sexta-feira, 5 de junho de 2009

Então e os Portugueses?




Temos assistido nos últimos dias ao clássico dos primeiros dias de pré-época. Nomes e nomes e nomes de jogadores que o Benfica vai buscar e no final apenas aparecem 1/4 desses nomes para não dizer 1/5. A verdade é que depois da revolução no plantel do ano passado, pensei que este defeso fosse calmo, mas apenas duas semanas depois do nosso último jogo, eis que me convenço do contrário. Vai ser tudo menos calmo.

Em comparação ao ano passado já temos um ponto em comum. O Álvaro Pereira já está no FCPorto depois de até eu aqui o ter quase confirmado como nosso reforço - baseando-me na única fonte que vale para mim, que é o jornal "A Bola". A verdade é que como todos os jogadores que assinam pelo FCPorto e que o Benfica antes desejava, existe uma autêntica festa em vários meios de comunicação social. Desejo-lhe a pior sorte do mundo. Obviamente.

Tirando esse ponto em comum com a pré-época passada, temos algo que na minha opinião é bastante pior este ano. Não temos treinador. Isto é gravíssimo, apesar de estarmos a poucos dias da sua resolução. Qualquer segundo depois do jogo com o Belenenses para mim já é uma eternidade.

Outro ponto negativo é que neste momento já se contrataram Patric, Ramires, há quem garanta Schaffer e até ver nem um único jogador Português para a nova época. O ano passado contei 8 jogadores no nosso plantel e escrevi aqui o que achava nessa altura.

Hoje continuo a achar que temos que ter mais Portugueses no Benfica. Ponto final. Repito, temos que ter mais Portugueses no Benfica. Novos ou experientes, o Benfica tem de passar de 8 para 14 jogadores nacionais em poucos anos.

Hoje leio no mesmo jornal "A Bola" que o Benfica fez uma proposta para a contratação de um novo guarda redes Argentino pelo valor de 3,8 milhões de Euros. Já sei que estas noticias valem o que valem - mesmo vindo da Bíblia - mas não deixo de me surpreender com que nem um nome Português seja referenciado nos jornais. Falou-se de Ruben Micael mas devem ter achado que eram muitos Rubens no meio-campo e ele próprio já disse que preferia o estrangeiro. Temos outro Ruben, (este é Lima de apelido) para o lado esquerdo da nossa defesa em Toulon e mandamos olheiros para verem os craques das outras equipas.

Eu já disse 1001 vezes que respeito Rui Costa, tenho um carinho especial por ele e aceito o que ele defender para o nosso futebol, apesar de poder não concordar. E a verdade é que não concordo nem aceito que se gastem milhões (ou milhares para ser mais orçamentalmente correcto) em viagens ao estrangeiro em observações várias e ninguém observe no nosso campeonato, nos juniores de outras equipas, na segunda divisão. Hoje era impossível haver um Vitor Paneira que chegasse ao Benfica da segunda divisão e a verdade é que ele ficou lá muitas e muitas épocas - foram exactamente 7 as temporadas que vestiu de encarnado e com águia ao peito.

Este ano é para manter e corrigir. Pois bem, em vez de manter e corrigir, não temos treinador, não temos mais Portugueses (a julgar apenas pela amostra), vamos perder Katsouranis e/ou Luisão e/ou Di Maria e/ou Cardozo e/ou Reyes - e porque não perder (ganhar?) Binya? - já perdemos Suazo e a única coisa que neste momento é totalmente positiva é a planificação dos jogos de pré-época.

Temos Torneio Guadiana, Torneio de Guimarães, Torneio de Amesterdão, temos apresentação com Atlético de Madrid, temos Taça Eusébio com ACMilan. Aplaudo a planificação e neste particular já parece que temos uma estratégia. É só isso que eu quero sentir no meu Benfica. Uma estratégia.

Alguém que me diga, "tem calma porque há um rumo claro" que está desenhado, planeado e em execução. Eu não tenho dúvida que tem de haver. Se Quique fosse o nosso treinador e não houvesse esta novela ridícula, triste e pouco digna já podíamos estar a fechar dispensas, contratações e a irmos todos de férias. Diz Rui Costa que quer ter o plantel fechado no dia da apresentação da equipa. Um objectivo na vida não é algo ligeiro. Tem que se focar e pensar claramente em tudo o que é necessário para que isso seja realmente possível. Começar a época com todos os dispensáveis, realmente dispensados e todos os contratáveis, já contratados e a treinar.

A palavra estabilidade não é algo que se procure sem alcançar. É apenas um objectivo que se prossegue com determinação. Como ter mais Portugueses na equipa.

Numa altura em que Domingos Soares Oliveira acha que temos que vender para chegar a um patamar de receitas que nos permitam encarar financeiramente bem esta nova época, não há ninguém que diga que ter mais Portugueses pode ser uma boa ajuda nesse item?

Neste momento perdendo Reyes - não consigo entender como é que se compram 20% dum passe dum jogador sem o objectivo claro e orçamentado de comprar a totalidade no ano seguinte - perdendo Suazo, perdendo Katsouranis e podendo perder mais um jogador para ter a tal receita extraordinária que é imprescindível, porque é que se gastam 7,5 milhões em Ramires, 2 milhões em Patric, 2 milhões no tal Schaffer e 3,8 milhões no tal guarda redes Argentino (estes dois últimos sem nenhuma confirmação oficial) quando se pode ir de mansinho e com ar de humilde, caçar no tal mercado nacional, na formação ou até mesmo nos nossos emprestados?

Só peço encarecidamente e com educação que coloquem no plano macro-desportivo das próximas épocas ao lado das palavras ambição, disciplina, talento, boa relação preço-qualidade o passaporte Português - preferencialmente sem naturalidade apesar de eu poder falar pouco deste item, porque sempre fui a favor dos naturalizados como cidadãos do (nosso) mundo. No entanto, nesta área não interessa onde se nasceu - afinal foi só um hospital numa determinada cidade ou país, mas que sinta o Benfica desde sempre. Como eu sinto.

Se assim for, ser Português é algo muito importante nos objectivos que temos pela frente. Volto a repetir pela enésima vez que apelar aos Portugueses não é vincar os Paulos Jorges, os Carlitos, os Amoreirinhas, os Miguelitos, os Marcos Ferreiras entre outras ricas prendas que por aqui passaram nos últimos anos, mas sim os Ruben Amorim, Moreira e Miguel Vítor que ainda por aqui andam. Não é ser nacionalista mas sim ser focado nas nossas limitações orçamentais e na nossa História de sempre. Com Portugueses conseguimos ser mais fortes, quase sempre, e isso é indesmentível factualmente...

Força Benfica

1 comentário:

Anónimo disse...

Talvez o título mais correcto seria "Então e os Benfiquistas?".

Tanto faz se é um estrangeiro ou um português portista, porque nenhum dos dois sente o benfica, e além disso há muitos luso-descendentes e imigrantes em portugal que sentem a mística.