segunda-feira, 16 de abril de 2018

Perdemos o "jogo do título", mas ainda não há campeão !

A semana passada na análise ao jogo em Setúbal disse :

"O Benfica voltou a fazer uma boa primeira parte e na minha opinião, jogámos mais em 45 minutos no Bonfim do que em 90 minutos contra o Guimarães. 

O Benfica estava vivo, as triangulações estavam a ser bem feitas - especialmente na esquerda - havia velocidade e mesmo não havendo Jonas, Raul já tinha marcado um golo

Pois bem, então o que se passou com o apagão da segunda parte?

Não sei, nem quero saber porque presumo que Rui Vitória e os jogadores terão inteligência para avaliar o que se passou - ou não passou - nesses últimos 45 minutos, que foram muito maus

Há uma frase muito famosa no futebol, que Trapattoni popularizou entre nós que resume um pouco o que senti num dado momento a ver a segunda parte do jogo contra o Setúbal :

- "Se não podes vencer, não percas o jogo." 

Foi isso que pensei... Por momentos pensei que o empate não seria mau!"

O que se passou ontem foi mais ou menos o mesmo

Com uma primeira parte equilibrada, a segunda parte foi má, tal como a segunda parte em Setúbal e a segunda parte contra o Guimarães

Ou seja, o que se passou no Benfica para deixar de jogar nos últimos 45 minutos na recta final do campeonato?

Não sei e neste momento pouco importa, mas deduzo que jogar sem Jonas, o melhor jogador da equipa, melhor marcador com 33 golos pode ter alguma importância. 

Quando soube que Jonas não jogava fiquei desesperado, mas pelos vistos fui o único. Havia no ar uma auto-confiança cega, uma euforia desmedida que ninguém conseguia ser clarividente ao ponto de pensar que sem Jonas a equipa iria jogar metade do que poderia fazer com Jonas em campo. 

Não só pelo que joga, pelo que marca, pelo que faz jogar, pelo que desenvolve no 4x3x3 que é feito para si - ou pelo que menos potencializou mais o seu futebol - e pela opção de deixar Raul fresco para uma possível entrada na segunda parte. 

O Benfica começou a perder o título com esta lesão e não aceito que digam que o "Benfica tem de ganhar com ou sem Jonas" porque Messi, Cristiano ou Salah quando não jogam, as suas equipas ressentem-se, especialmente quando são jogos de título. 

Jonas é mais importante neste Benfica hoje que qualquer um dos que referi antes e quem não assumir isto, culpando apenas Rui Vitória é porque não percebe nada de futebol!

Agora, independentemente deste facto, há que dar os Parabéns ao FC Porto porque deu um passo de gigante para ser um campeão justo porque ganhou a final do campeonato no campo do seu maior adversário, sem espinhas, com um grande golo e sem a menor dúvida da justiça do resultado. 

Não vale a pena falar dum possível penálti no fim, da expulsão perdoada a Sérgio Oliveira, das  substituições falhadas por parte de Rui Vitória, mas temos que começar a pensar na próxima época ainda este ano, sabendo que o segundo lugar dá acesso a uma pré eliminatória da champions na primeira semana de Agosto e o terceiro lugar dá-nos a Liga Europa sem pré eliminatória e com tempo para preparar a nova pré-época com mais calma.

Com o fatalismo do adepto benfiquista ao rubro depois deste péssimo resultado de ontem, já ouvi teorias que dizem que o "Benfica com sorte ficará em terceiro lugar" e que "podemos perder no Estoril e será certo que perdemos em Alvalade." 

Eu não estou certo que estes resultados aconteçam e obviamente que seria bom sermos campeões ganhando todos os jogos e esperando uma derrota do FC Porto mas é mais provável lutar pelo segundo lugar e tentar estar novamente na prova milionária da champions.

Sou mais realista e sei que as hipóteses de sermos segundos são maiores que as hipóteses de sermos primeiros e é isso que neste momento ambiciono, com os pés bem assentes no chão.

Em relação ao Benfica acho que faltou-nos ambição e senti alguma arrogância por parte de todos nós nesta ultima semana. Todos achamos que isto se resolveria como se resolveu no tri e no tetra e a verdade é que no futebol a história não se repete porque como dizia Rui Vitória a cada início de ano, "tem que se fazer um "reset" ao que está para trás" e senti que as pessoas achavam que o título se iria repetir "só porque sim..."

No futebol o "só porque sim" não existe e o que existe é ambição, qualidade, humildade e o Benfica ontem não teve nenhum destes três factores apesar de ter rematado 9 vezes contra 8 do FC Porto, apesar de ter 2 remates enquadrados contra 2 do FC Porto, apesar de ter 31 bolas na área adversária contra 25 do FC Porto, apesar de termos 70% de eficácia no passe contra 71% de FC Porto, apesar de termos 69 duelos ganhos contra 75 do FC Porto, apesar de termos 7 cantos contra 3 do FC Porto e termos 53% de posse de bola contra 47% do FC Porto. 

