terça-feira, 14 de abril de 2009

O "falso" dilema de Rui Costa

Temos assistido a várias opiniões que colocam a decisão de continuidade ou não continuidade de Quique Flores como treinador do Benfica na mão de Rui Costa. Tecnicamente todas elas apontam no sentido de um grande dilema que afecta o nosso director desportivo - despedir ou não despedir Quique Flores.

Custa-me entender que Rui Costa tenha que decidir baseado em pressões que nada tem a ver com futebol. Nos dias que correm há quem diga que Rui Costa está pressionado pelo facto de haver eleições em Outubro e caso Quique Flores se mantenha de forma fragilizada no comando técnico da equipa, poderá afectar o resultado dessas eleições.

Eu não confundo competência técnica/desportiva com capacidade em gerir o marketing duma campanha que terá necessariamente de focar nos pontos fortes da gestão de Luís Filipe Vieira e omitir/disfarçar ao máximo os pontos fracos dessa mesma gestão.

Espero que Rui Costa também não confunda essas duas diferentes perspectivas que nada têm em comum.

O único dilema de Rui Costa é obviamente técnico e desportivo. Foi ele quem assinou por dois anos com Quique Flores e foi ele quem disse que só a estabilidade poderia trazer sucesso a um projecto que teve nesta época o seu "ano zero". Neste "ano zero" muita coisa correu mal, mas também muita coisa correu bem. E uma das coisas que correram bem este ano foi o facto de termos estado no comando da Liga durante várias semanas, criando uma ilusão nova de que poderíamos obviamente voltar a ser campeões.

Na verdade e independentemente das exibições, apenas as duas derrotas caseiras frente a Guimarães e Académica colocaram o Benfica estrategicamente fora da corrida do título 2008/2009. Isto são factos. Com essas duas vitórias o Benfica estaria hoje a 2 pontos do primeiro classificado e 2 pontos à frente de Sporting.

Posto isto, pergunto porque razão há dilema na cabeça de Rui Costa? Que dilema?

Numa época com muitos jogos o que verdadeiramente correu muito mal foi a prestação europeia, que terminou em Dezembro. Nessa altura, fomos eliminados da Taça de Portugal nos penaltis pela equipa sensação da altura e durante o resto do campeonato lutámos com armas menos poderosas que adversários directos e ainda ganhámos uma Taça da Liga.

Não há evolução sem auto-avaliação e Quique tem de admitir perante Rui Costa as dificuldades de adaptação a um futebol que não conhecia e onde não quis ser ajudado a entendê-lo de forma mais rápida. Neste momento e com um plantel que não terá muitas alterações, com uma equipa técnica mais familiarizada com jogadores, com adeptos, com adversários, com árbitros, com imprensa, com os estádios e adeptos adversários, com toda a envolvente do futebol nacional porquê mudar um plano que o próprio Rui Costa definiu e organizou?

Sinceramente, entendo a imprensa, entendo as manifestações eleitorais - se bem que a esta distância são absolutamente inócuas - até entendo o "meu terceiro anel", mas não posso entender o "falso" dilema que querem colocar a Rui Costa.

O único dilema que poderá existir nesta questão é a opinião de Quique Flores e o que o próprio treinador quer fazer da sua vida.

- Será que Quique quer cumprir o contrato que assinou com Benfica?

- Será que Quique Flores quer continuar a assistir impávido e sereno a esta palhaçada de futebol nacional?

- Será que Quique quer estar associado a um futebol que entre envelopes e escutas ilegais se vai passeando como se ainda vivesse em 1983?

- Será que Quique quer continuar a ser muito roubado e às vezes beneficiado num futebol que tem no "esquema" das compensações a sua génese?

- Será que Quique quer continuar num futebol onde o presidente da Liga diz que "quem não paga ordenados deve ser condenado por isso" e a resposta que os "senhores deste futebol" lhe dão é a tentativa de fazer cair a direcção da Liga presidida por este presidente para continuar com a mentira e com a dependência que esses clubes pobres têm desses senhores grandes deste futebol nacional?

- Será que Quique não está contente com o seu trabalho e quer sair pela vergonha de algumas exibições do Benfica este ano?

Eu defendo que só faz falta quem cá está e para o bem e para o mal este é o futebol que temos em Portugal. Se Quique quiser sair esta época por todas estas razões ou por outras questões pessoais, Rui Costa saberá ler nesse desejo as razões para aceitar a sua demissão.

Se não for por vontade de Quique porque razão deverá Rui Costa despedir Quique Flores?

Não consigo ver uma única razão para esse despedimento, mesmo sabendo que há pontos fracos que se podem mudar para pontos fortes nessa decisão. Todos concordamos que eventualmente será negativo ter Quique fragilizado no inicio da próxima época. Nesse aspecto só há uma única solução - dar apoio total e incondicional a Quique Flores.

