sexta-feira, 12 de março de 2010

Vamos lá então falar de números...

Para não falar muito do jogo de ontem, tenho a dizer que independentemente da sorte ou azar, o Benfica ontem encontrou pela primeira vez uma equipa superior. A primeira parte de Marselha foi de uma equipa personalizada, experiente, de outro campeonato. A pressão que fizeram a Javi Garcia e a Aimar - especialmente estes - e a pressão que no geral faziam ao portador da bola colocaram o Benfica em apuros e ao intervalo todos suspirávamos pelo golo do Benfica que poderia aparecer de qualquer maneira e feitio, desde que aparecesse. O 1-0 quase que nos daria a passagem porque encararíamos o jogo de Marselha doutra forma. O golo deles no final coloca muitas dificuldades ao Benfica e é da mais elementar justiça afirmar que só um Super Benfica pode passar a eliminatória no ambiente escaldante do Vélodrome.

Tudo é possivel, temos de acreditar e Jorge Jesus ontem esteve perfeito na análise ao jogo. Mostrou confiança, alguma arrogância competitiva, os jogadores perceberam a mensagem e alinharam pelo mesmo diapasão - vamos marcar em Marselha. Quando ouvi essas palavras no carro a seguir ao jogo senti que Jesus estava a falar para o grupo, muito mais que para os adeptos. Estava a dizer-nos que não podemos ir abaixo porque domingo temos um jogo decisivo para o nosso principal objectivo. Esse sim temos de ganhar. Em Marselha, se formos eliminados, vai custar a todos - aliás ontem o ambiente depois do 1-1 era de desilusão total - mas não podemos deixar que estes resultados da Europa nos retirem a esperança e confiança de ganhar o que nos falta ganhar internamente.

Pegando agora no título do post, esta semana foi pródiga em números no universo Benfiquista.

Primeiro foi o prejuízo de 13.8 milhões € referente aos primeiros seis meses do exercício 2009/2010. Parece que existem muitos preocupados com estes números, mas a verdade é que lendo o relatório da SAD que foi publicado há uma semana, não vejo razões para grande preocupação.

É óbvio e notório o investimento enorme na equipa, na renegociação de contratos de vários membros do plantel, na permanência dos nossos melhores jogadores sem alienar activos importantes e outros investimentos relevantes.

Quem lê as 13 páginas do documento de forma calma e serena, entende que não existem razões para alarme. Quando olhamos para o passivo consolidado de 340 milhões € podemos ficar assustados mas depois entendemos que a reformulação do nosso universo e a inclusão das dívidas da Benfica Estádio nesse passivo, fazem-nos ver esse numero com maior realismo e optimismo.

Terminámos um novo empréstimo obrigacionista de 20 milhões€ e estamos neste momento a tratar de emitir um novo no valor de 40 milhões € passando a passivo exigível de curto prazo para passivo de médio longo prazo. Alem disso Domingos Soares Oliveira já associou este empréstimo obrigacionista à continuação do investimento desportivo na equipa de futebol e linkou este mesmo empréstimo no tempo até à data onde se renegociam os contratos de direitos televisivos.

Os custos com pessoal representam 58% dos custos operacionais da Benfica SAD, tendo inclusivamente sido ligeiramente mais baixos que em igual período da época passada.

Por mais contas e voltas que se dê, o Benfica tem hoje o grande desafio de pagar o Estádio, tentar ir baixando o passivo até 2024 - Domingos Soares Oliveira diz que este é o prazo para cumprirmos definitivamente com as nossas obrigações decorrentes do project finance a toda a banca - e aumentar as receitas com vendas de passes, com maiores assistências no Estádio, com aumento de quotização, com aumento do merchandising, com aumentos dos red pass, com aumento dos patrocínios - aqui uma vez mais a questão do naming do Estádio é fundamental e com a entrada na champions league nos próximos anos seria bom que se lembrassem que uma marca multinacional pode fazer mais sentido - e o aumento de presenças na champions com as receitas devidas.

Tudo isto é algo que hoje é muito mais fácil de fazer do que foi nos últimos anos e por isso penso que não há lugar a pessimismos.

A equipa tem pelo menos 5 ou 6 jogadores com grande mercado Europeu e desses, penso que deveremos pensar em vender dois ou três sem pensar que daí venham grandes problemas desportivos.

Nós temos 70% do passe de Di Maria. Vendemos 10% a Jorge Mendes por 1 milhão € há uns tempos e neste momento Jorge Mendes prepara-se para ganhar entre 2 a 3 milhões € fora a sua comissão de agente. Qualquer pessoa investiria esse milhão nos 10% de Di Maria e é nesse prisma que se cria o fundo. Se Di Maria for vendido por 40 milhões €, Jorge Mendes recebe 4 milhões, o StarFund com 20% recebe 8 milhões € e o Benfica com 70% recebe 28 milhões €.

Lembro que a juntar a esses 28 milhões € já estão os 4,4 milhões € que o fundo investiu por 20% - mais uma vez estranho os 10% por 1 milhão € para Jorge Mendes sabendo que por 20% o fundo pagou 4 vezes mais - e esse milhão dos 10% de Jorge Mendes.

No caso de David Luiz, vendemos 25% ao StarFund por 4,5 milhões € e se o jogador for vendido por algo perto dos 30 milhões € - menos 20 milhões que a sua clausula de rescisão - o Benfica terá direito a 22,5 milhões e o StarFund direito a 7,5 milhões €.

No caso de Cardozo, o fundo tem 20% no valor de 4 milhões €. Se vendermos o Paraguaio por 25 milhões € ganhamos 20 milhões € e o fundo encaixa 5 milhões €.

O Benfica investiu 6 milhões € nesse fundo tendo direito a 15% de todas as mais valias, o que fará com que alem destes encaixes referidos atrás, ainda possamos recuperar algum desse investimento de 6 milhões €.

Estas são para mim as únicas vendas a realizar em Julho 2010 ou Janeiro 2011. Não admito que possa existir outro cenário que não este.

Para o lugar de David Luiz temos para a próxima época Fábio Faria, Miguel Vitor, Sidnei, Roderick Miranda e Luisão como centrais e com estes podemos acreditar numa boa época.

Temos para o lugar de Cardozo, o internacional Argentino Franco Jara, entretanto já comprado e mantemos Kardec e Saviola. Não me parece que Éder Luis, Nuno Gomes ou Weldon tenham muito espaço na próxima época e é natural que se invista em mais um avançado de qualidade.

Para o lugar de Di Maria temos Fábio Coentrão - alguém falou em Simão Sabrosa? - e para o lugar de Coentrão na defesa esquerda teremos que contratar alguém que não falhe e que seja uma contratação de peso. Aqui sempre defendo investir bem, num jogador incontornável, provavelmente caro e de uma vez por todas resolver o problema de defesa esquerdo.

Com estas pequenas alterações não perdemos competitividade e teremos todas as garantias que podemos fazer boa figura na champions.

Por falar em champions, parece que no próximo ano o FCPorto arrisca ficar fora da competição. Tudo bem com isso, até porque calha a todos, mas mais a uns que outros. FCPorto e Manchester United são as equipas que mais presenças tem neste novo formato da champions mas o FCPorto antevendo que vai ficar fora pediu a UEFA um especial favor. No publico.pt vinha esta maravilhosa noticia:

"Uma fatia maior do dinheiro gerado pela Liga dos Campeões deverá ser atribuído a clubes que não participam na competição. É esta a perspectiva de Fernando Gomes, dirigente do FC Porto presente no encontro da Soccerex, que decorreu hoje em Manchester. "Creio que a forma como as verbas da Champions League são distribuídas tem de ser analisada e alterada, por forma a dar mais dinheiro aos clubes e a equilibrar as competições domésticas", alertou. "Se os clubes que não estão presentes na Liga dos Campeões receberem mais dinheiro, podem comprar melhores jogadores e aumentar a qualidade da competição. Se não conseguirem fazer isso, a qualidade decresce e o fosso interno aumenta", continua o vice-presidente dos "dragões".

A UEFA distribui cerca de 6,5 por cento das receitas anuais da Champions pelas 53 associações, num pacote que designa por "pagamentos de solidariedade", reservando um mínimo de 413 milhões de euros para as 32 equipas que entram na Liga dos Campeões.
No melhor dos cenários, as equipas com mais sucesso na Champions podem encaixar um máximo de 40 milhões de euros por época.

Fernando Gomes entende que este desnível na repartição das verbas prejudica os países mais pequenos. "Por exemplo, o Debrecen, da Hungria, obteve 50 por cento das suas receitas totais pelo simples facto de chegar à fase de grupos. E há exemplos semelhantes no APOEL (Chipre) e no Unirea (Roménia). Este dinheiro desequilibra seriamente os campeonatos", alerta.


No seu primeiro ano de existência, em 1992-93, a Liga dos Campeões gerou 45 milhões de euros de receita. Actualmente, movimenta 1,15 mil milhões de euros. Guillaume Sabran, director de marketing da UEFA, sublinhou no fórum que este valor é susceptível de continuar a subir. "Estamos sempre à procura de formas de maximizar receitas para os clubes dentro e fora da competição, mas cabe aos decisores determinar como esse dinheiro é atribuído".

