sábado, 6 de março de 2010

"Senhora e Senhor" Benfica




Escreve hoje Vítor Serpa que a a pluralidade de opiniões "é, a riqueza maior — atrever-me-ia a dizer única — de A BOLA" a propósito dos vários opinion makers que fazem do jornal a referência de imparcialidade e igualdade a que sempre nos habituou.

Eu defendo a pluralidade de opiniões e nessa pluralidade acho que estamos bem representados nesse jornal, excepto no senador Silvio Cervan. Reconheço-lhe uma paixão inacreditável e inexcedível pelo nosso Glorioso, reconheço-lhe grande competência nas suas funções de director da nossa revista Mística, reconheço-lhe seriedade nas funções que desempenha na nossa estrutura directiva, mas não creio que o seu forte seja a escrita ou a eloquente defesa das suas ideias. Os seus textos de sexta-feira são menores, não tanto por sua culpa, mas também pela companhia que neste jornal tem de Leonor Pinhão e Ricardo Araújo Pereira na defesa do nosso Glorioso.

Não vou falar muito dos outros comentadores adversários que escrevem n´"A Bola", mas ao contrário das cartas de Benfiquistas que Vítor Serpa diz receber a solicitar que "lhes dê menos espaço" eu peço exactamente o contrário... Pela pluralidade, pela história e pela liderança imparcial do jornal "A Bola" na óptica da opinião, exijo como leitor que todas as preferências clubísticas sejam aí defendidas.

Voltando à "Senhora e Senhor Benfica" que opinam nas quintas e sábados nas páginas do jornal "A Bola", tenho que admitir que a sua inteligência, o seu estilo e o seu humor não têm paralelo com nenhum outro escriba azul ou verde que por aí vão opinando.

Eu já aqui escrevi que gosto de ler o Miguel Sousa Tavares e reconheço que é um nome fundamental nesta paleta de vários nomes de categoria, gosto dos senadores verdes e azuis que aí escrevem à sexta, tenho dias em que até gosto de ler os televisivos Eduardo Barroso e Rui Moreira - apesar de já aqui e aqui ter escrito que discordava muitíssimo das suas opiniões, tenho-os em boa consideração pessoal e isso ainda é o que conta nestas nossas discussões mais ou menos facciosas nas defesas dos nossos clubes - e acho que o gato Zé Diogo tem o mesmo problema que Silvio Cervan... Tendo em conta a concorrência do seu colega Ricardo Araújo Pereira fica a alguns km de distância, basicamente porque não é tão apaixonado pelo seu sporting como Ricardo pelo seu/nosso Benfica...

E aí está a chave para categorizar a Leonor Pinhão e Ricardo Araújo Pereira como a "Senhora e Senhor Benfica" no jornal "A Bola" - a paixão que têm pelo Benfica.

Começo por Leonor Pinhão... Apesar de não ter a folha limpa e as ligações com Carolina Salgado sejam normalmente arma de arremesso contra a sua pessoa pelos nossos adversários, continua a utilizar a sua paixão de terceiro anel em cada uma das crónicas que escreve. A ironia, o humor e a pequena provocação são o seu estilo, mas a inteligência é a sua principal arma. Para mim, lê-la religiosamente às quintas feiras é sinónimo quase sempre de pura excelência na escrita. Não a leio em mais nenhum outro meio e quando passo os olhos pelas suas crónicas noutros jornais, não lhe reconheço a mesma paixão e prioridade com que a vejo escrever nas páginas de "A Bola". Até por uma questão familiar, tal atitude é compreensível. Ao contrário de outros, é aqui na escrita que Leonor Pinhão é mais forte e espero que aqui se mantenha por muitos e bons anos. É já parte integrante do jornal "A Bola" e o ódio de alguns adeptos adversários aos seus textos é inexplicável, revela muito da falta de fair-play deles e provavelmente da falta de leitura dos próprios textos.

Ricardo Araújo Pereira é hoje uma das pessoas mais reconhecidas nacionalmente pelo seu humor. No entanto, quando se fala de Benfica e de "RAP" nem só de humor se pode falar. Eu até entendo que o seu estilo seja mais próximo de tiradas humorísticas que das tiradas sérias/dramáticas, mas a defesa que tem feito do nosso Glorioso nas páginas do jornal "A Bola" com uma inteligência, sensibilidade e acutilância fazem dele o nosso maior defensor nos dias que correm.

Gosto do seu estilo provocatório que vem dos tempos da blogosfera - sempre gostou duma discussão pessoal e não foge ao confronto escrito com qualquer adversário - mas a juntar a isso tem a mesma paixão de Leonor Pinhão, com ou ou outro toque de lirismo e de grandeza que lhe dão o élan necessário a ser hoje definitivamente o nosso "Senhor Benfica" no jornal "A Bola".

Quem o lê, entende que ele " não é o miúdo engraçado que ao fim de semana diz umas graçolas sobre o Benfica" mas sim o adulto consciente e conhecedor, defendendo o nosso Glorioso, atacando quem merece ser atacado e recordando o que interessa ser recordado.

