Eu tinha pedido o 1-0 e o Jonas no ultimo suspiro deu-nos o
importantíssimo golo que nos dá a vantagem que vamos defender a São Petersburgo
no próximo dia 9 de Março.
Esse jogo na Rússia não é fácil, mas eu estive no estádio há
quatro anos e tirando o frio e o relvado sempre difícil, não me parece que o
ambiente seja tão intimidatório quanto alguns querem fazer transparecer.
Eu tinha analisado os resultados do Benfica na Europa,
especialmente na antiga taça dos clubes campeões europeus e agora na champions
league e tinha chegado á conclusão (errada) que todos os jogos que o Benfica
tinha ganho 1-0 em casa acabaria por passar a eliminatória.
E a verdade é que em formato de competições da UEFA -
champions e de taça dos clubes campeões europeus incluídas - o Benfica das onze vezes que ganhou 1-0, passou a
eliminatória em todas.
A única excepção foi na pré eliminatória da champions há
relativamente pouco tempo com Trapattoni onde ganhámos 1-0 ao Anderlecht e acabámos
derrotados por 3-0 em Bruxelas, e esta correcção até foi feita num comentário
ao meu anterior post, onde se repôs a verdade.
No entanto e se quisermos ser optimistas retirando da
equação a “pré eliminatória” que não é obviamente igual a provas a eliminar da
própria competição, a verdade é que há algo histórico que tem ajudado o Benfica
a passar estas eliminatórias quando ganha 1-0 em casa.
Há exactamente 10 anos, também estava no estrangeiro e ouvi
no radio por Internet o golo do Luisão em casa contra o Liverpool, indo depois
a Inglaterra ver o Benfica derrotar a equipa campeã europeia em título em pleno
Anfield Road.
Como o fizemos? Com um golo de Simão Sabrosa na primeira
parte que nos abriu automaticamente a porta dos quartos e depois Miccoli na
segunda parte, carimba o resultado em 2-0.
Eu não sou dos supersticiosos que acha que os “numeros” vencem
jogos, mas é a própria análise do resultado de 1-0 que acaba favorecendo a
equipa visitante no segundo jogo, pela simples razão que se a equipa da casa sofrer
um golo sabe que automaticamente tem que marcar três para passar essa mesma
eliminatória.
Desde muito cedo, ainda criança, que gostei destes 1-0 e
claro que a razão desta simpatia é que temos passado (quase) sempre.
Quer nos 90 minutos ou em 120 minutos a calma e
tranquilidade duma equipa que acredita na hipótese de fazer um golo fora – e o
Benfica tem feito golos fora com alguma facilidade ao longo dos anos – é
obviamente um factor chave de decisão da eliminatória.
Assim mesmo e sem embandeirar
em arco, acho que temos alguns problemas na Rússia.
O facto de não termos Jardel e não sabermos se vamos ter
Luisão ou Lisandro a 100% - algum deles jogará, mas em que estado, ninguém
sabe – num jogo onde a defesa terá de ser perfeita, assusta-me.
Alem disso o facto de André Almeida estar castigado tambem me
assusta, pela simples razão que eu serei dos poucos que acha que Nelson
Semedo é mais lateral que André Almeida – pelo menos o Nelson Semedo do
primeiro terço da época – mas sinto que André Almeida tinha mais estofo para
encarar o ambiente, o frio e a avalanche atacante que vai ocorrer de todos os
lados em São Petersburgo. André Almeida, como Eliseu são personas non gratas
para a grande maioria do “terceiro anel” mas eu acho que podem ser úteis em
jogos assim, onde a experiência será decisiva.
Alem disso nós não sabemos como Nelson Semedo vai chegar em
termos de forma nesse 9 de Março e em que jogos vai ele rodar para ganhar
ritmo. Obviamente que temos Sílvio como hipótese mas é claro para todos nós que
será Nelson Semedo a jogar na Rússia.
