Para todos os invejosos deste país à beira mar plantado, José Mourinho resolveu dirigir-lhes ontem umas palavras, dando lhe os "15 segundos de fama" que lhes faltava, adaptando a frase de Andy Warhol.
José Mourinho é o melhor treinador do mundo, mas só ontem foi reconhecido como tal, pela FIFA.
Eu sou o "fâ número 1" do "special one" na medida possível que alguém pode ser fâ dum treinador. Vi jogos do Chelsea torcendo como se fosse o Benfica ou Portugal, torci pelo Inter várias vezes destacando o jogo da meia final em Camp Nou como se fosse o nosso glorioso a eliminar o Barcelona e ainda esta semana estive no Santiago Bernabéu a ver o magnifico Real Madrid - Villareal.
Neste domingo, "olhos nos olhos" vi o melhor treinador do mundo celebrar "mesmo à minha frente" e com os outros milhares de adeptos que rejubilavam com um quarto golo num jogo fantástico e onde Mourinho demonstrou que é o melhor dos melhores.
Não vou falar dos seus jogos históricos, dos seus mind games ou de uma ou outra ajuda "divina" que de quando em quando aparece miraculosamente para o colocar onde ele merece, mas falo do que se passou no domingo no Santiago Bernabéu.
À minha frente e à frente de muitos milhões de espectadores do mundo inteiro, vi um Villareal a controlar completamente o Real Madrid na primeira parte com um dominio do meio campo como nunca tinha visto ninguém fazer no Bernabéu, pelo menos este ano.
Mourinho, impávido e sereno a tudo assistiu sem nada modificar e sem grande gestos, nos primeiros 45 minutos.
Quando sai Lass e entra Khedira ao intervalo, pensámos que era uma substituição de troca por troca, mas depois entendemos que meteu Albiol na direita, Sergio Ramos no meio e pensámos que era apenas isso - uma troca de defesas... Quando entendemos que a espaços a equipa jogava com três centrais - Ricardo Carvalho, Sergio Ramos e Albiol - subindo Marcelo para o meio campo, povoando essa zona de acção determinante de Villareal, com cinco ou seis jogadores, rebentando (sim a palavra é mesmo esta) com todo o futebol do Villareal apenas com uma mudança táctica, entendemos porque Mourinho é mesmo melhor que todos os outros.
Eu vejo futebol em todo o lado e muito desse futebol vejo-o nos estádios e outros na televisão, mas sei que com Mourinho tudo é possivel e é isso que eu mais admiro nele.
Sei que hoje é o maior simbolo do "novo Portugal" que eu venho apregoando à muito tempo e sei que hoje é uma das pessoas que mais admiro no mundo do futebol e não só. Penso que a maneira como se relaciona com o mundo exterior - imprensa, adeptos e adversários - é duma inteligência só ao nivel dos predestinados e saber que ele é português enche-me de orgulho.
Portugal é um país triste por natureza, pouco competente, com um ego muito fragilizado e invejoso. Eu ao contrário rejubilo com todos os feitos conseguidos por portugueses no mundo. Sejam eles económicos, através da exportação duma boa marca ou produto nacional, ou através de pessoas que se distinguem fora de portas nas suas mais variadas áreas.
Mourinho e Cristiano Ronaldo são os melhores do mundo no futebol e só quem nunca viu jogos do Messi ao vivo pode ousar dizer que um jogador que desaparece dum jogo várias vezes nos 90 minutos, sabendo que com Xavi, Iniesta, Puyol, Pique, Dani Alves, Villa estará sempre bem acompanhado, é o melhor do mundo.
Eu já vi vários jogos do Messi ao vivo e sei o que digo. Porque Cristiano Ronaldo é melhor que Leo Messi? Porque Ronaldo nâo desaparece de nenhum jogo do Real Madrid ou de Portugal porque quando desaparece a equipa desaparece, porque defende nos cantos como um defesa central, marca golos de cabeça, joga á esquerda, direita, ponta de lança e resolve jogos sozinho, sem necessidade duma máquina bem oleada de nome Barcelona.
Vi, no estádio de Cape Town o jogo de Alemanha - Argentina e se me dissessem que Messi ia ganhar o prémio de melhor jogador do mundo FIFA, depois daquela miséria de jogo e de Mundial, depois de perder para Inter a liga de campeões, depois de perder a Copa do Rey, eu apostaria um milhão de euros - que obviamente não tenho - em como isso não aconteceria e hoje todos sabemos que desgraçaria a minha vida depois do que aconteceu ontem em Zurique.
A vitória de Messi é um escândalo absoluto, mas maior escândalo é considerar o senhor Messi o cúmulo da humildade - em oposição à "pseudo arrogância" de Ronaldo - e depois assistir ontem "ao melhor jogador do mundo" a levantar-se da sua cadeira sem cumprimentar Xavi ou Iniesta e fazer um discurso a agradecer aos "barcelonistas e argentinos" sem mencionar uma única vez o nome de Xavi ou Iniesta, seus colegas de Barcelona que com ele concorriam ao melhor jogador do mundo.
E aqui volto a Mourinho que não é nem humilde nem arrogante. O pior na vida é a falsa modéstia e Mourinho conhece melhor que ninguem as suas limitações e suas capacidades, demonstrando a cada dia que é uma pessoa especial.
