sexta-feira, 1 de julho de 2011

O senhor Águas

Não quero falar do Benfica de 2011/2012, desta silly season que tem muito mais de silly que qualquer outra - quanto mais não seja pelas expectativas que eu criei a pensar que finalmente o Benfica iria ter um plantel fechado ou quase fechado no arranque dos trabalhos - e vou centrar este texto no que realmente importa num clube como o Benfica.

Eu não vou escrever muito porque vou colocar aqui um texto sublime do mais sublime esritor que Portugal viu nascer. Já uma vez aqui escrevi sobre António Lobo Antunes e coloquei uma entrevista feita por Vitor Serpa para o jornal A Bola onde ele fala sobre a sua paixão (agora adormecida) pelo nosso Glorioso. 

Um dia tive oportunidade de conhecer e falar com António Lobo Antunes. Foi no inverno de 2008 na New York Public Library que assisti a uma magnífica conferência deste maior vulto da nossa literatura e foi aí que este grande autor, grande escritor e grande benfiquista me assinou um exemplar traduzido para inglês do livro que acabava de lançar. 

Não sei porquê - ou se calhar até sei - não tive coragem de pedir ao senhor António Lobo Antunes que me fizesse uma dedicatória de benfiquista para benfiquista. Era o que eu mais queria naquele livro. Queria que o senhor António Lobo Antunes perdesse um pouco mais de tempo comigo do que todos aqueles americanos que estavam na fila para o autógrafo e me escrevesse qualquer coisa sobre o nosso amor comum.  Não foi em New York, mas poderá ser em qualquer aldeia recôndita do nosso Portugal e sei que da próxima vez que tiver oportunidade de estar com este senhor escritor, não terei vergonha e pedir-lhe-ei o tal autógrafo de benfiquista para benfiquista.

No passado dia 22 de Junho, a Visão publicou um texto de Lobo Antunes sobre o Senhor Águas...

Eu tenho pelo José Águas uma enorme estima e lembro-me de desde muito pequeno do meu pai falar que jogava à bola no verão com este nosso capitão numa praia deste nosso Oeste. Inclusivamente lembro-me do meu pai me mostrar as fotos do José Águas com ele e me contar que andou com o pequeno Rui ao colo. 

Admito que quando era pequeno as minhas grandes estrelas dos idos anos 60 eram Eusebio - pelo nome e pelo que representava - o Coluna - porque tudo o que eu vi e ouvi dele faziam deste senhor Coluna o grande maestro e a inteligência do Benfica - e o Cavem - por razoes de proximidade.

Nunca entendi até alguns anos depois, a importância do Senhor Águas no Benfica apesar de saber que a foto que aqui tenho em cima ser a única foto que eu gostava de comprar em versão original, porque é a foto que representa o melhor do nosso Benfica.

A propósito desta foto o meu amigo e absolutamente talentoso Ricardo Araujo Pereira foi convidado para falar sobre o livro que a tambem minha amiga Lena d´Água editou sobre "O que é ser José Aguas e o que é ser Benfica".  Diz ele a certa altura que não tendo sobrinhos ou sobrinhas quando a enfermeira lhe deu a filha para as mãos ele a levantou como José Águas levantou a nossa primeira "Taça dos Campeões Europeus". Eu que ao contrário do Ricardo, tive sobrinha primeiro que filhos ou filhas senti e sinto exactamente o mesmo que ele sente ao levantar a sua menina... Levanto a minha sobrinha dou lhe um beijo e vejo-a com aqueles olhos e aquele sorriso bem lá no alto, como o José Águas levantou e sentiu a nossa primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus.  

Um excerto do que ele diz pode ser visto no link que coloco em baixo e é com um enorme orgulho que coloco no mesmo texto, Jose Águas, António Lobo Antunes e Ricardo Araújo Pereira. São três gerações que representam o melhor que o Benfica tem e terá, porque nem só de futebol vive o nosso Benfica e ainda bem. 

O texto do António Lobo Antunes foi retirado daqui e podem-no ler na íntegra de seguida. 

O vídeo do Ricardo Araujo Pereira roubei-o ao meu querido vizinho Coluna d´Aguias Gloriosas que ontem resolveu publicar um post com este link do vídeo que retirou do YouTube.


O senhor Águas


Nunca admirei tanto um atleta como admirei José Águas. Para quê, portanto, ir ao futebol se ele já não se encontra no estádio?


