Não consigo encontrar nenhuma expressão que defina melhor os últimos dias do Benfica que a que coloquei no título deste post.
Depois da histórica derrota contra FCPorto, lemos todos em vários media, em vários blogs e em várias opiniões quem seria realmente o culpado de toda esta crise e acho que nos estamos todos a precipitar um bocadinho na análise. Estamos a confundir a derrota num jogo com um único culpado - a 100% que é o nosso treinador - com toda uma crise completa de todo o universo benfiquista. Não vou aqui falar nas modalidades, ou do passivo, "disto ou daquilo" que nada têm a ver com o que se passa na nossa equipa de futebol. Já por 1001 vezes entendemos que a época foi mal planeada, com muita juventude, falta de experiência e uma incapacidade em conseguir fazer com que jogadores novos e os que estavam, rendam aquilo que se espera deles.
Temos que esperar pelo final da época e fazer as contas, se bem que para a maioria dos benfiquistas não há muito mais contas a fazer, pelo menos no campeonato. Foi o que pensou o nosso presidente da assembleia geral do clube que disse "que o Benfica tinha que garantir o segundo lugar" e caiu o carmo e a trindade, saindo mesmo em alguma comunicação social que essas afirmações "cairam mal em alguns sectores da equipa". Só mesmo pessoas com pouca inteligência, com pouca formação e dum meio fechado do futebol podem considerar essas afirmações despropositadas ou fora de tom.
Tem mais valor num dedo Luis Nazaré, que muitos dos jogadores de futebol em todo o mundo e o que ele disse é tão óbvio e tão claro para quem tenha mais de dois neurónios que não entendo onde possa estar a polémica.
Aliás segundo vem em toda a imprensa, a nossa direcção obrigou Jesus - como se fosse possivel "obrigar" os treinadores ou jogadores a fazerem qualquer coisa "certa" quando se depende duma bola - a ganhar os próximos nove jogos até Alvalade (aqui não entendo porque não obrigaram tambem a ganhar contra o nosso rival), a passar a fase da champions ganhando em Telavive e em casa contra Shalke 04 terminando com a obrigatoriedade de ganhar ao Braga no nosso estádio para a Taça de Portugal. Não assumem o segundo lugar mas assumem que as nove vitórias darão descanso nesse objectivo, agora partilhado por Sporting, Guimarães e SCBraga.
Eu sempre disse que depois da derrota em Guimarães o discurso para fora teria de ser de clara pressão para o FCPorto, colocando-o desde logo com "maior ou menor ironia" como campeão nacional. Mesmo que internamente o título fosse objectivo no seio do grupo, e mesmo que em cada jogo o Benfica entrassse para morrer em campo e ganhar esse jogo, deveríamos claramente assumir - até pelo que tinha acontecido nas primeiras jornadas - que o título é do FCPorto. Para mim isso é tão claro, como água... Se me disserem que o Benfica consegue recuperar seis pontos em 15 jogos e receber o FCPorto com quatro pontos de avanço, então cá estaremos no Estádio da Luz para ver o que se passa nesse jogo e esperar pelas últimas cinco jornadas. É assim que se tem que pensar. Mas entretanto, deixar os portistas comemorar e dizer as alarvidades que lhe apeteçam. Como diz Leonor Pinhão o objectivo não é o segundo lugar, mas "ficar a menos de oito pontos do FCPorto", distância a que ficaram o ano passado do clube campeão, Benfica... É uma maneira mais divertida de colocar a questão e nesse aspecto, concordo com ela... Está tudo em aberto para ficar a menos de oito pontos do FCPorto.
Ainda sobre o jogo do Dragão, Pinto da Costa disparou logo nesse mesmo dia com entrevista a "O Jogo". Rui Moreira continuou o ataque na sua crónica de "A Bola" e Villas Boas estava muto triste por terem desvalorizado a vitória da sua equipa perante um "Benfica diferente". Todos estes portistas disseram maravilhas de Jorge Jesus, dizendo que ele não tem culpa, ou no limite que "não é o unico culpado". O alvo é claro... Fazer com que esta derrota abale todo o projecto benfiquista.
