Ontem cheguei ao Estádio da Luz meio triste e cansado. Há dias assim, mas esperei que o Benfica e os colegas de bancada me animassem para mais uma noite à Benfica. Quando o jogo começou com o Glorioso a todo gás, sentimos desde logo que este Leixões não vinha só defender como o Marítimo o fez na primeira jornada. Este Leixões vinha dar um novo sentido à palavra "anti-jogo".
Começou pelo guarda redes a cair sozinho para cortar o ritmo benfiquista - ainda não se tinham jogado sequer cinco minutos. Depois a violência com que cortavam os lances fizeram-me enervar duma maneira que há muito não sentia. Não são os nervos de sofrimento, mas sim nervos de não aguentar paragens cada 2 minutos, jogadores que só querem dar pancada, árbitro
condescendente no inicio e um total
anti jogo em toda a linha.
Tacticamente vir defender o resultado com jogadores colocados lá atrás é condenável para o espectáculo mas se o fizerem com correcção e com poucas manhas - jogar rápido, poupar tempo
qb, tentar ir lá acima e num canto ir devagarinho - nós assobiamos mas sabemos que é assim que funciona.
Fazê-lo como José Mota o fez é miserável, vergonhoso e de baixo nível.
Esse senhor de quem eu já falei aqui pelo blog tem um ódio de morte ao Benfica e quando ganha ao
FCPorto (penso que foi uma ou duas vezes) sai cabisbaixo e com vergonha... Ontem, José Mota resolveu enxovalhar Jesus e todos os nossos adeptos numa atitude similar à que Octávio Machado tinha nos anos 80 onde nos provocava com gestos "simples, mas que no
timing errado podem incendiar uma assistência".
Então o senhor José Mota - que de senhor tem o género masculino - resolve passar não sei quantos minutos a queimar tempo, a dar pancada como há muito não se via, a desistir de atacar, a provocar anti-jogo sistemático e quando o árbitro expulsa bem um dos seus peões neste jogo execrável o tal senhor resolve aplaudir de forma directa e longa o treinador Jorge Jesus andando na sua direcção uns bons 10 segundos, dizendo
alarvidades próprias de gente da sua laia e com os seus gostos
clubísticos.
Para mim, esse foi o ponto final. A partir daquele momento senti vontade que Jorge Jesus a ele se dirigisse (até porque ele vinha na sua direcção) e lhe dissesse:
"Olha meu amigo, para gente como tu, nós aqui aplicamos chapa 5. Por isso prepara-te..."
Como apesar de tudo Jorge Jesus é nalguns casos mais "senhor" que eu - quem diria que eu algum dia escrevia isto? - apenas o pensou e olhando nos olhos desse José Mota deve ter-lhe transmitido essa informação via telepática.
A partir desse momento ainda fiquei com mais vontade que este futebol atrasado,
old school, mesquinho e manhoso fosse derrotado por números expressivos. E Jorge Jesus e a equipa fizeram exactamente o que todos os adeptos naquele momento queriam -
No Mercy... Sem piedade para treinadores e equipas que vêm destruir por destruir, que atacam as pernas dos nossos jogadores sem apelo nem agravo e que vêm tentar gozar com quem paga bilhete e com quem gosta de ver bom futebol.
O senhor José Mota pensa que nós não sabemos que depois de ganhar no Dragão o ano passado com um remate dum seu jogador contra sua vontade, levou 4 em Matosinhos e levou 4 este ano no Dragão à meia hora. Ele deve pensar que nós não vemos as entradas macias para quem joga de azul e as entradas
duríssimas á margem da lei para quem joga de encarnado como touros a marrar numa tourada.
Por estas e por outras é que a partir desse minuto da primeira expulsão o pensamento do terceiro anel foi só um - esmagar (desportivamente, claro está) este adversário sem dó nem piedade.
E não é preciso termos novos meios de comunicação porque o senhor Jorge Jesus sente o que do outro lado da bancada o povo pede e serve-nos de bandeja as nossas pretensões.
Éramos 43230 no Estádio da Luz contra 46000 no Estádio do Dragão a assistir ao "jogo grande"
FCPorto - Sporting e segundo sei com bilhetes oferecidos a "1 Euro" para não passarem a vergonha histórica de terem menos gente num clássico que num Benfica - Leixões. Éramos 43230 resistentes e podiam ter sido mais se não houvesse esse tal jogo antes, se o jogo não tivesse sido
televisionado em canal aberto e se os
Xutos não tivessem à mesma hora 30000 espectadores a ver e a celebrar os seus 30 anos no Estádio do Restelo.
