Mourinho diz que :
"Adorava que Moratti chorasse de alegria e depois adorava ver uma foto sua com a Taça ao lado de outra do seu pai, também com a Taça. Seria incrível".
Esta frase revela muito do que é Mourinho e do respeito que tem por quem lhe pediu no ínicio da sua epopeia Milanesa, que conquistasse a Liga dos Campeões. A humildade - que muitos o acusam de não ter - que revela nestas palavras é notável.
Tambem eu, que não tenho nenhuma simpatia especial por Inter ou Bayern, vou torcer por Mourinho e pelo sonho de um homem que nunca conseguiu transformar a sua fortuna num título Europeu, a provar que neste desporto nem sempre quem tem mais dinheiro ganha.
Espero que ganhe o Inter, por Mourinho especialmente, mas porque sei que hoje este "senhor presidente" vai viver um dia que sonhou e sonhou durante anos, como todos nós Benfiquistas sonhamos com o dia em que vamos voltar a ser campeões Europeus.
Ontem encontrei no aeroporto um pai e filho do Bayern de Munique. Dizia-me o pai que foi fácil encontrar bilhetes para a final porque a UEFA criou um certo número de bilhetes para pai e filhos menores de 12 anos. Eu não conhecia esse tipo de bilhetes e fiquei contente de saber que a UEFA também pensa nos filhos, pais e não apenas no dinheiro e no lucro que ganha com as grandes competições.
Contava-me o pai que comprou os bilhetes e que vinha sozinho com o seu filho ver a Champions a Madrid aproveitando para mostrar a capital espanhola ao filho. Vinham de Berlim para ver o jogo e passar aqui dois ou três dias a passear. Achei comovente olhar para a cara do menino e a esperança que ele tinha em ser Campeão Europeu. O futebol é feito disto. Dum lado o grande Mourinho a tentar ser o primeiro treinador com 47 anos a conquistar duas Champions com dois clubes diferentes, um Presidente que desde a infância sonha em ser Campeão Europeu - apesar de ter 20 anos quando o seu pai a conquistou nesse fatídico dia em que o Benfica foi derrotado por 1-0 - e do outro lado o pai e o filho que não vão esquecer esta viagem a Madrid independentemente do resultado. Emocionei-me com este pai e este filho e admito que tive inveja do que ambos estão a viver.
Disse-lhes que ia estar na Africa do Sul todo o mês de Junho a seguir a selecção Portuguesa - hábito que tenho há vários anos - e que trocava TUDO para poder estar nesse lugar, com o Benfica a lutar por uma final da Champions.
Por isso pensei em Moratti hoje... Pensei no que sente um dos homens mais ricos de Itália a poucos minutos de começar esse jogo e penso no menino de 12 anos que vai para o Estadio a pé do seu hotel que fica a três kilómetros do Bernabéu. Devem ir ambos a caminho do Estádio neste momento. Os Alemães a pé para que o menino sinta o ambiente das "imediações" e Moratti no seu carro com chofeur. Ambos sentem o mesmo, se bem que Moratti sinta que é agora ou nunca, e o menino de 12 anos saiba que esta poderá ser a primeira de muitas.
Moratti hoje volta a ter 12 anos e a sentir o apelo infantil dum sonho com o seu clube de coração, como eu o sonhei desde que me lembro de existir.
Eu gosto de ser Campeão Nacional, ganhar as Taças de Portugal e até gostava de ter ganho a Liga Europa este ano, mas nada se compara a jogar (e ganhar) uma final da Champions.
Eu vivi apenas duas finais porque nos anos 60 ainda não era nascido. Vivi as duas contra PSV Eindhoven e contra ACMilan e sei o que sinto cada vez que penso na hipótese de voltarmos a ser campeões europeus. É o nosso maior sonho e agora podemos voltar a falar disso. Não há nada que nenhum de nós mais sonhe que voltar a ser Campeão Europeu. Eu sonho tanto com esse dia, que sei que num dia em que o Benfica volte a essa final não conseguirei ter calma e serenidade para nada mais que pensar no apito inicial do jogo. Sonhei, sonho e sonharei com esse dia até que o viva in loco num qualquer estádio Europeu. Sonho tanto com esse dia que não sei se continuarei a ter a mesma motivação para o Benfica depois de conquistar novamente esse título. Eu quase que sinto o Benfica como uma paixão que existe e tem fogo até que se concretize um objectivo, que é ser campeão europeu. Claro que depois de ganharmos esse título - e estou absolutamente convencido que o Benfica vai voltar a ganhar esse título e que eu estarei vivo para o ver - não morrerá a paixão pelo Benfica, mas sei que precisarei de tempo para rejuvenescer essa paixão ou pelo contrário, provavelmente terei ainda maior motivação para renovar esse título Europeu.
