anteriormente. Quero que defina uma equipa técnica e um plantel em consciência e que a defenda no timing certo. Quero que defina uma politica de amadoras, quero que defina uma politica de marketing e de merchandising, quero que me diga qual é a sua ideia para os tais direitos televisivos, tão importantes no próximo mandato, quero que me diga qual o projecto desportivo para os próximos 3 anos, quero que defina as prioridades para o excelente projecto dos sócios, quero que me diga qual a sua estratégia para a tal internacionalização da nossa marca, quero que me justifique os desaires financeiros como algo pontual e controlado apontando as boas soluções que entende melhor servirem os interesses do Benfica , quero que me afirme e reafirme o seu Amor incondicional ao clube - se por acaso o tem - e sinceramente não vejo o que é que tudo isto tem a ver com a antecipação de eleições.
Não entendo as razões desta antecipação.

Bruno Carvalho, o "concorrente da blogosfera" (como lhe denominei aqui) não dá luta nem para uma associação desportiva de aldeia hoje, em Julho ou em Outubro e todos os outros candidatos serão bem recebidos, bem tratados e apoiados por todos os que os quiserem apoiar no timing certo. Não esteve nada bem e esta decisão é totalmente errada.

O Benfica não necessita, não necessitou nem necessitará de eleições antecipadas para Julho de 2009 e reitero esta ideia hoje e sempre, mesmo sabendo que alguns dos nossos colegas Benfiquistas defendiam o contrário - como por exemplo o candidato Bruno Carvalho.


Senhor Luís Filipe Vieira, este é um erro grave e muito egocêntrico. Os Benfiquistas não mereciam que colocasse a táctica eleitoralista à frente dos nossos reais interesses. Para mim é uma página estratégica negra numa folha de Presidente que em 5 anos e 8 meses, teve obviamente pontos altos e pontos baixos fruto de quem gere diariamente um clube e quem tenta fazer sempre bem, mesmo que não consiga. Neste momento, estou triste consigo e sei que como eu muitos Benfiquistas também estão. Congelei os meus 20 votos certos na sua candidatura em Outubro, para uma fase passageira em que necessito de "ser convencido a votar em si" e de entender internamente se depois disto você ainda merece ser o Meu Presidente.
"

Força Benfica

sábado, 6 de junho de 2009

Somos Campeões

Depois de 14 anos, somos outra vez campeões nacionais de Basket.

Foram 14 longos anos, mas hoje o título volta à casa do grande nome nacional do Basket.

É nosso o campeonato e tal como Henrique Vieira, também eu não me lembro dum 4-0 numa final de Playoff.

Sem Ben Reed, ganhar 4 jogos na final contra o tri-campeão Ovarense mostra a força duma grandíssima equipa que ganhou todos os 30 jogos na regular season e apenas averbando 3 derrotas em todos os jogos do Playoff. Como dizem na NBA, fechar o ano com uma vassourada de 4 vitórias em 4 jogos é algo que revela a qualidade da nossa equipa e a inequívoca e incontestável vitória neste campeonato.

Para quem gosta de Basket como eu, é emocionante ver uma equipa tão demolidora e com tantos e tão bons Portugueses. Ontem falava dos Portugueses no Benfica versão futebol... Pois aqui está mais um exemplo do que digo num desporto tradicionalmente Americano.

Somos Campeões.

Viva Carlos Lisboa. Viva Henrique Vieira. Viva toda a equipa de Basket do Benfica...

Força Benfica

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Então e os Portugueses?




Temos assistido nos últimos dias ao clássico dos primeiros dias de pré-época. Nomes e nomes e nomes de jogadores que o Benfica vai buscar e no final apenas aparecem 1/4 desses nomes para não dizer 1/5. A verdade é que depois da revolução no plantel do ano passado, pensei que este defeso fosse calmo, mas apenas duas semanas depois do nosso último jogo, eis que me convenço do contrário. Vai ser tudo menos calmo.

Em comparação ao ano passado já temos um ponto em comum. O Álvaro Pereira já está no FCPorto depois de até eu aqui o ter quase confirmado como nosso reforço - baseando-me na única fonte que vale para mim, que é o jornal "A Bola". A verdade é que como todos os jogadores que assinam pelo FCPorto e que o Benfica antes desejava, existe uma autêntica festa em vários meios de comunicação social. Desejo-lhe a pior sorte do mundo. Obviamente.

Tirando esse ponto em comum com a pré-época passada, temos algo que na minha opinião é bastante pior este ano. Não temos treinador. Isto é gravíssimo, apesar de estarmos a poucos dias da sua resolução. Qualquer segundo depois do jogo com o Belenenses para mim já é uma eternidade.