Detesto pessoas que vêm dizer que Mourinho não está a representar bem o "Madridismo," porque na verdade, Mourinho é o único a defender o "Madridismo" contra um sistema encantado com as performances de Barcelona. Só falta cobrar bilhete aos jogadores das equipas adversárias de Barcelona, para assistirem de perto aos lances magníficos de Xavi e companhia, porque nenhuma dessas equipas é suficientemente guerreira para ousar sequer lutar pelos pontos contra Barcelona.
O presidente do Bétis de Sevilha, pediu encarecidamente que alterassem a ordem dos jogos da Taça do Rei que deveria ter a primeira mão em Barcelona e a segunda mão em Sevilha porque o senhor presidente tinha "medo" de ser goleado em Barcelona e assim estragava-lhe a receita no jogo em casa da segunda mão. Mas o que é isto? Mas isto passa-se em Espanha, em 2010?
E o que faz o "Madridismo" politicamente correcto de Valdano e de outros ilustres? Aplaudem o Barcelona e deslumbram-se com o espectáculo dos seus jogos deixando Mourinho "apenas" com os seus jogadores e com os adeptos fervorosos para quem ele correu no quarto golo de Kaka. E o que vem nos jornais e na opinião pública ontem?
Falam da mudança táctica de Mourinho na segunda parte e na maneira brihante como "sozinho" e com a sua inteligência táctica rebentou com o Villareal? Não, não falam... Falam que Mourinho correu para o banco do Villareal, quando na verdade ele correu para "olhos nos olhos com os seus" comemorar uma vitória 100% dele e do seu conterrâneo Cristiano Ronaldo. Inacreditável... Eu vi os seus olhos e para onde os seus olhos "miravam" (para usar um "castelhanismo") e sei que em nenhum momento quis provocar o banco do Villareal.
Isto é Mourinho e isto são os seus criticos e os invejosos que detestam ver paixão onde apenas deveria haver razão. Mourinho é um apaixonado e ser apaixonado é ter a chama "imensa" dessa paixão sempre acesa e isso é o que mais admiro em Mourinho.
Sei que ele é uma pessoa única e admirável. Ontem foi cumprimentar cada um dos seus jogadores que estavam ao seu lado em Zurique, até dar o abraço final aquele que foi o grande responsável pelos seus títulos no Inter - Sneijder. Eu vi Sneijder na meia final tambem em Cape Town contra o Uruguai do "nosso" Maxi Pereira que fui apoiar in loco e nesse dia tambem apostaria "o mesmo milhão" que depois dos títulos com Inter e com a final do mundial que tinha conquistado nesse dia, Sneidjer era obviamente o candidato ao título de jogador do ano, com algum outro espanhol...
Depois do que vi ontem em Zurique e com o prémio entregue a Messi e sem Sneijder sequer na lista de finalistas, afirmo que não entendo nada de futebol...
Mas entendo o nosso país e fico triste com a quantidade incrivel de comentários negativos que se lêm nas publicações online nacionais acerca de Mourinho. Não sei se os benfiquistas ainda pensam nos anos de Mourinho no FCPorto e o odeiam por isso, ou se os portistas o odeiam porque ele realisticamente odeia o FCPorto e não menciona o FCPorto ou carinho pelo FCPorto em nenhuma entrevista ou se os sportinguistas não gostam dele porque um dia lhes ganhou 3-0 contra o seu rival de sempre.
Eu adoro o Mourinho e discuto com muitas pessoas em todos os cantos do mundo defendendo-o sempre. E atenção que a palavra "sempre" é aqui bem utilizada e por isso dizia que sou o "fâ numero 1" de Mourinho. Quando era novo, admirava Mozer, alguns outros jogadores do Benfica, muitas estrelas alternativas da música ou do cinema internacional, mas agora com a maturidade que a idade e a experiência me dão neste momento da minha vida, não escolho Bowie, Lynch, Madonna, Scorcese, Tarantino, Almodovar, Scarlett Johansson (mesmo recentemente separada) ou qualquer outra personalidade, mais ou menos intelectual para jantar...
Na clássica pergunta de "com que personalidade "dead or alive" desejaria jantar?" a resposta é óbvia. José Mourinho. Em bom português e sem espinhas, escolheria Mourinho...
José Mourinho é a pessoa que mais admiro neste momento e sei que os meus amigos intelectuais que não lêm este blog nem sabem que escrevo sobre o Benfica, não aprovariam de todo esta minha escolha, especialmente podendo eleger alguém internacionalmente mais destacável e duma área mais nobre, mas eu acho mesmo que Mourinho é a grande personalidade viva do nosso tempo e além disso, é português.
Por falar em Portugal, eu não entendia se existisse um único português que não admirasse e não aplaudisse de pé todos os feitos de Mourinho, mas ainda entendo menos quando constato que afinal são muitos os portugueses que têm inveja do grande Mourinho.
Não entendo.
Um dia jantaremos José, mas por agora desejo-te sorte e espero comemorar com os meus amigos madrilistas o título na Cibeles, "quase" tanto como desejo celebrar neste Maio próximo o título no Marquês. Felicidades meu caro e Parabéns.
Força Benfica