António Lobo Antunes
6:07 Quarta feira, 22 de Jun de 2011 


Há mais de trinta anos que não assisto a um jogo de futebol. Não conheço os estádios novos, vejo, às vezes, um bocadinho na televisão. Mas entre os dez e os vinte anos não falhava um jogo do Benfica. E não falhei enquanto Águas jogou. Claro que não era apenas Águas: era Costa Pereira, Germano, Ângelo, Simões, Eusébio, Cavém, o grande Mário Esteves Coluna que Otto Glória considerava o melhor jogador português, outros mais artistas que jogadores, como José Augusto, por exemplo, a todos estou grato pela beleza e a alegria que me deram, porém nunca admirei tanto um atleta como admirei José Águas. Para quê, portanto, ir ao futebol se ele já não se encontra no estádio? Era a elegância, a inteligência, a integridade, o talento, e ao pensar em escrever o meu desejo era ser o Águas da literatura. Vi Pelé, Didi, Nilton Santos, Puskas, Di Stefano, Santamaria, tantos outros génios, no tempo em que o futebol não era ainda uma indústria nem os jogadores funcionários competentes, comandados por esse horror a que chamam técnicos: era pura criação, uma actividade eufórica, uma magia cinzelada, uma nascente de prazer, uma inspiração, um entusiasmo. Águas foi tudo isso e, muito novo, ganhou o respeito dos colegas, dos adversários, dos jornalistas da época, que os havia de grande qualidade, Carlos Pinhão, Carlos Miranda, Aurélio Márcio, Homero Serpa, tantos outros. Não jogava futebol: criava futebol, respirava futebol, inventava futebol, e teria sido um privilégio para mim conhecê-lo. Não para falar com ele, para o ouvir. A sua beleza física invulgar distinguia-o de todos os outros, a forma de se mover em campo era única, a autoridade sobre os companheiros natural e humilde. Os miúdos que iam comigo à bola chamavam-lhe senhor Águas, sem sonharem que era desse modo que Simões e Eusébio o tratavam, como tratavam Coluna. Senhor Águas, senhor Coluna. Reconhecíamo-lo, do alto do terceiro anel, no estádio de então, onde, de tão longe, os jogadores minúsculos, pelo modo de correr, se deslocar no campo, passar, rematar, reconhecíamo-lo pelos seus golpes de cabeça, inimitáveis, pelo sentido da ocupação do espaço, pela simplificada geometria do seu futebol. Não tinha a garra de Ângelo ou Cavém, a força de Coluna, o gigantesco talento de Eusébio, o poder do drible de Simões, a velocidade de José Augusto: era uma espécie de rei sereno e eficaz, um aristocrata perfeito. Até a andar os olhos ficavam presos nele, na harmonia dos gestos, no modo de ajeitar bola, e eu, criança de dez anos ou adolescente de quinze, pensava tenho de trabalhar mais esta página, ainda não chego aos calcanhares de José Águas. Escrever como ele jogava, com a mesma subtileza e a mesma eficácia. Escrever como a equipa do Benfica, umas vezes à Ângelo, outras à Germano, outras à Coluna, e finalizar à Águas. Nunca deve ter ouvido falar em mim nem podia adivinhar que um garoto qualquer o tomava não apenas como mestre de futebol mas como mestre de escrita. Só, mais tarde, certos saxofonistas de jazz, Bird, Coltrane, Webster, Coleman, Hodges, alguns mais, tiveram, sobre o meu trabalho, influência semelhante. Mas Águas foi o meu primeiro e indisputado professor: escreve como ele joga, meu estúpido, aprende a escrever como ele jogava. Como morava em Benfica via-o, às vezes, no autocarro do clube e ficava, pasmado de admiração, a fitá-lo. Isto lembra-me o meu irmão Nuno chegando a casa de dedo no ar 

- Toquei no Eusébio, toquei no Eusébio

como provavelmente, eu o faria, porque na infância e na adolescência o futebol era, para além de uma aprendizagem do mundo, um prazer infinito. A cor dos equipamentos

(o meu amigo Artur Semedo:

- Não sou um homem às riscas, sou homem de uma cor só)

a entrada em campo, o hino, tudo isto me exaltava e fazia feliz. E as vitórias, comemoradas em Benfica com bebedeiras eufóricas. Uma das minhas glórias secretas, confesso-o agora, consiste em ter visto a fotografia do meu pai no balneário do hóquei em patins do Benfica, de ele ter estado no Campeonato da Europa de 1936, em Estugarda, com vinte ou vinte e um anos, e de brincarmos com uma caixa de lata cheia de medalhas, a que o meu pai não dava importância alguma e eu considerava inestimáveis. Há pouco, a minha mãe

- O que faço eu a isto?

exibindo-me uma espécie de troféu ou de placas num estojo, que alguns anos antes de morrer a Federação de Patinagem lhe entregou, juntamente com outras antigas glórias, e que me recordo de o meu pai, que não saía, ir receber com satisfação secreta. Mas, claro, eu era só filho do Lobo Antunes, não era filho do Águas, e ainda sei medir as distâncias. Portanto, o que vou eu fazer a um campo de futebol se ele já não joga? Seguir os funcionários competentes de um negócio? Assistir ao bailado dos técnicos? Ver a fantasia substituída pela sofreguidão, a ambição pela avidez, o amor ao clube pela violência idiota? Claro que continuo a querer que o Benfica ganhe. Claro que sou, como em tudo o resto, parcial, sectário, por vezes sem bom senso algum. Mas há séculos que não sofro com as derrotas e, sobretudo, não choro lágrimas sinceras com elas: estou-me nas tintas. Contudo voltaria a trotar, radiante, para assistir à entrada em campo de Costa Pereira, Mário João, Germano, Ângelo, Cavém, Cruz, José Augusto, Eusébio, Águas, Coluna e Simões, a agradecer-lhes o facto de me terem, durante anos e anos, colorido a existência. E talvez no fim do jogo, postado junto ao autocarro, quando os jogadores saíssem do balneário, o senhor Águas me apertasse a mão.

 Video do Ricardo Araujo Pereira a falar de Jose Águas



Força Benfica


quinta-feira, 23 de junho de 2011

A primeira boa notícia da época



Finalmente, e depois de ter escrito sobre este assunto aqui, aqui e aqui eis que ontem foi apresentado o equipamento principal do Benfica para 2011/2012 e desapareceu a marca TMN em azul na frente da camisola.

Sem vontade nenhuma de escrever sobre o que tenho visto nos ultimos meses no Sport Lisboa e Benfica, tenho que dizer a todos os que escreveram, que assinaram petições online e que tiveram o bom gosto de ser visionários, a frase:

"Estamos todos de Parabéns"

Sim, estamos todos de Parabéns porque quando nem os senhores da TMN nem os dirigentes do Benfica foram capazes de entender o extremo mau gosto de ter o azul na frente da nossa camisola, nós fomos todos capazes de meter o dedo na ferida e chamar a atenção para a completa aberração desse azul feio e inestético, que não servia nem a marca, nem o clube.