Meus caros dirigentes do FCPorto, admiro-vos a solidariedade com equipas da Hungria, da Roménia ou do Chipre e tenho pena que se tenham esquecido dos milhões que ganharam na champions e dos milhões que ganharam com as vendas multi milionárias dos vossos jogadores porque esses tiveram o palco privilegiado da champions para se mostrar. Tenho pena que se tenham esquecido do Benfica, Sporting ou SCBraga e tenho pena que pensem que todas as vossas participações na champions não "aumentaram o fosso da vossa equipa para as restantes" quando comparada com todas as outras equipas nacionais. Porque a verdade é que aumentaram e nunca os vi preocupados.

Estes senhores são uma raça que já não existe... A sério... Estes senhores são do mais vigaristazinho que se passeia pela Europa do futebol, só pensam no seu umbigo, são zero solidários - alguém acha que estes mafiosos estão preocupados com as equipas do Chipre, Roménia ou Hungria? - e vão passar um mau bocado na sua travessia no deserto sem ir à liga dos campeões. No que puder depender de mim, vou sempre torcer que qualquer uma outra equipa possa ir no seu lugar. Assim concordo com eles e tendo em conta as inúmeras vezes que o FCPorto já foi à Liga nos últimos 15 anos, podem perfeitamente estar 10 anos sem lá por os pés, a ver se o futebol Português fica de todo mais equilibrado... Tenham vergonha!

Falando de números, fiquei um pouco desapontado pela lotação do jogo Benfica - Marselha. Esperei um estádio cheio com 65000 pessoas e na verdade estivemos menos de 50 000 - quase 47000 espectadores. As razões são claras e penso que os nossos dirigentes devem pensar neste pequeno cartão amarelo dos seus sócios e apoiantes. O Benfica já vai em quase 210 000 sócios e deve ter uns 30 000 Red Pass vendidos. Além do dinheiro que gastamos no nosso Estádio, gastamos muito dinheiro nas deslocações fora apoiando o Benfica em todos os estádios. Aliás na segunda feira, em semana de Marselha em casa, os proprietários de Red Pass tiverem que pagar o bilhete para Marselha - bilhetes entre 15€ e 30€ - e pagar o bilhete para a final da Taça da Liga contra FCPorto - bilhetes entre 15€ e 25€ que aliás esgotámos os quase 12000 bilhetes no próprio dia.

Eu conheço muita gente que tem Red Pass no terceiro anel - bancada Meo - e que entre ver o jogo em canal aberto na SIC ou pagar os 25€, que o seu lugar no estádio valia contra a equipa Francesa,optaram por abdicar do jogo. Sei o quanto lhes custa, mas tambem sei ver o momento de crise em que estamos. Penso que o Benfica poderia ter baixado ligeiramente os preços, especialmente para sócios. Quem não é sócio e quer ver este jogo que pague bem, mas para os que tem Red Pass penso que se deve ter alguma atenção.

Em vez de termos bilhetes de publico e bilhetes de sócios, penso que poderemos ter no futuro uma terceira variável onde se dá um desconto de 15% para possuidores de Red Pass. Penso que esta medida, não prejudica assim tanto as contas de final de ano e poderemos ter numeros mais animadores e um apoio mais forte à equipa.

Ontem teria sido muito importante ter dado um sinal de vitalidade do clube com o Estádio da Luz esgotado, teriamos dado um apoio maior à nossa equipa e teríamos contribuído para mais uma vez fazer com que a presença de Marselha em Lisboa fosse histórica.

Fomos também informados ontem das intenções da direcção em mudar os estatutos do clube. Primeiro vamos falar das coisas óbvias... Então vamos obrigar os presidentes das casas do Benfica a serem sócios do clube?? Entao mas isso nao será uma coisa óbvia? É possivel um individuo ser presidente duma casa do Benfica e nao ser sócio? Se isso tem de vir nos estatutos então que coloquem uma alinea que dê um passo mais à frente. Obriguem toda a estrutura directiva de todas as casas do Benfica a serem sócios do clube. Isso é algo óbvio numa altura em que queremos chegar aos tais 300 000 sócios em 4 anos.

Obrigar os nossos atletas a serem sócios parece-me lógico tambem, mas já que vamos mudar estatutos vamos obrigar os nossos atletas de todas as competições, de todas as modalidades a comprometerem-se a pagar quotas pelo valor mínimo de 5 anos. Assim evitamos que os senhores passem por aqui um aninho e nem o primeiro ano paguem...

Vamos continuar a não pagar nada a todos os nossos orgãos sociais. Isto para mim é óbvio também. Não encontro prazer maior dum grande Benfiquista que servir o clube do seu coração. Ganhar dinheiro por isso parece-me um contrasenso. Obviamente que a ideia é que este ponto seja inalterado para sempre, pois no dia em que tivermos orgãos sociais remunerados algo muda no nosso Glorioso.

Passar o mandato para 4 anos em vez dos actuais três anos é algo que não me preocupa. Em vez de termos um presidente a fazer 6 ou 9 anos, deveremos ter ciclos duplos maiores - 8 anos - como os mandatos de Presidente de Camara ou Primeiro-Ministro. A estabilidade da direcção assim pode ser mais protegida e será mais dificil reeleger uma direcção que não tenha feito um bom trabalho em 4 anos. Concordo.

Em relação aos anos de sócio, já aqui tinha falado disto a propósito dos paraquedistas que de quando em quando aparecem a concorrer à direcção do Sport Lisboa e Benfica. Concordo que os sócios que queiram concorrer a Presidente do Benfica tenham 15 anos de sócio efectivo - contando a partir dos 18 anos sócio efectivo, não podemos ter um presidente com menos de 33 anos - e para a direcção passe a ser obrigatório ter 10 anos de sócio. Aqui nao concordo tanto...

Uma pessoa que nasça sócio do Benfica, chega aos 28 anos de idade com 28 anos de associado e com 10 anos de sócio efectivo. Penso que grande parte do futuro do Benfica deve passar pelo rejuvenescimento das listas e sendo assim, toda a geração entre os 21 e 28 anos está proibida de exercer cargos directivos no Benfica.

Antigamente as nossas direcções tiveram pessoas jovens, a nossa História sempre premiou pessoas dinâmicas e que com tenra idade já defendiam os interesses do Benfica de forma profissional, responsável e séria. Por mim poderíamos rever esta medida e manter os 10 anos de sócio, desde que 5 desses fossem efectivos.

Assim poderiamos premiar alguém que saindo da Universidade aos 23 anos e antes de casar e ter filhos, tem tempo, disponibilidade, energia e talento para dedicar ao clube do seu coração. Não entendo esta medida de não aceitar ninguém na direccção do Benfica com menos de 28 anos. Sou contra e acho que esta medida não foi pensada na sua plenitude.

A minha familia não me fez sócio aos 10 anos e fui eu pelo meu próprio pé, com o meu dinheiro que fui aos 18 anos fazer me sócio efectivo, mesmo que a minha morada não fosse em Lisboa. Sempre quis ser sócio efectivo e para o fazer tive que dar uma morada de Lisboa. Hoje tenho morada fora de Lisboa e continuo a ser um sócio efectivo pela simples razão que assim mais ajudo o Benfica. Tenho a quota modalidades e não sei porque não obrigam os sócios do Benfica que querem pertencer aos órgãos sociais ter a quota modalidade em dia pelo mesmo número de anos da efectividade da sua associação ao Benfica.

Se queremos dar visibilidade a esta quota coloquem-na como parte integrante da regra a preencher para poder ser candidato aos orgãos sociais do Benfica e aproveitem para ter mais uma receita.

Em relação ao resto das medidas e ao conselho estratégico, parece-me que se está a abrir espaço para alguns notáveis darem umas opiniões sobre isto ou aquilo, mas se a direcção for eficaz este conselho estratégico pouco ou nada terá de opinar. Qualquer um de nós pode enviar emails ou cartas ou telefonemas para qualquer direcção e dar ideias. Se esse conselho estratégico será um pouco a voz dos sócios - eu nao acredito - poderá vir bem intencionado, mas teremos que esperar para ver.

Vamos passar este fim de semana muito focados no que se vai passar na Choupaa. Depois do que se passou em Lisboa na primeira volta, depois de todos sabermos os amores e ódios entre Jesus e Manuel Machado, estão lançados os dados para que seja o jogo mais dificil das próximas jornadas.

Em termos de números, ganhar na Choupana seria fundamental para podermos estar realmente mais perto do título e mesmo que estejamos 3 pontos à frente do Braga no domingo á noite - se ambos ganharmos - são três pontos de distância muito mais saborosos...

Força Benfica

quinta-feira, 11 de março de 2010

Benfica - Marselha

Hoje é dia de Liga Europa e pelo menos até ao dia 18 de Março, altura em que vamos a Marselha penso que Jorge Jesus não deveria definir prioridades. Ou seja, o importante agora é passar a eliminatória "corra lá por onde correr", e depois vemos a classificação do campeonato e como encaramos esta prova Europeia.

Eu digo isto, umas semanas depois de ter escrito que "era muito difícil termos equipa para as duas frentes", mas depois de ver o Setúbal - Braga e ver na classificação os 11 pontos de avanço sobre FCPorto, começo a acreditar que com um pouco de sorte, poderemos tentar priorizar os dois caminhos - o campeonato e a Liga Europa.

