sexta-feira, 29 de maio de 2009

"Quem semeia ventos, colhe tempestades"

Vou começar este texto por aplaudir o comunicado do Benfica emitido ontem à tarde e que se pode ler aqui no nosso site. Eu que tenho sido crítico de João Gabriel na forma e às vezes no conteúdo das suas afirmações, tenho de admitir que desta vez se falou alto, com sentido e a dar-se ao respeito. Muito bem. Aplaudo deste singelo cantinho...

O que não aplaudo é o barulho com que se vem falando à volta da questão do treinador do Benfica. Todos sabemos que a culpa dos jornais inventarem o que bem entendem não é do Rui Costa, nem do Luís Filipe Vieira, nem mesmo do João Gabriel, mas nestes casos a estratégia tem de ser evitar estes desaires comunicacionais, precavendo o que pode acontecer num futuro quando não decididas as questões em tempo útil.

O Benfica devia ter dito antes que Quique seguiria com o seu contrato - não dando azo a especulação - ou que pelo contrário iria ser substituído do cargo de treinador do Glorioso. Não o fazendo quando se exigia - para mim a derrota com a Académica poderia ter sido o momento certo se fosse para Quique continuar; a vitória contra Belenenses teria sido o momento certo se a opção fosse a de despedir Quique - criou condições para que os piores jornalistas possam brilhar.

Da mesma maneira que quando se critica a arbitragem dum jogo que nos rouba 1 golo e 1 penalti, os mais cépticos dizem que o "Benfica não fez o suficiente futebolisticamente para ganhar" minimizando assim os erros de arbitragem. Aqui é igual... Deveríamos ter acautelado este dossier a tempo e horas de não nos metermos a jeito nesta peixeirada - que já mete Rui Costa no aeroporto a defender muito bem o Glorioso - que é a escolha do novo treinador Benfiquista.

Outra coisa que me preocupa é o facto de Jesus poder realmente ser o novo treinador do Benfica. Nunca se vai provar se o Record teria ou não teria razão. Eu não preciso de provas. Se o meu clube e Jesus emitem dois comunicados distintos dizendo que não assinaram nenhum acordo eu não preciso de nada mais para acreditar. Mas eu sou sensato, calmo e honesto e assim acredito que a minha direcção seja igual. Agora todos os outros podem desconfiar e aí será complicado credibilizar quando a imagem é precisamente o contrário. Já parece que estou a ver os nossos adversários nos media a gozarem connosco e a afirmarem solenemente que o Benfica tem contrato com o Jesus há meses. Da mesma maneira que a mentira que afirma que Jorge Ribeiro falhou o penalti contra Benfica porque já tinha contrato. Mas a verdade é que passados uns meses ele estava mesmo no Benfica e hoje ainda tenho que ouvir uns espertos a jurarem a pés juntos que foi essa a razão da falha do penalti...

Vamos acalmar as coisas, decidir o que tem de ser decidido quanto antes, tornar público o que tem de se tornar publico e manter em segredo o que tem de ser confidencial.

Vamos confirmar Jesus, Quique ou qualquer outro treinador o mais rápido possível e aproveitar os jogadores novos da formação para começar finalmente a aproveitar a prata da casa na criação do tal "novo Benfica" que renasce todos os anos.

Vamos contratar mais jogadores nacionais e vamos pensar no Benfica como algo unificado e unificador. Noutro Blog alguém dizia que o Benfica precisa do novo "José Aguas". Pois esse novo José Aguas só aparece se tivermos um jogador nacional de qualidade durante 10 épocas no Benfica. No momento o nosso José Aguas tem mais aspecto de ser o novo Humberto Coelho, olhando para o jovem Miguel Vítor, mas há mais e bons nos juniores.

Como digo no titulo "Quem semeia ventos colhe tempestades" e quando não se acautelam bem as coisas no timing certo acabamos por ter que ouvir, ler e ver coisas que não seriam previsíveis.

Vamos acreditar na bonança como tenho dito ultimamente... Ela surgirá, não sabemos é quando...

Força Benfica

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Nervos à flor da pele




Temos assistido em vários blogs, em vários fóruns, em vários comentários nas caixas de alguns media online e mesmo nos cafés, na rua ou no trabalho que a nação encarnada anda nervosa.

Eu tenho aqui escrito com um tom critico acerca da confusão que se tem gerado nos últimos dias, mas também penso que depois da tempestade virá a bonança. Só assim pode ser e será assim seguramente.

Primeiro, que fique claro que apoiarei inequivocamente qualquer treinador que comece a próxima época. Isso penso que é óbvio e como eu, qualquer Benfiquista. Sem a mínima dúvida. Segundo, penso que no meio de alguma incompetência e de algumas decisões com que não concordo, temos que aproveitar este tempo, para acreditar que nem tudo pode ser mau na gestão desportiva encarnada e acreditar que quem manda também deve ter algum plano, alguma linha estratégica, alguma ideia mais inteligente do que aquelas que nos foram sido transmitidas estes últimos dias.

Luís Filipe Vieira tem de ter calma e de não disparar contra todos aqueles que neste momento o criticam. Eu sou uma voz sempre critica mas ao mesmo tempo uma voz que apoia e que sabe entender algumas das frustrações do nosso presidente. Mas eu não sou nada mais que um simples e singelo blogger. Para ele, todo o bom trabalho que fez na SAD em todas as áreas - menos na desportiva - deveria ser suficiente para ter a tal passadeira vermelha que ele subconscientemente pensa que merece dos Benfiquistas. Tudo na vida só se alcança com trabalho e sei que os últimos 6 anos foram difíceis para ele e para quem o acompanhou na "credibilização da Instituição Benfica". Estamos todos de acordo e quem não concordar com isso é porque é muito limitado intelectualmente.

O grande desafio agora é desportivo, para que o monstro que ele ajudou a criar - especialmente ao nível de toda a campanha de sócios, das parcerias e das receitas extraordinárias - tenha agora eco nos tais títulos que nos têm faltado. A julgar pelos resultados da formação até ao momento, a palavra esperança faz algum sentido de utilizar neste texto.

Eu entendo que para um Homem prático e habituado a negócios mais tradicionais, o negócio do futebol com especificidades próprias lhe meta alguma espécie (usando uma expressão bem popular).

Esta história da rescisão com Quique pode ser um bom exemplo. Eu não tenho duvidas que a ser verdade que Luís Filipe Vieira não quer ter Quique na próxima época, também não deixa de ser verdade que não lhe queira pagar a clausula de rescisão. Ele lá pensará que para pagar 3,5 milhões de Euros, quase que mais vale ter cá o homem na próxima época, porque mesmo que se contrate Jesus, esses 3,5 milhões de Euros serão diluídos durante o ano. Claro que isto não passa de pura especulação e colocada em forma de hipérbole, para provar a ideia que prova que Luís Filipe Vieira quer que Quique anuncie o novo clube e que se vá embora pelo seu próprio pé. Se eu ontem dizia que não se pode esperar outra coisa de Quique que não seja pedir uma indemnização por ele considerar que deveriam ter falado com ele antes, também não deixa de ser verdade que Luís Filipe Vieira está no seu direito a não querer pagar nada.

E é exactamente aqui que reside a essência desta nossa paixão. O que uns acham bem outros acham mal e o que uns defendem hoje podem já não defender amanhã. Nesta premissa que acabo de defender, é triste admitir que o futuro de Quique no Benfica pode estar dependente de terceiros. Quique quer ir para Espanha com a mala cheia de notas - a que tem direito contratualmente - e Luís Filipe Vieira quer que Quique assuma que já tem outro clube e deseja que ele saia pelo seu próprio pé abdicando da indemnização a quem tem direito.

Eu entendo que se pudesse ser, o nosso presidente preferia ficar cá o ano todo com a equipa técnica de Quique e ao mesmo tempo contratar Jesus para ser o treinador nas próximas duas épocas. E acredito porque ele é assim. Neste jogo de empurra vamos estar todos nós, até a corda esticar dum dos lados. E isso é mau. Não decidirmos nós o nosso futuro e deixar que outros decidam por nós é a pior coisa que se pode passar na vida pessoal ou profissional. Neste momento é assim que eu penso que estamos - todos á espera que alguém decida o nosso futuro.

Como disse, acredito que alguém leia os contratos, pense bem nas estratégias e que ajude o nosso presidente a decidir o que tem de decidir. E por falar em decidir, hoje "A Bola" mostra esta foto que reproduzi acima dividida em dois esquadrões. E aqui volto ao conceito de "pai" e "filho" que apesar de ser provavelmente um mau exemplo é aquele que melhor define o que penso sobre estes nossos quatro membros do Clube/SAD.

Os dois "pais" responsáveis a tentar vender jogadores em Inglaterra - Luís Filipe Vieira e Domingos Soares Oliveira - e os dois "filhos" - Rui Costa mais o amigo Paulo Gonçalves - a tentarem comprar em Roma. Aceito que a comparação não é a mais feliz mas é que tenho utilizado para expressar o que penso que se passa no Benfica num passado recente. No entanto, gosto de os ver assim como nesta foto. Sorridentes, felizes e esperançados. Só esta atitude optimista já é um sinal claro que "A Bola" dá na tentativa de ajudar a levantar o moral dos adeptos.

Gosto de acreditar que com ou sem Quique, com ou sem reforços, com ou sem Jesus, a administração está unida. Até prova em contrário é assim que temos que a ver, mesmo que os sinais possam ser contrários a esta foto que coloco acima. Mas esses sinais que vamos ouvindo e lendo aqui e ali valem o que valem. Eu já ficaria contente em saber que os nervos à flor da pele dariam lugar a uma bonança calma e tranquila com um rumo definido e seguro. Muito contente... Vamos todos acreditar no fumo branco durante esta semana para se poder começar realmente a preparar com quem de direito as dispensas, as contratações e as vendas. Pelo sim pelo não, Domingos Soares Oliveira, Luís Filipe Vieira, Rui Costa e Paulo Gonçalves já se estão a antecipar nestas importantes decisões.

Força Benfica

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Esperteza Saloia

Estes últimos dias têm sido pródigos numa expressão muito popular e que se encaixa bem em algumas das situações vividas no nosso Benfica - Esperteza Saloia.

Esta esperteza saloia - atenção que a "esperteza" e a "inteligência", sendo diferentes entre si não são assim tão antagónicas da palavra saloia que me é bem cara, e bem cara à grande maioria dos Portugueses - tem sido utilizada de várias maneiras pela nossa BENFICA SAD e quero dissecá-las neste canto blogosférico.