Outro ponto negativo é que neste momento já se contrataram Patric, Ramires, há quem garanta Schaffer e até ver nem um único jogador Português para a nova época. O ano passado contei 8 jogadores no nosso plantel e escrevi aqui o que achava nessa altura.

Hoje continuo a achar que temos que ter mais Portugueses no Benfica. Ponto final. Repito, temos que ter mais Portugueses no Benfica. Novos ou experientes, o Benfica tem de passar de 8 para 14 jogadores nacionais em poucos anos.

Hoje leio no mesmo jornal "A Bola" que o Benfica fez uma proposta para a contratação de um novo guarda redes Argentino pelo valor de 3,8 milhões de Euros. Já sei que estas noticias valem o que valem - mesmo vindo da Bíblia - mas não deixo de me surpreender com que nem um nome Português seja referenciado nos jornais. Falou-se de Ruben Micael mas devem ter achado que eram muitos Rubens no meio-campo e ele próprio já disse que preferia o estrangeiro. Temos outro Ruben, (este é Lima de apelido) para o lado esquerdo da nossa defesa em Toulon e mandamos olheiros para verem os craques das outras equipas.

Eu já disse 1001 vezes que respeito Rui Costa, tenho um carinho especial por ele e aceito o que ele defender para o nosso futebol, apesar de poder não concordar. E a verdade é que não concordo nem aceito que se gastem milhões (ou milhares para ser mais orçamentalmente correcto) em viagens ao estrangeiro em observações várias e ninguém observe no nosso campeonato, nos juniores de outras equipas, na segunda divisão. Hoje era impossível haver um Vitor Paneira que chegasse ao Benfica da segunda divisão e a verdade é que ele ficou lá muitas e muitas épocas - foram exactamente 7 as temporadas que vestiu de encarnado e com águia ao peito.

Este ano é para manter e corrigir. Pois bem, em vez de manter e corrigir, não temos treinador, não temos mais Portugueses (a julgar apenas pela amostra), vamos perder Katsouranis e/ou Luisão e/ou Di Maria e/ou Cardozo e/ou Reyes - e porque não perder (ganhar?) Binya? - já perdemos Suazo e a única coisa que neste momento é totalmente positiva é a planificação dos jogos de pré-época.

Temos Torneio Guadiana, Torneio de Guimarães, Torneio de Amesterdão, temos apresentação com Atlético de Madrid, temos Taça Eusébio com ACMilan. Aplaudo a planificação e neste particular já parece que temos uma estratégia. É só isso que eu quero sentir no meu Benfica. Uma estratégia.

Alguém que me diga, "tem calma porque há um rumo claro" que está desenhado, planeado e em execução. Eu não tenho dúvida que tem de haver. Se Quique fosse o nosso treinador e não houvesse esta novela ridícula, triste e pouco digna já podíamos estar a fechar dispensas, contratações e a irmos todos de férias. Diz Rui Costa que quer ter o plantel fechado no dia da apresentação da equipa. Um objectivo na vida não é algo ligeiro. Tem que se focar e pensar claramente em tudo o que é necessário para que isso seja realmente possível. Começar a época com todos os dispensáveis, realmente dispensados e todos os contratáveis, já contratados e a treinar.

A palavra estabilidade não é algo que se procure sem alcançar. É apenas um objectivo que se prossegue com determinação. Como ter mais Portugueses na equipa.

Numa altura em que Domingos Soares Oliveira acha que temos que vender para chegar a um patamar de receitas que nos permitam encarar financeiramente bem esta nova época, não há ninguém que diga que ter mais Portugueses pode ser uma boa ajuda nesse item?

Neste momento perdendo Reyes - não consigo entender como é que se compram 20% dum passe dum jogador sem o objectivo claro e orçamentado de comprar a totalidade no ano seguinte - perdendo Suazo, perdendo Katsouranis e podendo perder mais um jogador para ter a tal receita extraordinária que é imprescindível, porque é que se gastam 7,5 milhões em Ramires, 2 milhões em Patric, 2 milhões no tal Schaffer e 3,8 milhões no tal guarda redes Argentino (estes dois últimos sem nenhuma confirmação oficial) quando se pode ir de mansinho e com ar de humilde, caçar no tal mercado nacional, na formação ou até mesmo nos nossos emprestados?

Só peço encarecidamente e com educação que coloquem no plano macro-desportivo das próximas épocas ao lado das palavras ambição, disciplina, talento, boa relação preço-qualidade o passaporte Português - preferencialmente sem naturalidade apesar de eu poder falar pouco deste item, porque sempre fui a favor dos naturalizados como cidadãos do (nosso) mundo. No entanto, nesta área não interessa onde se nasceu - afinal foi só um hospital numa determinada cidade ou país, mas que sinta o Benfica desde sempre. Como eu sinto.