Estou certo que o seu rumo literário o levará a outros voos, que o seu percurso televisivo terá os dias contados (por mais uns anos), mas sei que a defesa intransigente do Benfica terá aqui sempre alguém profundamente conhecedor do terceiro anel - apesar de ele ver os jogos lá de baixo o seu espírito é claramente de alguém totalmente terceiro anelista - e nos próximos anos as suas palavras podem ser a resposta certa aos muitos anos de miséria geral que infelizmente vivemos. No dia em que recebe a Águia de Prata pelos seus 25 anos de sócio, penso que faz sentido atribuir-lhe o cognome de "Senhor Benfica" do jornal "A Bola".

Tanto Leonor Pinhão como Ricardo Araújo Pereira são hoje o rosto da defesa adulta, bem humorada e picada de um Benfica nas páginas "imparciais" da maior referência do jornalismo desportivo nacional.

Nas mesmas páginas do jornal "A Bola" fala-se hoje que o Benfica é o nono clube com maiores assistências nos campeonatos Europeus, quando aí jogámos apenas 10 jogos. Num post antigo dizia aqui que o Benfica deveria desejar ter média de 45000 pessoas em todos os jogos em casa. Diz o estudo que atingimos uma média de 54000 pessoas e apesar de eu gostar de ler isso, não me parece que esse número seja real. Não vou aqui questionar a matemática mas tivemos um ou outro jogo em casa - Leiria por exemplo - em que a assistência não foi muito superior a 30 000 espectadores o que me faz acreditar que o numero real andará á volta dos 50 000 (ou talvez menos) de média. Isso pouco importa e o que temos que valorizar é que se está a trabalhar bem (muito bem) e que os adeptos respondem à letra...

Há dois anos fui ver o Real Madrid-Barcelona ao estádio Santiago Bernabeu - aquele célebre que colocou os jogadores do Barcelona a aplaudirem os jogadores do Real Madrid pelo titulo conquistado semanas antes e que terminou com vitória madrilena por 4-0 - e alguém me dizia que era impossível o Benfica ter os 60 000 espectadores todas as semanas, como o Real Madrid tem 76 000, porque a população da "grande Lisboa" era quase 4 vezes menos que a população da "grande Madrid"... Essa desculpa deveria ser a razão única para que o Benfica não conseguisse nunca atingir os tais 60 000 adeptos, todas as semanas que jogasse em casa. Eu acredito ainda que mesmo com essa tal desculpa populacional, que o Benfica vai conseguir nos próximos anos aumentar as receitas de assistência de jogos em casa e vai conseguir arranjar maneiras criativas de levar mais gente ao estádio em cada ano que passa.

Amanhã seremos mais de 40000 e se o SCBraga perder ou empatar em Setúbal hoje, provavelmente seremos mais de 45000 a ver o jogo contra Paços de Ferreira. Se tudo correr bem, contra SCBraga e contra Sporting teremos casa cheia. Contra Olhanense poderemos também ter uma boa casa e contra Rio Ave mais uma casa cheia, seja para comemorar o título antecipado ou para ajudar a ganhar esse título com os três pontos que precisaremos para assegurar a conquista da Liga. Posto isto, sei que a média de assistências neste final de campeonato subirá e alcançaremos seguramente mais de 50 000 pessoas de média. Não, não temos 54000 de média nestes 10 jogos em casa e nem vale a pena tentarmos justificar o que os números não conseguirão nunca justificar. Alguma conta mal feita ou informação mal recolhida encravou os números deste estudo, mas não é mau estar no top 10 de maiores assistências da Europa...

Contra Marselha teremos seguramente mais uma casa cheia e aí o jornal "A Bola" tem ajudado imenso a lembrar um duelo com 20 anos que se repetirá nesta semana. Sobre esse jogo falarei depois, mas tenho pena que Mozer ainda não se tenha decidido sobre quem vai apoiar.

Também n´"A Bola" de hoje vem escrito:

"O antigo-defesa central brasileiro, Carlos Mozer, está dividido. Afinal, foi no Benfica que se afirmou no futebol europeu, mas em Marselha adquiriu também grande estatuto, tendo sido mesmo eleito para a equipa ideal de sempre do emblema gaulês. «Que ganhe o melhor! É difícil apoiar uma equipa em particular. São dois clubes de que gosto muito», explicou."