No entanto a guerra não termina e quem gosta do Benfica sabe que a única opção de equipamento alternativo é ser branco com letras encarnadas. Nem mais nem menos. Por isso num dia importante e onde se celebra algo que a todos nos satisfaz - nao conheço uma única pessoa que gostase do azul TMN na nossa camisola -  não vamos esquecer que a batalha só termina quando provarmos que neste caso a melhor modernidade é ser vintage e clássico como se escreve no blog vizinho "Ontem vi-te no Estádio da Luz". O autor deste texto e deste blog - assina apenas Ricardo - é a revelação do ano na blogosfera e na minha modesta opinião é o melhor de todos nós (neste momento) pela inteligência, pelo humor e pela escrita apaixonada e despreocupada que coloca na defesa do Benfica há vários meses a esta parte.
Até ver, a apresentação do novo equipamento é a única boa notícia deste defeso...

Força Benfica

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Parabéns Presidente!

O nosso presidente acaba de dar uma entrevista serena, séria e defendendo com factos o que tem de ser defendido neste momento.

Nem mais nem menos. Defendeu-se, atacando e explicou que quem não deve não teme!

Explicou que afinal Julio Cesar foi comprado por menos de um mihão de euros - houve um desconto de 125 000€ por liquidação de 12 letras com troca de cheque - e sobre a transferencia de Roberto, mostrou o comprovativo dessa operação de 8,5 milhões de euros transferidos directamente para o Atlético de Madrid.

 Disse ainda :

"Investiguem os dois primeiros classificados do campeonato"

Só isso.

Parabéns Presidente!

Força Benfica

O exemplo das amadoras

Há dois dias vi no canal ESPN Classic o jogo que opôs Benfica e Inter de Milão na final da Taça de Campeões disputada no Estádio de San Siro a 27 de Maio de 1965. 

Vi um campo encharcado, vi o nosso Costa Pereira a sair lesionado indo o Germano para a baliza e vi a magnifica segunda parte que fizemos com 10 homens, contra o colosso Inter e no seu estádio. Vi uma entrega e uma força que realmente não são normais em qualquer equipa mundial e vi jogadores a lutarem por cada bola como se fosse o jogo mais importante da sua vida. E era... Perdemos 1-0 com honra e saímos de cabeça erguida em mais uma final europeia - era a quarta em 5 anos.

Ao acabar o jogo e ver a injustiça do resultado pensei porque razão os nossos burgueses jogadores não são obrigados a ver todos estes jogos em sessões semanais, porque no meio de tantas horas sem fazer nada, sempre aprendiam um pouco do que é o verdadeiro espírito benfiquista que anda ultimamente a ser muito mais encarnado pelas nossas equipas amadoras, que pela equipa profissional de futebol.

Eu acho que todos os verdadeiros sócios do Benfica deveriam pagar a quota modalidades. Eu sei que vou pagar essa quota sempre, porque posso, porque nunca deixarei de ter o Benfica como prioridade, mas entendo que alguns sócios com o país a entrar em banca rota possam ter outras prioridades. E a única razão que os verdadeiros sócios podem utilizar para desculpar-se de não pagar a quota modalidades será financeira e essa entendo-a.

Se alguém neste momento merece cada euro das nossas quotas, são os profissionais que representam as nossas amadoras. Sem excepção, acho que os directores, seccionistas, técnicos e  jogadores do volei, do futsal, do andebol, do hóquei, do basket (entre outras modalidades) estão a representar esse espírito combativo que os nossos jogadores de futebol representavam nos idos anos 60.

Tento ver in loco todos os jogos das modalidades - na medida que a agenda permita - apesar de gostar mais de seguir o hóquei e o basket. O nosso hóquei conseguiu uma Taça europeia e o feito de chegar à ultima jornada com os mesmos pontos do FCPorto.

Infelizmente, o FCPorto já é campeão porque vai receber a Oliveirense - actual terceiro classificado e a única equipa que poderia dar alguma luta ao líder a julgar pela vitória da primeira volta contra dragões - mas antes de receber a equipa de Oliveira de Azemeis já contratou para o próximo ano o seu melhor jogador Tiago Santos e o seu treinador Tó Neves.

Os mesmos senhores que acham um escandalo o Benfica comprar o Jardel na semana que joga contra o Olhanense para a Taça da Liga, não acham escandaloso comprar o treinador e melhor jogador da equipa com quem vão jogar o ultimo jogo decisivo na atribuição do título de campeão nacional.

Na verdade, parece-me já uma evolução em relação ao modus operandi no futebol onde as prostitutas e  as viagens pagas aos árbitros são feitas às escondidas. 

Neste caso do hóquei é mais claro e legal... Éticamente pode ser reprovável mas não há nada de ilegal e de obscuro quando uma equipa quer contratar o melhor jogador ou treinador duma equipa adversária.

No Basket, eu admito que o Porto tem melhor equipa que o Benfica. Vi-os ao vivo este ano em todos os jogos que jogaram em Lisboa contra o Benfica  - até no Campo Pequeno para a Taça Compal os vi - e admito que me parece uma equipa mais equilibrada que a nossa.

Os nosso jogadores parecem mais em esforço, mais atabalhoados nas decisões ofensivas e até mais individualistas nas estratégias. Isso não impede que nos momentos decisivos desta série e especialmente em casa os nossos heróis tenham aparecido como os tais heróis de San Siro que mesmo perdendo mostraram de que raça eram feitos.