Eu já aqui falei do conceito "Pai" e "Filho" entre Luís Filipe Vieira e Rui Costa para descrever de forma meramente metafórica o conceito do saloio e do inteligente. O saloio quer um treinador saloio e teoricamente popular e o inteligente quer um treinador inteligente e não tão popular tendo em conta os resultados desta época.

O Benfica anda há muito tempo a viver neste conceito saloio que eu não entendo, apesar de afirmar e reafirmar que a expressão é me cara e aceito-a de algum modo como parte integrante da minha pessoa, das minhas origens e da minha formação.

Este conceito eleitoralista que o Jesus é mais popular e com isso dá mais votos em Outubro não tem eco em nenhuma sondagem feita por empresas ou até por televoto. É exactamente como a ideia (errada) que o merchandising do Benfica tem que estar sempre mais perto do saloio que do urbano. Nunca entendi este conceito. Eu entendo é que um clube com 6 milhões de adeptos deverá ter produtos para cada um dos seus nichos de mercado. Mas isto é marketing e agora pouco importa.

O que importa é futebol e a politica desportiva do Benfica. O saloio acha inteligente pagar 3,5 milhões de Euros por uma indemnização mais 1 milhão de Euros pela clausula de rescisão de Jesus ao Sporting de Braga. Se alguém ousa pensar que será fácil baixar esse valor está enganado pela simples razão que o dragão favorito do Minho é o presidente desse clube e que dificilmente baixará esse valor até porque está com um processo em tribunal contra Benfica pelas obras do centro de estágio do Seixal.

O inteligente "talvez" ache que manter Quique será o ideal.

Já comprámos Ramires por 7,5 milhões de Euros, já demos 2 milhões por Patric e estamos a caminho de dar 4 milhões de Euros por Álvaro Pereira e alguém acha que Quique vai embora sem pedir o valor a que tem direito?

Na gestão o timing é tudo. Num clube como o Benfica entre director desportivo e treinador a frontalidade tem de ser a base. Se Rui Costa achava (ou acha) que Quique seria dispensável para a próxima época deveria ter falado antes com a equipa técnica. Não é depois de ter gasto quase 13 milhões de Euros em jogadores para a nova época que vai reunir com Quique. Volto a perguntar. O que é que Quique deverá fazer? O lógico será pedir o que tem direito e quanto muito negociar algo abaixo desse valor. Pouco abaixo... Eu como Benfiquista preferia que Quique se fosse embora de forma gratuita - caso a vontade do Benfica seja prescindir do treinador espanhol - mas para isso acontecer deveria se ter acautelado essa situação. Hoje já devia estar tudo mais que decidido.

Com toda esta confusão eis que hoje à tarde aparece o comunicado do Benfica para a CMVM que refere:

1) A SL Benfica SAD e o Sr. Enrique Sanchez Flores celebraram e mantêm em vigor um contrato de trabalho válido até ao final da época desportiva 2009/2010;

2) A SL Benfica SAD e o Sr. Enrique Sanchez Flores têm estado a debater as condições relativas à preparação da nova época desportiva;

3) A SL Benfica SAD não tem intenção de avançar com qualquer rescisão unilateral do actual contrato;

4) Não existem negociações em curso relacionadas com o contrato em vigor.

Este comunicado já gerou confusão que não deveria ter gerado. Há quem se congratule por Quique ficar em nome da estabilidade e há quem preferia Jesus e neste momento já volte a preferir Quique porque muitos Benfiquistas são do Benfica e ponto. Sem mais. Defendem o Benfica e quem os representa sempre e assim deveria ser também por parte da SAD para com os seus funcionários.

Isto tudo porque este comunicado foi solicitado pela comissão de valores e o Benfica teve que responder o politicamente correcto. Se isto significa que Quique fica no Benfica, parabéns pela estabilidade e pela decisão de manter o treinador independentemente dos maus resultados. Se isto é uma manobra para esconder as dificuldades com a rescisão, muito mal vai a nossa direcção.

E daqui a tal esperteza saloia que falava no inicio. Temos que ser frontais e assumir as coisas. Se Rui Costa e Luís Filipe Vieira preferem Jesus deveriam ter acertado tudo com Quique de maneira a anunciar a rescisão no sábado. Aliás seria o óbvio. Quando no dia 23 de Maio, no final do último jogo Quique afirma que «Não houve conversas, mas imagino que tenha de haver» eu pergunto se Rui Costa é afinal a boa pessoa que eu tenho em muita consideração.

Não consigo entender como é possível a Rui Costa ser patrão de Quique e seu director desportivo, não falando com ele sobre o assunto mais quente do final de campeonato. Não entendo que não tenham falado sobre se fica ou se vai Quique. Quem tratou das novas contratações? Foi Rui Costa ou Quique foi ouvido? Porque aí já se sente quem fica e quem vai. Assim penso, mas posso me enganar e confirmar que no mundo do futebol a ironia e a mentira descarada sejam realmente o modus operandi mas não quero acreditar que no Meu Benfica isso possa acontecer.

Não há nenhum problema em assumir a Quique que tendo falhado a Taça Uefa, tendo falhado a Taça de Portugal, tendo falhado o objectivo mínimo da Champions e tendo conquistado uma Taça da Liga ficou aquém dos objectivos propostos e falar abertamente com vista à saída. Se não há coragem para isto, então não deve haver coragem para coisas realmente importantes e difíceis.

Eu acho que se fosse para Quique ficar já deveria estar decidido e se fosse para se ir embora também deveria estar igualmente decidido. Obviamente...

Indecisão desportiva a pensar nas eleições é o pior que se pode passar num clube de Futebol. Gerir é decidir. Bem ou mal há que decidir e essa decisão tarda por táctica. Sinto que há táctica neste nosso Benfica. Táctica para pagar menos a Quique. Táctica entre Luís Filipe Vieira e Rui Costa para algo que não entendo. Táctica entre o Benfica e o Braga por Jesus. Táctica na gestão legal com a CMVM. Muita táctica e poucas decisões que mostram o espelho do descontrolo desportivo a que estamos entregues.

Tudo se vai resolver a bem e com mais ou menos milhões para Quique, mas a verdade é que se podia fazer tudo isto com elevação e com a dignidade que o Benfica e a nossa equipa técnica merecem. Tenho escrito várias vezes por aqui e volto a pedir à nossa direcção o mais simples de todos os pedidos. Orientem-se meus caros, orientem-se...

Força Benfica

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Os Pseudos Candidatos

Neste momento que se vive o momento eleitoral do Sporting com actos que apenas comprovam que de Viscondes estes senhores não têm nada, o acto eleitoral Benfiquista já começa a dar que falar.

Ontem escrevia que a nova época vai ser tudo menos calma até Outubro, muito por causa destas eleições que prometem.

Independentemente dos candidatos, dos projectos ou dos apoios que cada um pode vir a ter, há neste momento um dado que retenho. Depois de Bruno Carvalho anunciar a sua candidatura na blogosfera, eis que apareceu ontem Varandas Fernandes a falar dum hipotético movimento - que não descarta Bagão Félix ou José Veiga - de fundo com vista a concorrer às próximas eleições. Ambos têm uma coisa em comum que me entristece, independentemente das suas ideias.

Um é sócio há 5 anos e tem 40 de idade. O outro tem 54 anos e é sócio há 7. Eu que não sou nenhum velho do Restelo, pergunto-me o que é que esta gente andou a fazer até aos 35 e até aos 47 anos da sua vida?

O Benfica não é algo que se aprende a gostar durante a vida. Não é como um bom vinho, uma boa refeição, um bom charuto. Isto são coisas dos Viscondes... Nós Benfiquistas, somos do Benfica desde sempre. E se muitos de nós não podem ser sócios desde os 6 anos, a partir dos 20 anos parece-me lógico que o sejam.

Posto isto eu pergunto. O que é que vocês andaram a fazer durante tantos anos sem serem sócios? Um deles - Varandas Fernandes - tira uma foto com o cartão de sócio número 69993 que diz "desde 2002" como se isso representasse algo que um médico de sucesso se pode vangloriar. Sinceramente e com o devido respeito que todos os Benfiquistas me merecem - sócios, simpatizantes, velhos ou novos - eu não entendo o que é que leva um grande Benfiquista com capacidade financeira para pagar quotas apenas se registar como sócio aos 35 e 47 anos. No entanto, este factor é irrelevante na questão eleitoral. Há estatutos que permitem os tais 5 anos de filiação até que alguém se possa apresentar como candidato e isso é o que importa neste momento. Tudo o resto são opiniões pessoais que eu escrevo e que não têm nenhum outro objectivo que não seja desabafar com quem me lê.

Eu vou falar até ao último dia de campanha deste tópico eleições porque tal como as de 27 de Outubro de 2000, estas de 2009 serão igualmente importantes. Passaram nove anos onde o Benfica mudou muito. Destes nove anos, tirando um título de campeão, uma Taça de Portugal contra FCPorto, uns quantos jogos Europeus de luxo - a vitória em casa contra Manchester, as vitórias contra Liverpool - e umas quantas vitórias contra os nossos mais directos rivais internos, estes foram anos maus para o futebol. Estamos todos de acordo.

Independentemente disso, foram os anos mais importantes do Benfica, pois mostraram que do final anunciado, ressuscitámos empresarialmente e resistimos aos sucessos alheios de FCPorto, mantendo uma base popular fortíssima. Sobre este assunto - e essencialmente sobre O Padrinho - fala de forma sublime o grande Vedeta da Bola e eu subscrevo na íntegra.

Ainda não nos conseguem demover de sermos realmente Grandes e da grande penetração popular junto de vários sectores da população Portuguesa de norte a sul do país.

No entanto, o Benfica está desportivamente fraco e tenho de admitir que nunca como hoje se criaram as condições para que Luís Filipe Vieira possa perder as eleições. Porque apesar de tudo, ele está a defender um projecto que pode já não ser aliciante para a maioria dos sócios. E se isso acontecer, apenas teremos de considerar normal num clube democrático como o Benfica.

Eu penso que se Luís Filipe Vieira quiser candidatar-se tem tudo para ganhar as eleições. Obviamente. No entanto, mesmo que as ganhe não será com um score como nas últimas eleições e isso fará com que se comecem a posicionar grupos que podem ir a votos agora para conquistar o clube daqui a 3 ou 6 anos. Quando Luís Filipe Vieira fala de Rui Costa para a sua sucessão - sem que de Rui Costa se tenha ouvido uma palavra sobre o assunto - esquece-se de algo muito importante. Nós não temos perfil monárquico e por mais que as pessoas sejam importantes é muito mais importante a estrutura, a equipa com quem vai trabalhar, as ideias e os objectivos.