Disso falaremos mais adiante porque hoje é dia de Marselha.

Para a geração dos 30s - 40s a eliminatória de há 20 anos marca muito do Benfica Europeu dessa brilhante década de 80, inicio de 90.

Estávamos em Abril de 1990, já tínhamos disputado uma final amarga contra PSV Eindhoven e jogávamos o acesso a mais uma final dos campeões Europeus. Para quem se lembra e viveu esta eliminatória a fundo, sabemos que foram jogos históricos pela mão de Vata, mas pela carga emotiva e de importância desportiva que acarretava esta eliminatória.

Muito foi escrito esta semana - mais uma vez "A Bola" neste particular esteve muito bem a recuperar memórias e comentários - mas pouco se falou do conceito de David e Golias que nessa altura eu humildemente senti. A verdade é que a equipa do Marselha era autenticamente Galáctica e nós éramos apenas uma boa equipa de futebol. Esta é a mais pura das verdades. Em Marselha, perdemos 2-1 quando poderíamos ter perdido por 5-1, de forma fácil...

A diferença de velocidade e de atitude perante o jogo foi de tal forma alucinante que não podemos justificar essa diferença apenas com o ambiente do Velódrome. A verdade é que o Marselha desses anos era mesmo de outro campeonato. Saímos de lá com o melhor resultado possível. Marcámos fora e apenas perdemos por 1 golo. Perfeito.

Passadas duas semanas, mesmo com a diferença abismal de futebol praticado em Marselha, os nossos adeptos responderam massivamente e esgotaram a lotação de mais de 100 000 pessoas no velhinho estádio da Luz para mostrar à Europa grande do futebol que nós erámos e somos tão grandes como muitos dos grandes clubes Europeus. Aliás, com o ambiente do Estádio da Luz íamos provar que somos muito maiores que o Marselha, apesar da sua equipa galáctica da altura.

O primeiro ponto a nosso favor foi esta atitude do nosso público. Ter 100 000 pessoas nas bancadas - há quem fale em 120 000 - é algo que marca a história dum clube. Hoje com muito mais entusiasmo, com uma equipa melhor que a que tínhamos há 20 anos e com um Marselha menos galáctico, não conseguimos meter mais de 50 000 pessoas e duvido que chegaremos a esse número optimista. Sempre acreditei que hoje poderíamos ter 60 000 pessoas nas bancadas mas a crise aperta, há muitos jogos pela frente e o dinheiro não dá para tudo.

Seremos os suficientes para que não falte apoio e que os de Marselha continuem com a ideia do Inferno da Luz, agora em novo Estádio.

Há 20 anos, no segundo jogo no Estádio da Luz, estava em Espanha. Nunca mais na vida me esquecerei desse dia. Nessa altura a minha paixão pelo Benfica era ainda infantil e "não consumada". Não vivia em Lisboa e não ia ao Estádio da Luz com frequência. Aliás, apenas quando passei a viver em Lisboa, comecei a frequentar o Estádio da Luz de forma religiosa e hoje para mim é impossível estar em Portugal Continental e não ir ao Estádio todas as vezes que aí se disputa um jogo. Nesses anos o sonho de poder viver o Benfica em pleno não passava disso mesmo - um sonho...

Quis o destino que estivesse com família em Espanha e sei que nesse dia especificamente tínhamos ido ver um tio meu que nessa altura aí vivia. Estava com os meus pais, com o meu irmão e com a minha avó que tinha ido connosco para ver o seu filho a Espanha. Passei o dia nervoso e obviamente que sonhei em cada momento com a exibição, o golo que nos permitisse passar à final. Tinham-me prometido que veríamos o jogo numa qualquer televisão, mas infelizmente tal não foi possível. Tenho com este jogo de Marselha sentimentos mistos. O jogo mais importante do Benfica em muitos anos - não esqueço o Steaua de Bucareste dois anos antes - não ia ser acompanhado por mim em directo. Nesse momento em que senti que seria impossível ver o jogo, senti-me a trair o meu Benfica. Lembro-me tão bem desse dia porque sei que não será possível esquecê-lo. A minha ligação com o Benfica é algo que não se explica. Não há psicanálise que explique a paixão que tenho pelo Benfica e sei que não a quero explicar. Sou muito certinho na minha vida, tenho muitas responsabilidades, muito trabalho, muita pressão e o Benfica é meu... O Benfica é muitas vezes o meu único escape e foi assim durante toda a vida. Sou um apaixonado pelo Benfica e desde as tardes infantis onde comprava "A Bola" e a colocava como um enorme lençol na mesa do meu apartamento que sinto que aí, no meu Benfica, sou livre... É das poucas coisas na minha vida onde me sinto totalmente livre e por isso não troco o Benfica por nada.

Se pudesse viver o Benfica a 100%, largaria tudo, porque sei que nesse dia estaria muito mais perto da felicidade total. Nesse dia de Abril de 1990 passou-se exactamente o contrário. Saber que o meu Benfica ia entrar em campo e eu num qualquer restaurante do sul de Espanha não podia assistir a este jogo é algo que me marcou para sempre. A desilusão e tristeza foram profundas. Não havia sms, não havia internet, não havia nada que me pudesse informar do que se passava em Lisboa no nosso Estádio da Luz. Nada... Foram 90 minutos de puro sofrimento, sem saber nada... Penso que no futebol, nunca vivi experiência igual em toda a minha vida. Amuei... Fiquei triste, tinha a família ao lado mas a minha cabeça não estava ali. Fiquei triste com as promessas de que o jogo ia dar num qualquer canal e depois a tristeza de constatar que afinal não iria ver este importante jogo. Foi absolutamente devastador e ainda hoje me lembro de cada um desses 90 minutos. Puro sofrimento, instabilidade, um vazio e uma escuridão totais. Não aceitava que fosse possível não ver o jogo... Queria sair dali e correr todos os restaurantes, bares ou cafés e perguntar a cada um se podia apanhar um qualquer canal, numa qualquer parabólica este importante jogo... Não o fiz pela idade que tinha, pelo respeito familiar e sabia que para toda a família o Benfica não era a prioridade. Mas para mim, era...

A certa altura já perto do final do jogo não aguentei e lá disse à família que tínhamos de saber o resultado, que não aguentava mais e o meu tio teve uma ideia.

Resolveu ligar um numero aleatório para a vila onde vivíamos. Ligou do restaurante para o +351 de Portugal, depois marcou o indicativo da nossa zona, ligou um numero e esperou que do outro lado alguém atendesse o telefone.

Atende uma senhora, ele apresenta-se, diz quem é e a senhora ainda antes do resultado, assusta-se porque tem um filho na mesma excursão de "páscoa" onde nós também estávamos. Depois de explicar a situação e dizer que o filho está bem, a senhora diz do outro lado da linha:

"ah, o Benfica marcou agora mesmo um golo. Está a ganhar 1-o".

Não há explicação para a alegria que senti neste momento. Já vivi muitos golos em Estádios, nas televisões e muitos mais hei-de viver mas estes minutos finais do Benfica-Marselha foram algo que nunca me vou esquecer. Nesses minutos o mundo pára. Não há nada que interesse mais que o resultado do Benfica, que a passagem à final, que o apito final confirmando que passámos a eliminatória.

Foram momentos inesquecíveis, mas de tão inesquecíveis, esqueci como soube que tínhamos ganho 1-0. Não sei como foi... Não sei se alguém do restaurante nos disse, se o canal de TV Espanhol o informou, se houve um novo telefonema para a nossa "vila" - ainda era vila - mas sei que o Benfica tinha ganho.

Nesse momento tive as emoções mistas que não me permitem encarar essa eliminatória como limpa. Não me perdoarei nunca não ter acompanhado o meu Benfica nesses 90 minutos. Só eu sei o que sofri e não sou pessoa de me vangloriar pelo sofrimento, nem pessoa de entrar em concursos para ver quem sente mais o Benfica. Aliás, a força deste clube é exactamente o "sentir diferente" de várias formas, por milhões de pessoas. Nessa noite o alívio final de saber o resultado era confrontado com a tristeza de não ter estado com o Benfica.

A caminho do hotel e numa viagem de duas horas - este meu tio vivia a 200 km de distância donde estava a nossa excursão - lembro de olhar o vidro da janela do carro e sonhar com o dia em que pudesse ir ao Estádio da Luz todas as semanas. Esse dia chegou e hoje sei que alem da família, nada mais me prende a Portugal. Apenas este Estádio e esta paixão que não me permitirá nunca viver longe daqui. Sei que tenho espírito de emigrante, sei que passo, passei e passarei muito tempo fora de Portugal, mas nunca poderei passar sem o Estádio da Luz e sem o Benfica... Esta âncora irracional tem muito a ver com este Benfica - Marselha (mas não só) e sei que hoje no Estádio da Luz colocarei 20 anos depois uma pedra sobre o Marselha. Há dias especiais e jogos especiais mas quando daqui a umas horas subir as escadas para o meu lugar no terceiro anel sei que estou a apaziguar-me interiormente e sei que fecharei o ciclo Marselha com a mesma paixão com que a vivi 20 anos atrás de forma muito distante.