E no Benfica, ninguem exige a vitória, mas que se lute por cada jogo até ao fim e é isso que todas as modalidades sem excepção têm feito nesta recta final de época.

O andebol do Benfica perdeu o campeonato mas ganhou a Taça de Portugal e esteve na final da Taça Challenge. O Futsal foi uma vez mais à final four europeia, perdendo com o actual campeão europeu e está ainda a lutar por um lugar na final do playoff  enquanto o basket e o hóquei vai ser decidido na última hipótese.

Ontem vi o jogo de andebol na TV e o jogo de basket no nosso pavilhão. O que Ben Reed fez nos últimos segundos é de alguem que não se esconde nas responsabilidades e mesmo podendo falhar, não vira a cara à luta e é isso que eu quero ver no Benfica em toda a linha.

Eu vi Carlos Lisboa no cantinho do pavilhão a sofrer em pé e ontem naqueles momentos finais tambem me lembro dos cestos que ele, Mike Plowden, José Carlos Guimarães, Steven Rocha ou Henrique Vieira nos deram tantas alegrias nos idos anos 90. 

Muito triste foram as declarações do espanhol Poncho Lopez - treinador do FCPorto - sobre a arbitragem.

Meu caro Poncho, eu entendo a frustação de não celebrar o título no nosso pavilhão e entendo que o jogo de basket tem faltas e especificidades que ás vezes podem não ser as mais acertadas, mas por favor, se alguém foi muito prejudicado e em decisões importantes foi o Benfica. Acho que revela uma coragem inacreditável ao trazer o tópico da arbitragem depois de não ter conseguido ganhar um jogo que estava no papo na entrada do ultimo minuto.

Na quinta feira quero que os nossos jogadores desfrutem do jogo, que acreditem que ainda é possivel e gostava de ver toda uma direcção, toda uma esrutura á volta destes homens. Este ano noutra modalidade, vieram cá ganhar nos o título no nosso relvado. Agora nós temos uma hipótese (remota é certo, mas temos...) de ir lá festejar o título na sua Caixa... Apoiem quem tem de apoiar e criem as condições necessárias para que os nossos heróis não tenham medo de jogar naquele pavilhão. Acompanhem nos nas mais altas esferas e mesmo que percamos o jogo, temos que o fazer de cabeça bem levantada.

Tudo o que digo é imposivel de colocar em prática porque é muito triste que o nosso presidente não tenha estado no pavilhão em nenhum dos três jogos em casa, mesmo entendendo que as suas prioridades agora serão outras. Muito, muito triste senhor presidente.

O escandalo das luvas que vem nos jornais é algo grave e que exige a maior calma na análise. A linha ténue entre o que é legal e ilegal pode ser aqui uma interpretação de direito e não tanto uma interpretação ética.

Vamos esperar para ver o que o nosso presidente vai dizer hoje outra vez na TVI, mas para esta guerra não se entra com fisgas... Tem que se estar muito bem preparado para contra atacar, porque se isto é tudo mentira, então há uma clara estratégia em fragilizar o presidente a mando de outros poderes que não estarão obviamente a pensar no melhor para o glorioso. 

Uma coisa é criticar o presidenente com o respeito e a elevação que ele nos merece e outra coisa é estar a contribuir para uma chacina pública a mando duma pseudo oposição interna ou duma oposição externa vinda dos senhores do norte e para isso eu não vou contribuir nem hoje, nem nunca. 

Força Benfica 

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Meu caro Presidente

Meu caro Presidente, 

Estivemos juntos várias vezes e numa das saídas do Benfica para a Liga Europa tivemos oportunidade de nos cumprimentar e trocar algumas palavras. Tenho por si e por qualquer pessoa que represente a nossa grande Instituição o maior apreço e não me ouvirá nunca tecer críticas pessoais fáceis e oportunistas contra a sua pessoa, porque não é o meu estilo. 

Começo exactamente por aí. O seu estilo de Presidente é hoje fácil de analisar. 

Está no Benfica há 10 anos e foi uma pessoa fundamental no mandato de Vilarinho e depois nos seus mandatos como Presidente, porque contribuiu decisivamente para a credibilização do Benfica junto de fornecedores, da banca e foi uma das pessoas responsáveis pelas construções do Estádio e o consequente parque desportivo criado nesse perímetro, do centro de estágio do Seixal e de algum saneamento financeiro que o Benfica tanto ambicionava. 

Além disso, recordo que foi no seu mandato que "alguém" se lembrou de dar nomes às bancadas e com isso trazer receitas extraordinárias importantes, antes do Benfica poder finalmente vender o naming da nossa catedral e foi também no seu consulado de presidente que demos nova vida às publicações do clube - jornal, revista Mística e o novo canal Benfica TV. 

Também não esqueço que foi no seu mandato que dinamizámos a campanha de "maior clube do mundo em associados" fruto de aguerridas e agressivas campanhas de marketing fazendo do cartão de sócio do Benfica um verdadeiro cartão de descontos, facilitando com isso a angariação de indecisos que sendo apaixonados pelo Benfica não tinham ainda a motivação necessária para se fazerem sócios e conseguiu criar uma marca nova para os famosos cativos - Red Pass - com especial sucesso numa altura sempre importante de contratações e de definição de orçamentos como é o início de época. 

Por tudo isto e por vir com Vilarinho depois de Vale e Azevedo, tem o seu nome associado à história de grandes pessoas que serviram o Benfica e vai ser o nosso Presidente com mais anos de mandatos o que só por si será Histórico. 

