Não há nenhum problema com jogos assim. Lembro-me de um Paços de Ferreira-Benfica no tempo do Mourinho que teve um resultado de 0-0 e que a atitude e qualidade da nossa equipa foi similar à de ontem na Reboleira e veja-se onde chegou Mourinho.
Para quem tem visto o Benfica nos últimos tempos, esta exibição não espanta e espero realmente que a equipa dê a volta já no próximo sábado contra a Académica. Daqui deixo um incentivo - na medida do possível - ao plantel e à equipa técnica para que tudo mude numa semana e que se possa ver um pouco de futebol no que resta de campeonato.
Não merecemos ganhar o jogo e parece-me totalmente indigno ganhá-lo desta forma. A única coisa que me alegra sobremaneira em ganhar estes três pontos é ter a certeza que na próxima semana estes mesmos jogadores do Estrela, cheios de Brio, vão passear ao Estádio das Antas e fazer de propósito para perder por poucos. Então se estivessem a perder 2-0 aos 16 minutos devem combinar com os de azul, mudar aos 5 e acabar aos 10. Por esta razão, fico contente com a conquista dos três pontos por "antecipação de sentimentos".
No fim do jogo e quando Quique Flores comentava a terrível exibição na sala de imprensa eis que é interrompido por João Gabriel, nosso director de comunicação.
Segundo o jornal A Bola :
"Bem menos compreensível foi a atitude do director de comunicação do Benfica, João Gabriel, que de forma brusca interrompeu a conferência de Imprensa de Quique Flores para lhe colocar um ponto final, algo que surpreendeu o próprio técnico espanhol e todos os jornalistas que assistiram à cena.
Depois, emanou ordens para nenhum jogador encarnado prestar declarações aos profissionais que exerciam as suas funções.
Cardozo, de resto, foi prova disso, pois acedeu ao pedido dos jornalistas que estavam junto do autocarro da equipa para comentar o jogo e os dois golos marcados, mas foi então informado que o não podia fazer. «Não posso falar», disse Tacuara."
Sobre este senhor já aqui falei sobre o tristíssimo episódio da proibição da entrada da Agência Lusa no centro de estágio e num dos jogos do Benfica na Luz este ano.
Neste momento e depois de tudo o que se passou na Reboleira no relvado, não deixar o nosso treinador ou os nossos jogadores falarem na conferência de imprensa é sinal de total autoritarismo - para não falar de regime ditatorial - que não posso de maneira nenhuma aceitar.
Comecei o meu texto a dizer que "não há nenhum problema em ter uma exibição miserável" e na verdade não há mesmo nenhum problema. São coisas que acontecem. Agora irromper numa conferência de imprensa e proibir o nosso treinador e jogadores de falarem é algo INACEITÁVEL.
Tenho uma paixão enorme pelo Benfica e sei que muitos dos que todas as semanas acompanham o Glorioso sentem exactamente o mesmo. Criticamos e apoiamos fruto de uma paixão que sentimos de dentro...
Não há nenhum problema em ouvir críticas de imprensa séria ou menos séria. Eu sei que numa qualquer conferência de imprensa há sempre inimigos do Benfica e pessoas à espera do erro Benfiquista para afiarem a sua faca. Todos sabemos disso. Mas essas atitudes ficam para quem as comete e o Benfica está sempre acima disso tudo, mesmo quando as exibições são tão pobres como a de ontem.
Este senhor que tanto critica os de azul e branco, tem uma cartilha que não reconheço nem apoio de nenhuma maneira, própria desses senhores do Norte. Aliás, já aqui o escrevi há vários meses, mas pensei que seriam dificuldades de adaptação ao novo mundo da comunicação do futebol.
Passados alguns meses e depois da atitude tomada hoje - que obviamente terá uma qualquer justificação que colocará cirurgicamente no nosso site nos próximos dias - não pode haver nenhum tipo de contemplação. Só aceito a demissão. Tudo o que não seja a demissão deste autoritário e pouco inteligente (só alguém pouco inteligente retira a palavra a um treinador depois duma exibição deste nível hoje) director de comunicação será obviamente um erro grosseiro.
Sei da relação de amizade que este senhor tem com Rui Costa e com as cúpulas directivas do clube mas não se pode confundir amizade com pouco profissionalismo. Não tenho nada contra este senhor. A boa educação faz com que sempre tenha respeito por toda e qualquer pessoa que em qualquer momento da sua vida tenham servido o Benfica. Isso eu não mudo nunca e respeito a pessoa em causa. No entanto nem sempre podemos achar que o respeito ou amizade serão razões suficientes para não decidir o que tem de ser melhor decidido em prol do clube.
Compreendo a razão estratégica do não despedimento deste senhor a 7 jornadas do fim do campeonato. Não compreendo que este senhor fique nesta posição mais um dia sequer, depois do final desse mesmo campeonato.
Para que conste, comigo não entraria no escritório esta manhã...
Força Benfica