Nessa mesma noite e antes de dormir, lembro que todos os meus amigos me disseram que viram o jogo no EuroSport. Aí, sei que a minha tristeza foi outra vez enorme. No EuroSport??? Em 1990 o EuroSport não dava muitos jogos da taça dos cubes campeões Europeus, mas de vez em quando lá dava um directo. Pois bem, nesse dia o EuroSport deu o jogo e teria sido tão fácil vê-lo em qualquer lugar, de qualquer cantinho de Espanha... Fui dormir e no dia seguinte acordei com as notícias da mão de Vata que apenas soube no dia seguinte. Fechei esse ciclo e esse nome "Marselha" até hoje...

Espero que hoje a equipa corresponda, mas se algo correr mal eu sei que fiz a minha parte. Há 20 anos senti exactamente o contrário. Os nossos jogadores fizeram a sua parte e eu não cumpri com a minha. Hoje pode ser diferente e espero que ambos correspondamos às expectativas.

Força Benfica

sábado, 6 de março de 2010

"Senhora e Senhor" Benfica




Escreve hoje Vítor Serpa que a a pluralidade de opiniões "é, a riqueza maior — atrever-me-ia a dizer única — de A BOLA" a propósito dos vários opinion makers que fazem do jornal a referência de imparcialidade e igualdade a que sempre nos habituou.

Eu defendo a pluralidade de opiniões e nessa pluralidade acho que estamos bem representados nesse jornal, excepto no senador Silvio Cervan. Reconheço-lhe uma paixão inacreditável e inexcedível pelo nosso Glorioso, reconheço-lhe grande competência nas suas funções de director da nossa revista Mística, reconheço-lhe seriedade nas funções que desempenha na nossa estrutura directiva, mas não creio que o seu forte seja a escrita ou a eloquente defesa das suas ideias. Os seus textos de sexta-feira são menores, não tanto por sua culpa, mas também pela companhia que neste jornal tem de Leonor Pinhão e Ricardo Araújo Pereira na defesa do nosso Glorioso.

Não vou falar muito dos outros comentadores adversários que escrevem n´"A Bola", mas ao contrário das cartas de Benfiquistas que Vítor Serpa diz receber a solicitar que "lhes dê menos espaço" eu peço exactamente o contrário... Pela pluralidade, pela história e pela liderança imparcial do jornal "A Bola" na óptica da opinião, exijo como leitor que todas as preferências clubísticas sejam aí defendidas.

Voltando à "Senhora e Senhor Benfica" que opinam nas quintas e sábados nas páginas do jornal "A Bola", tenho que admitir que a sua inteligência, o seu estilo e o seu humor não têm paralelo com nenhum outro escriba azul ou verde que por aí vão opinando.

Eu já aqui escrevi que gosto de ler o Miguel Sousa Tavares e reconheço que é um nome fundamental nesta paleta de vários nomes de categoria, gosto dos senadores verdes e azuis que aí escrevem à sexta, tenho dias em que até gosto de ler os televisivos Eduardo Barroso e Rui Moreira - apesar de já aqui e aqui ter escrito que discordava muitíssimo das suas opiniões, tenho-os em boa consideração pessoal e isso ainda é o que conta nestas nossas discussões mais ou menos facciosas nas defesas dos nossos clubes - e acho que o gato Zé Diogo tem o mesmo problema que Silvio Cervan... Tendo em conta a concorrência do seu colega Ricardo Araújo Pereira fica a alguns km de distância, basicamente porque não é tão apaixonado pelo seu sporting como Ricardo pelo seu/nosso Benfica...

E aí está a chave para categorizar a Leonor Pinhão e Ricardo Araújo Pereira como a "Senhora e Senhor Benfica" no jornal "A Bola" - a paixão que têm pelo Benfica.

Começo por Leonor Pinhão... Apesar de não ter a folha limpa e as ligações com Carolina Salgado sejam normalmente arma de arremesso contra a sua pessoa pelos nossos adversários, continua a utilizar a sua paixão de terceiro anel em cada uma das crónicas que escreve. A ironia, o humor e a pequena provocação são o seu estilo, mas a inteligência é a sua principal arma. Para mim, lê-la religiosamente às quintas feiras é sinónimo quase sempre de pura excelência na escrita. Não a leio em mais nenhum outro meio e quando passo os olhos pelas suas crónicas noutros jornais, não lhe reconheço a mesma paixão e prioridade com que a vejo escrever nas páginas de "A Bola". Até por uma questão familiar, tal atitude é compreensível. Ao contrário de outros, é aqui na escrita que Leonor Pinhão é mais forte e espero que aqui se mantenha por muitos e bons anos. É já parte integrante do jornal "A Bola" e o ódio de alguns adeptos adversários aos seus textos é inexplicável, revela muito da falta de fair-play deles e provavelmente da falta de leitura dos próprios textos.

Ricardo Araújo Pereira é hoje uma das pessoas mais reconhecidas nacionalmente pelo seu humor. No entanto, quando se fala de Benfica e de "RAP" nem só de humor se pode falar. Eu até entendo que o seu estilo seja mais próximo de tiradas humorísticas que das tiradas sérias/dramáticas, mas a defesa que tem feito do nosso Glorioso nas páginas do jornal "A Bola" com uma inteligência, sensibilidade e acutilância fazem dele o nosso maior defensor nos dias que correm.

Gosto do seu estilo provocatório que vem dos tempos da blogosfera - sempre gostou duma discussão pessoal e não foge ao confronto escrito com qualquer adversário - mas a juntar a isso tem a mesma paixão de Leonor Pinhão, com ou ou outro toque de lirismo e de grandeza que lhe dão o élan necessário a ser hoje definitivamente o nosso "Senhor Benfica" no jornal "A Bola".

Quem o lê, entende que ele " não é o miúdo engraçado que ao fim de semana diz umas graçolas sobre o Benfica" mas sim o adulto consciente e conhecedor, defendendo o nosso Glorioso, atacando quem merece ser atacado e recordando o que interessa ser recordado.

Estou certo que o seu rumo literário o levará a outros voos, que o seu percurso televisivo terá os dias contados (por mais uns anos), mas sei que a defesa intransigente do Benfica terá aqui sempre alguém profundamente conhecedor do terceiro anel - apesar de ele ver os jogos lá de baixo o seu espírito é claramente de alguém totalmente terceiro anelista - e nos próximos anos as suas palavras podem ser a resposta certa aos muitos anos de miséria geral que infelizmente vivemos. No dia em que recebe a Águia de Prata pelos seus 25 anos de sócio, penso que faz sentido atribuir-lhe o cognome de "Senhor Benfica" do jornal "A Bola".

Tanto Leonor Pinhão como Ricardo Araújo Pereira são hoje o rosto da defesa adulta, bem humorada e picada de um Benfica nas páginas "imparciais" da maior referência do jornalismo desportivo nacional.

Nas mesmas páginas do jornal "A Bola" fala-se hoje que o Benfica é o nono clube com maiores assistências nos campeonatos Europeus, quando aí jogámos apenas 10 jogos. Num post antigo dizia aqui que o Benfica deveria desejar ter média de 45000 pessoas em todos os jogos em casa. Diz o estudo que atingimos uma média de 54000 pessoas e apesar de eu gostar de ler isso, não me parece que esse número seja real. Não vou aqui questionar a matemática mas tivemos um ou outro jogo em casa - Leiria por exemplo - em que a assistência não foi muito superior a 30 000 espectadores o que me faz acreditar que o numero real andará á volta dos 50 000 (ou talvez menos) de média. Isso pouco importa e o que temos que valorizar é que se está a trabalhar bem (muito bem) e que os adeptos respondem à letra...

Há dois anos fui ver o Real Madrid-Barcelona ao estádio Santiago Bernabeu - aquele célebre que colocou os jogadores do Barcelona a aplaudirem os jogadores do Real Madrid pelo titulo conquistado semanas antes e que terminou com vitória madrilena por 4-0 - e alguém me dizia que era impossível o Benfica ter os 60 000 espectadores todas as semanas, como o Real Madrid tem 76 000, porque a população da "grande Lisboa" era quase 4 vezes menos que a população da "grande Madrid"... Essa desculpa deveria ser a razão única para que o Benfica não conseguisse nunca atingir os tais 60 000 adeptos, todas as semanas que jogasse em casa. Eu acredito ainda que mesmo com essa tal desculpa populacional, que o Benfica vai conseguir nos próximos anos aumentar as receitas de assistência de jogos em casa e vai conseguir arranjar maneiras criativas de levar mais gente ao estádio em cada ano que passa.

Amanhã seremos mais de 40000 e se o SCBraga perder ou empatar em Setúbal hoje, provavelmente seremos mais de 45000 a ver o jogo contra Paços de Ferreira. Se tudo correr bem, contra SCBraga e contra Sporting teremos casa cheia. Contra Olhanense poderemos também ter uma boa casa e contra Rio Ave mais uma casa cheia, seja para comemorar o título antecipado ou para ajudar a ganhar esse título com os três pontos que precisaremos para assegurar a conquista da Liga. Posto isto, sei que a média de assistências neste final de campeonato subirá e alcançaremos seguramente mais de 50 000 pessoas de média. Não, não temos 54000 de média nestes 10 jogos em casa e nem vale a pena tentarmos justificar o que os números não conseguirão nunca justificar. Alguma conta mal feita ou informação mal recolhida encravou os números deste estudo, mas não é mau estar no top 10 de maiores assistências da Europa...

