Tenho assistido com importante atenção a tudo o que se tem dito sobre o Benfica TV. Sei que grande parte do futuro estratégico do Benfica pode estar alicerçado neste importante
, e sei que os Benfiquistas vão ajudar a fazer deste canal uma importantíssima fonte de receitas para o Glorioso.
No entanto, estamos ainda no início dum ciclo que se iniciou há vários anos e que encontrou grandes obstáculos pelo caminho. Num
blog vizinho, está muito bem contada toda a história que envolve o nascimento deste canal e dos interesses ramificados que estão por trás da entrada dum
player tão importante no mercado audiovisual nacional.
Tenho por norma uma opinião consolidada, que se baseia na premissa de que os grandes negócios não se fazem com guerras. Ou seja, acredito que na gestão de vontades e na prossecução de objectivos claros, deve estar o equilíbrio que seria desejável ter quando se fala em grandes negócios. Não acredito nesses grandes negócios só para um lado e não tenho nenhuma simpatia por aquelas pessoas que metem interesses pessoais acima dos interesses estratégicos das empresas que representam. Este parágrafo serve para tudo, não apenas para o Benfica ou para o caso específico da Benfica TV.
Antes de falar nas reais hipóteses de receita para o Benfica, através da Benfica TV, vou acrescentar que não tenho por nenhuns dos
players audiovisuais qualquer ódio de estimação, nem afino pelo
diapasão de ver inimigos em todas as publicações da
Controlinveste (de Joaquim Oliveira) ou amigos em outros grupos audiovisuais concorrentes da
Controlinveste e teoricamente próximos do Benfica. Acredito que para este projecto da Benfica TV há objectivos que temos que alcançar independentemente de com quem os alcançamos.
E o principal objectivo do Benfica TV, nos dias de hoje, tem de ser a boa distribuição do sinal. Neste momento, temos um acordo estratégico com a
MEO e que é obviamente o mais acertado, mas não podemos pensar que será a
MEO a ter a exclusividade do sinal do Benfica TV para sempre. Sei que este projecto do Benfica TV deverá ter no curto prazo (até 2012) uma cobertura nacional total e inequívoca de maneira a poder ser realmente apetecível para o mercado publicitário - principal fonte de receitas. Isto tem de ser o grande objectivo do Benfica, independentemente da programação, das reportagens, das transmissões em diferido ou em directo.
O que podemos constatar desde já, é que o Benfica tem muita força, a ver pelos milhares de pedidos de adesão à
MEO que ocorreram nas últimas semanas e seria desejável usar essa força apenas e só na prossecução dos seus objectivos, que têm de ser claros - ter total distribuição nacional no menos espaço possível de tempo.
Há duas maneiras de ver as receitas futuras do Benfica TV - através do sistema
Pay Per
View ou através dum sistema aberto de distribuição de sinal com receitas baseadas na publicidade e num
fee anual pago pelas distribuidoras do sinal.
Neste momento, o Benfica optou pela segunda opção tendo distribuição exclusiva no
MEO. Admito que estrategicamente e tendo em conta o que aconteceu nos últimos anos (com o boicote da TV Cabo à Benfica TV e a grande ligação de
sponsoring que temos com o grupo PT) esta tenha sido a melhor e mais acertada decisão. A primeira emissão experimental vai ser emitida no dia 2 de Outubro com o jogo Benfica - Nápoles e a receita desse jogo será inteiramente preenchida por publicidade que anunciantes colocarão no canal. No entanto, o valor de cada anúncio será hoje muito mais reduzido, do que o real valor do Benfica, pela simples razão que quem for anunciar no Benfica TV não terá uma audiência nacional mas sim apenas os cerca de 250 000 assinantes da
MEO. Quando o canal tiver distribuição nacional em todas as plataformas (como por exemplo a SIC Noticias) estaremos a falar para quase 2 000 000 de assinantes - 10 vezes mais.
No entanto, é bom pensar num canal como algo com perspectivas de crescimento consolidado a vários níveis, mas neste
post quero apenas e só reflectir sobre questões de distribuição e de receita potencial. Sendo assim, e tendo em conta que este Benfica TV está neste momento a ser lançado com o objectivo de gerar receitas, não vejo nenhum problema em que o Benfica queira estar integrado na
ZON (grande concorrente do
MEO) na
CaboVisão, ou todas as outras distribuidoras. Tem é de aproveitar esta ligação à
MEO para de alguma maneira ajudar o seu patrocinador (PT) a lançar o serviço e com isso também ajudar a crescer este
player importante - quanto mais assinantes tiver o
MEO, melhor será para o Benfica neste importante ano inicial - e ganhar força negocial com todos os outros.
Esta época é estrategicamente boa para lançar o Benfica TV, porque temos os direitos dos jogos da Taça
Uefa e se passarmos à fase de grupos desta competição teremos ainda mais capacidade para poder negociar com outras estações - SIC, RTP ou TVI - ou apenas utilizar esses direitos passando os jogos no Benfica TV, arriscando-nos a ter menos receitas publicitárias que as ofertas dos grandes canais nacionais, mas mantendo uma estratégia interessante no crescimento do canal. Por estas e por outras razões (obviamente desportivas) nunca pensei que seria assim tão mau estar na Taça
Uefa este ano - assim a sorte nos ajude a ultrapassar o Nápoles porque caso contrário a desgraça neste ponto será ainda maior que na parte desportiva.
Voltando ao meu início do texto, e naquela ideia muito pessoal de envolver o maior número de
players para chegar ao maior número de pessoas, não vejo porque levanta tanta
celeuma a aproximação de Joaquim Oliveira a
Luís Filipe Vieira ou
vice-versa. Se o nosso objectivo é estar presente em todas as distribuidoras a médio prazo, será bom colocar de lado o maior distribuidor? Outra ideia que quero ressalvar e sublinhar - O Benfica pode voltar a negociar com a
Olivedesportos novo pacote de transmissões, sem que isso signifique uma cedência ou pressão sobre a empresa
Controinveste. Desde que sejam pagos os valores certos, tudo é possível.
Se em 2012 o Benfica tiver distribuição nacional do Benfica TV em todas as plataformas, e a poucos meses de terminar o contrato com a
Olivedesportos, pode perfeitamente equacionar duas hipóteses:
a) não assinar com ninguém e tentar gerar receitas publicitárias ou de
pay per view com os jogos do campeonato nacional
b) utilizar a força do canal Benfica e a hipótese atrás
transcrita para ter mais peso negocial para um novo contrato com a
Olivedesportos, eventualmente com mais um zero, assegurando os diferidos na Benfica TV.
Antes de chegar 2012, devemos pensar no imediato e neste momento seria interessante começarmos por ter os diferidos dos nossos jogos no Benfica TV, não colidindo com os diferidos que a
Sport TV normalmente dá dos nossos jogos. Daí que todos os
players sejam importantes e não devemos pensar que por termos um canal à nossa disposição temos o
Rei na Barriga. Devemos ser fortes, não ostracizar ninguém porque estamos a falar do Benfica e quando se fala do Benfica as guerras pessoais ficam à porta...
Assim desejo para que possamos tornar o canal e suas receitas numa forte contribuição para a consolidação financeira e consequente regresso aos grandes títulos nacionais e quem sabe europeus.
Força Benfica