sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Transformar o "sonho europeu" em objectivo de "ser grande na Europa dos grandes clubes"


Na terça-feira jogamos mais um jogo de Champions League, não muito diferente dos outros sessenta jogos que nos últimos nove anos jogámos de forma consecutiva na prova milionária.

Este jogo  numero "sessenta e um", "destes nove anos consecutivos" é talvez o mais importante de todos os jogos, porque em Atenas, o Benfica finalmente deu um pontapé numa série de derrotas nesta prova - oito - e porque uma vitória em Amesterdão espantaria de vez os fantasmas que ainda existem sobre este Benfica e a Europa. 

Já falei muito de Europa esta época, dos milhões da prova no modelo actual, da importância que a Europa representa para um clube que tem no seu historial sete finais de campeões e três finais de Liga Europa / UEFA. 

A Europa faz parte do Benfica e o Benfica é um nome incontornável da Europa. Quem nos dera que em vez de nove participações consecutivas na Champions, pudéssemos ter quinze participações consecutivas.

Em Amesterdão, o Benfica tem de jogar no limite, sabendo que é um jogo de "tudo ou nada",  que será muito difícil lá ganhar, mas também sabendo que na teoria somos melhor equipa que o Ajax. Sem desculpas e encarando este jogo como encarámos os jogos na Grécia contra o AEK / Paok ou na Turquia contra o Fenerbache.

É uma final, sim! Não é um jogo que se possa empatar e fazer contas aos outros três jogos que faltam. É uma final e temos que a ganhar!

O Benfica tem equipa, tem plantel e tem equipa técnica para fazer uma grande época,  especialmente quando se começa a desenhar melhor o plantel:

Corchia está recuperado e finalmente teremos opção a André Almeida para o lado direito da defesa.

Krovinovic está na fase final da sua recuperação e vamos ter nas próximas semanas uma óptima opção para o meio campo onde já temos Pizzi, Gedson e Gabriel.

Gabriel cresce e aumenta a integração na equipa, sendo seguramente melhor jogador e mais integrado nas próximas semanas.

Jardel ficará recuperado e teremos o capitão e titular do centro da defesa de volta.

João Félix está recuperado e teremos vários meses para fazer crescer a nova jóia do Seixal.

Jonas aparentemente está a fazer a pré-época e terá as próximas semanas para aumentar os seus níveis físicos.

Castillo está aparentemente e a julgar pelas más línguas de alguns media a perder peso para poder ser alternativa. Que seja assim...

Ferreyra recuperou duma lesão, já foi alternativa ontem em Coimbra e esperamos que possa também recuperar a confiança que deixou na Ucrânia mas que ainda não conseguiu mostrar em Portugal.

Além destes ex lesionados, temos Zivcovic que ainda não mostrou muito este ano e terá necessariamente que mostrar, temos Rafa em clara subida de forma, temos Gedson mais descansado depois duns dias de banco no Benfica e na selecção.

Mas se perdermos em Amesterdão ficamos muito longe da Europa que queremos e é por isso que este jogo é uma final, por mais que não a queiram entender como tal!

A nossa Europa é a Europa da Champions e não a Europa dos "pequenos" da Liga Europa!

Mas exactamente falando de Europa,  esta semana o nosso presidente disse palavras que o marcarão até ao final do seu último dia no Benfica. 

Luís Filipe Vieira disse que quer preparar o Benfica para "ser campeão europeu" e é algo que na sua cabeça não será muito difícil de implementar, com a aposta na formação.

Eu também acho que o Benfica pode e deve voltar a ser grande na Champions, mesmo tendo dúvidas que possamos ser campeões da competição.
Para transformar esse sonho europeu em objectivo de conquistar a Champions (para Luís Filipe Vieira) ou para ser grande na Europa (para mim) nos próximos cinco/seis anos, dependemos apenas e só de Luís Filipe Vieira e da sua equipa, porque eu não mando nada!

No entanto posso imaginar que neste projecto europeu a nossa direcção queira ter  80% do plantel vindo da formação e contratar cirurgicamente apenas e só jogadores onde a formação não chega e com uma qualidade com carimbo "Champions" !