Contra Marselha teremos seguramente mais uma casa cheia e aí o jornal "A Bola" tem ajudado imenso a lembrar um duelo com 20 anos que se repetirá nesta semana. Sobre esse jogo falarei depois, mas tenho pena que Mozer ainda não se tenha decidido sobre quem vai apoiar.

Também n´"A Bola" de hoje vem escrito:

"O antigo-defesa central brasileiro, Carlos Mozer, está dividido. Afinal, foi no Benfica que se afirmou no futebol europeu, mas em Marselha adquiriu também grande estatuto, tendo sido mesmo eleito para a equipa ideal de sempre do emblema gaulês. «Que ganhe o melhor! É difícil apoiar uma equipa em particular. São dois clubes de que gosto muito», explicou."

Meu caro José Carlos Nepomuceno Mozer, era pequeno quando o vi jogar e desde sempre o tive como um dos meus maiores ídolos. Várias vezes tivemos no mesmo local em vários eventos e nunca o quis conhecer porque mesmo em idade adulta os ídolos são para se manter à distancia e um dia sei que falaremos e que lhe direi cara a cara o quanto o idolatrava em tempos idos... No entanto, esta sua frase é algo que não entendo. Não gosto de pessoas politicamente correctas, porque sei que essas atitudes politicamente correctas por vezes limitam a liberdade de opinião. Tenho-o como grande Benfiquista e já aqui escrevi sobre si. Não entendo que dificuldade tem em escolher por quem vai torcer. Não entendo que entre um clube a quem deu 5 anos da sua vida em duas passagens distintas e outro a quem deu 3 anos da sua vida mereça grande dúvida. Não entendo que tenha dificuldade em eleger um clube dum país onde "tem vida" (apesar de por vezes viver longe) com outro que mantém alguma distancia. Não entendo que tenha dúvidas, mas respeito-as... Até dia 11 será bom que se decida, porque para ser exemplo de "Senhor Benfica" é fundamental que decida bem... Caso contrário deixarei morrer o ídolo que tenho desde tenra idade e substitui-lo-ei pela imagem de alguém que por muito bom jogador que tenha sido, tem pouca ética, pouco Benfiquismo e pouca memória.

Memória tenho eu dum célebre jogo contra Paços de Ferreira no dia 10 de Novembro de 2002. Estava em New York e fui com um colega sportinguista e com um tio meu tambem sportinguista, ver o Benfica a um desses restaurantes Portugueses de Newark. Ganhámos 7-0 num grande jogo de Tiago, passando uma tarde histórica como se tivéssemos em pleno Portugal real, mas com a vantagem do jogo ser à hora do almoço, como fazem em Inglaterra. O treinador do Benfica era Jesualdo Fereira e o preparador físico José Gomes - hoje ambos no FCPorto - e durariam menos de um mês no banco do Benfica que iria ser ocupado a partir de 1 de Dezembro de 2002 por José António Camacho.

Hoje tudo mudou... O senhor José Gomes enervou-se uma vez mais num túnel do nosso futebol e foi expulso ao intervalo do jogo contra Sporting, o senhor Jesualdo Ferreira já foi tri campeão nacional e agora prepara-se para sair pela porta pequena dum clube que tem ainda a Taça da Liga e a Taça de Portugal para ganhar e um campeonato que apesar de possível, deverá ser complicado de vencer. O Benfica em época de goleadas deverá ter amanhã um dos jogos mais difíceis em casa, pela simples razão que todos os outros deverá ter a motivação suplementar de jogar contra um adversário directo (SCBraga), de jogar contra o rival de sempre (Sporting), de jogar contra um clube que nos tirou dois pontos e que é hoje o "FCPorto C" (Olhanense) e um jogo de casa cheia para desejavelmente carimbar o título na última jornada (Rio Ave).

Amanhã é o típico jogo que jogamos contra nós, com expectativas altas, com uma eliminatória da Liga Europa a pairar em todas as cabeças a poucos dias de distancia e contra um adversário difícil, muito bem organizado, que empatou com FCPorto nos dois jogos que fizeram e que ainda não perdeu nenhum jogo na segunda volta do campeonato.

Tudo isto não deverão ser razões suficientes para parar o nosso Benfica, espero que o jogo se torne fácil pela nossa atitude e que todos estes receios não sejam mais que remanescências de outras épocas e outros tempos onde o Benfica falhava exactamente onde não devia falhar.

Vamos acreditar na nossa equipa, nestes três pontos fundamentais e deixar qualquer tipo de receio para outros jogos e para outros adversários. Como dizia Di Maria, "vamos jogar nove finais" e espero que a vitória amanhã seja o tónico certo para as próximas oito... Indo para a semana jogar ao Nacional da Madeira, fazer três pontos amanhã é O-B-R-I-G-A-T-Ó-R-I-O.

Força Benfica

segunda-feira, 1 de março de 2010

Que começe o espectáculo... Agora!

Estamos no primeiro dia de Março e onde me encontro é feriado nacional. Desde pequeno que oiço dizer que os campeonatos ganham-se a partir de Março e as equipas são programadas para chegarem fortes a esta data, onde se começam a definir os principais candidatos ao título, as boas (ou más) carreiras na Europa e a conquista ou não das Taças nacionais.

Neste ano tudo isto faz ainda mais sentido. Por isso digo no título que começe o espectáculo, porque agora é mesmo a sério.

Todo um ano se resolverá nos próximos 70 dias ou na melhor das hipóteses nos próximos 73, caso cheguemos à final da Liga Europa.

Agora o Benfica tem que ser mais "tudo" para atingir os objectivos e não os atingir, será como um grande balde de água fria, mas do tamanho do Estádio da Luz.

Há que focar no grande objectivo da época, o campeonato. Faltam nove jogos. Todos estes jogos serão finais. Sei que é um cliché mas é a pura das verdades. Os nove pontos que levamos sobre FCPorto chegariam para pensarmos que o título está entregue. Aliás, o próprio FCPorto pensaria que os 43 pontos que tem à 21ª jornada seriam suficientes para lutar pelo título, pois o ano passado à mesma jornada tinha apenas mais dois (45 pontos) e isso foi suficiente para ser campeão. O problema é que este ano apanhou um super Benfica e um super SCBraga, apesar de lhes custar muito, muito, muito admiti-lo e isso diz muito duma massa adepta azul, dos comentadores azuis e dum tipo de jornalismo associado à equipa azul. Aliás com esta atitude de menosprezar as exibições do Benfica e os resultados efectivos da nossa equipa (tanto em vitórias, como em golos, como em posse de bola, como em remates, como em qualidade geral do jogo ou qualidade geral dos nossos jogadores) estas pessoas justificam-nos o facto de ter tido Pinto da Costa como presidente anos e anos sem que sequer tenham questionado nada de nada do que se falava (e agora ouve no YouTube) sobre esta figura, sobre a possível corrupção ou sobre como este clube se posicionou no futebol nacional.

A figura de António Tavares Teles na escuta que está no YouTube personifica um tipo de gentalha - onde todos os comentadores e analistas azuis sem expecção se incluem - que anda à volta deste FCPorto e que agora vai ter de começar a entender uma nova ordem no nosso futebol. E esta nova ordem não está directamente ligada ao sucesso do Benfica, até porque a verdade é que a qualidade indiscutível do nosso futebol apenas produziu um ponto mais que SCBraga, estes sim a grande revelação deste campeonato. A nova ordem terá que estar associada ao hábito de perder e ganhar como qualquer equipa e conviver com isso de forma natural.

Ao Benfica ainda falta jogar contra Nacional, SCBraga, Sporting e FCPorto, só para referir os jogos onde podemos realmente perder pontos. O SCBraga tem de ir ao Estádio da Luz e no ultimo jogo à Madeira jogar contra Nacional, para referir apenas os jogos mais difíceis. Neste momento assumir que Benfica e SCBraga não perderão mais 9 pontos/8 pontos que FCPorto é ser realista, mesmo sabendo que no futebol tudo é possivel. Sendo assim vamos ter que olhar apenas e só para a equipa do SCBraga e por isso penso que o resultado de ontem em Alvalade vai meter muita pressão nesta equipa de Braga.

De um momento para o outro, todo o anti-benfiquismo está junto no apoio incondicional ao SCBraga e isso pode ser perigoso para o próprio SCBraga. Agora todos vão torcer pelo Braga, vão querer que o SCBraga seja benefeciado, vão aceitar que "era bonito o Braga ser campeão", vão exorcisar todas os seus desgostos do ano no apoio a este "Super Braga", vão obviamente minimizar qualquer feito que o Benfica consiga fazer até dia 9 de Maio e espero que as próprias equipas não facilitem nos jogos contra SCBraga numa espécie de David que merece ser apoiado contra o grande monstro Golias de nome Benfica.

O Benfica tem de responder a tudo isto com a qualidade de jogo que nos habituou e fazer do encontro em casa contra SCBraga no dia 28 de Março o jogo do ano. Este é o nosso jogo do ano e ganhando este jogo, tudo fica mais fácil. Todos deveremos começar a olhar para essa data como a data decisiva neste campeonato e o Inferno da Luz terá de se vestir a rigor no apoio á nossa equipa contra o maior rival desta Liga.