Para os senhores Pinto da Costa e Rui Moreira digo que não vale a pena atirar-nos areia para os olhos. Nós saberemos continuar o nosso caminho e os ciclos vão e vem como se provou em poucos meses. Cá estaremos para dar a resposta certa nos próximos meses/anos... Para Villas Boas digo que a sua vitória não tem alma, não tem chama, nem todo o mérito é seu. Digo e repito que para a eternidade estes 5-0 serão associados aos erros tácticos do nosso treinador e isso acontece aos melhores. O Villas Boas escusa de se meter em bicos de pés a falar na maneira como aniquilou o nosso meio campo e ataque porque não havia nem uma coisa nem outra. Custa, mas é a verdade. Na vida como no futebol muitas das nossas vitórias são essencialmente as derrotas de alguém e neste caso, senhor Villas Boas, será sempre assim que será conhecido neste derby e mesmo no estrangeiro onde vi o jogo e com comentários de pessoas distantes de Portugal, noutra lingua eram estas as principais conclusões desses comentadores. Terá tempo de ganhar apenas e só com seu mérito, mas entre ajudas de árbitros, campos inundados, penalties inventados/perdoados e equipas como Benfica ou União de Leiria a mudarem meia equipa e a sairem goleadas do Dragão, o seu mérito está á decima jornada partilhado tambem por outra gente.
Este ataque conjunto de figuras do FCPorto à direcção e a protecção a Jorge Jesus, tem objectivos definidos e alguns media já foram atrás destas palavras. A propósito da viagem a Angola que eu fui 100% a favor antes da hecatombe do Dragão a pensar no dinheiro que nos proporcionou o avultado cachet, a pensar no Estádio da Luz com metade da lotação esperada em cada jogo, a pensar na possível "queda" para a Liga Europa e consequente fraca rentabilidade da champions, a pensar no título entregue ao FCPorto, acho que esse dinheiro pode nos dar jeito no equilibrar de tesouraria. Depois do jogo do Dragão ainda fiquei mais convencido que este jogo foi importante para se acalmar os ânimos e analisar tudo com a perspectiva que a distância "de casa" nos dá.
Nesses dias em Angola, continuaram a sair teorias de guerras surdas entre Luis Filipe Vieira, Rui Costa, Jorge Jesus e alguns pesos pesados do balneário. Volto a dizer que acredito em todas estas versões, mas tambem acredito que com inteligência e liderança tudo se resolve. É nestas alturas que Rui Costa tem de se impor com determinação, liderança e bom senso, evitando o extremar de posições, especialmente naquilo que lhe compete - relação entre jogadores e treinador.
O treinador não assume culpas de nada para fora, mas espero que tenha a mínima decência de pelo menos assumir perante o grupo alguns dos seus erros. Pelo que se diz também nos media, desde a passada quarta feira, imediatamente depois do jogo com Lyon, que Jesus começou a desenhar o esquema táctico para FCPorto e logo a partir desse dia, os jogadores começaram a desconfiar da eficácia desse mesmo esquema. A verdade é que o passado não nos interessa para nada e há que unir, unir e unir. Só isso interessa agora e este jogo contra a Naval é importante e decisivo no estancar desta mini "Grande Crise" desta semana.
Por falar em Naval há um apelo de alguns meus vizinhos bloggers em fazer com que o Estádio da Luz tenha 65 000 pessoas contra a Naval para mostrarmos que estamos com a equipa e mostrarmos que nada nos demove neste amor ao clube. Eu vou ao Estádio da Luz e levarei mais umas quantas pessoas, mas não posso influenciar tanta gente assim... Sinceramente sei que se tivermos metade desse número podemos dar-nos por contentes, mesmo sabendo que o jogo se realiza a uma hora fantástica para levar pais, filhos e avós, mas neste negócio não há nada mais forte que a motivação dos resultados e nesse aspecto parece-me que falharemos esse objectivo. Ter 40 000 nas bancadas amanhã já seria "um milagre".