A verdade é que quando penso na novela Mourinho-Real Madrid penso no que deve achar Moratti disto tudo. O que ele quer é ser campeão Europeu e depois o resto logo se vê. Se ele perde o título Europeu a coisa complica-se mas se o ganha, ele não quer saber se Mourinho fica ou vai porque ele já tem o que queria e com o que sonhou todos estes anos. Como dizia o nosso Mourinho - digo nosso porque sou dos que sempre o apoiei em todos os clubes por onde passou, depois de deixar o FCPorto e porque quero sempre que ganhe - Moratti sonha com a sua foto com a Taça da Champions League ao lado da foto que o seu pai tem com a Taça que conquistou ao Benfica. Só isso importa hoje para um dos senhores mais importantes e mais ricos de Itália. O mesmo sonho que persegue o menino de 12 anos e já agora do seu pai, obviamente. Por isto é que o futebol é apaixonante e para quem tem paixão por um clube, uma das coisas mais importantes das nossas vidas.
Hoje Jesus deu uma grande entrevista ao jornal "A Bola". Grande em tamanho e grande em conteúdo. A entrevista é longa mas vou apenas colocar aqui o que pensa o nosso treinador sobre o futuro imediato da nossa equipa e ideia base sobre a conquista do título:
"— Gaitán e Jara são jogadores com perfil para ajudarem o Benfica a ser melhor?"
— A ideia é essa. Desde que cheguei ao Benfica todas as contratações que temos feito é aposta em jovens, miúdos entre os 20/22 anos... Mas já disse ao presidente que temos de ter atenção: parece que estamos a contratar uma equipa de juniores. É um risco, apostar em jogadores que ainda não se afirmaram, que têm valor, mas que só os mais atrevidos é que os vão buscar, porque há sempre a dúvida sobre se depois rendem ou não. Mas o Benfica tem de começar a contratar jogadores como fez na época passada com o Saviola e o Javi García.
— Mas em relação a esse dois argentinos em concreto, são jogadores para se imporem como titulares?
— Vou dar o exemplo de dois treinadores: Arsène Wenger e José Mourinho, o Wenger contrata jogadores para crescerem com ele, mas isso tem os seus dissabores, os seus riscos. Ele valoriza os jogadores, mas não valoriza os títulos da equipa, não tem nenhum há vários anos. O Mourinho contrata jogadores feitos para conquistar títulos. Eu pretendo estar nos dois lados.
— (...)
— Em relação ao Jara e ao Gaitán, conheço-os bem. Não contratamos jogadores por vídeo. Mandámos um treinador que trabalha connosco da máxima confiança observá-los, eu também já os tinha visto. Mas são dois jovens...
— Quantas aquisições é que vai fazer mais Benfica?
— Depende dos que saírem, pois teremos de repor. Se não sair ninguém...
— Por si não saía ninguém?
— Por mim não deixava ninguém sair. Vamos imaginar que isso acontece, nesse caso o Benfica precisa de dois jogadores.
— Um guarda-redes e mais?
— Dois jogadores. Não especifico posições.
— Quim e Moreira estão ambos em final de contrato. Conta com algum deles para a próxima época?
— Eles vão saber por nós no momento certo quais são as nossas ideias. E sem passarmos as ideias aos jogadores não a vamos passar para o exterior... apesar de eu já ter conversado com a maior parte da equipa em relação ao futuro.
— Mas está nos planos a chegada de mais um guarda-redes?
— A aposta para a nova época é de formarmos aquele lugar específico com três guarda-redes de valor em relação às exigências que o Benfica irá enfrentar. E como já demonstramos durante o ano, isso passa por ir ao mercado à procura de mais um guarda-redes.
— Acreditava que o Cardozo iria ter uma época tão concretizadora como a que teve: Bola de Prata, melhor marcador da Liga Europa?
— O Cardozo era um daqueles jogadores que quando eu ainda não estava no Benfica via jogar e dizia para o Raul [José] que se trabalhasse connosco valia mais de 20 golos por época. E foi aquilo que fizemos.