A juntar a tudo isto temos a sobrecarga de jogos. Ao SCBraga faltam 9 joguinhos e ao Benfica no mínimo faltam 12 "jogões" que podem ser 14 se passarmos contra Marselha os oitavos de final da Liga Europa.

Por isso digo e repito "let the show begins... now!"

Agora temos de ser apenas um, como dizia o nosso presidente neste final de semana. O nosso 106º aniversário deu-nos algumas prendas, como a nossa vitória robusta, sólida e irónica para quem dizia que o Benfica andava cansado e colocou um dos nossos maiores rivais a 9 pontos.

A partir de agora temos novo rival oficial e é contra esse novo rival que vamos decidir o campeonato.

A sobrecarga de jogos assusta-me e será legitimo pensar se deveríamos abdicar da Liga Europa em prol do campeonato. Nenhum adepto consciente o assume, nem sequer o pensa. O sonho é claro e simples - ganhar Taça da Liga contra FCPorto, ganhar o campeonato e se posivel ir à final da Liga Europa em Hamburgo. Sonhar com isso é assumir que em 73 dias o Benfica joga 17 jogos e todos eles em alta pressão.

A juntar a esse apoio popular e massivo de todo o anti-benfiquismo, o Benfica tem um calendário demolidor:

- Paços de Ferreira em casa a 07/03, Marselha em casa a 11/03, Nacional fora a 14/03, Marselha fora a 18/03 e final da Taça da Liga contra FCPorto a 21/03. Isto significa que de 7 de Março a 21 de Março tem 5 jogos importantíssimos.

Depois desta série onde se podem perder duas taças ou ganhar uma, o Benfica descansa uma semana começando novo ciclo a 28 de Março. Se passarmos o Marselha o Benfica joga com :

- SCBraga em 28/03, primeira mão dos quartos final da Liga Europa 01/04, Naval fora a 04/04, segunda mão dos quartos final da Liga Europa a 08/04 e Sporting a 11/04. Mais uma série de 5 jogos entre 28 de Março e 11 de Abril.

Depois terminamos com 4 jogos entre 18 de Abril e 9 de Maio:

- Académica fora a 18/04, Olhanense em casa a 25/04, FCPorto fora a 02/05 e Rio Ave em casa a 09/05.

Caso o Benfica consiga ir às meias finais da Liga Europa neste ciclo incluiremos mais dois jogos a 22/04, a 29/04 e se formos à final em Hamburgo mais um jogo a 09/05, mas aí já não conta para sobrecarga nenhuma...

Na minha opinião o Benfica deve fazer tudo para passar contra Marselha, mas manda o bom senso termos a humildade suficiente para assumir que jogar na Europa e no campeonato ao mesmo tempo acarreta muitos riscos. Se o segundo classificado fosse FCPorto a 9 pontos eu diria que neste momento poderíamos gerir bem esta distância e apostar também forte na Liga Europa. Sendo o adversário o SCBraga que está a um ponto do Benfica e com este calendário e sobrecarga de jogos favorável ao nosso maior adversário da Liga, é importante não perdermos as prioridades. O campeonato é a prioridade e a não ser que SCBraga comece a perder pontos, que eu não acredito, o Benfica deve deixar passar a Liga Europa ao largo e focar naquilo que é importante em termos estratégicos. Ser campeão e entrar directo na Liga dos Campeões do próximo ano.

Até custa escrever que se deve menosprezar ou minimizar a Liga Europa mas não há outra hipótese. Estes jogos contra Marselha até não vêem em má altura apesar da deslocação sempre muito difícil ao Nacional ser no meio destes encontros, mas a partir daí será mesmo a doer e só Jesus e a sua equipa técnica sabem com que linhas "físicas" se coser para conciliar estes importantes objectivos.

Estamos onde queríamos estar no dia 1 de Março de 2010. Estamos em três frentes e estamos fortes como mostram todas as estatísticas do campeonato e Liga Europa. Estamos a construir um novo Benfica mais ambicioso, mais perto dos sócios, com mais gente no Estádio e a preparar esta década como deve ser preparada. Estamos conscientes que podemos perder Di Maria, David Luiz e Cardozo, mas só o devemos fazer pelas cláusulas de rescisão ou algo pouco abaixo... Fazer 90/95 milhões de Euros com estes três jogadores é possivel em Julho de 2010, em Dezembro de 2010 ou em Julho de 2011. Agora é importante que a nossa direccção entenda que as prioridades não podem deixar de ser as desportivas e nesse capítulo a champions league do próximo ano - ou com entrada directa ou jogando a pré-eliminatória - é fundamental para valorizar jogadores, para mostrar à Europa a face deste novo Benfica ressuscitado e definir claramente que nos próximos 10 anos ganharemos muito mais que nos últimos 10.

Para que isso aconteça temos que pelo menos ganhar dois títulos este ano, tendo em conta que o ano passado apenas ganhámos a Taça da Liga.

A chave do nosso sucesso é a estabilidade exibicional, com alteração de jogadores. Se o Benfica consegue deixar fora Aimar e Javi Garcia e exibir-se a este nível, como o fizemos em Matosinhos, então temos todas as hipóteses de pelo menos ganhar o campeonato e é para isso que todos devemos apontar. Tudo o que for acima disso é ganho.

Sendo assim, que começe o espectáculo porque os ensaios acabaram. Agora é a doer...

Força Benfica

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Viva o Presidente

Estou muito longe e não vou tecer muitos comentários aos recentes resultados do nosso Glorioso. Isso ficará para depois. Apesar de longe, leio "A Bola" online e hoje reparei que coincidentemente há dois textos antagónicos e que fazem tanto sentido nos dias de hoje.

Já ontem Leonor Pinhão tinha colocado o "dedo na ferida" falando deste Rui Moreira, que com carinha de pessoa bem educada e respeitadora, consegue ser tão perigoso e insensato como muitos dos que aparentemente criticava, em nome duma nova moralização do futebol Portugês e duma "new school" Portista que ele tanto gosta de apregoar e/ou representar.

Mas esta semana a máscara caiu e o texto que ele escreve hoje n' "A Bola" não é coerente com alguém de bem. Quando o futebol nos retira os nossos valores e éticas e quando esse mesmo futebol nos obriga a ler e a reler as leis para encontrar justificações que "justifiquem" (passe a repetição) as nossas ideas muito mal vão os nossos juizos de valor.

Este senhor quer tentar justificar que um castigo que vai de 6 meses a 3 anos e passar para 4 meses é um crime de lesa pátria. Mais, quer nos dizer que o mesmo senhor que no apito dourado meteu Boavista na segunda divisão e retirou 6 pontinhos aos 20 que FCPorto levava de avanço é agora um "exibicionista" e mais um adversário.

Por favor, meus caros... Se representam esta "new school" então representem-na com elevação. Independentemente das razões certas ou erradas e das justificações de um e outro lado, entendam que estas frases "over and over" não credibilizam, nem ajudam à pacificação que tanto apregoam.

Mais, lembro-vos que FCPorto com Hulk perdeu 13 pontos e sem Hulk apenas perdeu 4 pontos, portanto não nos tentem fazer passar a mensagem que com Hulk isto seria um passeio rumo ao penta.

O nosso presidente falou e disse tudo na gala do nosso aniversário proferindo palavras cirúrgicas e muito, mais muito bem escritas...

Podem-lhe chamar nomes e gozar com a sua origem ou muitos dos erros que pode cometer, mas este Presidente falou e disse:

"Estamos atentos em relação a alguns comportamentos que apesar de absurdos não são inocentes! Podem contestar as leis que eles próprios aprovaram, podem até contestar o sol ou a chuva, o frio ou o calor. Mas a única coisa que deveriam contestar é a hipocrisia e a falsa moral que tanto apregoam mas que, verdadeiramente, nunca tiveram. Podemos continuar a aceitar aqueles que fazem da divisão, do conflito e do cinismo o seu modo de vida, ou podemos rejeitar tudo isso e exigir comportamentos orientados pela seriedade, pelos princípios, pela ética. Não há vítimas, nem cortinas de fumo, nem conferências de imprensa colectivas ou manifestações encomendadas que possam branquear certos comportamentos. O único que há é gente que perdeu o pouco que lhe restava de vergonha. Num tempo atrás — não muito distante — dominado pela escuridão não vi os ofendidos de hoje levantar a sua voz de indignação. Pelo contrário, o que eu assisti foi ao seu silêncio cúmplice que amarrou o futebol português a uma mentira que durou mais de uma década. É aliás assustador a naturalidade com que alguns viveram o passado e calaram! Ao contrário do que alguns assumem, as instituições desportivas não são boas ou más consoante decidem a nosso favor ou contra nós. As instituições são boas quando decidem com isenção, com independência, com verticalidade. Esse é o sentido das reformas pelas quais o futebol português se deve bater!"

"Temos de estar conscientes de que para ganhar, o primeiro que temos de fazer é reconhecer a dificuldade que isso representa. Vão surgir obstáculos que temos de estar preparados para ultrapassar. Alguns estão previstos, outros não, mas temos de estar unidos para superar tudo o que possa vir a acontecer. É em momentos como este que – todos nós - sendo muitos, verdadeiramente devemos ser apenas um"

Como temos no nosso emblema, Et Pluribus Unum.