Depois temos a equação Salvio que parece ser uma epopeia…
Se Salvio estava apto e jogou na sexta feira poucos minutos,
se Salvio é o jogador eleito para falar na conferencia de imprensa de antevisão
ao jogo contra o Zenit, porque vai o
jogador para a bancada?
O que se pode ter passado?
Opção técnica? Parece-me estranho que Salvio tenha sido
aposta contra o FCPorto e que não seja sequer opção para o banco contra o Zenit
uns dias depois.
Recaída da lesão antiga? Dores? Já ouvi algo sobre isto num
blog vizinho, mas não me parece que tenha existido nada oficial do nosso clube
que vá nesse sentido.
Depois falta-nos falar do Joker que pode ser a peça chave para resolver o jogo na segunda mão
– Fejsa.
Fejsa é um jogador que passa muito mais tempo fora por lesão
do que sendo opção para Rui Vitória, mas foi com ele na equipa que finalmente a
palavra “equilibrio” começou a fazer
sentido.
No jogo da segunda mão é fundamental ter todos os jogadores
disponíveis porque eles não vão ter Javi Garcia no meio campo e apesar de
Witsel estar numa forma incrível, Fejsa é experiente e seguramente que, em
forma, dará uma consistência ao lado de Renato que não temos com Samaris – e
como me custa escrever isto porque gosto do grego, mas a verdade é esta…
Lindelof é um grande central mas é jovem e está numa posição muito delicada.
Os mesmos que agora aplaudem são os que vão crucificar quando ele falhar, porque obviamente pode falhar. Varane é o mehor defesa central jovem do mundo e tem falhado algumas vezes. É bom ter noção disto...
Ou seja, para concluir este tópico sobre o jogo da segunda
mão, acho que eles vão crescer fisicamente, em termos de ritmo, vão ter muito
mais posse que os ridiculos 31% no estádio da Luz, vão ter muito mais ataque,
mas tambem sabem que não podem sofrer nenhum golo.
Nós, apesar de termos dois castigos muito complicados,
tambem teremos uma palavra a dizer se recuperarmos fisicamente Lisandro ou
Luisao, Salvio e Fejsa.
Se a coisa nos correr bem e passarmos aos quartos de final
da Champions com Lindelof, Nelson Semedo, Renato Sanches e Gonçalo Guedes na
equipa, num ano de “transição”, acho que ninguem pode dizer tão mal assim desta
época.
Como vamos chegar psicologicamente á Russia ?
Teremos um derby em Alvalade a 5 de Março e depois jogamos
esta final com vista para os quartos de final da maior competição do mundo uns
dias depois, tal qual aconteceu neste ultimo fim de semana – FCPorto / Zenit.
Este jogo em Alvalde parece que está a pairar na cabeça de
cada benfiquista como uma maldição que teremos que viver.
Antes desse jogo, vamos esta semana a Paços de Ferreira e
depois recebemos o União da Madeira a quem não conseguimos ganhar na Choupana.
O jogo do Paços é crucial porque aparece depois da derrota
caseira contra o FC Porto, num campo tradicionalmente dificil, chato, mas não
haverá nenhuma outra hipótese de seguir sonhando com um título agora mais
dificil, se não ganharmos no sábado.
Os jogos depois de champions são tradicionalmente mais complicados, mas como disse antes, desta vez não há nada a fazer senão vestir o fato de macaco e ganhar. Sem mais!
Nao vale a pena falar muito desse jogo, porque como todos os
outros jogos são finais, mas esta é a mais importante, porque é a próxima.
O Sporting vai jogar na semana que vem em Guimarães depois
de jogar na quinta feira anterior na Alemanha e depois joga com o Benfica em
casa.
Ha 4 anos atrás, o Benfica jogou em São Petersburgo numa
quarta feira, no domingo seguinte em Guimarães e depois recebeu o Porto em
casa.
Tudo em Fevereiro…
E foram apenas necessários dois jogos para acabarmos com a
vantagem de 5 pontos que tinhamos e perder definitivamente o campeonato para o
FCPorto de Vitor Pereira.