Também tenho que lhe dar os Parabéns pela dinamização de todas as modalidades e em vários escalões, mantendo e cumprindo a sua promessa de fazer do eclectismo do Benfica, uma imagem de marca das direcções por si presididas e pela maneira como "armou" o Benfica com as casas do Benfica espalhdas pelo mundo. 

Por tudo isto, os meus sinceros Parabéns e o agradecimento pelo bem que tem feito ao serviço do grande Sport Lisboa e Benfica.

Depois de assistir à sua entrevista na Benfica TV a semana passada, eu fiquei com uma ideia clara de que pelo menos mais um objectivo você vai conseguir cumprir e que muito me satisfará. Disse que até ao final do seu mandato teremos o novo museu do Benfica inaugurado e  essa, é uma das obras mais importantes dos últimos 25 anos porque eu sou dos poucos que sei realmente como estava o espólio do Benfica, há mais ou menos 18 anos. 

Há muitos anos, ainda no tempo do senhor Manuel Damásio eu tive a oportunidade de ajudar a catalogar todo o espólio de taças que o Benfica tinha. Nesse tempo, todas esses troféus estavam colocados por baixo do terceiro anel e eu andei aí com outras pessoas a tentar apanhar uma ponta que se pudesse pegar na vergonha que ali estava diante dos nossos olhos. Aí andei algumas semanas a fazer um trabalho complicado e de grande paixão, mas a liderança do Presidente e das pessoas que estavam abaixo dele não mostraram grande interesse na continuação dessa empreitada e tudo ficou no mesmo local, dando por perdido todo o tempo ali despendido e deixando no mesmo local frio e húmido toda a história - ou grande parte da história - do nosso Sport Lisboa e Benfica. 

Nunca mais soube desse espólio mas sei que hoje, entre algumas coisas roubadas, entre algumas coisas perdidas e entre outras coisas desaparecidas, temos uma equipa profissional a trabalhar nessa área e a fazer o inventário de tudo, a restaurar o que deve ser restaurado e a tratar do que teve décadas a ser totalmente esquecido.

E sabe, senhor Presidente, porque no seu mandato este museu vai ser inaugurado? Porque o senhor sabe gerir estas equipas e sabe gerir estes timings. O senhor sempre mostrou que na sua vida sabe gerir empreitadas difíceis, trabalha bem com os senhores da construção civil, sabe dar um berro onde deve ser dado e fazer ouvir a sua voz com este tipo de interlocutores. Eu não tenho o mínimo talento para gerir obras, mas sei que o senhor Presidente tem esse talento e tem essa capacidade de saber gritar quando é necessário e motivar essas equipas para cumprirem com um timing acordado, ou para trabalharem mais e melhor. 

O problema destes 10 anos que já leva trabalhando e servindo o nosso clube, é que ninguém consegue fazer tudo bem e com esta conjuntura do desporto em Portugal neste momento - futebol e amadoras - penso que já deu muito ao Benfica, mas não pode dar muito mais na vertente desportiva porque a verdade é que o senhor Presidente tem um estilo, um discurso e uma maneira de ser, oposta ao que o Benfica precisa nos próximos anos para conquistar definitivamente a parte desportiva e afirmar-se novamente como um clube dominador nas várias modalidades. 

Sinto que o seu tempo no Benfica está a chegar ao fim e sei que antes de sair, deixará os acordos assinados para os direitos televisivos, sei que o museu será inaugurado, sei que deixará tudo organizado ao nível das amadoras, sei que deixará contratos de publicidade estáveis e longos com Sagres com Adidas - ou outra marca de roupa - com a PT e até pode ser que deixe o naming do Estádio definido... Se conseguir tudo isto, deixará uma marca no clube que jamais será esquecida. 

No entanto, falta-lhe a inteligência, savoir faire e sensibilidade para saber gerir futebol e saber gerir a parte desportiva no geral. Por mais que tente arranjar pessoas ao seu lado que saibam fazer as coisas, ou que o Presidente pense que sabem fazer as coisas bem feitas, também gosta de opinar e depois acaba por não deixar mais ninguém mandar. 

Sabe senhor Presidente, que quando fala das equipas maravilhosas que fazem parte da gestão do nosso clube - e eu acredito que existem alguns bons profissionais - isso não se repercute na gestão desportiva, não se repercute na atitude dos treinadores, dos jogadores e na comunicação (ou falta de comunicação) entre o Benfica e os media, entre o Benfica e os adversários ou entre o Benfica e os seus próprios sócios. 

Sabe senhor presidente, quando isto tudo é visível?

Quando a equipa de futebol profissional passa o ano a brincar e ninguém entende isso. Quando a equipa profissional foi humilhada a toda a linha na champions league, no campeonato - 21 pontos atrás do FCPorto será sempre humilhante - quando foi humilhada na Taça de Portugal em casa, quando é humilhada em Braga para a Liga Europa e quando todos assobiam para o lado sem que exista uma liderança forte que segure o barco.

Eu vi-o falar na Benfica TV e deu-me pena. Pena porque tenho simpatia por si, deu-me pena pela sua total incapacidade em entender que o seu tempo está a chegar ao fim e entender que os seus talentos como Presidente são outros que não a gestão desportiva. 

"Quem treina o Benfica arrisca-se a a ser campeão" dizia-se nos idos anos 60 ou 70. Hoje quem treina o FCPorto é seguramente campeão, mesmo que não ganhe nada em mais nenhum outro clube como tantos treinadores que por ali passaram. 

Quem é Presidente do Benfica durante três mandatos arrisca-se a ser campeão várias vezes e o senhor Presidente foi até agora, campeão duas vezes o que é manifestamente pouco. 