— Teve de o abanar, como chegou a dizer?
— A ele e aos outros tive de o trabalhar em função da sua qualidade. Eu, na verdade, não faço milagres. Eu, e outros treinadores, só conseguimos potenciar a qualidade de um jogador quando ele efectivamente tem qualidade. O difícil é saber descobrir o que é que ele tem e encontrar meios para o desenvolver.
— Mas tem consciência que apesar dos golos, há muita gente que desconfia do Cardozo, de ser lento... não ser elegante como jogador?
— É conforme olharem para o jogo. Se olharem para o Cardozo à procura de um jogador de nota artística, como eu costumo dizer, então não gostam dele. Mas se olharem para o Cardozo como um goleador, como um jogador que poucas equipas na Europa têm jogadores com aquelas características, que são goleadores, que é aquilo que conta... então. A beleza do Cardozo é fazer golos. A beleza do Cardozo não é o Aimar, que tira dois do caminho e assiste o avançado... por isso é que o futebol é arte como eu já disse citando o exemplo dos pintores. Os pintores misturam as tintas e depois uns dão uma pincelada e aquilo não vale nada, outros fazem um risco e vale milhões. Porquê? Porque é arte. E a arte não se aprende, nasce connosco.
— Quando o Cardozo falhou os penalties, falhou quatro ao longo da época, teve vontade de lhe retirar essa responsabilidade e entregá-la a outro jogador?
— Nunca, porque eu penso como os jogadores. Eu também fui jogador e sei como eles pensam. Se fizesse isso... Se tivesse um segundo batedor tão bom como ele era capaz de pensar duas vezes, mas como estava convicto que não o tinha, o Cardozo continuou a ter toda a confiança da equipa.
(...) — Face ao que foi feito esta época, ao que foi conseguido e à forma como colocou a equipa a jogar, sente que na próxima época as exigências serão ainda maiores?
— A exigência será maior, sem dúvida. Temos um título e teremos que o saber defender e não vamos ser surpreendidos. No passado os adversários do Benfica iam à Luz e diziam que iam para tentar vencer, e este ano viu-se que uma das preocupações de quem ia ao nosso estádio era não sair de lá com goleadas. Isso deveu-se muito ao trabalho que foi feito e à qualidade dos jogadores.
— Diz que este ano os adversários andaram distraídos. Isso provavelmente na próxima época já não acontecerá. Equaciona mudar a estratégia?
— Acredito que as coisas possam ser mais complicadas, mas não será por aí que o Benfica vai deixar de apresentar o nível que tem tido. Os jogadores estão lá, o treinador é o mesmo e cada vez mais seremos mais fortes porque nos conhecemos cada vez melhor.
— E poderá repetir, tal como fez no ano passado, que está no Benfica para ser mais uma vez campeão?
— Claro. Mas não preciso de dizer isso. Quem treinar o Benfica vai dizer o quê? Quem está naquela casa, seja treinador ou jogador, não pode pensar de outra maneira. O Benfica é um clube que tem de pensar em grande e que tem de ter a qualidade nas pessoas que fazem parte da equipa para poder transportar essa ideia para o jogo. Foi isso que consegui fazer este ano e que para o ano vou fazer novamente.
— Acabou de renovar contrato até 2013 com uma cláusula de rescisão cujo valor não foi oficialmente revelado mas presume-se que alto...
— Já vi o valor escrito...
— 7,5 milhões de Euros.
— Exacto.
— Se chegasse amanhã um clube a pagar esse valor, deixava o Benfica?
— Não. Não posso fazer isso. Tive possibilidades de o fazer mas não podia desiludir os sócios e adeptos do Benfica. Sei que não serei um treinador eterno no Benfica, irei sair um dia mais tarde. Mas este ano tinha de ficar por aquilo que os adeptos representaram para a equipa e para mim, pela forma como eles acreditaram e também me ajudaram... Eu já tive oportunidade de dizer isto: os dois jogos mais importantes da época, que fizeram com que fossemos campeões, foram o da primeira jornada com o Marítimo e o da Taça de Portugal, que perdemos com o V. Guimarães. Foi aí que fomos campeões, quando os sócios do Benfica depois de um empate e de uma derrota aplaudiram a equipa no fim e os jogadores sentiram que quando errassem poderiam ficar serenos porque os adeptos estariam sempre do lado deles. Foi isso que fez com que a equipa nunca mais parasse.