Com as crises aparecem os nomes dos possiveis jogadores a reforçar o plantel do Benfica. Esta semana já li os nomes de Nolito (Barcelona B), Targino e Bruno Neves (Vitória de Guimarães) ou Funes Mori (River Plate). Sinceramente ou os nossos dirigentes e equipa técnica são tão, tão inteligentes que preparam a equipa a anos de distância, ou vamos continuar a semear este ano (ou no próximo) para colher daqui a dois ou três anos, porque com tantos jogadores jovens no plantel, jovens a contratar e jovens emprestados, o Benfica deverá estar a planear dominar tudo e todos mas só a partir da próxima década. Entendo a ideia do investimento para valorizar e vender, mas de quando em quando convem trazer experiência para o clube de forma a poderem render no imediato e esse é o nosso único problema. Aliás vendeu-se Simão e contratou-se Di Maria e que eu me lembre o argentino teve três épocas até vingar. Logo, temos que ter no mínimo a mesma pacência com Gaitan, com Jara ou com qualquer um destes jovens e assim não se ganham títulos no imediato.
Para o fim deixo a razão principal pela qual esta é uma semana negra. Hoje comprei o jornal "A Bola" que tenho ao meu lado, porque estupidamente e porque tenho este hábito há muitos, muitos anos de chegar ao aeroporto de Lisboa e a primeira coisa que faço é comprar "A Bola". Abro sempre o jornal pela ultima página - hábito que tenho com todos os outros jornais - e quando fui à procura do texto do Ricardo lembrei-me que obviamente o Ricardo não escreve mais no jornal. Por momentos esqueci-me do que já sei, desde terça feira desta semana. Penso que será o ultimo jornal "A Bola" que comprarei na minha vida...
Eu sou assinante online do jornal. Quando estou em Portugal leio o jornal impresso em PDF às 3am. Nos Estados Unidos leio as 10pm em New York ou 7pm na costa oeste e muitas, muitas vezes esperei religiosamente pelas 4am para o ler em vários pontos da Europa, especialmente em Espanha. É um hábito que tenho há cerca de três anos e ajuda-me a estar perto de Portugal e perto do Benfica quando estou fora ou quando não tenho acesso ao jornal "inteiro"...
Apesar de ter a versão online paga, continuo a comprar o jornal quando estou em Portugal, como hábito de há muitos, muitos anos. E foi por isso que o comprei hoje num gesto espontâneo e imediato - quase "pavloviano" - no quiosque do aeroporto de Lisboa.
Eu leio o jornal "A Bola" desde que aprendi a ler. O meu pai não comprava jornais desportivos e eu sempre achei que faltava o jornal desportivo como complememto à "Capital", "Correio da Manhã", "Diário de Noticias" ou o obrigatório "Expresso" ao fim de semana.
Eu comprava "A Bola" com os trocos que sobravam do dinheiro que a minha mãe me dava para o lanche ou para qualquer outra coisa.
Comprava o jornal religiosamente à segunda feira, mas algumas vezes comprava tambem à quinta-feira, especialmente a seguir às competições europeias e claro, algumas vezes tambem ao sábado. Abria o lençol grande que era esse jornal, para um menino pequeno e colocava-o em cima da mesa redonda da minha sala de jantar e lia-o todo de uma ponta a outra. Aí li as crónicas mais plurais e mais abertas do jornalismo desportivo português e ainda hoje considero "A Bola" como a "Biblia". Não é a "Biblia" do futebol ou do desporto. Para mim "A Bola" é a "Biblia".
Com as viagens e com muitos dias por ano fora de Portugal a versão online do jornal "A Bola" foi a evolução lógica para quem gosta de ler e estar a par do que se passa especialmente com o Benfica.
No estrangeiro, não leio jornais portugueses. Só abro a bola.pt. Não sinto falta de nada mais e alguns amigos meus não entendem que com os melhores jornais estrangeiros na mão ou no computador as saudades de Portugal matam-se apenas com o jornal "A Bola"...
Há uns dias escrevi
neste mesmo espaço o seguinte texto:
(...) Se juntarmos a estes rapazes, o escriba Miguel Sousa Tavares - de quem me recuso a dizer uma má palavra, mesmo que ás vezes discorde do que escreve por inerência normal de "um defender o azul e outro defender o encarnado" - o escriba Francisco José Viegas ou o novo escriba Paulo Teixeira Pinto, estamos perante um "all star" de pessoas com nível, com cultura domocrática, com cultura "das artes" com um nível intelectual acima da média e não são um qualquer "António Araújo da vida."