E aqui reside o principal problema de se falar de eleições no Benfica com mais de 5 meses de distância. Estão a criticar-se modelos de gestão desportiva e de futebol - maioritariamente - que têm muito de criticável. Estão a escolher-se nomes na sombra para umas hipotéticas oposições. Estão a contar-se espingardas e apoios para ver quem melhor se posiciona para o ataque à liderança. Tudo isto é verdade e ainda não ouvimos ninguém falar das reais alternativas para o clube.

Todos nós temos ideias e todos nós escrevemos, falamos e opinamos sobre o que pensamos que está mal. Isso representa a essência dum qualquer clube que tenha no futebol o seu principal destaque. O que me parece que representa o passo em frente dum qualquer pseudo candidato (ou duma pseudo candidatura) é apresentar ideias, sugestões e projectos práticos de mudança no timing certo. Nunca a 5 meses de distância.

Irrito-me sempre quando alguém na bancada critica um dos nossos jogadores, pedindo a sua substituição sem olhar para quem tem no banco e sem avaliar se o que vai entrar será mais efectivo que o que lá está dentro. Isto é o clássico Benfiquista. Criticar por criticar é fácil. Difícil é opinar e fazer melhor. Nem sempre opinar e ter ideias boas chega. Há que opinar, ter ideias boas e ter tudo planeado para a implementação dessas ideias, desse projecto (como se diz agora nos meandros futebolísticos) com planos B, C ou D caso alguma coisa corra mal no primeiro plano.

E no Benfica, custa-me a acreditar em oposições que desejem o mal do Benfica a pensar no seu bem próprio. Nunca na minha vida quis que o Benfica perdesse a pensar em despedir o treinador, a pensar no descalabro que pudesse levar a um qualquer fim de ciclo. Nunca quis a derrota por 5-0 com o conceito de "perdido por 10, perdido por 100", pensando em consequentes outros resultados que não sejam desportivos. Nunca quis que o Benfica perdesse sob nenhuma condição e sei que até ao último dia da minha vida isso nunca acontecerá.

Quero sempre que o Benfica ganhe e quero que em todas as eleições que eu "viver para ver" se decida com elevação, com ideias, com respeito e com desportivismo. Não aceito nem admito que seja doutra forma. Pelo menos no Meu Benfica.

Até Outubro temos que estar todos do mesmo lado, por muito que custe a muitos. Mesmo com várias decisões com que não concordamos temos que estar unidos e sem desejar o mal do futebol do Benfica a pensar nas eleições.

Qual é o problema de discordarmos da nossa direcção? Estamos a ver que muitos dos Benfiquistas apoiam a continuidade de Quique. Luís Filipe Vieira, achando o contrário, está no seu direito de contratar Jesus. O único problema com essa decisão é que se é do âmbito desportivo deveria ser Rui Costa a decidi-la. Não confundam este desejo que o Benfica ganhe e que faça bem com uma atitude passiva e de "não critica." Isso eu não faço nunca, obviamente. O que está bem aplaude-se e o que achamos que pode melhorar critica-se, sabendo que na parte desportiva cada cabeça sua sentença.

Há maneira de acabar com o reinado do FCPorto no trono da liderança futebolística nacional? Há, obviamente. No dia em que o Benfica ganhar três campeonatos seguidos vira-se o feitiço contra o feiticeiro. Se o objectivo de Pinto da Costa (bem explicito e fundamentado no texto da "Vedeta da Bola" que apontei atrás) é acabar com o Benfica, ou pelo menos ultrapassar em numero de títulos e de campeonatos o nosso Glorioso, pode ser que no dia em que acorde e veja os últimos três títulos de campeão nacional ganhos pelo Benfica, o FCPorto como ele o conhece já não exista. Isso sim pode acontecer.

Só temos que ganhar. Agora que temos 200 000 sócios, que temos uma estrutura forte que estamos em vias de pagar o estádio e de conseguir estabilizar as amadoras financeiramente e em termos competitivos, que estamos a começar a orientar a formação do futebol, que estamos sustentados financeiramente, mesmo sem champions, imaginem o que será tudo isto com três títulos de campeões seguidos e com três presenças seguidas na champions.

Parece difícil, mas não é. Se formos três anos seguidos campeões, o Benfica dá o salto que necessita para encarar a próxima década como encarámos a de 80. Seguramente. Por estas e por outras é que o plano desportivo vai ser mais falado nestas eleições que em quaisquer outras dos últimos 20 anos. Alguém tem de ter um plano correcto e coerente para levar o Benfica a ganhar todos os campeonatos da sua legislatura como presidente. Como? Fazendo bem tudo o que se tem feito de mal, não mudando de estratégia a meio do caminho definido anteriormente, com disciplina e ambição em TODOS os terrenos de jogo, mantendo os melhores e contratando poucos mas bons (preferencialmente Portugueses), aproveitando a BOA prata da casa, não pensando tanto no inimigo publico numero 1 e mais nas nossas fraquezas, no que temos que fazer para as corrigir e fundamentalmente manter 5 anos uma equipa. Quem ousar manter uma equipa estável durante 5 anos pode criar as bases necessárias para ganhar 3 campeonatos seguidos. Por isso dizia eu que manter Quique, (mesmo com os problemas todos que detectámos durante a época) contratar pouco mas bem, deixar ficar os nossos líderes - aqui Luisão seria imprescindível - e ser paciente poderia ser o sinal de que necessitaríamos para provar que mesmo sem ganhar na próxima época, estaríamos a trabalhar invisivelmente para os tais três anos seguidos a ganhar.

Por tudo o que falei agora será fácil adivinhar que os próximos meses serão importantes, tensos. e marcadamente focados no plano desportivo. Mesmo que um Presidente do Benfica seja hoje muito mais que gerir Futebol, é com Futebol que se vão ganhar ou perder votos. Por isso é que digo que será perigoso fazer depender o nosso voto para Presidente da performance da nossa equipa até Outubro.

No entanto com mais ou menos qualidade, com mais ou menos requintes de malvadez há que respeitar qualquer candidato e no fim decidiremos todos para onde irão os nossos 20 votos - ou os 5 votos no caso de serem sócios há menos tempo...

Força Benfica

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O Adjunto

Para terminar de vez a questão de Quique Flores (e numa altura em que já todos criticámos e aplaudimos alguns dos seus pontos fortes e pontos fracos), é altura de fechar o ciclo com elevação e inteligência.

Uma das criticas que mais fazem a Quique Flores é o facto de ele ter colocado de lado Chalana e Diamantino, quando pelo contrário devia ter ouvido mais estes técnicos tão conhecedores do futebol Português. Eu discordo desta opinião e explico desde já porquê. Escrevi aqui no dia 14 de Maio de 2008 a propósito do nosso novo treinador e sobre Diamantino o seguinte:

"Não podemos deixar que saiam na Imprensa nomes todos os dias - Quique Flores é o próximo - porque isso torna o novo treinador do Benfica numa aparente segunda, terceira ou quarta escolha. Como também não se pode estar a contratar treinadores adjuntos sem saber o nome do treinador principal - diz se que Diamantino está contratado mas prefiro pensar que se trata de especulação jornalística. Lembro que José Mourinho nunca aceitou o nome de Jesualdo Ferreira para adjunto e custa me a acreditar que ainda queiram impor treinadores adjuntos "da casa" sem terem escolhido ainda o treinador principal."

Esta frase que escrevi há mais de um ano faz todo o sentido doze meses depois. Não admito que me digam que Quique Flores fez mal em ter colocado Diamantino e Chalana de lado. Com o devido respeito por quem de mim discorda, eu penso que um adjunto é sempre alguém que é o próprio treinador que escolhe e Fran Escriba foi um bom adjunto bem coadjuvado por Pako Ayestaran. Quando se chega a um país novo é normal que na estrutura exista alguém mais familiarizado com a equipa, com a história do clube ou com a massa associativa. Até aqui tudo bem. O que não se deve fazer é impor essa escolha sem perguntar ao líder o perfil de pessoa que esse líder prefere.

Ou seja, para mim está claro que quem teria que escolher essa pessoa seria Quique. Antes de se ter contratado Diamantino, devia-se ter colocado a opção a Quique de escolher essa pessoa duma short list com vários nomes pela razão muito simples de que nem todas as boas pessoas são compatíveis com outras boas pessoas. Acreditando que Diamantino e Chalana são boas pessoas e até podemos afirmar que são bons técnicos (no plano teórico para facilitar análises) o que garante que Quique ia ter com eles boa química, boa dinâmica de trabalho ou ideias similares?

Só quem nunca geriu ou nunca teve que lidar com escolhas - quando se escolhe perde-se sempre algo - pode dizer que Quique deveria ter dado mais atenção a Diamantino ou a Chalana. O que Rui Costa devia ter feito era dar um leque de nomes que Quique poderia escolher - porque não vendo o seu curriculum, com uma entrevista, com um almoço, com uma pequena conversa - para sentir quem poderia encaixar melhor no perfil que ele elege.

Não o fazendo e impondo esses nomes a Quique, ele pode obviamente não ter com esses treinadores a química necessária para funcionarem no plano profissional. Isto é a minha opinião fria e calculista e não enfatizada pela paixão clubistica que só tem bem a dizer de cada um dos excelentes jogadores que foram Diamantino e Chalana.

Neste momento que se fala tanto de Jesus seria bom pensar em quem é o adjunto - pensando que ele traz a sua equipa técnica - da casa que o acompanhará. Será Diamantino, Chalana, ou ele prefere Mozer, Álvaro Magalhães, João Alves (que está nos juniores)? Eu não prefiro nenhum e coloco estes nomes com objectivo claro de afirmar que só uma pessoa o tem de escolher - Jesus.

Digo Jesus, com base no que se vai dizendo e não dizendo. Numa altura em que os comunicados na nossa página aparecem a toda a hora, se fosse mentira que Quique não estaria de partida já existiriam comunicados que o desmentissem. Se Jesus fosse apontado ao Benfica sem o mínimo de verdade já se teriam emitido comunicados nesse sentido, logo antevejo que Quique esteja mesmo já fora e o senhor Jesus a caminho do nosso banco de suplentes.