— Depois de ter sido campeão disse que agora quer a Champions. Tem consciência das dificuldades que o esperam?
— Aquilo que eu disse, na sequência de uma pergunta que me fizeram, foi que se eu estivesse nos quartos-de-final da Champions como este ano estive na Liga Europa... que se calhar não tomava as mesmas opções que tomei este ano: ou seja, defender completamente o Campeonato, o que eu queria, e os sócios do Benfica sabiam isso desde a primeira hora, era ser campeão. E sabia que não podia ter as duas coisas, porque não tínhamos tempo de recuperação. Não tem nada a ver com o facto de jogar 50 ou 60 jogos, os jogadores não têm é capacidade para recuperar de jogo para jogo em dois ou três dias, que foi o que aconteceu, por exemplo, entre o jogo com a Naval e a ida a Liverpool. Não estavam preparados para corresponder à intensidade do jogo em termos fisiológicos e daí ter mudado alguns elementos importantes, em defesa do próximo jogo, sabendo que ia colocar em risco a passagem às meias finais.
— (...)
— Mas se na próxima época, na Liga dos Campeões, chegar em idênticas circunstâncias aos quartos-de-final aí se calhar tomarei a opção inversa.
— Isso quer dizer o quê? Aposta mais na Champions e deixa o Campeonato?
— Não. Arrisco nos dois. Enquanto que eu este ano não coloquei em risco o Campeonato.
— Depois de ter visto a final da Liga Europa... não ficou com a sensação de que se calhar podia ter conquistado esta prova também este ano?
— Acho que podia ter ganho a Liga Europa... mas também estou convencido que se calhar não teria vencido o Campeonato. Porque o Sp. Braga foi até ao fim e não perdeu mais nenhum jogo e nós tínhamos jogos decisivos pela frente: com o Sporting, com a Académica. Jogos onde precisava de ter a equipa completamente recuperada da Liga Europa. E sabia que isso só seria possível se ficasse de fora... A equipa mais forte que defrontámos esta época na Europa até nem foi o Liverpool, foi o Marselha, nem há comparação possível! Mas não estou arrependido da opção que tomei.
— Ao assumir até ao exagero que a prioridade era o campeonato e não a Liga Europa, não terá conduzido os jogadores a pensar que esta prova não interessava tanto?
— Não era não interessar. Nós tínhamos uma prioridade bem definida. E eu sabia que em 99,9 por cento dos sócios do Benfica o sentimento era o mesmo. Eu não podia defraudar aquilo que eu prometi, que foi ser campeão nacional e não da Liga Europa. O que me importava era chegar longe e recuperar a identidade do Benfica na Europa e foi isso que fizemos. Para o ano temos o Campeonato, e para já a prioridade é passar a fase de grupos da Champions. E depois... tudo é possível.
— Aceita que se diga que o Rafa Benítez foi mais inteligente que Jorge Jesus no jogo de Liverpool?
— Não. Aceito antes que se diga que o Benítez não tinha mais nada para ganhar e preparou a equipa para a Liga Europa, ao contrário de mim. Respeitou o Benfica e jogou com uma estratégia com mais certeza, enquanto que para mim era mais importante ser campeão nacional...
— Disse numa entrevista que nos clubes por onde passou cumpriu sempre os objectivos...
— É verdade!
— Assumir o objectivo de querer ser campeão europeu não é um risco?
— A Champions é um objectivo da minha vida desportiva. Eu vou ter de ganhar a Champions, dê lá por onde der. Agora em que ano não sei, mas que a vou ganhar, disso não tenho dúvidas. Porque só a ganha quem está à altura dos grandes títulos e de ser considerado dos melhores treinadores do Mundo. E se eu quiser ser um dos melhores treinadores dom Mundo tenho de ganhar a Liga dos Campeões.
— E acredita que isso poderá ser pelo Benfica?
— Acredito que poderá ser pelo Benfica. Não direi se será este ano, isso não sei, porque é relativo... os sorteios têm sempre muita influência na conquista dessas provas. Mas que o Benfica tem tudo para que a possa vencer e que eu tenho capacidade para isso não tenho dúvidas. Porque acho que as grandes equipas da Europa, que são rotuladas como as grandes equipas, muitas delas não são aquilo que dizem...