Se assim for, ser Português é algo muito importante nos objectivos que temos pela frente. Volto a repetir pela enésima vez que apelar aos Portugueses não é vincar os Paulos Jorges, os Carlitos, os Amoreirinhas, os Miguelitos, os Marcos Ferreiras entre outras ricas prendas que por aqui passaram nos últimos anos, mas sim os Ruben Amorim, Moreira e Miguel Vítor que ainda por aqui andam. Não é ser nacionalista mas sim ser focado nas nossas limitações orçamentais e na nossa História de sempre. Com Portugueses conseguimos ser mais fortes, quase sempre, e isso é indesmentível factualmente...

Força Benfica

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Verdadeira Mística?

Numa altura em que falar do novo treinador e do futuro próximo da nossa equipa é especular e alimentar uma discussão totalmente estéril, prefiro reflexionar um pouco sobre o que realmente será isto da verdadeira Mística encarnada.

Para mim Mística sempre foi a capacidade de sofrer, a humildade, a atitude, ter força para lá do teoricamente normal, a capacidade de entrega total numa clara oposição ao auto convencimento, à sobranceria, à arrogância competitiva, à superioridade duma equipa antes de jogar.

Eu tenho para mim que a nossa Mística nasce essencialmente depois das nossas campanhas Europeias onde com dificuldades imensas e vindos dum país complicado politicamente e pobre provámos que com essa Mística - leia-se vontade, força, orgulho em representar a nossa camisola, capacidade de sacrifício em oposição à tão portuguesa ideia de vamos lá para perder por poucos - fomos a 5 finais europeias em 8 anos.

E esta é a verdadeira Mística. Ir a 5 finais Europeias em 8 anos prova que o Benfica teve que jogar em muitos campos, em muitos países, contra muitas equipas. Esta regularidade fez de nós uma equipa que não vira a cara à luta e que luta com todas as armas para ganhar. Quando não se ganha, damos tudo o que se tem e o que não se tem. Era assim e ponto final.

Hoje a nossa Mística está teoricamente em perigo?

Toni dizia noutro dia na "Liga dos Últimos" do grande comunicador e amigo Álvaro Costa que "Mística é ganhar". Dizia ele que "ninguém segue uma equipa que perde". Pois eu discordo totalmente desta afirmação. O FCPorto ganha e ganha e ganha e ninguém respeita neste momento nenhuma da sua mística. Sim, teve-a nos anos 80 quando começou a ganhar e as pessoas diziam que "joga à Porto" que basicamente era jogar duma forma atabalhoada mas com muita garra. Sim admito que sim. Foi um estilo. Depois esse estilo transformou-se e a arrogância tomou conta das equipas, dos treinadores e obviamente do seu presidente. Não há classe no FCPorto. Nenhuma classe e uma equipa sem classe e sem elevação não pode ter nem Mística nem qualquer outra palavra nobre. A maneira como se dirige aos adversários - onde o Benfica é o principal alvo - será o inicio do fim do FCPorto e ainda bem.

Esta última semana onde Pinto da Costa afirmou que "a final da Taça de Portugal deveria ser no Estádio da Luz para os adeptos do Benfica finalmente verem um bom jogo" é muito mais que uma provocação. É um estado de alma. E eu sei o que acontece a qualquer organização que se aburguesa, que se auto convence que é muito superior aos outros e que age com sobranceria perante todos. Sei eu e sabem todas as pessoas com alguma visão global das organizações. Vai cair. Os ciclos têm um inicio e um final. Tal como o ciclo do Benfica teve um final nos anos 60 (apesar da boa década de 70 internamente), ressurgindo com força em três finais europeias na década de 80, o FCPorto pode estar a terminar um ciclo, mais ano menos ano. E nesse dia em que o FCPorto esteja os tais três anos sem ser campeão vai ser bonito ver toda aquela arrogância no chão, no seu mais baixo patamar...