Ganhou poucas Taças de Portugal, fez pouca coisa na Europa e se não fossem as novas Taças da Liga que temos dominado, pouco se podia dizer do seu mandato desportivo. As razões para que isso aconteça, são várias e não quero falar disso agora, porque o senhor será o meu Presidente até ao ultimo dia, tratá-lo-ei por "senhor Presidente" até ao seu último dia de vida e terei por si o maior respeito e amizade, sempre. 

Mas acredite, que o seu tempo está a chegar ao fim e não queira prolongar o seu mandato ou não queira deixar "benjamins" da sua gestão no seu lugar de Presidente. 

O senhor Presidente não tem a força nem a juventude que o Benfica precisa neste momento, o senhor Presidente e a sua equipa não têm a inteligência e o saber estar/saber fazer necessários para poder encarar estas próximas épocas que se avizinham.

Eu passo muito tempo fora de Portugal e nem por um dia me esqueço do Benfica. Acompanho a equipa a todo o lado e venho ao Estádio da Luz acompanhar todos os desportos - no próximo domingo vou apanhar um avião de manhã em parte incerta da Europa para estar no terceiro jogo do playoff de Basquetebol e fazer o meu trabalho como grande benfiquista que é apoiar despreocupadamente - mas entendo tão bem o problema principal do nosso Benfica e sei que para resolver esse problema do Benfica a nível desportivo só existe uma solução. 

Começo por dizer lhe que o óbvio problema é a gritante falta de liderança e uma hierarquia pouco identificada com os verdadeiros valores do Benfica.

Eu disse várias vezes este ano que o Benfica andava à deriva e que Jorge Jesus não estava a conseguir ter mão na equipa, independentemente dos erros ou das virtudes tácticas do nosso treinador, que isso não devemos discutir. 

Era óbvio que as derrotas que íamos somando no campeonato e na champions league eram assimiladas pelos jogadores, como se nada fosse. Era óbvio que não havia liderança e eu quero dizer-lhe meu caro Presidente que estive em hotéis no estrangeiro onde a nossa equipa pernoitou e vi muita coisa que não  são normais de ver numa equipa de alta competição. 

Eu não culpo os meninos que têm 21 anos (ou outros com pouco mais de idade) que querem fugir dum hotel - sim vi com os meus olhos e ninguém me contou - mas o que me preocupa é que ninguém na nossa estrutura queira sequer saber ou estar de olhos atentos ao que se passa. O que me preocupa é que os jogadores não têm medo de nada porque não há disciplina que os castigue, porque não há solidariedade e porque não há nada naquela equipa e naquela estrutura  que soe a "ganhador".

Eu já disse e repito que o respeito muito e nutro por si um sentimento de agradecimento incondicional, mas não lhe revejo características inatas para gerir este barco, na vertente desportiva. Digo-o com pena e com uma imensa tristeza. 

A vertente desportiva do Benfica não é apenas vender, comprar, definir os nomes, fazer mais valias ou gerir com o fundo de investimento dos jogadores. É muito mais que isso... O dia a dia do futebol tem de ser vivido com alegria, com motivação, também com brincadeira e espirito de grupo aqui ou ali, mas com muita responsabilidade por todos. Muito respeito pelo clube que servem em cada treino, em cada jogo, ou em cada momento que estão com a águia ao peito (e isso inclui obviamente as concentrações nos estágios da equipa). 

Acho que neste momento a equipa precisa duma revolução e a nossa direcção é demasiado burguesa para poder dar esses passos. 

Não leve as minhas palavras a mal quando falo em burguesia, porque sei donde veio e os valores que defende, mas não se engane mais e tente ver o que se passa no nosso Benfica. Não é por Jorge Jesus ter um discurso do futebol que vai saber liderar pessoas que lhe perderam o respeito há muito tempo. 

Não podemos ter um director desportivo que não tem voz activa, nem respeito dos jogadores numa estrutura que você mesmo criou e que você mesmo desautorizou variadíssimas vezes. 

Não podemos ter uma equipa construída por brasileiros e argentinos, sem identidade portuguesa e sem os valores de "Ser Benfiquista" enraizados em toda a estrutura.

Não podemos ver uma equipa de férias desde há muito tempo sem que ninguém na estrutura, tenha reparado ou dado um murro na mesa.

Não podemos ter uma equipa que sente a derrota com total impunidade, como algo normal e sem sequer se preocuparem com essa mesma derrota. 

Não podemos ter uma estrutura de futebol que deixa os jogadores saírem do ultimo jogo no Estádio da Luz directos ao balneário, sem virem agradecer o apoio dos sócios. 

Sabe o que eu faria se estivesse no seu lugar neste passado sábado? Eu juro-lhe que vinha cá abaixo ao balneário e estando nus, em cuecas, vestidos ou semi vestidos, obrigava-os a voltarem ao relvado e irem agradecer como Fábio Coentrão o fez. E sabe porque Fábio Coentrão o fez ? Não é porque se vai embora para um outro clube - sim é verdade que o vai vender, mas não se foi despedir - mas sim porque ama o Benfica, sente o Benfica e sabe que ninguém se despede duma época diante de 30 000 sofredores que com tudo perdido ainda vão ao estádio, a correr para o balneário. 

Sabe quando se nota que tudo está perdido naquela estrutura? É quando no inicio do consulado de Jorge Jesus, o próprio treinador os obrigava a virem ao terceiro anel agradecer o apoio - em casa e fora - e agora ninguém tem respeito por ninguém.

Custa assim tanto, sentir um clube? Custa se me pedirem para sentir o Boca Juniors ou o São Paulo... Mas se me pedirem para sentir o Benfica eu tenho os valores, a história e o contexto porque sou português, mas mesmo que não seja português, eu tenho de sentir a disciplina e o respeito pelos valores do clube.