Jorge Jesus lembra-se desta série negra – Guimarães / FC
Porto – e não vai querer repetir mesmo
fracasso em Alvalade com Guimarães / Benfica nas próximas semanas, mas para mim
o jogo do Sporting em Guimarães é tão ou mais decisivo para o desenrolar do
campeonato que o próprio jogo do Benfica em Alvalade.
Ah e para quem insiste nas 5 derrotas contra os grandes,
lembrem-se que em 90 minutos o Benfica este ano ainda nao perdeu em Alvalade e
o jogo de 5 de Março não terá 120 minutos.
Há muita maneira de ver o mesmo “quadro” e para mim que
estive em Alvalade nesse fatídico jogo da Taça de Portugal, sei que no tempo
regulamentar o Benfica empatou 1-1 e repetir esse resultado será possivel e
muito bom, dependendo se o Guimarães consegue no minimo um empate contra o
Sporting e se nós conseguimos ganhar em Paços e contra o União da Madeira.
Por agora, destacar um dado interessante…
A 19 de Fevereiro de 2016 e apenas a 3 meses de terminar a
época, o Benfica está a 3 pontos da liderança e 3 pontos na frente do terceiro
lugar, tem uma vantagem na eliminatória contra Zenit nos oitavos de final da
champions, tem uma meia final da Taça da Liga para jogar em casa contra SCBraga
e está fora da Taça de Portugal.
O anormal em relação aos ultimos 6 anos é estar em vantagem
nos oitavos de final da champions - porque champions não é Liga Europa - e ter
quatro jogadores da formação a serem apostas do novo treinador, porque de resto
foram situações recorrentes com JJ…
- Estar perto da liderança, estar nas meias finais da Taça
da Liga e eliminado da Taça de Portugal.
Até hoje, não me venham falar mal da época do Benfica, “só porque sim”, só porque perdemos os
clássicos, ou só porque Rui Vitória não percebe nada de bola…
Sem Luisao, sem Lisandro, sem Salvio, sem Fejsa, estamos
aqui…
Vamos todos acreditar que seremos melhores com estes quatro
jogadores disponíveis para a recta final.
Em Maio cá estaremos todos para fazer o balanço, mas lutar
até ao fim pelo título e perdê-lo, ganhando uma Taça da Liga, não pode ser tão mau assim para quem perdoou isso ao
antigo treinador, três vezes seguidas…
No país onde vi o jogo contra o Zenit, os comentadores da
Fox Sports diziam que o Benfica não tem jogo colectivo, resolvendo a maioria
dos seus desafios na classe individual dos seus jogadores, como Gaitan, Jonas,
Mitroglou ou Renato Sanches…
Sim, talvez seja essa a verdade de toda a época, mas por
agora tem-nos dado vitórias importantes, também derrotas constrangedoras e não
temos já a classe individual de Rodrigo, Markovic, Di Maria, Enzo Peres,
Ramires, Lima, Cardozo, Matic, Fábio Coentrão, Witsel, Javi Garcia, Aimar,
Saviola, etc…
Imaginem caros comentadores estrangeiros, que esses ainda
por cá andavam.
Se calhar a técnica individual ganhava muitos mais jogos e a
falta de colectivo nem se notava…
Veremos como terminamos a época…
Nota final muito positiva para os 48615 espectadores que
foram ao Estádio da Luz, depois do descalabro de sexta-feira.
Sabendo que a maioria das pessoas não tem Red Pass com jogos
de champions isso significou um encaixe financeiro considerável para o Benfica
e um esforço para todos aqueles que tiveram que comprar bilhete fora
do seu pacote normal de Red Pass.
Para a Mata Real, concentração, humildade e foco no
resultado.
As boas exibições podem voltar depois, mas agora o
importante é o resultado para que isto não acabe “muito antes de tempo” como nos anos que demos os titulos a Villas Boas e no primeiro ano de Vitor Pereira em Fevereiro.
Força Benfica