Meu caro José Carlos Nepomuceno Mozer, era pequeno quando o vi jogar e desde sempre o tive como um dos meus maiores ídolos. Várias vezes tivemos no mesmo local em vários eventos e nunca o quis conhecer porque mesmo em idade adulta os ídolos são para se manter à distancia e um dia sei que falaremos e que lhe direi cara a cara o quanto o idolatrava em tempos idos... No entanto, esta sua frase é algo que não entendo. Não gosto de pessoas politicamente correctas, porque sei que essas atitudes politicamente correctas por vezes limitam a liberdade de opinião. Tenho-o como grande Benfiquista e já aqui escrevi sobre si. Não entendo que dificuldade tem em escolher por quem vai torcer. Não entendo que entre um clube a quem deu 5 anos da sua vida em duas passagens distintas e outro a quem deu 3 anos da sua vida mereça grande dúvida. Não entendo que tenha dificuldade em eleger um clube dum país onde "tem vida" (apesar de por vezes viver longe) com outro que mantém alguma distancia. Não entendo que tenha dúvidas, mas respeito-as... Até dia 11 será bom que se decida, porque para ser exemplo de "Senhor Benfica" é fundamental que decida bem... Caso contrário deixarei morrer o ídolo que tenho desde tenra idade e substitui-lo-ei pela imagem de alguém que por muito bom jogador que tenha sido, tem pouca ética, pouco Benfiquismo e pouca memória.

Memória tenho eu dum célebre jogo contra Paços de Ferreira no dia 10 de Novembro de 2002. Estava em New York e fui com um colega sportinguista e com um tio meu tambem sportinguista, ver o Benfica a um desses restaurantes Portugueses de Newark. Ganhámos 7-0 num grande jogo de Tiago, passando uma tarde histórica como se tivéssemos em pleno Portugal real, mas com a vantagem do jogo ser à hora do almoço, como fazem em Inglaterra. O treinador do Benfica era Jesualdo Fereira e o preparador físico José Gomes - hoje ambos no FCPorto - e durariam menos de um mês no banco do Benfica que iria ser ocupado a partir de 1 de Dezembro de 2002 por José António Camacho.

Hoje tudo mudou... O senhor José Gomes enervou-se uma vez mais num túnel do nosso futebol e foi expulso ao intervalo do jogo contra Sporting, o senhor Jesualdo Ferreira já foi tri campeão nacional e agora prepara-se para sair pela porta pequena dum clube que tem ainda a Taça da Liga e a Taça de Portugal para ganhar e um campeonato que apesar de possível, deverá ser complicado de vencer. O Benfica em época de goleadas deverá ter amanhã um dos jogos mais difíceis em casa, pela simples razão que todos os outros deverá ter a motivação suplementar de jogar contra um adversário directo (SCBraga), de jogar contra o rival de sempre (Sporting), de jogar contra um clube que nos tirou dois pontos e que é hoje o "FCPorto C" (Olhanense) e um jogo de casa cheia para desejavelmente carimbar o título na última jornada (Rio Ave).

Amanhã é o típico jogo que jogamos contra nós, com expectativas altas, com uma eliminatória da Liga Europa a pairar em todas as cabeças a poucos dias de distancia e contra um adversário difícil, muito bem organizado, que empatou com FCPorto nos dois jogos que fizeram e que ainda não perdeu nenhum jogo na segunda volta do campeonato.

Tudo isto não deverão ser razões suficientes para parar o nosso Benfica, espero que o jogo se torne fácil pela nossa atitude e que todos estes receios não sejam mais que remanescências de outras épocas e outros tempos onde o Benfica falhava exactamente onde não devia falhar.

Vamos acreditar na nossa equipa, nestes três pontos fundamentais e deixar qualquer tipo de receio para outros jogos e para outros adversários. Como dizia Di Maria, "vamos jogar nove finais" e espero que a vitória amanhã seja o tónico certo para as próximas oito... Indo para a semana jogar ao Nacional da Madeira, fazer três pontos amanhã é O-B-R-I-G-A-T-Ó-R-I-O.

Força Benfica

1 comentário:

José Francisco Sousa disse...

Boa tarde.

Hoje enviei um e-mail para o Senhor Vitor Serpa, justamente por causa do que ele escreveu n’A Bola.

Achei que era importante o Senhor constatar que, ao contrário do que lhe aconselharam a fazer, a maior parte dos benfiquistas não quer os cronistas dos outros clubes fora do jornal, pelo contrário.

Nós, benfiquistas e leitores d’A Bola, respeitamos a opinião dos outros e não nos enervamos (como alguém sugeriu). Até porque temos esses dois “Senhores Benfica” de que falou, que fazem questão de responder e não deixar o nosso clube ficar mal quando citado pela “oposição”.

Adoro ler os textos de RAP. Quem estiver por perto deve achar que sou maluquinho porque riu-me às gargalhadas com a forma extraordinária, e ao mesmo tempo engraçada, como defende o Benfica. Então ultimamente tem-se dedicado a deixar ficar mal o Miguel Sousa Tavares de uma maneira espectacular…

Ainda a propósito do nosso respeito e fair-play para com os outros clubes e respectivos adeptos: Desde que me lembro ainda não se proporcionou (e espero que não aconteça) o Benfica receber o já matematicamente campeão mas caso venha a suceder, não me custa acreditar que tenhamos a elevação (que tantas vezes evoca) de aplaudir os jogadores adversários no nosso estádio, como fazem as grandes equipas e adeptos dos outros países.

Cumprimentos.