Meu caro Presidente, entendo que o seu silencio às constantes atordoadas de Pinto da Costa ao Benfica é o melhor que pode fazer, mas o Benfica não pode deixá-lo sem resposta. Não podemos estar um ano a ser bombardeados diariamente com frases surreais contra o Benfica sem que ninguém lhe chame nos olhos "corrupto, mentiroso e mau carácter". 

Não podemos ouvir uma pessoa ir para Dublin dizer que "chega à final sem mãos" (citando o saudoso  Vata) e ninguém lembre a esse senhor "que além da final de champions de Mourinho que roubaram escandalosamente o Manchester United nos quartos de final, ninguém no nosso clube anda a comer com árbitros antes ou depois de jogos internacionais, não temos árbitros com declarações de viva voz no YouTube a declarar que viajaram para Marrocos à conta do nosso clube ou que influenciaram resultados com pagamentos de prostitutas e também não andamos nas páginas dos jornais internacionais pelas piores razões de corrupção."

Eu não estou a exigir nada mais de si e não lhe pedirei nada mais a não ser que acabe o seu mandato com a dignidade que merece como pessoa e que o Benfica merece como Instituição.

Entendo que queira manter Jorge Jesus pelo contrato que assinou e porque não tem força nem vontade para começar um novo ciclo, quando o seu próprio ciclo se está a fechar, mas lembre-se que não estamos preparados para mais um "caso Fernando Santos" ou para uma prematura chicotada psicológica nesta nova época. Lembre-se meu caro Presidente que as hostes encarnadas estão muito desmotivadas e que este será um ano de crise nacional e difícil nas renovações dos Red Pass, será um ano difícil para receber as quotas dos 240 000 sócios e será um ano de tolerância zero para um plantel que se quer a jogar nos limites da motivação, do sacrifício e da paixão pelo clube. 

Se a isso juntarmos a disciplina que ninguém consegue impor nesta estrutura - e por favor nem quero ouvir falar de Couceiro ou de Octávio -  teremos os condimentos necessários para podermos fazer uma época digna. 

Sabe, meu Presidente, ser digno na derrota é algo bonito no desporto. Perder quatro vezes com FCPorto, ser eliminado contra SCBraga e ter não sei quantas derrotas num ano pode ser desastroso, mas podem haver aplausos no fim se todos virmos que a nossa equipa deu tudo em campo e foi derrotada por alguém superior. Isso é normal e pode acontecer. O que não pode acontecer é ver esta equipa de férias desde há várias semanas sem que ninguém conseguisse motivá-los para ir a uma final europeia ou para ganhar à Naval na Figueira da Foz, por exemplo. 

Não acredito em "equipas B" no Benfica. Quem representa este clube tem de lutar para ser sempre mais forte que os adversários mesmo que perca no final. O que se passou este ano foi algo que não víamos há muito tempo e que seguramente não me lembro de ver em tempos recentes.

Sabe que enquanto existirem pessoas na nossa estrutura que não consigam impor o respeito pelo Benfica aos nossos jogadores, eles sentirão que podem fazer o que querem. Enquanto continuarmos a chorar os penalties não marcados e as roubalheiras que nos fazem nos relvados a cada semana, os jogadores vão achar que essa desculpa também os desculpará a eles pelo mau profissionalismo em campo e fora dele.

Neste momento já entendemos que o Presidente não tem o perfil para que o respeitem como o chefe absoluto e o seu trabalho terá que ser noutras áreas de gestão, mas ao contrário de dizer que vai delegar menos, tente arranjar alguém que possa fazer esse trabalho bem feito,  veja quem pode chefiar o nosso departamento de comunicação sem toques de vedetismo e tente acabar o seu mandato com paixão pelo clube, com humildade, à Benfica e com uma vontade imensa de "fazer Bem". 

Meu caro Presidente, até ao ultimo dia da sua vida terá aqui um sócio agradecido, mas pense seriamente em dar o máximo no que resta do seu mandato nas áreas que domina, delegar em quem sabe o que você manifestamente não tem talento para fazer e prepare a sua saída com obra e com alguns resultados. Todos sabemos que a memória que conta no futebol é o presente e se conseguir dar mais disciplina a toda a estrutura do futebol e das amadoras, se conseguir que os jogadores corram o dobro de todas as outras equipas e se conseguir alguns títulos, sairá pela porta grande do nosso estádio. 

Para mim, será já o melhor presidente dos últimos anos, não pelo que ganhou, mas pelo que deixará para o próximo poder ganhar. Espero que entenda que o seu tempo está a chegar ao fim e dê o máximo para poder sair com elevação e nível.

Um grande abraço Presidente e felicidades pessoais e profissionais. 

Força Benfica

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Era óbvio o que ia acontecer...

Não vale a pena agora estar a pedir sangue, porque empatando no ultimo minuto, nada mudaria o que se passa no Benfica desde há umas semanas a esta parte.

Estou longe de Braga, longe de Lisboa e não contem comigo para sangue ou para manisfestações a quente. Uma coisa eu sei... Foi com muita tristeza que não fui a Braga e foi com muita tristeza que escrevi ontem um ataque cerrado aos nossos jogadores. 

Quem tiver paciência para ler o meu texto de ontem, encontra lá palavras que podiam ter sido escritas depois do jogo. Eu entendo um bocadinho dos meandros do futebol e para mim seria óbvio que só passávamos a eliminatória com o aparecimento dum rasgo de Mística - se fosse bem preparado por alguém que não existe na nossa estrutura - mas só isso poderia safar a nossa equipa. Nada mais...