Jorge Jesus apenas nos fez a vontade e não deixou ninguém descansar para quinta feira porque há dias em que se devem dar lições para "o mundo ver" que gente pequenina deve continuar a ser pequenina, especialmente se tem mau carácter.
Sobre esse aspecto Jesus dizia na conferencia de imprensa:
— Depois do 2-0 foi visível vê-lo a pedir aos jogadores para acelerar. Porquê?
— Pela dinâmica do golo e respeito pelo espectáculo, porque sei que Benfica tem capacidade para fazer melhor. Os jogadores poderão ter começado a tirar o pé do acelerador por causa do jogo de quinta-feira, mas disse-lhes que a partida só acaba quando árbitro apita para o final.
Este é o espírito que gosto no Jesus e neste novo Benfica. Eu não quero saber de Atenas na quinta feira, se tenho um mentecapto aqui a jeito para levar uma lição.
Eu só descansei no 5-0 porque até lá fui intransigente com os jogadores e puxei e puxei por cada um para não desacelerar nem um pouco, mas quando no final senti um adepto ainda mais exaltado a pedir o sexto como se tivesse 0-0 entendi que a palavra que melhor descreve o relação Jesus-Benfica-Terceiro Anel é cumplicidade. Cumplicidade e insaciabilidade em mostrar que somos Grandes não pelos resultados, mas pela atitude que não nos pode fazer pactuar com agentes desportivos rasteiros e manhosos como este senhor José Mota.
No fim apetecia-me dizer-lhe "agora aplaude ó meu grande "f.... da p..." mas afinal isto é só um jogo e o nível que me caracteriza na vida ou no terceiro anel é muito alto. Aplaudi todos os jogadores e treinadores que jogaram ontem, entendendo que cada um fez pela vida. Pode ser que da próxima levem 5-0 de qualquer outra equipa e os adeptos adversários os aplaudam com mais carinho no fim, porque apesar das limitações jogaram de forma limpa. E é isso que se exige a todos os jogadores da nossa Liga. Joguem de forma limpa. Percam e ganhem mas vejam a liga inglesa ou espanhola para entender que há goleadas, há diferenças de valor nas equipas, mas não se vê este triste espectáculo que o senhor José Mota ontem quis dar no nosso Estádio. Não se pára o jogo de 2 em 2 minutos fazendo destes jogos, tristes amostras do que se tornou o nosso futebol.
Posto isto, deixem-me que diga que não concordo nada que se expulse jogadores ou guarda redes quando estes fazem penaltis. Já acho bastante penalizador para a equipa sofrer um penalti e ainda por cima na maioria das vezes leva o segundo amarelo - se assim for - ou vermelho directo. Sei que não mudo as leis mas como este espaço é de opinião, aqui a deixo...
No fim uma palavra para Ramires. O que é isto? Que jogador é este que chega ao Benfica e dum momento para o outro mostra-nos o que é ser um jogador à Benfica dos antigos... É franzino, não desiste duma bola, corre e corre e corre, joga à direita, joga no meio no lugar de Javi Garcia, vai à esquerda, marca golos e tem atitude humilde. O novo exemplo de grande jogador à Benfica está encontrado. E depois não me falem de Falcão... Falcão goleador com 5 golos? Não, não... Goleador é Ramires que leva 4 golos em 6 jogos jogando no meio campo.
Parabéns Benfica pela atitude e pelo respeito por todos nós.
No fim José Mota parece que não aprendeu a lição e proferiu estas palavras:
(...) penso que nos primeiros 30/35 minutos houve dualidade de critérios que não se justifica, muitas faltas que não foram assinaladas a favor do Leixões, a amostragem dos cartões não percebo.
— A expulsão não foi justa?
— Não vou dizer se é justa ou não, mas pareceu-me a pedido dos jogadores do Benfica. Condicionou e percebi que ia ser extremamente difícil a partir daí. Nunca pensei que aos 27 minutos estivesse a jogar com dez, nem que durante a primeira parte tivesse cinco cartões amarelos."
Nunca pensaste ter 5 amarelos aos 27 minutos e uma expulsão? A jogar como estavas meu caro José Mota e com a tua estratégia, só se tivesses de azul e de dragão ao peito poderias sonhar com algo assim. Bem sei que sonhas alto, mas esse sonho não chegará, a não ser que eles comecem a contratar por similaridades de carácter e não por profissionalismo e competência técnica.
Pega no saquinho cheio e "adeus ó vai-te embora..."
Força Benfica