Força Benfica

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Meio mundo a sonhar com o Benfica...

Estamos a chegar aos grandes momentos de decisão da época. Não só desportivamente, mas também financeiramente, na medida em que vários clubes Europeus se começam a posicionar na linha da frente para contratar algumas das nossas estrelas.

Antes de falar nessas estrelas, que por exemplo para Eduardo Barroso e outros analistas nacionais o Benfica não possui, vou tentar focar um pouco na parte desportiva e no que resta da época na taça da liga, campeonato e liga Europa.

Em relação ao campeonato, estamos perante um ataque cerrado ao Benfica por todo o anti-benfiquismo nacional. Eu gosto de ler e ouvir adeptos e analistas contrários ao Benfica, porque escutá-los ajuda-me a ter perspectiva sobre o real valor da nossa equipa. O que se passa este ano, está a roçar o escandaloso. Eu sei que o futebol é para ser vivido com paixão, com alguma euforia, com algum facciosismo, com alguma irracionalidade e com muita infantilidade. Aliás, aquilo que nos une a todos os adeptos benfiquistas, sportinguistas, portistas ou até bracarenses, tem a ver com esta infantilidade com que analisamos este fenómeno desportivo. No entanto, há coisas que são absolutamente rídiculas e nem o conceito de infantilidade pode servir de desculpa.

Há aqui uma opinião geral que o Benfica anda a ser levado ao colo. Existe uma ideia generalizada que os árbitros, os delegados, a comissão disciplinar da Liga, os observadores, os securitas dos túneis ou os policias andam a levar o Benfica ao colo.

Primeiro foi o tunel do Braga. Vi as imagens do túnel e não vou querer estar a discutir quem tem ou não razão, porque se existem pessoas de bem em Portugal, podem e devem analisar essas imagens dum único prisma. Tudo o que nós vemos é que Cardozo foi expulso sem ninguem saber porquê e que passados uns meses vieram os castigos esperados aos jogadores do Braga envolvidos nessas situações à entrada do túnel e dentro do túnel. Ninguém nunca contestou as razões da expulsão de Cardozo mas todos contestam os castigos dos jogadores do Braga. Tudo bem...

Passados uns meses o Benfica ganha ao Porto e no tunel o que vemos todos é que há uma série de arruaceiros vestidos de azul que atacam tudo e todos. Isto é que nós vemos mas nem todos vêem o mesmo. Porque os senhores de azul viram tudo justificado devido às provocações dos stewards. Mais uma vez eu gosto de cortar a direito e ser sério. Se eu visse aquelas cenas no túnel do Dragão, com não sei quantos atletas com águia ao peito a darem pontapés no túnel - será que teriam sido provocados pelo túnel? - e a bater em todos os seguranças, estaria obviamente preocupado em defender os nossos atletas de castigos pesados - desses que podem ir até vários meses de suspensão - mas nunca defenderia nenhuma dessas atitudes. Que fique claro... Não defenderia nenhuma dessas atitudes, não utilizaria nenhuma desculpa com as hipotéticas palavras dos stewards e eventualmente até os castigaria internamente, se mandasse algo na esrutura directiva.

Ou seja, para terminar de vez com esta questão aqui a razão está apenas dum lado. O FCPorto quer (e bem) que rapidamente se decida duma vez por todas os meses de suspensão de cada um dos atletas envolvidos. O que é que o Benfica tem a ver com isto? O que é que o Benfica tem a ver com os castigos bem aplicados aos jogadores do Braga? Porque é que existe aqui um complot entre Braga, FCPorto e Sporting para criar na opinião publica a ideia que o Benfica anda a ser levado ao colo?

Eu não gosto de falar de penaltis, de faltas e de golos anulados, porque sei que no final do ano todos somos prejudicados e beneficiados. Esta contabilidade é inutil e penso que todos deveríamos aprender a seguir com pequenos erros que existem e continuarão a existir. O que não podemos aceitar é esta ideia generalizada que caso o Benfica seja campeão, este título não valerá. Ou seja, ainda hoje Miguel Sousa Tavares - de quem eu tenho ideias muito diferentes em várias áreas, com quem concordo em outras tantas áreas e de quem tenho um respeito e consideração elevadas - diz n´"A Bola" que "dificilmente os portistas e os bracarenses irão reconhecer o mérito de um campeonato ganho pelo Benfica nestas circunstâncias". As circunstâncias de que ele fala são várias, mas nem todas legítimas. Tudo bem...

O que os portistas ainda não entenderam nesta clara guerra contra o Benfica é que o Braga leva o mesmo número de jogos que FCPorto e mais 8 pontos conquistados. Isto são factos indesmentíveis. Como diz Miguel Sousa Tavares e outros portistas e sportinguistas atentos, o golo do Braga não foi irregular porque "entre a saída da bola e o golo decorreram uns trinta ou quarenta segundos em que a bola passou por uns seis jogadores e poderia ter sido umas três vezes definitivamente afastada pelos jogadores do Marítimo antes do belíssimo pontapé fatal de Luís Aguiar. Por este critério de causa-efeito, dificilmente se encontrará um golo que, na sua génese, lá atrás, não tenha tido alguma coisa de irregular." Não posso concordar mais com esta análise mas porque razão será a imprensa benfiquista (como lhe chama Miguel Sousa Tavares) a reclamar e não a imprensa séria e imparcial que apenas apontam um erro que por infelicidade deu origem a um golo? A verdade é que os erros acontecem e como disse atrás, não serão estes pequenos erros que estragam um campeonato. Temos todos razões de queixa. Nós dos penaltis que Cardozo não marcou contra Setubal e Maritimo (pelo menos estes), do penalti que Leiria falhou no último minuto no Dragão, dos golos que Braga vai marcando com sorte e talento nos últimos minutos dos jogos e os outros vão queixar-se todo o ano do golo regular que se invalidou ao Setubal por um fora de jogo que só quem se senta no sofá pode ver, mais uma ou outra situação que efectivamente pode acontecer a nosso benefício. Aliás o grande problema do nosso futebol é que os analistas não vão aos estádios. Façam como eu e metam se na bancada fria dos jogos em Vila do Conde ou em Olhão ou Guimarães e digam-me se muitos dos "escandalos" do nosso futebol são assim tão escandalosos.

Quem me lê sabe que não ando a falar de árbitros neste singelo cantinho. Não o faço porque sei que algumas coisas são estranhas - e desculpe lá o senhor Miguel Sousa Tavares, mas não acha escandaloso que um fiscal de linha a um metro da bola mande seguir o jogo, independentemente da jogada do golo ser muito depois? - mas outras são normais num jogo que teima em não assumir as ajudas tecnológicas como parte integrante desse mesmo jogo. Quem está nos Estados Unidos alguns meses por ano aprende a ver que as polémicas dos árbitros não existem nas análises do basket, do hóquei em gelo, do futebol "deles" ou do basebol. Há quem defenda que estas análises fazem parte do "nosso" jogo, mas para defender estas regras antiquadas como "parte do nosso jogo", então façam-nas na perspectiva do lugar frio do estádio e não do confortável sofá onde a maioria destes analistas, "analisam" o jogo. As regras só serão iguais para todos quando todos os jogos tiverem o conforto da repetição do sofá no lugar frio do estádio. Enquanto isso não acontece, senhores analistas por favor, tenham calma nas análises e valorizem o que se deve valorizar que é o valor futebolístico de cada equipa.

O que não se pode omitir ou ocultar é a classificação. O Benfica é primeiro com 1 ponto de avanço de Braga que com menos um jogo terá que ganhar no Dragão para colocar o FCPorto definitivamente no terceiro lugar da Liga. O FCPorto é terceiro e tem de ganhar ao Braga para manter o terceiro lugar e efectivar os 6 pontos de atraso do primeiro e os 5 pontos de atraso do segundo. Se querem continuar amiguinhos como até aqui, então que empatem e coloquem Braga empatado com Benfica e FCPorto a 8 pontos dos dois primeiros. Isto são factos e temos aqui os três unicos resultados possíveis nesta jornada de atraso.

E estes são os verdadeiros problemas do FCPorto. Não é o Hulk fora, não é o Benfica ser levado ao colo, não é o escândalo nacional que todos querem fazer crer e que não tem nenhum fundamento. O que é realmente problemático é que o FCPorto pode ser campeão, mas está mais perto de ficar fora da champions se não faz 6 pontos nos próximos dois jogos contra Braga e Sporting. Este facto indesmentível faz com que os analistas do anti-benfiquismo percam a noção da realidade. Continuam a atacar o Benfica esquecendo os 52 golos marcados e os 11 sofridos em apenas 20 jogos. Esquecem os números avassaladores de posse de bola do Benfica em casa e fora, esquecem toda a diferença abismal deste novo Benfica com Javi Garcia, Saviola e Ramires em comparação ao da época passada e não ver isto é arranjar desculpas onde elas não existem.