Escrevi isto a propósito do nível das pessoas do FCPorto que escrevem no jornal "A Bola" que são obviamente muito bem acompanhadas por Fernando Seara, Leonor Pinhão e Ricardo Araújo Pereira. Não revejo no Silvio Cervan nenhum tipo de rasgo criativo ou inteligente e apenas o reconheço como um nosso elemento da direcção a escrever textos no jornal "A Bola".
Quando esta semana se soube do que se passou com a polémica Zé Diogo Quintela - Ricardo Araújo Pereira - Miguel Sousa Tavares - Vitor Serpa não quis acreditar no que lia. Já aqui disse que não escrevia mal de Miguel Sousa Tavares, mas vou escrever...
Pressionar o director do jornal a escolher entre ele e o gato esverdeado é de baixo nivel. O Vitor Serpa aceitar esta chantangem dum cronista - seja lá ele quem seja - é uma vergonha para o jornal que representa. Zé Diogo Quintela acha e muito bem que ninguém deve cortar nem uma virgula do seu texto e demite-se do cargo de cronista sportinguista no jornal e Ricardo Araujo Pereira segue-lhe as pisadas numa clara demonstração de solidariedade que apesar de óbvia, para quem conhece o caracter de ambo os gatos, não é muito normal nos dias que correm.
Eu sou amigo de ambos e não falei com nenhum deles. Ainda pensei em ligar ou mandar sms, mas resolvi não dizer nada e saber mais tarde, com a poeira estabilizada, tudo o que realmente se passou, mas parece-me tudo tão claro que não preciso de nenhuma confirmação oficial.
Acho uma vergonha o que se passou no jornal "A Bola" em 2010. Uma vergonha para o jornal, para o seu director que assumiu num editorial esta semana que foi ele mesmo que cortou o(s) paragrafo(s) do texto de Zé Diogo Quintela. Inacreditável que a "Biblia" faça uma coisa destas e inacreditável como querem agora passar "paninhos quentes" com duas capas de Saviola e David Luiz, ontem e hoje.
Pela primeira vez o Benfica e Sporting estavam unidos numa causa comum. Ao contrário da maioria dos comentadores sportinguistas, Zé Diogo Quintela e Ricardo Araujo Pereira sempre comentaram e gozaram as contradiççoes de vários comentadores portistas que não querem ver, ler ou ouvir nada sobre o caso apito dourado e isso fez mossa na estratégia do FCPorto. O FCPorto sempre utiliza o Sporting como aliado e os sportinguistas gostam de ser aliados nessas estratégias maquiavélicas de Pinto da Costa e desta vez a mossa foi mesmo grande. Além do Sporting que sempre tiveram como aliados, o FCPorto tem agora como aliado estratégico o jornal "A Bola" que foi alvo do maior ataque directo que me lembro de Pinto da Costa em entrevista ao jornal "O Jogo" depois do malogrado jogo no Dragão. Aliás ele fala na expressão "fedorentos" e o prémio que leva é fazer com que ambos estejam hoje sem coluna no jornal "A Bola".
Tiveram medo? Vitor Serpa teve medo de algo? Achava que a guerra de palavras entre os comentadores estava a ser algo grave para o jornal? Pois resolvia o assunto doutra maneira ou esperava que o tempo e assuntos mais interessantes voltassem a tomar conta dessas mesmas páginas.
Uma grande tristeza e uma página negra, muito negra na história do Jornal "A Bola". Eu nunca vou confundir esse jornal com este episódio, mas neste momento decido não comprar mais esse jornal ou qualquer outro aliás... Só comprava este, agora não compro nenhum. Tenho a minha subsrição anual da "Bola" online paga e vou continuar a espreitar aqui ou ali o jornal e usufruir do dinheiro que aí coloquei mas não sei se o renovo, e muito me custa dizer isto...
Uma semana negra, mas que dará seguramente lugar a uma semana mais calma, depois da vitória que se deseja contra Naval. Vamos usfruir de mais uma nova pré época com mais duas semanas de descanso até novo jogo para campeonato em Aveiro no dia 28 de Novembro e espero realmente que seja um bom tónico para que se acalmem todos os problemas e se una tudo o que parece irremediavelmente desunido...
Força Benfica