Se considerarmos a próxima época como ano zero e a seguinte como primeiro ano deste projecto europeu anunciado por Luis Filipe Vieira, o Benfica pode e deve analisar o que tem de muito bom na formação, o que tem de menos bom e o que tem de mau e que necessita mesmo de reforçar para "voltar a ser grande na Europa dos grandes clubes"

Antes de pensarmos em conquistar esse título europeu ou sermos consistentes na Europa indo por exemplo consecutivamente aos quartos de final, há que arrumar definitivamente a casa e vender todos os jogadores que não servem para o projecto europeu e que possam ser receita nestes próximos dois anos - Julho 2019 e Julho 2020 - contratando cirurgicamente  apenas e só o que precisamos mesmo de contratar.

Então e começando pela baliza, com Svilar e Odisseyas em idade muito jovem, temos aparentemente guarda redes para os próximos anos.

Na defesa esquerda, na minha modesta opinião deveríamos vender Grimaldo já neste Julho 2019 e contratar o melhor defesa esquerdo "possível" de todo o mercado mundial para os próximos cinco anos. Atenção que a palavra "possível" é determinante e a que dá sentido à frase, porque não vamos sonhar com jogadores impossíveis, mas é "possível" com dois terços do dinheiro que vamos encaixar com Grimaldo, contratar um jogador melhor que o espanhol, mais moderno, que defenda e ataque de forma mais equilibrada, que seja até mais possante, no limite...

Na defesa direita, André Almeida merece um óptimo contrato em algum mercado estrangeiro e com esse dinheiro da venda mais uns milhões investir num defesa direito moderno que defenda e ataque como o João Cancelo o faz. No fundo temos que arranjar um defesa direito igual ao que formámos com Cancelo e Nelson Semedo.

No meio da defesa penso que com o que temos e com a subida de Ferro e Kalaica, teremos defesas para atacar os próximos cinco anos sem grandes problemas. Não sei se Conti ou Lema serão centrais para jogarmos alto na Champions, mas parecem-me jogadores que depois de estarem adaptados a esta realidade europeia, podem servir para o plantel. Se não servirem, tentar-se-ão vender e contrata-se um grande central como o Garay em tempos foi, para voltar a dar exemplos de jogadores que já passaram pelo Benfica.

No meio campo defensivo e com Fejsa, Alfa Semedo e Florentino - alem de Pêpe que também pode entrar ainda na equação - penso que podemos estar descansados para estes próximos cinco/seis anos.

No meio campo mais ofensivo e mantendo Pizzi, Gabriel, Gedson e Krovinovic teremos meio campo para os próximos anos, lembrando que David Tavares e Dantas são também boas alternativas, caso se deseje vender Gabriel, Pizzi ou Krovinovic, mas também podemos comprar um médio experiente de projecção internacional, mais novo que Pizzi e melhor que Gabriel.

Nas alas vendendo Salvio e Cervi em Julho 2019, temos Jota, Rafa, Zivcovic e até João Felix ficando com um problema que tem que ser resolvido no ataque.

Eu não acredito que qualquer equipa que queira ser campeã da Europa ou "grande na Europa dos grandes" o consiga fazer com Ferreyra, Castillo ou Seferovic - considerando que Jonas já não entra neste plano a cinco anos.

Sendo assim e se pudermos vender cada um destes jogadores em Julho 2019 ou Julho 2020 e contratar os dois melhores avançados "possíveis" de todo o mercado mundial, com contrato de cinco anos, seria algo muito interessante a juntar a Heriberto que poderá chegar ao nosso plantel mais cedo ou mais tarde, Umaro Embalo que poderá também chegar à equipa A ou até de José Gomes de quem tenho menos esperança, infelizmente.

Para estes investimentos em quatro jogadores de classe mundial para defesa direito, defesa esquerdo e ataque o Benfica precisa "apenas" de investir uns 50 milhões de euros (mais ordenados) divididos em dois anos - Julho 2019 e Julho 2020.

