Ai Portugal, Portugal...

Conheço o Joao Gobern desde 1997, aprendi a gostar de música com o Joao Gobern e a interessar-me pelo fenónemo da cultura popular com ele.

Li-o no SETE, li-o nas páginas da " A Capital" que o meu pai comprava há muitos anos, li-o nas páginas do jornal "O Independente" - juntamente com muitos outros escribas importantes deste nosso Portugal - li-o na revista "Visão", li-o na revista "Focus", li-o na "Sábado" ou no "Correio da Manhã" aqui ou ali. Li-o na extinta "DNA" do jornal "Diário de Noticias..."

Não o ouvi no Correio da Manhã Radio, mas ouvi a sua voz na Rádio Comercial, na TSF, na RFM e na Antena 1.  

O João não tem nada a ver com as gentes do futebol, com as gentes mesquinhas das televisões nem com a corja que se passeia nalguns jornais. 

O João é da cultura e é na cultura que ele deveria estar. No entanto, o João é tão bom, tão bom que decidiu, e muito bem, escrever sobre gastronomia e falar sobre futebol fazendo-o melhor que todos os outros tanto numa como noutra área, alem da sua regular presença na secção de cultura dos vários meios onde trabalhou.

O João é um apaixonado por música, por cinema, por literatura, por comida e por futebol. Sabe como poucos em Portugal de fenómenos de cultura popular e teve a humildade de poder servir o futebol, subindo o nivel dos comentários com um pouco de cultura, de bem falar, de bem opinar. 

O João tem bom gosto. Tem um gosto requintado, tem um gosto apurado e continua a apaixonar-se por discos novos, como quando era adolescente, continua a ter urgência em divulgar coisas novas e continua a ser muito melhor que os novos míudos arrogantes que nada sabem de musica, nunca saíram de Lisboa, sabem lá o que se passa em Brooklin ou em Manhattan - nunca lá meteram os pés - sabem lá o que se passa na musica e nos movimentos de cultura em Madrid, Paris, Berlim ou Praga.

Sabem lá o que se passa no Rio de Janeiro, São Paulo ou Buenos Aires? 

Não sabem nada, não viajam, não vêm concertos, vêm filmes atrasados nas salas e no computador baixados ilegalmente e pensam que com um click da net e com o google podem copiar opiniões que leiem nos sites americanos e influenciar alguem. Poupem-nos... 

 A cultura popular portuguesa tem poucos Joao Gobern´s. 

Temos um Álvaro Costa que tambem ele tem um pé em toda a cultura popular e no futebol. É um grande portista assumido e outro grande amigo.  Ambos apaixonados pelo que fazem. 

Temos um Nuno Galopim que com João Lopes ainda mostram que o que escrevem e o que dizem no seu blog ou na rádio, imprensa ou na TV é de nivel superior. 

O João Lopes ás vezes tambem opina sobre futebol porque tambem ele sabe o que é cultura popular e depois temos um antro de pessoas mesquinhas, interesseiras, provincianas que são no fundo o nosso Portugal. 

Ando farto de Portugal. Nao consigo estar aí  muito tempo e não fosse parte do meu trabalho ter que ser feito aí, ter familia que adoro aí e ter o meu Estadio da Luz e o amor pelo Benfica aí, pensaria certamente em não voltar a meter os pés nese país. 

Algumas atitudes deste país fazem me pensar nisso de forma séria, deprimem-me e fazem-me escrever coisas estupidas como estas que acabo de escrever.

Quem é o mentecapto, para não ser malcriado e dizer " o grande merdas", que ousa despedir o grande Joao Gobern, por um acto de paixão, de espontaneadade, de humildade, de poesia (digo eu) em directo na TV?

Quem é esse atrasado que ousa sequer pensar nisso depois do Joao ter provado que é o melhor - se nao o melhor comentador isento deste Portugal?

Sim isento... Isento porque é de fora. Isento porque não faz parte da corja da RTPN - que bem podia ser chamada de RTPFCPORTO - isento porque dá a sua opinião sem lobies da Sport TV ou de grandes grupos. 

Isento porque como benfiquista não se esconde á critica e não esconde as suas opiniões menos positivas sobre o futebol da equipa, sobre o seu treinador ou sobre a sua direcção.

Isento porque é Isento. Ser benfiquista não é uma marca de culpa, mas sim de satisfação. Ser benfiquista é ser genuino e o João foi genuino no passado sábado. 

Isento porque ao contrario da corja de "merdas" que anda nos media portugueses, não precisa de ter almoços pagos e outras regalias para estar afiliado a uma corrente, a um pensamento ou a um clube.

O João é livre! O João é uma pessoa livre e live ficará.

Mas que país é este que não sabe rir de si mesmo? Mas que país é este que não saiu ainda da ditadura?

Eu estou a escrever de longe, do outro lado do Atlantico, a horas locais tardias e estou triste. Triste porque estas coisas nao podem acontecer como nao podem acontecer coisas como aconteceram com o Ze Diogo Quintela e o Ricardo Araújo Pereira.

São estas pessoas que dão prestigio ao futebol como dá Miguel Sousa Tavares sendo do FCPorto e podendo discordar ou concordar dele.

São pessoas da cultura, bem informados, inteligentes que dão valor a esta paixão que todos temos.

Hoje é um dia triste, mas eu aplaudo de pé o que o Joao Gobern fez. Aplaudo como aplaudiria o Álvaro Costa a fazer o mesmo num golo do James Rodriguez ou qualquer outro comentador/teoricamente isento a mostar que são apaixonados por futebol.

O João nao morreu e andará por aí e isso é o que é importante ressalvar. Quero que a direcção da RTP se envergonhe do que fez e quero que o João volte rápido a comentar, a analisar e provar que será hoje e sempre muito mais importante do que quem o despdiu, seja lá essa pessoa quem for. 

Assim vai o nosso Portugal em dia de jogar em Londres sem nenhum defesa central. Sinceramente, nós estamos a pedir um milagre há uma semana, mas nós precisamos dum "festival de milagres" para poder sair de Stanford Bridge com uma vitória, mesmo estando com Emerson e Javi a centrais e Matic no meio...

Eu como acredito em milagres, mesmo que sejam muito dificeis, quando utilizados a pensar no Glorioso estou de alma e coração com a equipa. 

Era importante que a equipa estivesse com os adeptos que como o Joao Gobern sentem, vivem e mostram !

Força João 

Força Benfica