Até lá temos que arranjar maneira de ressuscitar a nossa Verdadeira Mística. E eu detesto ver essa Mística adaptada por estrangeiros - ou no caso, por muitos estrangeiros - mesmo sabendo que ao longo da nossa história alguns desses estrangeiros foram tão nobres e dignos dessa Mística como qualquer um dos mais nobres Portugueses. Isso é um facto. Outro facto é que eu detesto ler entrevistas de Brasileiros quando chegam a Portugal. Normalmente aparecem com esse auto convencimento e arrogância ao aeroporto que me irritam. Como se viessem do mundo perfeito do futebol e esta passagem pelo Benfica fosse isso mesmo - uma passagem - para outros campeonatos mais importantes. Tudo bem. Houve excepções e no último sábado vi uma frase na capa de " A Bola" que mais parecia dum qualquer novo Donizete a caminho da Luz:

- "As vitórias do Porto vão acabar" dizia sorridente. Poderia claramente ser mais um Donizete ou muitos Donizetes que aqui chegaram ao nosso clube nas últimas décadas. Abro a página da sua entrevista e diz:

- "Agora seremos nós os Campeões" e imagino o Pinto da Costa a rir no seu escritório ou na sua casa pois é disto que ele se alimenta. No entanto, com o decorrer da entrevista leio partes que me agradam.

"Para já, começou por devorar tudo o que é informação a respeito dos encarnados. Adquiriu televisão portuguesa, não perde noticiários, é um viciado na Internet, na procura de tudo o que diga respeito ao Benfica. Com a ajuda preciosa da esposa, Jordana, também ela totalmente compenetrada na vivência benfiquista.

«Ficámos tristes por não ter sido o Benfica a fazer a festa de campeão. Quando começaram a dar as imagens dos festejos do FC Porto, desliguei imediatamente a televisão», conta Patric. A mulher meneia a cabeça, confirmando a história, o jovem de 20 anos não está a dizer isto só para ficar bem, já está a levar isto muito a sério, ou não fosse do Sul do Brasil (Santa Catarina, enquanto Jordana é de Porto Alegre), região que mais se identifica com a mentalidade europeia (área mais fria, com forte colonização dos povos da Europa do Norte).

«O FC Porto foi campeão nos últimos quatro anos, não é? Pois tenho a certeza que isso vai acabar para eles, agora seremos nós os campeões», é a convicção do internacional sub-20 brasileiro. Por duas razões, na sua opinião: é o momento ideal para uma mudança de ciclo (Patric não falou com Luís Filipe Vieira, as expressões são mesmo dele!) e porque o plantel é forte. A contratação de Ramires é a prova de que o clube é «ambicioso» e «os jogadores contratados na época passada vão seguramente jogar melhor na temporada que agora vem, pois já tiveram o tempo necessário para se adaptarem. Lutaremos todos para sermos campeões», é o atestado de garantia que deixa.

Sinceramente gostei do discurso do rapaz apesar do título ser para "o tal terceiro anel" que eu cada vez acho que é mais jovem e mais entendedor de futebol e de todo o seu fenómeno, mas a verdade é que senti Mística. Gostei da maneira inteligente como diz que a equipa vai crescer e os reforços vão ajudar a esse crescimento.

Mística é algo que claramente não anda lá pelos lados do Dragão. Cada vez que vejo uma equipa com cabelo pintado de azul a comemorar o título jogando naquela figura contra uma outra equipa - neste caso o Sporting de Braga - aumento o orgulho no Meu Benfica.

Essa parolice - não tem outro nome - é abominável. Não entendo quem teve essa ideia peregrina de gozar literalmente com os adversários no final de cada ano. É ridículo, pouco desportivo e se o Benfica algum dia jogar com o cabelo encarnado depois de ganhar um título não retirarei nenhuma palavra, silaba ou virgula a estas afirmações. Como diz o terceiro anel - "se eu mandasse ninguém celebrava de cabelo pintado de encarnado..."

Para celebrarmos mais e melhor temos que nos virar para dentro. É fundamental que em vez de irmos à procura dos Sub-20 Argentinos como Di Maria, ou Sub-20 Brasileiros como Patric se veja de forma real o poderio que temos nos Sub 20 Portugueses, na nossa formação e nas outras equipas nacionais.

Eu penso que esta última opção de procurar jogadores Portugueses bons nas outras equipas nacionais - como fizemos com Vitor Paneira, Chalana, Carlos Manuel e muitos muitos outros - é complicada especialmente depois da razia de Artur Jorge há quase 15 anos. Ainda hoje estamos desconfiados deste processo de ir buscar bons jogadores às outras equipas nacionais tal as dezenas de falhanços nestas ultimas épocas.

Mas essa desconfiança tem de acabar com um melhor scouting desses jogadores. Eu não acredito em nenhum jogador até o ouvir falar. Sei que parece romântico mas é assim que eu vejo a questão de novas contratações. O jogador é bom, está bem referenciado, tem estatísticas interessantes, foi observado em 20 jogos, há vídeos específicos que mostram que o jogador é mesmo bom, o clube dele está disposto a vender, o preço é simpático ou negociável, mas falta a entrevista... Saber qual é a sua entourage, família, ideias sobre o Benfica, etc... Já falei no conceito romântico, mas é assim que eu sinto cada contratação.