Esses 50 milhões - ou algo aproximado - serão apenas um terço do que o Benfica irá facturar nesses mesmos dois anos com as vendas de Carrillo, Raul, Talisca, Jovic, Diogo Gonçalves, Grimaldo, André Almeida, Salvio, Cervi, Ferreyra, Castillo, Seferovic e mais uns quantos outros jogadores do plantel ou emprestados, que temos definitivamente que vender para aumentar receitas e "enxugar" os nossos custos. 

Se o Benfica for campeão este ano como se espera e fizer o mínimo de oitavos de final no ano zero do "projecto Champions" isso significará mais 70 milhões de euros só com receitas de prémio, bilheteiras e market pool, sem dividir um euro com comissionistas ou agentes.

Isto para dizer que no meio de toda esta irreverência, inexperiência e talento da formação, há espaço para uma ou duas estrelas mundiais.

Ninguém é campeão europeu ou "grande na Europa dos grandes" sem estrelas mundiais. 

E se o Benfica irá criar estrelas mundiais nos próximos três/quatro anos, seria bom poder contratar um ou outro nome que já fosse em si mesmo uma estrela mundial.

Para mim essa estrela está escolhida e se houvesse memória e vergonha - sim vergonha - teríamos que contratar Bernardo Silva e fazer com que pudesse jogar neste Benfica de projecto Europeu.

Se temos que vender Zivcovic ou Pizzi ou Gabriel para poder contratar Bernardo Silva, que se faça o que tem de ser feito, que se convença o jogador do projecto importante que existe para dominar o futebol português, para ser grande na Europa e para se repor a História ainda a tempo. 

Repor a História a tempo  e não como aconteceu com Rui Costa que veio apenas acabar a carreira no Benfica depois de doze anos em Itália.

Pensar em ser campeão europeu ou grande na "Europa dos Grandes da Europa" é algo que exige plano, audácia, risco e confiança.

Não se pode ir ser grande na Europa ou pensar ser campeão europeu, afirmando-o para toda a gente como Luís Filipe Vieira o fez, com medo ou com vontade de vender os melhores jogadores.

Pelo contrário... Os melhores jogadores do Benfica são "inegociáveis" e os melhores jogadores do mundo são "alvo". 

É assim que se planeia um Benfica Europeu ou grande na Europa e não fui eu que o disse...

Foi o nosso presidente que o disse para quem quis ouvir, frases amplificadas em todos os media e não é para cair no esquecimento, como tantas outras coisas que Luís Filipe Vieira disse.

Para ser campeão europeu há que ter uma estrutura de campeão europeu e não sei se isso será feito por este presidente ou por este treinador, mas isso será outra conversa.

Este presidente acaba mandato em Outubro de 2020 e este treinador acaba contrato em Junho de 2020.

Talvez seja Rui Vitória que planeia e executa este "ano zero" do projecto europeu até Junho 2020, mas depois de cinco épocas no Benfica será mesmo altura de novo treinador, com outra experiência europeia e com outro "plano" e projecto de cinco anos, levar o Benfica a esse objectivo.

Repito, a esse objectivo, não a esse sonho!

Sonho é querer ser campeão europeu com André Almeida, Ferreyra, Seferovic, Castillo, Cervi ou Salvio...

Isso sim é sonhar. Nós não queremos sonhar por sonhar.

Nós temos que sonhar com objectivos muito bem definidos e esses objectivos são possíveis.

Talvez tenhamos que meter os projectos estruturais do Benfica na gaveta por uns anos. Se temos o projecto de "academia das modalidades amadoras" que se execute de imediato e que se feche a torneira do betão, pelo menos por enquanto.

Se  temos que terminar com os "cem emprestados" - bem sei que são menos de cem, mas é uma expressão - que se execute e se enxugue esses custos para podermos canalizar verbas para o objectivo europeu.

Se temos que terminar com todos estes casos de policia que invadiram o nosso dia a dia, presumo que os próximos quatro/cinco anos serão de indemnizações que podem ser canalizadas para redução de passivo e investimento no objectivo europeu.

Se este ano temos toda a nossa estrutura, plantel, equipa técnica, direcção, accionistas, sócios e adeptos com o foco na #reconquista é bom que no próximo ano se planeie o ano zero deste projecto europeu e nos próximos cinco anos se implemente este objectivo.