O Amor ao Benfica nao muda por irmos ou nao irmos à final. Gritar e chamar nomes aos jogadores, eu não faço, mas alguém tem de dar um murro na mesa.

Isto estava a adivinhar-se desde há várias semanas e se não fosse a derrocada hoje, seria uma derrocada na final. 

As causas para esta derrocada, têm que começar a ser analisadas por quem de direito amanhã.

Ontem escrevi que:

"Quero o "Fábio Coentrão e o Ruben Amorim vezes 20" porque estes parecem-me ser os únicos que sentem o Benfica como eu e como os milhões espalhados pelo mundo."

Hoje é óbvio que o que escrevi faz ainda mais sentido...

Tenham calma, minha gente, isto não é o fim do mundo. 

Força Benfica

Eu quero acreditar...

Eu quero acreditar que o Benfica vai estar em Dublin. Eu quero acreditar na mística benfiquista; eu quero acreditar na história de milhares de pessoas que ergueram bem alto o nome do Benfica em mais de cem anos de História; eu quero acreditar que hoje os milhões espalhados pelo mundo estarão com o coração no amor pelo Benfica e também acreditam; eu quero acreditar que o sonho comanda a vida e que na cabeça de todos os adeptos estará o acesso à final e na capacidade do Benfica em ganhar qualquer jogo; eu quero acreditar que este jogo será limpo e que o árbitro não está encomendado para evitar um Porto - Benfica em Dublin...

Eu quero acreditar, mas não acredito...

Não acredito nos nossos jogadores não acredito na vontade, na motivação e no futebol deles, não acredito em quem os dirige, não acredito num plantel que me parece estar a pedir férias, não acredito que tenham pernas para aguentar este jogo ou o de Dublin, não acredito em quem com eles partilha o espaço e não acredito que a UEFA deixe Benfica e FCPorto a jogarem uma final que se pode tornar numa batalha campal.

Mas o que é que os nossos jogadores têm a ver com a primeira parte do texto? Há quem pense que eles são o Benfica, mas o "Benfica Sou Eu". Eles são apenas pessoas passageiras que no dia em que sentirem metade do que todos nós sentimos por este clube, NUNCA perdem uma eliminatória contra o  SCBraga. No dia em que eles sentirem metade do Amor que nós sentimos por este clube, nenhum deles terá medo de jogar contra nenhuma equipa, em nenhuma final,  em nenhuma competição. No dia em que esses jogadores entenderem o que é o Benfica, a sua história e a verdadeira noção do que é "ser Benfica" nenhum deles sonhará com férias antes de tempo ou com cansaço acumulado. Quando os nossos jogadores olharem para o Fábio Coentrão e se deixarem inspirar pelo que ele dá ao Benfica, como um exemplo vivo de tudo aquilo que disse antes, então este jogo hoje será um passeio. Um passeio humilde, um passeio de trabalho, mas também um passeio de alegria. 

Não vou a Braga e é com tristeza que o digo. Tinha tudo preparado para ir a esta cidade ver o jogo mas desmarquei o voo para o Porto porque esta equipa dá-me pena. Este desiquilíbrio de equipa é uma amostra daquilo que "é o seu potencial" e nós já tivemos fases em que alguém nos disse - "acredito no teu potencial e não naquilo que tu és neste momento".

É isso mesmo que esta equipa tem... Tem "potencial" para ser tudo o que o Benfica merece que seja, mas algo impede que esse "potencial" se tenha desenvolvido nos últimos meses. Não vou falar de árbitros, nem de contratações falhadas,  nem das vendas indispensáveis, nos períodos de adaptação, nos castigos ou lesões importantes em momentos chaves da época. Isso são as causas, mas a mim preocupa-me agora, as consequências. Que equipa amorfa é esta? Que equipa se transforma em menos dum ano numa pálida imagem do que foi? Que equipa vai entrar hoje no Estádio AXA?

A equipa do Benfica que entra sempre motivada, a jogar nos limites, a dar o corpo á luta em cada jogada ou a equipa burguesa em que estes jogadores se tornaram?

Eu quero acreditar que quem hoje entrará em campo será maior que o nosso clube e maior que a nossa História. Eu quero acreditar que quem hoje entrar em campo queira que eu "engula" estas palavras e que no fim me faça dizer que "afinal estava enganado". Eu quero acreditar que hoje vamos mais uma vez fazer História e vamos mais uma vez, alcançar uma nova final europeia. Quero acreditar e vou acreditar, mesmo que não acredite muito neste negócio que se tornou o futebol, nestas motivações do quotidiano dos futebolistas deste novo século e aquilo que faz correr este novos jogadores. 

Quero o "Fábio Coentrão e o Ruben Amorim vezes 20" porque estes parecem-me ser os únicos que sentem o Benfica como eu e como os milhões espalhados pelo mundo. Quero que os argentinos sejam humildes, quero que os brasileiros sejam trabalhadores e quero que olhem para o que é este clube e saibam que não há clube maior que o Benfica. Algum deles pensa nisso antes de dormir ou ao acordar? Algum deles pensa que o Benfica merece estar numa final europeia e que os adeptos merecem que o Benfica volte a estes grandes palcos europeus? Algum deles está a pensar em fazer o jogo da vida deles no Estádio AXA?

Eu acredito. Eu acredito que hoje tudo vai ser diferente e que hoje vamos ter onze heróis em campo, mais os suplentes que entrarem nesse campo de futebol. 

Eu acredito que a mística, a História, o respeito pelo clube e a motivação de agradar a uma massa adepta sem igual serão suficientes para nos levarem a Dublin. 

Pelo menos, eu quero acreditar...

Força Benfica