— Mas terá o Benfica capacidade para ombrear com Barcelona, Chelsea e outros que tais?
— O Barcelona é a melhor equipa do Mundo. O Chelsea é uma boa equipa como o Liverpool, o Manchester United ou o Arsenal...
— E em que plano Europeu é que coloca o Benfica?
— Coloco-o num patamar em que poderá disputar as eliminatórias com os melhores. A diferença será de pormenor. Classifico o Benfica como estando ao nível das melhores da Europa. Faltará perceber como iremos enfrentar a Champions e a fase de grupos será determinante para isso. Penso que há muitas equipas que não são tão fortes como as pintam...
— Eu tenho uma forma de me expressar peculiar, sou muito emotivo. Sou um apaixonado pelo treino e tenho uma forma de comunicar alta... não digo a um jogador olha por favor não te importas de passar ali para aquele lado? Essa não é a minha linguagem. Utilizo a linguagem do futebol.
— Em vernáculo, por vezes...
— O futebol tem uma linguagem própria, não é um português universitário, poético com todas as vírgulas e pontos finais no lugar... porque senão nem eles me percebem. O que eu comunico é o conhecimento. O treino não é uma ciência exacta, é uma ciência humana. O treino é aquilo que nós sabemos criar e eu entendo que não é qualquer um que sabe ser treinador, tem de se nascer para ser treinador. Tal como se nasce para ser jogador, há que nascer para se ser treinador.
— O jogo mais difícil da sua carreira de treinador foi aquele no Estádio do Dragão, com todo aquele ambiente?
— Não. Já disse que sou um treinador a quem o conflito dá um enorme gozo. Onde houver pedrada, ambiente pesado, é onde eu vou estar. Fui criado assim. Quando as coisas são muito serenas... aí é que fico incomodado. E quando digo pedradas é em sentido figurado... mas é isso que me dá gozo e adrenalina e não mexe absolutamente nada comigo. Naquele jogo o FC Porto ganhou porque foi melhor que nós. Só isso.
— É por causa disso que não tem bom relacionamento com alguns treinadores como Manuel Machado, Inácio, Domingos...
— Não vou entrar por aí... No caso do Domingos houve alguns mind games, como agora se diz, mas respeitou-me sempre e eu a ele."
O que é fundamental é não chorar antes de jogar, é contar com um apoio inequívoco do nosso público em casa - lembramos que Mourinho com Inter, elimina Barcelona em casa - mas também contar que não faltará apoio em qualquer jogo fora de casa, é contar com a História dum clube já sete vezes finalista da maior prova do futebol Europeu e esperar dos jogadores e equipa técnica toda a entrega do mundo.
Não é impossivel e agora que parece que temos um rumo desportivo definido, não há que ter vergonha em assumir o nosso sonho de sempre. Queremos ser campeões Europeus e podemos sê-lo num curto espaço de tempo. Sei que os nossos adversários riem quando se diz uma coisa destas, mas a verdade é que tal é possivel. Quanto mais depressa chegarmos aos 300 000 sócios menos dependência temos das possíveis vendas para equilibrar contas. Quanto mais depressa se renegociarem os direitos de transmissões televisivas mais hipótese temos de aguentar os nossos jogadores. Quanto mais Amor e Paixão os jogadores do Benfica actuais ganharem ao clube - Javi Garcia e David Luiz são dois bons exemplos - menos vontade esses jogadores têm de ir embora. Quanto mais estabilidade directiva e técnica o Benfica tiver, mais hipóteses temos de chegar perto desse objectivo. Quanto mais vitórias obtivermos na Champions nos próximos anos, mais dinheiro encaixaremos e menos necessidade temos de vender passes dos melhores jogadores.
Por tudo isto e por mais umas outras séries de razões, é possivel sonhar com o Benfica campeão europeu. Em dia de final e com todos os adeptos nas ruas de Madrid, tenho inveja de não estar no lugar deles. Uma inveja saudável e uma inveja construída com a certeza que um dia estarei ali fora a caminho dum qualquer Estádio Europeu - com ou sem filho pela mão - a sonhar como um menino de 12 anos. Hoje o dia é de Mourinho, Moratti, Rummenigge, Van Gaal e de todos os fans que espalhados pelo mundo consideram Inter e Bayern o seu clube de coração. O nosso dia chegará... Mais cedo ou mais tarde o nosso dia chegará.
Basta que todos acreditemos.
Força Benfica