Este meu plano de mercearia, serve apenas para entendermos que com estas ou outras opções, o caminho será sempre ter como base a formação e contratações de nível internacional que podem ser seis, oito ou dez, mas nunca trinta em cinco/seis anos.

Tem que mudar também o paradigma de contratações que não podem ser vários "Castillos" de dois, quatro, seis milhões de euros para algo mais condizente com a estratégia definida por Luís Filipe Vieira e muito provavelmente terão que chegar jogadores ao Benfica de quinze / vinte milhões de euros com ordenados de seis / sete milhões de euros anuais. 

E por falar em estratégia, se alguém chegou ao final deste texto a acreditar mesmo em tudo o que escrevi ou em supostas ideias base para um projecto de conquista europeia, pergunto se o nosso presidente realmente quer e acredita neste objectivo de ser campeão europeu ou este discurso será mais uma vez para "inglês ver" e servirá apenas para vender mais caro as nossas pérolas da formação com base num "suposto" plano de vencer na Europa quando o objectivo passará apenas por vender "todos os novos miúdos" por valores maiores que as vendas dos "miúdos anteriores".

São duas possibilidades de análise da mesma frase, mas como eu tenho por norma acreditar nas pessoas - até prova em contrário - pode ser que desta vez o Benfica se esteja mesmo a organizar para ter um plano para ser novamente campeão europeu ou "grande na Europa dos grandes clubes".

Se assim for, tudo o que eu escrevi só falha na análise da rotatividade dos activos da formação, porque todos sabemos que para entrar Dantas, terá que sair um Gedson ou Pizzi, para entrar um Ferro ou Kalaica, terá que sair um Ruben Dias, para entrar um Jota terá que sair um Cervi ou Salvio mas pode existir um novo Jota ou um novo Félix com 15/16 anos que só entrarão na equipa se estes "jovens" de hoje saírem.

Este meu plano de mercearia, prova que independentemente das opções meramente académicas, só teremos um verdadeiro plano europeu investindo nos próximos cinco anos metade do que se investiu nos últimos cinco e num numero reduzido de jogadores.

Para sermos campeões europeus ou "grandes na Europa dos grandes clubes" há que ter um milagre de geração muito boa - parece que temos - há que ter dinheiro para investir - com as vendas previstas, há dinheiro para investir -  temos que contratar sem o mínimo de erro os melhores jogadores do mundo "disponíveis" e ter muita sorte nos sorteios de oitavos, quartos e meias desta milionária competição.

Mesmo assim e se não formos campeões europeus e formos em cinco anos a uma meia final, dois quartos de final e uns oitavos de final, o projecto será um sucesso!

É isto que eu defendo. 

Pensar grande para sermos grandes na Europa sabendo que as percentagens que temos de ser campeões europeus nos próximos dez anos são de 1%, mesmo com projecto europeu. 

O nosso adversário de terça feira tem jovens jogadores da formação - que já foi uma das melhores do mundo - e recuperou ex jogadores como Blind ao Manchester United ou Huntelaar ao Shalke 04 não para ser campeão europeu, mas para crescer na Europa dos grandes, passar aos oitavos da Champions, ser novamente uma referência europeia e ter jogadores experientes no plantel que possam passar conhecimento aos mais novos.

Se temos Jardel, Pizzi, Jonas, André Almeida que passam conhecimento aos mais novos hoje, neste "novo eventual projecto europeu a ser criado" temos que ter ex jogadores do Benfica a fazê-lo - Bernardo Silva, João Cancelo, Nelson Semedo, Renato Sanches ou outros - que juntamente com essas tais contratações experientes e de nome farão do sonho europeu um objectivo.

Antes, temos que ter os pés no chão e sonhar com o objectivo de ganhar a este Ajax na terça feira.

Será muito difícil, mas a instituição Benfica e os seus adeptos merecem-no, especialmente porque nos últimos nove jogos europeus, perdemos oito, ganhámos apenas um e com uma vitória ficaria mais fácil acreditar nas palavras do nosso presidente. 

Força Benfica