Ninguém sabe quem vai ser campeão, mas começar a chorar em Fevereiro não é digno dos grandes. Eu considero neste momento o Braga um grande e obviamente o FCPorto um grande. No entanto, um destes grandes perde Joao Pereira e Vandinho e continua a ganhar, mesmo com 10 jogadores. Esta atitude no campo que se opoem à atitude de coitadinho do seu treinador no caso da mala Louis Vitton (que de tão ridiculo, não merece mais que esta simples passagem) é o que faz do Braga um grande até à 19ª jornada. O que faz do FCPorto um pequeno à passagem da mesma 19ª jornada é esta atitude de queixume, de medo, de voltar a considerar o Benfica a razão de todos os seus males e não assumir que estar a 8 pontos do Braga é o verdadeiro problema. Ter menos 9 pontos, menos 14 golos marcados e mais 3 sofridos que o Benfica, (mesmo que com menos um jogo) é outro problema, não mostrar nenhum tipo de consistência futebolistica em casa contra a Académica num jogo de Taça da Liga e não mostrar qualquer tipo de soluções contra o tal anti-jogo do Leixões é outro problema. O problema do FCPorto é mesmo o FCPorto e não o Benfica.

O Benfica terá que ter uma consistência e mentalidade de campeão nestes ultimos jogos para aguentar toda esta pressão. A pior coisa que pode acontecer a alguem que é bom profissional em qualquer área, é não ver o reconhecimento desse seu bom trabalho pelo meio onde está envolvido. Quando me falam em mind games eu penso no que se diz do David Luiz - "que só dá porrada" - no que se diz do Di Maria - "que nem para futebol de salão serve" - do que se diz do Cardozo - "que só falha penaltis e contiua a ser um tosco" - do que se diz de Javi Garcia - "que além de só dar porrada, está a perder toda a força e pulmão que teve no inicio de época" - no que se diz de Ramires - "que já deu o berro" ou que se diz de Saviola - "que já vai em branco há várias semanas".

O que o Benfica tem de focar é nos resultados e em tentar ganhar todos os jogos em casa. Ganhando os 5 jogos que falta jogar em casa faz 15 pontos e rouba dois ao Braga. Depois fora tem de ganhar 3 dos 5 jogos - começando preferenciamente já com o Leixões - e tentar empatar 2 ou mesmo perder um desses dois. Estas são as únicas contas que necessitamos para sermos campeões. Não são dificeis de fazer, nem de implementar tendo em conta o que temos visto nesta liga. E estas contas são as que os nossos adversários inteligentes tambem fazem, só que depois não as assumem preferindo jogar um jogo baixo e de pouco nivel para com o nosso clube e para com os nossos jogadores.

Em relação à final de 20 de Março contra o FCPorto, teremos que entender essa final como uma guerra que não terá de ser ganha a qualquer custo. Vamos ter tempo de analisar esse jogo nas semanas que antecederão o jogo, mas sabemos que estão criadas as condições para que seja o jogo mais quente do ano - até à visita do Benfica ao Dragão a 2 de Maio.

Antes de tudo isto jogamos esta semana com Hertha de Berlim dois jogos que serão importantes porque serão um teste ao excesso de confiança que poderá existir contra uma equipa que ocupa o "confortável" ultimo lugar da Bundesliga. Não nos podemos esquecer que a Liga Europa é sempre um objectivo financeiro e desportivo e quanto mais jogos se ganharem, quanto mais longe conseguirmos ir, mais se valorizará o nome Benfica e os seus jogadores.

Estes jogadores, estão neste momento com percentagens dos seus passes anexados ao tal fundo que o Benfica desenvolveu e criou nestes ultimos meses. Todos falam da excelência desta operação, mas poucos se lembram que o Benfica que eu e que todos os Benfiquistas querem é um Benfica campeão regularmente e com o regresso normal aos grandes palcos Europeus da champions league. Isso só se consegue com uma estabilidade ao nivel de equipa e com a permanência dos seus melhores jogadores no clube. Nesse sentido, sabendo que o equilibrio financeiro é sempre uma questão muito importante, não devemos estar reféns dos investidores do fundo e dos seus lobbies para a realização de mais valias rapidamente. Nesta gestão de expectativas entre o que os investidores do fundo querem e o que o terceiro anel deseja estará o sucesso ou insucesso do tal projecto Benfica para os próximos anos.

No imediato, teremos que deixar as criticas ao Benfica e á nossa brilhante época na porta do balneário, teremos que lutar por todos os jogos de maneira a podermos ganhar a taça da liga pela segunda vez consecutiva, ser campeão nacional ao fim de 5 anos e tentar chegar pelo menos aos quartos de final da Liga Europa, que significaria ultrapassar Hertha de Berlim e Marselha em duas eliminatórias importantes.

O que nos vale é que já vamos quase nos 209 000 sócios e a tal meta dos 300 000 uma vez proferida "em total delirio" (segundo os tais analistas anti-benfica) pelo nosso presidente está cada vez mais próxima. Se esse número for atingido no dia em que teremos novo contrato dos direitos de televisão, o estádio pago ou o tal naming desse mesmo estádio atribuído - estou a falar no espaço de 3 anos - então não valerá a pena continuarem a inventar colos, porque nesse dia o Benfica será mesmo imparável a nivel nacional e/ou internacional.

Força Benfica

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Os cães ladram e a caravana passa...

O empate em Setúbal beliscou algum do élan que levávamos, mas não trocaria de lugar com nenhum dos nossos adversários directos. Todos falam do Super Braga e do Super FCPorto esquecendo que o Super Benfica tem ainda tudo para poder conquistar o título e não é esta perca de dois pontos que belisca essa candidatura.

Foi interessante ter lido e ouvido vários comentários sobre todos estes casos dos túneis, dos castigos, "do colo" que leva o Benfica em primeiro, do "escândalo" da antecipação do jogo contra Leiria, etc...

Admiro-me quando o Braga é castigado com os castigos que se conhecem e as pessoas associam essa maquiavélica decisão ao polvo encarnado. Ler e ter que escutar algumas destas coisas tira qualquer pessoa séria do sério... Gosto de ver o Sporting e o FCPorto do lado do Braga como se eles não beneficiassem também com esses castigos. Aliás, o FCPorto está em terceiro lugar e penso que deve querer ir à liga dos Campeões no próximo ano - nem que seja à pré-eliminatória - logo o grande beneficiado com qualquer enfraquecimento do Braga é o FCPorto e não o Benfica.

O Benfica tem posse de bola, remates, golos marcados, equipa e calendário para andar calmo... No próximo dia 13 jogamos contra Belenenses e depois apenas jogaremos no dia 27 em Matosinhos contra Leixões. Fazer 6 pontos nesses próximos jogos e esperar pelos resultados de FCPorto - Braga (20 de Fevereiro) e Sporting - FCPorto (27 de Fevereiro) pode decifrar muito do imbróglio que agora parece estar montado pelos analistas da nossa praça e pelos adeptos mais fervorosos do Brage, Sporting ou FCPorto.

Somos a melhor equipa e todos sabem disso. Entretanto temos que ir lendo que estamos em baixa de forma, que as outras equipas sobem, que há uma mini-crise entre outras alarvidades típicas de quem percebe pouco de bola.

Enfim, os cães ladram e a caravana passa...

Entretanto hoje joga-se um jogo muito importante para o Sporting e apenas importante para o Benfica. O Sporting vem de três derrotas seguidas apenas em competições nacionais. Não sei se algum dos ditos grandes, alguma vez perdeu 4 jogos nacionais seguidos, mas sei que a estatística jogará a favor do Sporting seguramente. O Benfica deverá tentar chegar à final, mas sabemos que pela frente teremos uma equipa que vai morrer em campo para nos ganhar. Já sabíamos disso com ou sem três derrotas seguidas e esses resultados não alteram nada a entrega do Sporting no jogo desta noite.

Um rival que está a 19 pontos do Benfica, que levou 5 do FCPorto na Taça de Portugal, que perdeu com Braga e Académica, que investiu 11,1 milhões de Euros apenas neste defeso sendo a equipa europeia que mais gastou e que tem como razão da sua existência o ódio primário contra o Benfica, só pode ser considerado uma equipa perigosa.

Do outro lado estará o Benfica a tentar aguentar esse ímpeto que 11 jogadores vão dar em campo como se desses 90 minutos dependesse a sua vida. E é verdade. Se o resultado hoje for a vitória do Benfica, a crise destes senhores só volta a ter solução quando visitarem o Estádio da Luz para o campeonato e aí sim aplicarem a vingança de todo o mal que lhes aconteceu nesta época tentando estragar a festa do título encarnado.

Quem estragou a festa encarnada antes de tempo foi o senhor Bettencourt que mandou afirmar "via Brasil" que a policia não autorizava os 30% de bilhetes para os nossos adeptos e que por essa razão "o Benfica andava a desestabilizar o futebol Português" e que nunca teriam acordado tal coisa... Este senhor Bettencourt é candidato único a "rei da gaffe" e por azar foi hoje brindado à chegada ao aeroporto com a noticia oficial da policia responsável pelo jogo, afirmando que "em nenhum momento foi ouvida nessa questão e que nunca afirmaria tal coisa, mesmo que fosse solicitada a sua opinião".

Um derby é um derby e mesmo que o Benfica jogue com a nossa segunda linha, a vitória é importante porque depois da eliminação prematura da Taça de Portugal, a Taça da Liga tem ser prioritária.

As dificuldades serão muitas, mas a nossa esperança é proporcional a essas dificuldades. Hoje no estádio, estaremos os suficientes para que se entenda quem realmente "é o maior de Portugal", como diz a mais recente canção da nossa claque.

Força Benfica