Como disse a semana passada na antevisão ao jogo de Braga não foi difícil de adivinhar que o senhor Jesus iniciaria o seu calvário de derrotas precisamente contra o Benfica e continuará esta semana com mais uma derrota nas Antas. Se na semana passada lhe chamei "Inimigo Número 1" (por razões óbvias) esta semana já o verei com olhos mais claros de nosso treinador e vou torcer por uma vitória ou empate que seja nas Antas.

Quem será o seu adjunto? Quem será o adjunto que lhe ensinará a Mística Benfiquista? Quem conseguirá que ele sinta o Benfica como seu, mesmo sabendo que é um Sportinguista assumido ?

Diamantino ou Chalana serão bons nomes? Se Jesus os escolher sim, se os quiserem impor, não...

Será assim tão difícil de entender?

Apesar de todas as críticas a Quique, tenho visto vários fóruns e blogs onde se pergunta quem deveria ser o próximo treinador do Benfica e invariavelmente Quique ganha em todas as sondagens. Este resultado não deixa de ser estranho, ou talvez não. Até ao jogo contra Nacional da Madeira em casa (Dezembro de 2008) ninguém ousou questionar nada a Quique. A partir daí foi tudo mau e tudo passou a ser contestável. Sinceramente com toda a confusão que paira nas noticias, na imprensa e nas pré candidaturas, eu acredito no tal trabalho invisível que fala Quique.

Acredito que em vez das 10 contratações do último defeso - Aimar, Suazo, Reyes, Balboa, Jorge Ribeiro, Sidnei, Yebda, Carlos Martins, Urreta, Ruben Amorim - desta vez se faça a coisa com metade e com um ou outro júnior que passe para o plantel principal . Gosto de ver toda a organização a trabalhar em Maio pensando com tempo numa próxima época que até à ultima semana de Outubro será tudo menos calma.

Precisamos de um tanque para blindar o nosso futebol de toda a tinta que vai correr a propósito de eleições. Quanto mais depressa se fechar o plantel - vendas e compras - melhor nos vai correr o ano.

Até lá basta ir assistindo a todo o alvoroço de fim de época, aplaudir quem sai, apoiar quem entra e esperar que o adjunto da casa escolhido por Jesus ajude a blindar o plantel e equipa técnica de todo e qualquer ruído. Todos serão poucos...

Força Benfica

domingo, 17 de maio de 2009

O Inimigo Número 1

Para mim, ganhar hoje em Braga é um ponto de honra. Estive com o Quique desde a primeira hora e sei que se este nosso treinador tivesse tido o apoio certo nas horas certas, muito provavelmente hoje estaríamos a lutar por algo mais que a manutenção do terceiro lugar. Agora que as despedidas estão na fase final, resta a Quique e aos seus jogadores serem dignos da nossa camisola. Espero uma vitória porque gostava que Quique se despedisse de Portugal com duas vitórias, contra as duas ex-equipas do proclamado novo treinador encarnado - Braga e Belenenses.

Por esse motivo, considero que Jesus é hoje o nosso Inimigo Número 1, como foram todos os restantes treinadores das outras 13 equipas. Não vejo nenhum tipo de outro sentimento que ódio absoluto a quem representa as cores arsenalistas do nosso adversário de hoje. Este ódio é desportivo - obviamente - porque na parte pessoal a palavra ódio faz pouco sentido num jogo de futebol.

O que também faz pouco sentido é acreditar que ao fim de 9 treinadores em 9 anos, alguém se lembre de propor contratos de 2 anos a treinadores que se as coisas não correm bem, saem no final da primeira época. Também faz pouco sentido acreditar em projectos com gente que conhece a palavra projecto do inglês project finance que nós tão bem conhecemos da parte administrativa/financeira. Faz também pouco sentido querer ver neste duelo Braga-Benfica o duelo entre o passado e o futuro do nosso clube. Hoje vai ser mais um jogo que representa o presente, mas com a diferença da pressão estar do lado do Braga. Se realmente for verdade o que se diz sobre Jesus já ter assinado pelo Benfica - que eu não acredito, apesar de acreditar que seja ele, o eleito do Presidente Vieira - pode ser que o feitiço comece já a ter efeito e que o Benfica até saia de Braga com uma vitória esclarecedora.

Dizem que o Benfica é um cemitério de treinadores, mas muitos ressuscitam depois de passar pela Luz. Hoje espero que esse efeito Benfica comece a fazer efeito no Jesus e que ele comece já a sentir o travo amargo da derrota. Depois em Julho que ganhe, mas até ver é o Inimigo Número 1 e não tenho por ele nada mais que autentico desprezo. Desprezo desportivo, obviamente...

Força Benfica

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Onde estavas no 6-3?

Eu estava há exactamente 15 anos em casa dos meus pais a contar os minutos para o inicio do jogo. Estava nervoso e com algum medo, tal a euforia dos sportinguistas na certeza que a vitória confirmaria o título a verde.

Tinha um convite para ver o jogo em casa dum amigo lagarto e achei que devia ficar em casa da família a ver o que se passava. Sei que sofri bastante nessa primeira parte histórica onde jogámos à defesa mas onde marcámos três golos.

Ao intervalo decidi ir ver a segunda parte na tal festa mas com alguns (muitos) Benfiquistas. Fui de carro e ouvi o golo do Isaías no relato (2-4) chegando a essa festa no segundo golo de Isaías (2-5) aos 57 minutos. Festejei o golo e os golos seguintes na certeza que o campeonato não nos fugia, como não fugiu em Braga quando ganhámos numa quarta feira e festejámos depois em casa com Guimarães. No momento da vitória, pensei no meu colega Benfiquista de sempre, que decidiu arriscar apanhar a molha da sua vida e acreditar que a vitória seria nossa. Ele foi ao estádio e até hoje não me perdoo ter sido tão "menino" ao decidir ficar-me por casa.

Nessa noite fria e chuvosa há exactamente 15 anos (14-05-1994) alguém colocou um filtro encarnado no monumento da cidade de forma espontânea e reveladora do espírito geral dessa histórica noite.

Já foi há 15 anos... Depois desse célebre jogo e duas semanas depois de Barcelona ganhar em Madrid por 2-6 é bom relembrar que nós também já fizemos semelhante feito.

Não gosto de comemorar passados, mas neste caso com 15 anos de distância sei que já é tempo suficiente para olhar para este aniversário com saudade e ao mesmo tempo com esperança renovada.

Como diria o amiga Baptista Bastos a propósito do 25 de Abril de 1974, pergunto "Onde estavas no 6-3?"

Força Benfica


O Comunicado

Eu tenho sido crítico do trabalho de João Gabriel mas é importante sublinhar que não tenho nada contra a pessoa. Aliás, nem podia ter pela simples razão que não o conheço. O que acho é que o seu trabalho no Benfica não está a servir a Instituição.

Eu entendo que não é fácil controlar uma comunicação social sedenta de "novas noticias" sobre o Benfica, mas parece-me que alguém tem que ir gerindo as noticias com inteligência, definindo a agenda dos media "de dentro para fora" e não esperar que os media decidam de "fora para dentro".

Sendo esses media uns autênticos "animais sedentos" a única maneira de ter esses animais controlados é servir-lhes as noticias que nós queremos. É a única maneira. Quando não se diz claramente que Quique Flores fica em tempo oportuno, está-se sujeito aos timings e sugestões da imprensa. Apesar de tudo, penso que estes nossos media foram absolutamente calmos e serenos esperando que tudo ficasse resolvido na frente para atacar o final de época com nomes de possíveis reforços na equipa técnica e no plantel.

O Benfica responde a essas sugestões com um comunicado no site. Eu chamo-lhe O Comunicado... Diz o seguinte:

Comunicado

Em face das notícias publicadas na imprensa de hoje e que, na sua imensa variedade, percorrem situações tão diversas como reuniões, contratações, vendas ou renovações, a Sport Lisboa e Benfica, Futebol SAD esclarece que todas elas só se entendem numa lógica de uma comunicação social cada vez mais dependente do mercado, lamentando, igualmente o carácter especulativo das mesmas.

É neste cenário que todas elas devem ser lidas e entendidas. Nem todas as notícias são inocentes, nem todas as fontes são desinteressadas.

Este Comunicado aparece no dia 12 de Maio - depois de se falar das hipóteses Jesus e Scolari nos vários media. Eu pergunto de forma humilde... Alguém entende este comunicado? Este Comunicado, comunica ou explica alguma coisa? Alguém pode dizer ao ler este comunicado "Muito Bem" como se exclama nas bancadas politicas quando alguém diz algo um pouco mais inteligente ou populista? O Comunicado é apenas isso... Um Comunicado que diz pouco e deixa muito no ar. Podiam ser umas frases dos nossos tempos adaptadas a várias áreas sociais que o resultado seria o mesmo. Mas posso ser eu que não atinja o que é visível para todos os inteligentes cá do burgo. Se assim for desculpem-me pela minha pouca sensibilidade em Comunicados.

No dia seguinte - 13 de Maio - aparece outro comunicado:

Comunicado

Lamentável

É cíclico, é intencional, mas fundamentalmente é falso. Esta é a realidade de algum jornalismo que, mais do que factos, prefere a ficção. E é esta procura sensacionalista e distorcida, esta tendência pela especulação mais básica, sem qualquer respeito pelas normas deontológicas que regem a profissão, que está a matar a credibilidade de alguma imprensa.

Mas, como isto é cíclico, intencional e falso, o Correio da Manhã, na sua edição de hoje, fala de um “choque”. O chocante mesmo é ver em que mãos andam algumas carteiras profissionais de jornalistas e verificar a intencionalidade e periodicidade com que este jornal publica notícias provocatórias e sem qualquer fundamento. Se o sócio puder evitar comprar este tipo de imprensa garantidamente passará a andar mais bem informado!

A verdade é que eu não compro o Correio da Manhã. Nem ontem, nem hoje nem amanhã. Sendo assim e apesar de não comprar essa autentica bíblia de mau jornalismo - característica que mantém inalterada há décadas num posicionamento sem precedentes no mercado editorial nacional - tenho por hábito de ver o site do Glorioso. Lendo O Comunicado sem o teor das afirmações que vêm proferidas no dito jornal, acabo por não entender o que esse Comunicado quer expressar.

Dois comunicados em dois dias sem nenhuma importância comunicacional. Importante, importante era o Benfica dar pouco importância a estes jornalecos e preocupar-se mais em resolver e anunciar cenários que não deixem espaço para grandes invenções nesses mesmos jornais.

