terça-feira, 16 de setembro de 2008

A Mística de Quique Flores

Quique Flores deu uma entrevista magnífica ao jornal A Bola no passado sábado dia 13 de Setembro. E porque razão é que a entrevista de Quique é assim “tão Histórica”? Pela simples razão que a sua opinião sob os vários aspectos do Benfica, do jogo, da disciplina, da defesa do grupo (técnicos e jogadores), das exigências dos adeptos ou da gestão de expectativas é absolutamente notável.


Há claramente um “outro nível” de discurso, deste treinador para todos os outros treinadores que treinaram o Benfica nos últimos anos. Eu sei que o discurso dos treinadores é bom ou mau consoante os resultados, mas neste momento estou certo que independentemente dos resultados estamos perante um treinador de topo.

Num determinado momento das negociações de Rui Costa na contratação do novo treinador, pensei que Michael Laudrup seria o nome certo para treinador principal do Benfica, mas hoje sei que Quique Flores é obviamente e sem nenhuma dúvida a pessoa certa para o lugar certo. Digo mais, no nível que o Benfica está ou tem estado nos últimos anos ter Quique Flores e os nomes que constituem a sua equipa técnica a dirigir o nosso plantel, é quase um “luxo” que devíamos prezar diariamente, saber valorizar e desejar que não se "baixe o nível” neste item tão importante, como é a equipa técnica do Benfica.

Eu sou a favor da inteligência, da sensibilidade e da capacidade em integrar várias áreas de gestão (física e psicológica) na maneira de preparar uma equipa e Quique Flores sabe exactamente tudo o que tem a ver com estas duas áreas que aliadas às partes futebolísticas e tácticas são determinantes para o sucesso duma equipa de futebol moderna. E é exactamente disto que trata este treinador; da escola moderna em oposição à “Old School” que por exemplo Fernando Santos, Camacho ou Chalana representam – gostando mais ou menos de cada um destes treinadores que serviram da melhor maneira possível o nosso Glorioso, parece-me consensual esta análise.

Esta modernidade é algo difícil de entender por muitos de nós, mais habituados a uma velha cartilha técnica e disciplinar pouco adequada aos novos tempos.

A verdade é que a nossa Mística vem da velha guarda e na minha opinião não deverá ter qualquer tipo de modernidades ou upgrades, pois neste caso (da Mística) as modernidades não acrescentam nada de novo. Neste particular, Quique Flores mostrou na entrevista de “A Bola” (e em muitas outras entrevistas que já deu) que sente e entende a Mística Benfiquista e a grandeza do Benfica como poucos treinadores o sentiram – mesmo incluindo treinadores Portugueses recentes.

E isto também vem a propósito do castigo aplicado a Cardozo pelo mesmo Quique Flores. Sei que estão a correr várias teorias – umas a favor outras contra, umas a ver teorias de conspiração para Quique ganhar o balneário, outras a ver teorias de conspiração para Quique ganhar a opinião pública – pelos media e pelos blogs, mas todas elas são pouco credíveis porque nenhum de nós sabe exactamente o que se passou. Quando um caso destes não é totalmente conhecido na sua plenitude, toda e qualquer opinião é frágil e pouco credível devido a esse desconhecimento das razões que levaram Quique a castigar Cardozo. Normalmente estes casos resolvem-se com resultados. Se o Benfica ganhar os próximos jogos da Uefa e Liga (com ou sem Cardozo) Quique Flores tem a razão do seu lado e se o Benfica perder, Quique Flores terá mais um problema no seu saquinho de críticas dos adeptos e media.

Eu acredito em Quique Flores e não tenho nenhum problema em afirmar que gostava de ver esta equipa técnica a liderar o Benfica nas próximas três temporadas (mesmo que tenha apenas assinado por dois anos) o que obviamente valida positivamente qualquer sanção disciplinar que o nosso treinador ache conveniente, pela razão óbvia que na nossa Mística a hierarquia ainda prevê treinador acima de qualquer jogador – mesmo para os que têm cláusula de rescisão de 50 milhões de euros.

Força Benfica

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