Faz agora mais ou menos um ano, o Benfica tinha dois pontos à segunda jornada. Tínhamos empatado com o Leixões fora (1-1) e tínhamos empatado em casa com o Guimarães (0-0) na estreia de Camacho como nosso treinador.
Nesse dia, e minutos depois de terminar o encontro, tive uma das piores discussões futebolísticas com alguém muito perto de mim, pela simples razão que essa pessoa me dizia que o empate é bom, na exacta medida em que "é melhor que perder".
Tentei explicar-lhe que para mim, como adepto do Benfica e independentemente dos resultados menos felizes dos últimos anos, empatar é perder. No Benfica só a vitória interessa e se na minha vida até posso considerar um "empate" como algo positivo, no Benfica isso não acontece.
Um empate numa eliminatória europeia depois duma vitória na primeira mão aceita-se; um empate na última jornada do Bessa, sabendo que isso dá um título, aceita-se; um empate fora com um candidato ao título mantendo os mesmos pontos de distância e se nós somos primeiros (coisa rara nos últimos anos), já me custa mais a aceitar; um empate em casa na segunda jornada seja contra quem for é inadmissível.
Acabo de relatar o que "era Eu" até ao dia 30 de Agosto de 2008. Eu estou mudado e estou a gostar da minha nova postura futebolística. O Amor e a Paixão pelo Benfica (que ontem já falei) continuam intactos, ou até maiores, mas sinto que passei para um nível muito importante nesta minha relação com o clube. Sinto que agora, depois do que se passou ontem, relativizo melhor todas as emoções e sei que mais importante que ficar triste ou ficar contente com este ou aquele resultado, aprendi a relativizar esse resultado no contexto. A isto chama-se maturidade e ontem entrei definitivamente na minha maturidade futebolística.
Fico contente comigo, porque sei que agora estou mais perto do meu avô, que com a sua calma me ligava o transístor negro e branco na cozinha e os dois aí ouvíamos religiosamente o relato. O que eu não dava hoje para recuperar ou encontrar esse transístor que me iniciou nas lides Benfiquistas... Nesses dias, quando por algum azar o Benfica não ganhava (poucas vezes) o meu avô conseguia sempre ver algo positivo e nunca o vi enervado com um mau resultado do Benfica. Triste sim, mas desligava o rádio e com as suas mãos grandes pegava em mim, e ria... Eu até ontem não entendi nunca como isso era possível, pois já nesses tempos idos, eu só me contentava com a vitória - e admito que achava pouca piada aos 1-0 ou 2-1. Eu gostava de ouvir muitas vezes "Goooooooolo dooo Benficaaaa".
Ontem evoluí para um nível mais perto do que foi o meu avô em tempos, e como gostava de lhe poder dizer isto, se ainda fosse vivo. Ontem entendi finalmente o que queria o Trapattoni dizer quando afirmava que "quando se inicia um jogo temos sempre um ponto e temos que defender esse ponto. Se for possível atacar os três melhor, mas o importante é não perder esse ponto que já temos no início do jogo". Lembro que com amores ou ódios foi o nosso último treinador campeão.
Antes do jogo com o FCPorto, Quique Flores referiu que "um campeonato é uma prova para somar pontos". Umas vezes empata-se outras ganha-se mas o importante é somar pontos.
Pois muito bem... Ontem no apito final do árbitro eu senti um alívio e um contentamento dentro de mim que me surpreendeu. Devia ter gritado e baixado aquelas escadas do Estádio da Luz triste com o resultado, com os falhanços, com a expulsão, com as lesões, etc...
Nada disso. Saí calmo, aqui e ali enervado com o Katsouranis mas nada que uma boa noite de sono não tenha acalmado. Senti que pela primeira vez na minha vida, fiquei contente com um empate. A sério... E nunca me tinha acontecido isto antes. Nunca saí dum jogo de campeonato em casa (no estádio antigo e no novo) contente com um empate e ontem a palavra contente pode ser exagerada mas decididamente estava calmo, tranquilo e com uma ponta de contentamento.
Não fiz nada para que este sentimento tenha aparecido. Apareceu e surpreendeu-me, mas gostei do que senti. Agora estou pronto para poder analisar tudo de forma mais racional e acreditar mesmo no que tenho aqui escrito em dias onde o Benfica não joga. Temos que ter paciência e acreditar que estamos no tal "ano zero" dum projecto que envolve muita, muita paciência. Eu declaro oficialmente que estou disposto a tê-la até final desta temporada.
No fim do jogo recebi uma mensagem da mesma pessoa com que o ano passado à segunda jornada discutia sobre as virtudes e defeitos de empates caseiros e respondi-lhe com a seguinte frase :
"acabo de sair agora do estádio da luz (...) este empate foi bom. Estou contente."