Por falar em invenções, ainda antes de se ter despedido Quique ou assinado com o novo treinador aparecem confirmações de Álvaro Pereira para lateral esquerdo e da hipótese Quaresma para o Benfica. Penso que a hipótese Quaresma pode ser piada mas a verdade é que foi comunicada num meio que se pensa credível a julgar pelo passado recente (e menos) recente - A Bola.

Também n'A Bola aparece um Comunicado que só pode ser uma anedota. Eu tenho me mostrado sensível e positivo a conhecer todas as candidaturas que possam aparecer à liderança do Benfica. Uma delas, a quem já dediquei um texto aqui, está a apresentar as suas primeiras ideias concretas. Já são três ideias muito reais que me fazem acreditar que este senhor Bruno Carvalho pode ter jeito para muita coisa, mas não é extremamente criativo.

Diz ele que quer antecipar as eleições. Eu sou contra... Dizem alguns (não eu) que não pode ser candidato porque só é sócio correspondente há 5 anos e efectivo apenas há 1 ano - ninguém se preocupa em perguntar o que é que faz um homem de 40 anos "Benfiquista dos sete costados" só ser sócio do Sport Lisboa e Benfica apenas aos 35 anos? Hoje finalmente este candidato emite o seu Comunicado.

Diz-se n' "A Bola":

"Bruno Carvalho quer ser ouvido na escolha do novo treinador caso as eleições não sejam antecipadas para Junho. Sustentando que não é certa a vitória de Luís Filipe Vieira em Outubro, pede ao líder do clube que o informe das suas intenções, «para que em conjunto possam ser decididas as opções a tomar em relação à equipa de futebol». «Se não o fizer, existe o risco de uma nova Direcção herdar os compromissos assumidos integralmente por Filipe Vieira e ter de gerir o clube segundo opções que não foram as suas», pode ler-se em comunicado. Para Carvalho, o actual executivo encontra-se «ferido na sua legitimidade decisória» e pede «eleições antecipadas» para Junho. Para que os sócios se pronunciem sobre os destinos do clube «antes da nova temporada".

Mas o que é isto? A sério... Senhor Bruno Carvalho, o que vem a ser isto? Quer escolher o novo treinador? Também eu quero. Eu e mais 6 milhões. Mas só há uma pessoa que vai fazer essa decisão e depois submeter-se ao julgamento popular na ultima semana de Outubro - a única que está estatutariamente definida há muito tempo para eleições no clube.

Se aceita um conselho de alguém que não lhe quer mal (nem bem) pense que o Benfica é o maior clube do mundo, que é um clube ecléctico, que tem um project finance em curso, que tem problemas sérios que precisam de soluções criativas, que precisa de criativos que pareçam sérios e lembre-se que os sócios não são parvos pois para parvos já bastam alguns jornalistas, como provam as últimas noticias. Seja sério. Seja sério. E se não for sério, faça por parecer, porque o Benfica agradece e lembre-se que a razão principal que as eleições são em Outubro é porque alguém mais inteligente que eu ou você, pensou que eleger uma direcção num clube como o Benfica é muito mais que escolher um treinador...

Eu também agradecia à minha direcção que a partir de agora fosse o mais séria e determinada em fazer bem o que não tem conseguido fazer nas últimas semanas do campeonato. Nós merecemos. Sem querer meter pressão, os senhores de azul estão a quatro títulos do Glorioso e se ganharem a Taça de Portugal ficam a 1 ano de apanhar o Benfica, passando para o clube nacional com mais títulos. Não será isto suficiente para acabar a brincadeira no futebol e focar no que é realmente importante - um projecto estável, bem gerido, bem controlado e com resultados ?

Nós também achamos que sim. Então Comuniquem-nos algo novo e inovador. Que tal um treinador assinar três anos e ter uma clausula de rescisão de 500 milhões de euros para se convencerem que mudar todos os anos de treinador não serve?

Melhor 600 milhões de euros porque como no Benfica os contratos são para cumprir não há perigo do contrato ficar a meio...

Pela enésima vez, organizem-se meus caros, organizem-se e acertem... Na música diz-se que "mais vale uma nota desafinada mas sentida que uma nota afinada sem sentimento". No Benfica quando aparentemente se falha - como quando Trapattoni falhou Europa - é importante "fingir" que está tudo bem e dar confiança para dentro e para fora.

Força Benfica

terça-feira, 12 de maio de 2009

A palhaçada mor

Quando há um ano Rui Costa inicia funções no Benfica, Luís Filipe Vieira assume finalmente um papel de menos relevância no futebol. Eu digo finalmente, porque desde que José Veiga saiu da gestão do futebol, Luís Filipe Vieira provou que percebe pouco da matéria, numa opinião consensual e até assumida pelo próprio em determinado momento.

Apesar da esperança num bom trabalho de Rui Costa e do inicio dum novo ciclo, havia qualquer coisa de estranho nesta relação Presidente - Director Desportivo. A relação deles parecia quase a de um "pai" que deixa a empresa ao "filho" durante um tempo, para ver como é que o "filho" se safa. O típico caso do pai de sucesso, "sem estudos" e com o tal faro de negócio, deixa o "filho" com o curso de gestão e mais informado das novas realidades da gestão moderna tomar conta da empresa. Obviamente que é uma metáfora mas foi assim que eu vi sempre esta dicotomia Luís Filipe Vieira - Rui Costa.

Por outro lado tínhamos outros players nesta gestão que são os administradores mais perto do "pai" e críticos do filho que "é verde e sabe pouco do ofício". Isto podia muito bem ser o quadro há um ano quando Rui Costa entra na gestão desportiva do futebol encarnado.

Em ano de eleições, a administração lança o "filho pródigo" às feras, tentando que ele sozinho safe a sua próxima eleição exactamente no seu ponto mais fraco - a gestão desportiva do futebol profissional.

Pois bem, Rui Costa entra e define um projecto claro. Revolução no plantel, aposta na juventude e contratação dum técnico para duas temporadas "independentemente dos resultados e performance desse técnico" porque o importante era a estabilidade dum projecto e o criar condições para que o Benfica mesmo não ganhando, invertesse o ciclo de rodopio de treinadores. A estratégia de Rui Costa era clara. Mesmo que Quique Flores não continuasse depois de duas épocas, o treinador que se seguisse teria todas as condições para aproveitar uma estrutura, um plantel, uma liderança para colocar o Benfica na rota das vitórias.

Este era o plano no papel. E é (era) um bom plano. Acontecesse o que acontecesse nesta época, o Benfica ia ter um treinador no mínimo por dois anos e um plantel que depois duma revolução ia ter um ou outro ajuste nas próximas temporadas através de compra de mais jogadores nacionais - assumido por Rui Costa como objectivo - e um maior aproveitamento das camadas jovens, de que Miguel Vítor é o primeiro exemplo.

Pois bem. No último jogo do ano 2008 o Benfica mudou. Estávamos 1 ponto à frente de FCPorto e recebíamos o Nacional da Madeira. Se ganhássemos esse jogo ficávamos 4 pontos à frente do segundo classificado - FCPorto e Leixões. Com esta vitória dávamos um passo de gigante para a estabilidade que necessitávamos em 2009. Eu inclusivamente tinha aqui escrito várias vezes que chegar atrás do primeiro classificado 2 ou 3 pontos no inicio de 2009 seria algo positivo tendo em conta a estruturação que o Benfica tinha iniciado em Julho de 2008.

A verdade é que depois desse empate fantasma - aquele golo anulado ao Benfica marca a época - perdemos na Trofa e quando vamos a Belém ser novamente roubados, comecei a temer o pior mas fui ao Porto a pensar que se ganhássemos no Dragão podíamos voltar a sonhar. Aí o Benfica faz a sua melhor exibição em 2009 e voltámos a ser prejudicados num penalti que definitivamente não existiu. Apesar do empate pensou-se que ainda estávamos na luta pelo título mas na cabeça dos nossos jogadores, todo o bom esforço feito na primeira volta estava neste momento a esfumar-se...

Aqui era importante ter a tal estrutura coesa e com uma voz de comando. Na minha opinião essa voz não existe muito por culpa do tal "pai" e "filho" com objectivos e planos diferentes. Aqui começa Luís Filipe Vieira a ver a "vida a andar para trás" e quando se entra no ciclo negativo de Guimarães, Académica, Nacional e Trofense - só ganhámos a Setúbal, e a sofrer ao Marítimo por 3-2 - faltou claramente voltar a recordar o tal "papel" que definia o projecto a dois anos.

Quando o Presidente vem a medo dar uma conferência de imprensa de apoio ao treinador e só lhe sai um simples "os contratos no Benfica são para cumprir" roçou o ridículo. Aqui só havia uma coisa a fazer - ou despedir Quique ou dar um voto de confiança inequívoco. Não podia ser doutra forma. Quem sabe de futebol entende que um treinador fragilizado nas mãos dos jogadores é um fantoche. Quando um treinador tem os jogadores descontentes porque todos já foram ao banco mais do que previam (como aconteceu com a maior parte dos nossos jogadores do plantel), só há uma maneira de equilibrar as coisas que se resume a dar total apoio à estrutura técnica. Isto vem nos livros. Não despedindo ou não dando apoio inequívoco sentiu-se logo que o Benfica estava à deriva. Mas à deriva numa guerra interna com vários players - administradores, presidente e director desportivo - para já não falar na opinião do director de comunicação e director jurídico que apenas devem falar e aparecer para comentar as suas áreas de actuação e nada mais.

Sendo assim, agora começam a aparecer os tais nomes que afinal sempre fizeram sentido. Uns dizem que é Scolari - que de projectos, meus amigos, percebe nada - e outro dizem que é Jesus.

Na edição de "A Bola" hoje vêm as seguintes frases:

"Convencer... Rui Costa
A entrada de Scolari na Luz tem, ainda assim, um entrave que terá necessariamente de ser limado: desde a saída de Rui Costa da Selecção Nacional que a relação entre o maestro e o treinador brasileiro não é a melhor, mas tudo indica que se o nome de Scolari for consensual entre os restantes elementos da administração da SAD não será Rui Costa a vetar a sua entrada."