Evitar tudo isto é ter o jogador da formação e aí Miguel Vítor é o nosso melhor exemplo em muitos anos. Não só porque ele é bom jogador mas porque sabe o que é o Benfica e isso nota-se em cada palavra que diz, mesmo aos 20 anos.

Se tivermos que fazer um modelo da verdadeira mística para os próximos 10 anos ela terá que se basear em poucas premissas:

- Ter os melhores Portugueses com longevidade e fazer com que eles não pensem no Real Madrid, no Chelsea ou no Inter que devoram na PlayStation ou na SportTV.

- Ter os melhores estrangeiros compenetrados em fazer crescer o Benfica, não a crescerem eles próprios para outros voos e last but not least manter a longevidade com cada um desses estrangeiros.

Já sei que me falam dos prejuízos de milhões, da inevitabilidade das vendas para equilibrar as contas, das pressões dos agentes que querem comissões de vendas, etc...

Contratar nacionalmente a preços razoáveis, aproveitar a formação, contratar estrangeiros com contratos de vários anos e não os vender à primeira oferta. A Mística rejuvenesce com Ruben Amorim, Miguel Vítor, com Moreira e com outros jogadores nacionais. E é isso que terá que ser a prioridade total.

Não vejam neste texto algo nacionalista que não tenho, não tive, nem em nenhum momento terei. Aceito que os melhores estrangeiros devam estar no Benfica e se estão aqui que fiquem muitos e muitos anos. É simples. Fazer com que os estrangeiros gostem do Benfica e queiram ficar por aqui muitos anos deve ser o objectivo de qualquer director desportivo do Benfica nas próximas épocas.

Manter uma equipa o maior numero de tempo possível. Luisão é um exemplo. Eu não vou aqui opinar se neste momento necessitamos mais dos milhões da sua venda ou da sua Mística no balneário - calculo que Domingos Soares Oliveira tenha uma opinião e Rui Costa outra - porque respeitarei qualquer das decisões. Mas se repetirmos os anos de Benfica do Luisão com Patric, David Luiz, Sidnei, Cardozo, Filipe Bastos, Urreta, Aimar, Reyes, Di Maria, Maxi Pereira, Ramires já podemos dar-nos por satisfeitos e seguramente que o Benfica irá ganhar títulos com estabilidade. Se a estes, juntarmos mais 4 ou 5 jogadores nacionais que ficarão no Benfica para sempre será ainda mais fácil ser campeão e fazer boas figuras no estrangeiro.

Se a estes jogadores ensinarmos a ser humildes, respeitar sempre o adversário, jogar nos limites em todos os campos, tratar o Estádio da Luz como um templo onde só há dois cenários possíveis - ganhar por mais de 3 ou ganhar por menos de 3 - tratar as derrotas como anormais, sentir a equipa unida para não se repetirem mais derrotas e sendo bem liderados podemos voltar a ser o que fomos. Sem a mínima dúvida.

Vou terminar falando da outra nossa Mística - a revista. Começo por dizer que não simpatizo com Sílvio Cervan. Não gostei da sua faceta politica no PP, não gosto do seu look de betinho que aparentemente foi gozado na escola por toda a gente, não gosto muito das suas ideias e acho que cada vez que escreve n' "A Bola" ou fala no "Dia Seguinte" diz coisas superficiais e pouco mais...

No entanto tenho um respeito por ele enorme porque serve o Benfica. Todos os que servem o Benfica em qualquer área têm o meu respeito e hoje sei que entre jornal, televisão e revista, a "Mística" é neste momento o projecto mais sólido de todo o universo media com a marca Benfica. Parabéns a Sílvio Cervan que lidera muito bem este projecto.

Esta nova Mística de Maio tem três entrevistas muito boas. O outro lado do Aimar - que eu penso que deve cumprir os os tais 3 próximos anos do seu contrato - a reportagem dos manos Rafael que mostram que a Mística também se vê nas amadoras - eu afirmo cada vez mais nas amadoras - e uma magnifica entrevista de Domingos Soares Oliveira que deve ser lida por todos os que se interessam por assuntos mais financeiros da vida do nosso clube.

Será esta a Verdadeira Mística?

Também mas não só. A Mística também é o ecletismo e a formação. Neste momento lutamos pelo titulo de Basquetebol, de Futsal, de Andebol e de todas as áreas de formação no Futebol. Será aqui que se recupera a Mística para depois a transpor para a parte sénior do nosso Futebol?

Temos que começar por algum lado, não?

Força Benfica