As pessoas evoluem e assumir essa evolução é uma virtude. Que o Benfica evolua rápido, porque a empatar repetidamente nas próximas 4 semanas, provavelmente voltarei ao meu nível anterior.
Força Benfica
Nesse dia, e minutos depois de terminar o encontro, tive uma das piores discussões futebolísticas com alguém muito perto de mim, pela simples razão que essa pessoa me dizia que o empate é bom, na exacta medida em que "é melhor que perder".
Tentei explicar-lhe que para mim, como adepto do Benfica e independentemente dos resultados menos felizes dos últimos anos, empatar é perder. No Benfica só a vitória interessa e se na minha vida até posso considerar um "empate" como algo positivo, no Benfica isso não acontece.
Um empate numa eliminatória europeia depois duma vitória na primeira mão aceita-se; um empate na última jornada do Bessa, sabendo que isso dá um título, aceita-se; um empate fora com um candidato ao título mantendo os mesmos pontos de distância e se nós somos primeiros (coisa rara nos últimos anos), já me custa mais a aceitar; um empate em casa na segunda jornada seja contra quem for é inadmissível.
Acabo de relatar o que "era Eu" até ao dia 30 de Agosto de 2008. Eu estou mudado e estou a gostar da minha nova postura futebolística. O Amor e a Paixão pelo Benfica (que ontem já falei) continuam intactos, ou até maiores, mas sinto que passei para um nível muito importante nesta minha relação com o clube. Sinto que agora, depois do que se passou ontem, relativizo melhor todas as emoções e sei que mais importante que ficar triste ou ficar contente com este ou aquele resultado, aprendi a relativizar esse resultado no contexto. A isto chama-se maturidade e ontem entrei definitivamente na minha maturidade futebolística.
Fico contente comigo, porque sei que agora estou mais perto do meu avô, que com a sua calma me ligava o transístor negro e branco na cozinha e os dois aí ouvíamos religiosamente o relato. O que eu não dava hoje para recuperar ou encontrar esse transístor que me iniciou nas lides Benfiquistas... Nesses dias, quando por algum azar o Benfica não ganhava (poucas vezes) o meu avô conseguia sempre ver algo positivo e nunca o vi enervado com um mau resultado do Benfica. Triste sim, mas desligava o rádio e com as suas mãos grandes pegava em mim, e ria... Eu até ontem não entendi nunca como isso era possível, pois já nesses tempos idos, eu só me contentava com a vitória - e admito que achava pouca piada aos 1-0 ou 2-1. Eu gostava de ouvir muitas vezes "Goooooooolo dooo Benficaaaa".
Ontem evoluí para um nível mais perto do que foi o meu avô em tempos, e como gostava de lhe poder dizer isto, se ainda fosse vivo. Ontem entendi finalmente o que queria o Trapattoni dizer quando afirmava que "quando se inicia um jogo temos sempre um ponto e temos que defender esse ponto. Se for possível atacar os três melhor, mas o importante é não perder esse ponto que já temos no início do jogo". Lembro que com amores ou ódios foi o nosso último treinador campeão.
Antes do jogo com o FCPorto, Quique Flores referiu que "um campeonato é uma prova para somar pontos". Umas vezes empata-se outras ganha-se mas o importante é somar pontos.
Pois muito bem... Ontem no apito final do árbitro eu senti um alívio e um contentamento dentro de mim que me surpreendeu. Devia ter gritado e baixado aquelas escadas do Estádio da Luz triste com o resultado, com os falhanços, com a expulsão, com as lesões, etc...
Nada disso. Saí calmo, aqui e ali enervado com o Katsouranis mas nada que uma boa noite de sono não tenha acalmado. Senti que pela primeira vez na minha vida, fiquei contente com um empate. A sério... E nunca me tinha acontecido isto antes. Nunca saí dum jogo de campeonato em casa (no estádio antigo e no novo) contente com um empate e ontem a palavra contente pode ser exagerada mas decididamente estava calmo, tranquilo e com uma ponta de contentamento.
Não fiz nada para que este sentimento tenha aparecido. Apareceu e surpreendeu-me, mas gostei do que senti. Agora estou pronto para poder analisar tudo de forma mais racional e acreditar mesmo no que tenho aqui escrito em dias onde o Benfica não joga. Temos que ter paciência e acreditar que estamos no tal "ano zero" dum projecto que envolve muita, muita paciência. Eu declaro oficialmente que estou disposto a tê-la até final desta temporada.
No fim do jogo recebi uma mensagem da mesma pessoa com que o ano passado à segunda jornada discutia sobre as virtudes e defeitos de empates caseiros e respondi-lhe com a seguinte frase :
"acabo de sair agora do estádio da luz (...) este empate foi bom. Estou contente."
As pessoas evoluem e assumir essa evolução é uma virtude. Que o Benfica evolua rápido, porque a empatar repetidamente nas próximas 4 semanas, provavelmente voltarei ao meu nível anterior.
Força Benfica