Mas alguém acha que isto faz algum sentido????? Então é a administração que define o chefe do futebol e Rui Costa (que é chefe do departamento) tem de ser convencido???? Meus caros amigos, e que papel desempenha esse papel?? Sim, esse papel que falava de projecto, de estabilidade, a preparação da equipa em duas épocas para ganhar nas seguintes, a formação, a juventude? Scolari não tem nada disto. Eu que apoiei Scolari na selecção e que acompanhei todo o Euro 2004, todo o Mundial 2006 e todo o Euro 2008 in loco sei do que falo. Scolari não serve para as exigências do projecto e do tal papel que Rui Costa definiu há exactamente 12 meses atrás.

E quem fala de Jorge Jesus? Diz-se no jornal "A Bola" hoje:

"Opção Jesus

Os nomes na lista da SAD encarnada não se restringem a Luiz Felipe Scolari. Bem posicionado está também... Jorge Jesus, treinador do Sp. Braga, adversário que a equipa encarnada irá defrontar no próximo fim-de-semana. O técnico português já esteve na lista de preferências na época passada, mas a escolha de Rui Costa acabaria, então, por recair no espanhol Quique Flores.

Jorge Jesus é nome que não desagrada a Luís Filipe Vieira, que não hesitará em tentar convencer o português se não conseguir o desejado acordo com Scolari. Mas igualmente no caso de Jesus o presidente encarnado terá de convencer primeiro o director desportivo, que há um ano, reafirme-se, vetou a sua entrada."

Então mas se o Rui Costa vetou a sua entrada o que é que se alterou no tal papel de Rui Costa para agora ele aceitar o treinador que afinal o "pai"e seus compinchas da administração sempre quiseram? Sinceramente e com todo o respeito que a direcção do Benfica me merece pergunto:

Afinal, que palhaçada vem a ser esta?

Para baralhar mais as contas da desorientada gestão administrativa encarnada, sai hoje uma sondagem que afirma que 54,4% considera que o técnico do Benfica deve continuar o que mostra que afinal o terceiro anel já está com mais "filhos" que "pais". As sondagens valem o que valem mas em 1023 entrevistas com um grau de probabilidade de 95%, tenho que aceitar como credível a amostra e até credível as respostas, tendo em conta que esses mesmos inquiridos respondem que a maior culpa dos resultados do Benfica passam mesmo pelos jogadores (46,9%)

"A administração da SAD não sai livre de responsabilidades, pois 19,6 por cento dos portugueses consideram que são os dirigentes quem mais culpa tem no processo" o que faz com que 66,5% dos inquiridos culpe jogadores e SAD do Benfica pelos maus resultados.

O que se deve concluir de tudo isto - claro que a sondagem não é aqui importante - é que não há maneira de se voltar a ganhar num futuro próximo. Com Scolari, com Jesus ou com qualquer outro - desde o tempo de Artur Jorge que andamos nisto - o Benfica tem de ser pensado a médio-prazo.

Hoje sei que Quique já se despediu ou já foi despedido. Tudo bem. Foi uma opção tomada há muito tempo, porque se há muito tempo se decidisse apoiar o treinador provavelmente não estávamos em terceiro porque os jogadores sabendo que era ele que ficaria no próximo ano, corriam um pouco mais, mostravam mais atitude, tinham menos rabugens no terreno e amuavam menos. Hoje sei que isso é impossível. Ele vai embora e com ele vai o tal papel bem intencionado que Rui Costa definiu do seu projecto desportivo para o Benfica. Vai o Laboratório de Alto Rendimento, vai a tecnologia adaptada ao Futebol, vai a formação e vai-se embora um ideal. É isso mesmo que se vai embora. Um ideal. Para dar lugar ao ideal da pessoa que menos percebe de futebol na nossa direcção - sim o tal "pai" que no inicio do texto lembrei que percebe pouco de futebol e é antiquado nas formas e infelizmente nos resultados. Sim é esse mesmo, o nosso Presidente.

Parece-me que este será o presidente com mais anos e com menos títulos da nossa História. "Quem não sabe, não mexe..." é uma máxima muito popular, mas que não tem encontrado eco na gestão desportiva do nosso Glorioso. Enfim...

Assim, vamos no bom caminho. Vamos, vamos...

Força Benfica

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Primeiro Aniversário


Há um ano Rui Costa abandonava os relvados numa tarde emocionante no Estádio da Luz. Há um ano resolvia inaugurar este espaço blogosférico e admito que tenho gostado da experiência, especialmente por ser algo isolado e onde escrevo sozinho e para mim. Escrevo para mim sobre a paixão que tenho há muito tempo e faço-o sabendo que cada vez tenho mais leitores, mas sem que isso mude obviamente todas as ideias pessoais que por aqui vou defendendo.

Tenho opinado de vários pontos do país e do estrangeiro, tenho opinado com vários sentimentos, tenho opinado com várias sensibilidades mas apenas com uma ideia individual e muito séria. Sério comigo mesmo. Só assim faz sentido.

Sei que tenho alguns problemas em adaptar-me a este novo meio tecnológico e ainda estou a aprender a maximizar tudo da melhor maneira. Tenho pena de não saber um pouco mais de design, de layout, de packaging electrónico para que este espaço seja um prolongamento (também estético) efectivo das minhas ideias e imagens. Como não tenho tempo para isso, fico-me pelas ideias, que são a essência deste espaço.

Tenho pena de chegar ao primeiro aniversário exactamente no mesmo local onde estava há precisamente um ano. Com um "fim de ciclo" a dar inicio a "outro ciclo novo" sinto-me desiludido e triste. Hoje sei que o Benfica não tem remédio rápido e só espero que a emoção dê lugar à inteligência sob pena de estes novos ciclos não parem de renascer.

Hoje é dia de aniversário e não quero fazer deste, mais um dos (longos) posts com opinião crítica sobre o "Meu Benfica" de fim de época.

Quero cumprimentar quem me lê e agradecer os comentários que me fazem ou os emails que me enviam regularmente; quero agradecer a todos os bloggers vizinhos pelo destaque que me vão fazendo nos seus espaços; quero agradecer ao Benfica pela inspiração infinita.

Força Benfica

domingo, 10 de maio de 2009

Os Amadores

Os Amadores... Bem que podia ser um título de um qualquer filme de autor, mas a verdade é que é apenas e só o título dum modesto post dum blog encarnado desiludido com o que vê neste final de época Benfiquista.

A equipa de futebol é absolutamente amadora, no sentido oposto ao que a palavra profissional encerra na sua génese. Ser profissional é honrar a camisola, honrar o dinheiro que se ganha - muito ou pouco - ter atitude sempre, mesmo que os resultados não sejam motivadores, respeitar quem paga bilhete para os ver jogar e "last but not least" ser honesto com as ideias que defendem.

No final do mês de Janeiro - já depois da deplorável prestação europeia, do afastamento da Taça de Portugal e depois de termos já perdido na Trofa para o campeonato, Yebda confirma a tristeza na hora da derrota e promete coisas ambiciosas para a segunda volta do campeonato.

- "Ficamos tristes. É normal porque queremos ganhar e satisfazer os adeptos. Mas até final da época não sentiremos mais, pois não vamos perder mais qualquer jogo".

Quando li isto desconfiei e pensei que pudéssemos ter uma segunda volta abaixo das expectativas. Na verdade perdemos contra Sporting, Guimarães, Académica e Nacional... Para quem dizia que não ia perder, tivemos bem, sim senhor...

Depois foi o episódio Académica, quando os jogadores do Benfica disseram que queriam vingar-se dos 3-0 do ano passado e que tinham recortes de imprensa nos balneários com palavras provocatórias do jogador adversário Nuno Piloto. Pois no final, mais uma derrota.

Depois da derrota com Académica em casa, soube-se que os jogadores do Benfica tinham cerrado fileiras e garantido internamente que queriam ganhar os restantes quatro jogos do campeonato para mostrar o carácter que alguns adeptos meteram em causa. Desconfiei uma vez mais da atitude dos jogadores mas dei o beneficio da dúvida. O resultado foi claro. Perdemos com Nacional na Madeira e empatámos com o penúltimo do campeonato em casa.

Isto para dizer que todas estas estórias são reveladoras do que para mim é o oposto de total profissionalismo. Dizem que "se desejas ser bom, começa por acreditar que és fraco". Pois no Benfica é ao contrário... Também se diz por aí que "se queres melhorar, passa a ideia geral que és tolo e estúpido". No Benfica somos mesmo fracos, tolos e estúpidos e queremos passar a ideia que somos muito bons. E isso enerva-me...

A semana passada falou-se de infantilidades. Foi mais uma expressão que Quique arranjou para descrever o descalabro made in Madeira. Hoje com o empate contra Trofense - com quem perdemos 5 pontos em 2 jogos - passámos para o nível de amadores. Perde-se o respeito todo por cada um dos adeptos e por cada um dos que ainda acredita que a inteligência e o bom-senso são características inerentes às nossas equipas. Se algum adepto pensa isso não pode estar mais longe da verdade.

No entanto o Benfica tem "verdadeiros amadores" que conhecem bem os conceitos de humildade, de profissionalismo e atitude. Agora chamam-lhes "modalidades" mas durante muito tempo foram apenas "As Amadoras". Também se chamou durante muitos anos de "ecletismo" - coisa que os nossos vizinhos de segunda circular têm a mania que sabem mais disso que nós. Essa é a atitude da nossa equipa profissional de futebol. Em vez de irem de mansinho e ganhar, vão de convencidos e perdem. O mesmo se passa com o ecletismo dos viscondes... Armam-se em grandes e nem pavilhão têm para serem "dignos amadores".

Pois bem, o Futsal, o Andebol, o Basquetebol, o Hóquei em Patins e as camadas jovens do Futebol ainda se consideram "Amadoras". E é exactamente aí que deve estar o nosso orgulho. Perder ou ganhar faz parte do desporto e no Benfica perdemos e ganhamos muitas vezes - apesar de tudo, ganhamos mais que perdemos no conjunto das amadoras com a "profissional". O que é diferente na derrota duma amadora encarnada quando comparada com a derrota ou empate da equipa "profissional de futebol" é que elas parecem estar trocadas. Os "Amadores" perdem e lutam até à exaustão numa atitude de mística que provavelmente nenhum dos profissionais do futebol encarnado sabem o que é. Esses profissionais do futebol encarnado vão de espertos e lutadores e parecem umas "primas donas" totalmente amadores, displicentes e enervantes.