Ou seja, os números mostram o equilíbrio que daria o 0-0 mas o futebol é também acreditar em algo mais e o FC Porto mesmo que não mostre números superiores - bem pelo contrário - ganha o jogo de forma justa. 

Sérgio Conceição disse antes "que não assinava o 0-0" e foi isso que fez, mostrando-o nas substituições que colocou no jogo. 

Rui Vitória percebeu que "se não podes vencer, não percas o jogo" e fez tudo para sair com um empate deste jogo, mas o futebol é isto e aquele remate vitorioso depois duma série de ressaltos não aliviados marcou a diferença no jogo e quem sabe na época.

Eu sempre defendi que quem saísse em primeiro lugar deste jogo seria campeão e não mudo a minha opinião. 

O FC Porto tem porta aberta para ser campeão e se o confirmar, será um justo campeão pela época que fez e pela vitória no jogo do título.

Para o fim dizer duas coisas: 

1. Não crucifico Rui Vitória por ter falhado num jogo em que quase conseguiu o seu objectivo que era empatar. Por mim é o treinador certo para a próxima época desde que Luis Filipe Vieira não brinque mais com vendas sem contratações e considere que o Benfica tem de limpar a vergonha na Europa e a vergonha em Portugal dando a Rui Vitória as condições em termos de plantel que o Benfica merece e que ele lhe prometeu quando aqui chegou. 

2. Numa época em que perdemos Ederson, Lindelof, Mitroglou, Semedo em Agosto,  perdemos Champions em Dezembro, perdemos Taça de Portugal em Dezembro, perdemos Taça da Liga em Dezembro, perdemos Krovinovic em Janeiro, perdemos Salvio em Fevereiro (agora apenas a recuperar de lesão e sendo hoje uma sombra do que era em Janeiro), perdemos Jonas em Abril e perdemos "metade do antigo Pizzi" toda a época, estar a dois pontos do FC Porto e três pontos na frente de Sporting até parece algo positivo

Não se pode ganhar sempre e este ano correu tudo mal na Europa, nas Taças em Portugal, nas vendas e contratações, na comunicação, na guerra dos emails, nas lesões cirúrgicas que afectaram a equipa e até ver, no campeonato também estamos com problemas sérios. 

Que tudo nos sirva de lição e que a sobranceria de acharmos que somos melhores, traga a humildade na preparação de dois novos ciclos. 

O primeiro ciclo de quatro jogos tem de ser ganho e depois fazemos as as contas no fim!

O segundo ciclo pode ser com Rui Vitória, mas com muito melhores resultados nacionais e internacionais, com melhor plantel, com mais soluções, com mais  humildade na estrutura e com mais títulos porque depois da conquista do Tetra, da Taça de Portugal e Super Taça será muito duro ficar em branco esta época e a única opção é voltar a ganhar já na próxima. 

Até lá e como sempre, unidos pelo sonho do Penta ou pelo mal menor que será ficar em segundo lugar!

Força Benfica


1 comentário:

Nau disse...

Era para ganhar. Na nossa casa, num ambiente extraordinário e com o apoio de 60 mil, não tivemos competência para mandar no jogo (todo) e para ganhá-lo. Na 1ª parte, sempre que atacámos bem, tornou-se óbvio que a vitória estava perfeitamente ao nosso alcance. Quando começámos a recuar (foram os jogadores ou foi indicação que saiu do banco?) e não atacávamos, com o jogo a decorrer tempo demais no nosso meio campo, augurei coisa ruim. E aconteceu, naquele pontapé feliz do adversário. Não se ganham jogos sem rematar à baliza (a falta que nos fez Jonas e que nos faz Mitroglou...), e neste jogo tínhamos de rematar mais do que rematámos, tínhamos de arriscar mais do que arriscámos, porque era um jogo decisivo. Não era, Rui Vitória?
Tivemos o pássaro na mão e deixámo-lo fugir.
O Dias foi o Dias que tem sido, desde que o visitaram na Maia. E o Martins também não viu o penálti cometido sobre o Ziv. Dois artistas escolhidos a dedo pelo lagarto que manda na arbitragem. Se eu fosse o RV teria avisado os nossos jogadores que iam lutar contra catorze e que, por tal, teriam de jogar muito, muito mais do que os outros e ser muito mais competentes do que eles. Dependíamos da nossa competência, agora estamos dependentes da incompetência dos outros. Mau negócio.
Mas é preciso termos calma e continuar a apoiar a equipa. Ainda não acabou.
Ao Rui Vitória e à equipa, como a todos os treinadores de todas as equipas do Glorioso, recomendaria verem e ouvirem a entrevista dada pela grande Vanessa Fernandes à BTV, há cerca de um mês. Vejam e ouçam com muita atenção. Várias vezes, se for necessário. Cá por coisas.