É assim que eu os vejo e não devo ser o único. Hoje no estádio, não tinha nenhum dos meus colegas cativos ao meu lado esquerdo, ao meu lado direito, à minha frente ou atrás de mim. Desistiram todos e provaram que são mais inteligentes que eu. Há meia hora de jogo aparece um desses vizinhos que comenta que chegou atrasado porque ficou em casa a ver o jogo de Basket entre Porto e Benfica, que tinha dado vantagem ao Glorioso na luta pela passagem à meia final dos playoff do campeonato nacional. Eu também vi o jogo e apesar de também ver os mesmos roubos de igreja que se têm visto no futebol profissional, os amadores não usam esses roubos como desculpa e vão à luta porque sabem que se não lutarem eles próprios, ninguém lutará ou ganhará esses jogos por eles. Não serão os adeptos ou os directores de comunicação ou os administradores que irão resolver o problema maior deles e lutam com dignidade pela camisola que vestem. E perdem? Sim perdem. E ganham? Sim ganham. O voleibol já perdeu, o rugby já perdeu mas ainda estamos noutros tabuleiros para ganhar algo.

No futebol profissional estamos de cabeça perdida, estamos a dar um novo conceito á palavra amador e estamos a ser envergonhados na nossa própria casa . Dos últimos 4 jogos em casa, perdemos com Guimarães (8º da Liga), Académica (9º da Liga), ganhámos a Marítimo (7º da Liga) e empatámos com Trofense (14º da Liga). Andam todos cabisbaixos, de treinador a jogadores e para eles o conceito de "levantar a cabeça" é andar de cabeça levantada, que como todos sabemos não é a mesma coisa.

Eu considero o ecletismo algo maravilhoso no nosso clube e vibro com desportos que me são queridos com o Hóquei e Basket, quase da mesma maneira como vibro com futebol. Digo quase, porque na essência por mais que queira o futebol sente-se de maneira diferente. Por falar em futebol, estamos agora a entrar na fase final do campeonato de juniores e seria bom pensarmos que a grande maioria desses amadores poderia e deveria jogar na equipa dos profissionais dentro de pouco tempo. Só assim vamos conseguir ser dignos da nossa camisola de futebol profissional num futuro próximo.

Dissemos durante a época que esta nossa equipa de futebol profissional era muito fina para jogar nas Trofas, nas Matas Reais, em Matosinhos ou no Estádio dos Arcos em Vila do Conde. Agora tornaram-se tão finos, tão finos que nem no Estádio da Luz querem jogar. Ao contrário, os juniores vão jogar pela primeira vez no relvado do nosso Estádio esta tarde contra Vitória de Guimarães e diziam na Benfica TV que a ansiedade, o nervosismo e o orgulho de ali jogar é algo maior e motivo de enorme motivação. Este é o espírito meus caros profissionais da bola. Este é o espírito.


Se tivessem a humildade de aprender com os amadores, esta tarde viam os jogos dos juniores no estádio com Guimarães, depois viam os jogos de Andebol contra Sporting, de Basket contra o FCPorto e de Hóquei em Patins também contra o FCPorto. Era um bom menu de domingo à tarde. Mesmo que possamos perder todos estes jogos "Amadores" sei que a atitude em qualquer um destes jogos será 100% profissional. E se os jogadores do futebol profissional perdessem umas horas do seu maravilhoso e precioso tempo a ver os seus colegas amadores, talvez começassem a aprender o que é ter a Mística encarnada. Se calhar os profissionais pensam que ter Mística é ter a revista do clube no carro...

Como a maior parte deles ficará cá na próxima época, poderia ser que estes ensinamentos pudessem dar maior humildade e disciplina de cada vez que vestirem a camisola encarnada do Glorioso.


Força Benfica

sábado, 9 de maio de 2009

O adeus de Quique

As palavras de Quique ontem na conferência são de clara despedida ou de claro passo táctico num jogo que terá um final anunciado daqui a duas semanas.

Há uns tempos disse aqui que não haveria nenhum dilema de Rui Costa na continuidade ou não continuidade de Quique, a não ser que o espanhol quisesse sair. Pois neste momento, tendo em conta o silêncio da administração e direcção desportiva no apoio inequívoco a Quique podemos estar perante uma situação em que o próprio Quique quer sair e a administração joga com o tempo para evitar o pagamento da indemnização ao treinador espanhol.

A tristeza do espanhol, bem patente desde há umas semanas a esta parte é indicador que algo pode estar errado. Dizia ele ontem:

"No final da época vamos conversar com frontalidade, faremos o balanço e tomaremos uma decisão com naturalidade. Posso seguir em frente ou dar lugar a outro projecto, sem traumas nem problemas. Temos de fazer o melhor possível nos jogos que faltam, e no final faremos as contas ao que foi feito. Será decidido o que for mais conveniente para todos".

Segundo o jornal "A Bola", quando confrontado se estava preparado para perder Reyes, o espanhol soltou: "Estou preparado para acabar esta época, depois logo se vê."

Parece-me claro a atitude do treinador, passiva e conformado com a realidade que se adivinha nas próximas duas semanas.

Quando o jornal "A Bola" começa a fazer capas e manchetes mostrando o "quão" mau foi o trabalho do treinador espanhol nesta segunda volta e quando hoje mete a Taça dos Campeões em formato invisível, parodiando as palavras do treinador sobre esse conceito invisível do seu trabalho, fica claro para mim que há já trabalho de bastidores a ser feito no sentido de inviabilizar totalmente todas e quaisquer condições de manter o treinador na Luz. Dizia Quique a propósito desse novo conceito do trabalho invisível:

"Os primeiros objectivos passavam por terminarmos nos dois primeiros lugares, se possível em primeiro, mas há também objectivos invisíveis, como a formação de jogadores muito jovens que já estão na primeira equipa, a conquista de um título [n. d. r. Taça da Liga] ou o facto de o Benfica ter passado a ser a equipa com menos lesões na Europa, sobretudo comparando com a época passada, em que foram muitas as lesões. Há muita coisa a melhorar e há argumentos que nos dizem que foi uma época muito difícil, em determinados aspectos, mas também há outros, invisíveis, em que o Benfica melhorou muito e que farão parte do balanço".

O que penso e acredito é que tudo se deve definir e tornar público. Temos tabus no FCPorto - onde Jesualdo termina contrato este ano - e temos tabu no Sporting fruto duma campanha eleitoral em curso e também com o final do contrato de Paulo Bento. Neste momento com a Taça Europa e o terceiro lugar seguro já deveria ser mais que tempo de definir claramente se Quique fica ou não fica e deixarmos estas infantilidades mediáticas para outros clubes concorrentes.

A aparecerem nomes de reforços todos os dias nos jornais ainda se corre o risco de comprar jogadores em Maio que nem entram nas contas de Julho porque o novo treinador não opinou nessas contratações.

Meus caros amigos da direcção Benfiquista, orientem-se e definam um rumo antes que comecem a perder toda a noção de seriedade e a ganhar cada vez mais uma noção de ridículo que neste momento é a única coisa que é visível para todos os Benfiquistas. E já nem falo do episódio Leo que até envergonha o mais high-profile dos nossos adeptos. Nem devíamos comentar tamanha falta de seriedade desse grande sacana.

Orientem-se meus caros, orientem-se...

Força Benfica

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O Benfica de "segunda a sexta"

No último post, antes da derrota na Madeira, falava do final anunciado desse tal ano zero que nós tanto acreditámos que fosse o relançamento do futebol encarnado nos voos que tanto ambicionamos e merecemos.

Na verdade, tal não sucedeu. E não digo isto por causa dos resultados obtidos. Isso sinceramente não me importa e sei que é grave quando alguém diz que "os resultados não importam" num clube como o Benfica, mas sei o que quero dizer quando afirmo tão polémica frase.

Eu apoiei Rui Costa e apoiei Quique e sua equipa. Mesmo com todo o descalabro desportivo desta segunda volta, continuo a acreditar que não será desejável qualquer alteração nesta estrutura. Quando nós na bancada dizemos "sai o Nuno Gomes", "sai o Yebda", "sai o Aimar" baseamos a nossa opinião na premissa de adepto fervoroso que está descontente com a performance desse jogador. Um treinador que sinta o mesmo que nós tem que pensar quem vai meter no seu lugar e analisar se esses resultados serão positivos para a equipa e não apenas para penalizar o jogador que não está a render. Esta metáfora aparece aqui para justificar a razão que defendo para deixar ficar Quique Flores e sua equipa como treinadores do SLBenfica.

Qualquer outra alteração nesta estrutura, seria algo negativo. A não ser que o treinador fosse alguém que conhece bem o futebol português, alguém que conhece muito bem o plantel actual do Benfica, alguém que conseguisse garantir resultados e ambição sem exigir contratações milionárias, alguém que não dissesse que "Reyes, Balboa, Aimar e Yebda" deveriam sair porque são "jogadores de Quique", alguém que fosse suficientemente carismático para conquistar o terceiro anel em dois minutos, alguém que fosse profissional e exigente, alguém que sentisse a mística e se desse bem com a estrutura de Rui Costa, alguém que fosse duro e exigente com os jogadores mas que os soubesse conquistar e convencer da mística Benfiquista, alguém que desse a sua vida pelo Benfica sem outros objectivos a curto-médio prazo, alguém que não use o Benfica para um qualquer trampolim pessoal.

Esse alguém existe. Seguramente que sim. Mas não é fácil passar deste perfil para um nome disponível e economicamente viável. Nesse sentido deve ficar Quique.

Mesmo assim, todo o processo Quique está a ser absolutamente mal gerido. Rui Costa, depois da derrota com Guimarães deveria ter dado um sinal inequívoco que Quique é para ficar. Depois da derrota com Académica e da contestação nessa semana pela exibição contra Amadora, Rui Costa deveria ter deixado claro para todos que "Quique fica" e depois da derrota com Nacional, Rui Costa deveria ter dito "que até podemos perder 10-0 nos restantes jogos da Liga, que Quique Flores será sempre nosso treinador na próxima época". Não o dizendo dá razões para especular...

E isto leva-me ao ponto fundamental deste texto. O Benfica não tem uma estrutura de Futebol que entenda bem o que é o Futebol moderno e as exigências comunicacionais desse mesmo futebol.

Rui Costa é um dos nossos. Foi, é e será...Há um ano despediamo-nos dele e eu escrevia que aos 35 anos, habituado a balneários, estágios e relvados, seria difícil ele habituar-se rapidamente ao outro lado do jogo. Ele mostrou qualidades nas contratações e no tal projecto que ele queria implementar a dois anos com Quique e com um punhado de novos jogadores no plantel. Quer "misturar experiência com juventude". E diz que "quer aproveitar mais jovens da formação e contratar mais portugueses para o Benfica". Se este é um projecto, não se esgota nas bolas na barra ou nos golos falhados ou sofridos que constituem percas de pontos.

O problema é que o Benfica de Rui Costa não se esgotou no último dia de contratações. A gestão do dia a dia do futebol do Benfica, foi na minha opinião mal feita. Nem tudo foi mal feito, mas foi muita coisa mal feita.

Não gosto do estilo de comunicação do nosso director João Gabriel. Já aqui o escrevi e sei que alguns dos que me lêem criticaram a minha postura, mas é a que me vem de dentro. Não entendo a mediatização da figura do director de comunicação e detesto o seu estilo. Neste papel exige-se discrição e boa gestão do timing. Deixar que os actores principais sejam jogadores e técnicos, trabalhando na sombra para alcançar objectivos claros, mas que só ele deve saber. Ser capa de semanários e sentir que ele próprio é uma estrela mediatizada neste nosso Benfica, parece-me desadequado à função, seja ele João Gabriel ou João Malheiro. Há outras maneiras mais modernas de gerir este departamento. Aliás, nada me convence que tem de ser ex-jornalista para executar bem esta função. Alguém da área do marketing e do media management pode fazê-lo de maneira mais moderna, eficaz e discreta.

Além do estilo de comunicação, há o estilo e a mediatização do director jurídico. É ele que dá a cara na Liga, é ele que fala no final de cada assembleia e parece-me que o Benfica deve zelar pelos seus interesses na Liga, mas lá dentro e não através dos media. Mais uma vez alguém que entenda o media management em 2009 poderia ajudar o nosso director jurídico Paulo Gonçalves a desempenhar melhor esse trabalho. Dizem por aí que não ganhou nenhum caso para o Benfica. Não sei se ganhou ou não ganhou, mas essa não é razão do meu descontentamento com esta dupla que mais directamente assessoria Rui Costa.

Sem Luís Filipe Vieira nos jogos - por conselho médico - o Benfica fica frágil durante o "fim de semana" e forte durante a semana de "segunda a sexta" onde todo o potencial empresarial do Benfica funciona. Esta metáfora da "segunda à sexta" vs "fim de semana" é obviamente para delimitar o que tem sido a gestão magnifica de todo o universo empresarial do Benfica ao nível de associados, projecto do cartão e seus descontos, merchandising, dinamização das casas do Benfica, marketing e novas variáveis da marca Benfica - viagens, seguros, telecom - e da má gestão futebolística da mesma direcção.

Nesta fase, prefiro que de "segunda a sexta" se trabalhe bem e se trabalhe mal ao "fim de semana" porque apesar de ser ao "fim de semana" que existe o core business da marca Benfica é mais fácil adaptar e mudar uma área que todas as outras. Outra razão que assenta este meu raciocínio é que as contas do Benfica estão orientadas - apesar do passivo crescente - e controladas. Caso contrário, se existisse um descontrolo total nas contas e se o futebol funcionasse e ganhasse, seria apenas fogo de vista e um rastilho que rebentaria rapidamente com a crise financeira a meter-se mais cedo ou mais tarde na gestão do futebol.

Então o que é que o Benfica tem de mudar para voltar a ganhar?

Essa resposta não é clara, mas há razões que podem ajudar a entender o que na minha opinião corre mal. Uma dessas razões é que o nosso Rui Costa está sozinho ao "fim de semana".

Sem Luís Filipe Vieira ao "fim de semana", sem Diamantino, Chalana ou qualquer outro membro forte na estrutura com ligação à mística Benfiquista, com Rui Águas muito distante e com outras obrigações, sobra Paulo Gonçalves e João Gabriel - aliás bem visível nas imagens televisivas que vimos do estádio do Nacional.

Isto é muito pouco para quem tem que gerir muitas pontas ao mesmo tempo. O problema é este. Rui Costa parece-me ser uma boa pessoa. Muito boa pessoa. Não consegue ser "aquele sacana" que muitas vezes na vida temos que ser para atingirmos determinados objectivos. Um exemplo...

No final do jogo na Trofa, em Matosinhos para Taça de Portugal, na Amadora ou contra Guimarães em casa seria importante que Rui Costa fosse ao balneário ser DURO com todos, mostrando quem manda, quem lidera e mostrando a atitude que se deve ter ao vestir a camisola do Benfica. Usando uma linguagem dura, com as "asneiras" e as ofensas pessoais a subir de tom deveria responsabilizar o plantel e equipa técnica e mostrar que "quem não se sente não é filho de boa gente". E mostrar que não admite faltas de atitude em nenhum campo onde o Benfica jogue.

Não tratar ninguém de forma diferente. Mesmo os que lhe são próximos e que o grupo sente como próximos dele deveriam ser os primeiros a ser criticados. Criticar sem critério o que significa poder apontar o dedo ao melhor jogador e o que mais correu para que todos entendam que a sua "cegueira" é por amor ao clube e que nenhum desses jogadores se pode sobrepor ao emblema encarnado.

No final poderia sair do balneário com todos os jogadores a chamarem-lhe nomes e a rogarem-lhe pragas. Para fora o discurso teria que ser de solidariedade, de força, de acreditar, de mandar recados de união para adversários mais próximos, de cerrar fileiras para entender que dos pontos fracos e dos pontos perdidos vamos ter mais força para os recuperar noutros terrenos.

Mesmo que Rui Costa "amuasse" com os seus meninos um ou dois dias eles sentiriam que não fez nada disto por mal, nem por lhes querer mal, mas por amor ao clube e a uma gestão bem feita. Quando os jogadores sentissem esse discurso de protecção para fora, poderiam comentar:

"Este cabrão gritou e berrou até mais não, mas depois defendeu-nos na rua".

E é isto que nós precisamos - duma voz de comando que não pode ser João Gabriel - por favor - ou Paulo Gonçalves - por favor - ou Quique muito solitário - por favor - ou Luís Filipe Vieira a meter os pés pelas mãos quando na conferência que devia ser de apoio inequívoco a Quique o que melhor lhe saiu foi "os contratos são para cumprir". A fazer fé no episódio Fernando Santos, essa frase ficou-lhe muito bem...

Isto consegue-se, delimitando quem faz o quê na estrutura, e talvez contratando alguém que seja uma voz maior no seio do grupo. Rui Costa é o director desportivo mas pode haver alguém que pode acompanhar a equipa, tendo em conta que Luís Filipe Vieira está proibido de assistir aos jogos.

E o Shéu? Eu adoro o Shéu. Aliás um texto de Ricardo Araújo Pereira sobre o Shéu há uns meses descrevia o que é Shéu para uma geração. "Eu queria ser o Shéu". Claro que sim. Mas será que essa pessoa que falo atrás é o Shéu? Não me parece. Shéu é um gentleman e nalguns momentos no futebol não se pode ser só gentleman e Shéu é só gentleman. E que continue a ser... Rui Costa pode endurecer o discurso para dentro ganhando mais respeito mas é um ex-colega de grande parte deles e não tem essa distância. Eu não dou nomes reais, mas posso definir nomes que definem perfis... Será que precisamos de um Toni, de um José Veiga, de um Humberto Coelho, de um Manuel José, de um Álvaro Magalhães ou de um Diamantino que não seja fragilizadíssimo desde a primeira semana de treinos? Se calhar de alguns desses perfis não necessitamos, mas sei que precisamos de competência no Benfica. A figura intermédia entre Presidente Luis Filipe Vieira e o director desportivo Rui Costa é importante. Humberto Coelho poderia ser um bom nome ou com um bom perfil, mas mesmo assim preferia alguém mais "bruto" ou menos politicamente correcto... Uma espécie de Jorge Jesus ou Scolari, mas da casa e com mística reconhecida. Alguém que Reyes e Aimar não "gozassem" se ele tivesse que puxar dos galões. E essas pessoas não são os que neste momento temos na estrutura de futebol e esse é o nosso problema.

No ano de José Veiga, além dele tínhamos Trapattoni e Álvaro Magalhães. Todos pesos pesados e uma equipa que não tinha o mínimo de talento. Ganhámos porque a estrutura era forte. Eu sei que a história não se repete e sinceramente penso que o tempo destes três já passou e não desejo que qualquer um deles volte ao Benfica. Isto serve apenas como exemplo do que para mim é a disciplina e forte estrutura que neste momento não temos.

Quando se fala em mística é disto que falo. Quando este sábado o Sporting empata com Académica era imprescindível que o Presidente, o director desportivo ou esta figura intermédia fosse ao balneário e dissesse umas palavras que metam a equipa em sentido.

Alguém que bata à porta educadamente, peça permissão para entrar e faça um discurso de 2 minutos onde foque com educação que "este jogo só pode ter um resultado, independentemente do que jogamos ou não jogamos". Lembrar que cada um daqueles jogadores vai "querer lutar por um lugar na champions onde eles merecem estar" e dar uma mensagem subtil de "responsabilidade e atitude." Não me canso de falar em "atitude" porque foi isto que nos faltou o ano todo - independentemente de nós "treinadores de bancada" pensarmos isto ou aquilo da parte táctica.

A falta de atitude nos tais campos pequenos e mais recentemente em casa - por exemplo com Guimarães - para mim só é possível porque não há liderança no nosso futebol. Posso estar enganado e tudo o que aqui opino estar obviamente errado. Claro que sim,mas este espaço é meu e eu opino o que bem me apetece.

Gosto de Rui Costa e sei que ele parece-me pouco confiante e muito sozinho. Ele pensou que com este João Gabriel ou Paulo Gonçalves estaria bem acompanhado e na minha opinião não está. Ele é o patrão, não esses nomes. Ele é o patrão do futebol e tem de ter tudo muito claro para que nos próximos meses tudo isto tenha que ser melhorado. Não pode confundir amizades com profissionalismo e deve saber ler nas "entrelinhas" de tudo o que se passou esta época.

Nessa altura, posso acreditar que o Benfica será bem gerido "de segunda a domingo" porque esta dicotomia de "fazer bem" vs "fazer mal" dependendo das áreas de actuação da gestão do Benfica é das coisas mais desconcertantes que me lembro de ver em qualquer tipo de organização.

Falhar o main core business e conseguir gerir bem tudo o resto, é das coisas mais estranhas da gestão do nosso clube. "Só" temos que acertar no futebol e apelar ao profissionalismo, liderança e capacidade mobilizadora.

Quando isso acontecer seremos mesmo imparáveis. De verdade.

Força Benfica