Dizer claramente que o seu contrato é para cumprir e quem não concorde com essa decisão estará contra Rui Costa e contra o Benfica. Não podemos ter uma situação semelhante à de Fernando Santos outra vez, onde se prepara uma pré-época com um treinador e depois se despede esse treinador depois dum empate na primeira jornada. Aliás, Rui Costa viveu dentro do balneário essa situação anedótica. Temos que saber definir claramente o que queremos para o Benfica. E o que queremos para o Benfica é que a estabilidade possa dar resultados.

Repito, queremos que a estabilidade possa dar resultados e não que os resultados tragam estabilidade esporádica, porque se assim for não chegaremos às vitórias que ambicionamos e se chegarmos a essas vitórias, é porque aparecem por acaso.

Li com atenção todas as entrevistas de Rui Costa (quando aceitou ser director desportivo) e de Quique Flores (quando aceitou ser nosso treinador). Rui Costa dizia que era importante a estabilidade para criar as condições para que o Benfica ganhe e que ganhe muitas vezes e não de forma esporádica uma vez e depois passados dez anos outra vez.

Quique Flores sempre disse que queria ajudar o Benfica a organizar-se como clube moderno e criar condições para quem o seguir poder continuar esse trabalho, sempre focando no Benfica como Instituição que se serve e não servir-se da Instituição Benfica como trampolim para outros desejos pessoais.

Não nos podemos esquecer de nada disto apenas porque perdemos contra Guimarães e porque fomos escandalosamente roubados contra Académica no espaço de três jornadas.

Se Rui Costa tem algum dilema no seu Grande Projecto por causa de duas derrotas, então desculpem-me a frontalidade mas não serve para o nosso Benfica.

Os Grandes Homens conhecem-se pela determinação com que defendemos ideias e projectos mesmo nos momentos em que mais ninguém acredita neles. Rui Costa é obviamente um destes Homens e se hesita um segundo que seja, é literalmente "comido" por uma massa sem cara nem ideias.

Força Benfica

segunda-feira, 13 de abril de 2009

A quem interessa tanto ruído à volta do Benfica?

Esta última semana - especialmente depois da má exibição com boa vitória na Amadora - o Benfica passou maus momentos muito por culpa dos opinion makers deste cantinho à beira mar plantado, que saíram a terreno colocando cenários de revolução assente em duas premissas - mudança de treinador na próxima época ou mudança de presidente.

Eu assisti a tudo de forma silenciosa porque apesar de poder escrever quando me apetece por este cantinho blogosférico, há coisas que não merecem ser sequer comentadas, mesmo quando se fala de putativos novos treinadores ou putativos candidatos a candidatos à presidência do nosso glorioso.

Desde a derrota com Guimarães que escrevi que o título era uma miragem e não seria nada preocupante ficar em segundo ou terceiro lugar desde que se começasse a definir um modelo de jogo, uma estrutura base para o novo ano e obviamente manter a mesma equipa técnica.

A inteligência normalmente é inimiga da teimosia. Eu não conheço nenhum treinador inteligente que não seja teimoso e conheço muitos teimosos que não possuem o mínimo de inteligência. Quique obviamente preenche os requisitos da pessoa inteligente que sendo teimoso, pode evoluir e aprender com erros que ele próprio comete.

O futebol Português tem especificidades muito próprias que em mais nenhum lugar do mundo se verificam. E isto é fácil de entender. Não vou falar muito dos casos apito dourado, dos envelopes, das máfias entre pais que passam de árbitros para dirigentes de arbitragem e filhos que entram para o seu lugar na arbitragem, do escândalo dos emprestados, dos ordenados em atraso que alguns dos clubes ricos do norte querem manter porque lhes interessa mais a fome dos adversários que a hipotética competitividade na Liga, ou de todos os esquemas mais ou menos sujos que por aqui se passeiam.

A única coisa que sabemos é que neste mundo mesquinho e pobre de espírito há um clube que em 20 anos dominou quase por completo este futebol pequenino. Isto é uma análise que pode ser feita de Tóquio ou de New York - à distância...

Eu não tenho por norma falar por aqui de arbitragens ou de árbitros e defendo que só Presidente ou Director Desportivo deveriam estar habilitados a fazê-lo, mas a nossa estrutura acha que para falar de árbitros serve o director de comunicação. Sobre esse senhor não volto a falar porque já dei a minha opinião no post anterior mas acrescento que não acho bom ser ele a ter que levantar a voz e dar a cara pela verdade desportiva. No entanto posso e devo falar da correlação entre o futebol praticado pelo Benfica na primeira parte da época - onde inclusivamente fomos líderes - e o futebol praticado pelo Benfica depois de começarmos a ser mais escandalosamente prejudicados pela arbitragem - Dezembro 08, Janeiro 09, Fevereiro 09.

Há obviamente um relação entre as arbitragens e o nervoso que desencadeou a consequente descida de qualidade nas nossas exibições, até ao ponto em que um golo que vem precedido de penalti é anulado sem que isso seja sequer colocado num resumo da Sic Noticias que vi quando cheguei a casa do Estádio.

Quando a melhor e mais isenta estação televisiva nacional não coloca a imagem do golo anulado ao Benfica no primeiro resumo que transmite depois de terminado o jogo eu posso e devo falar em péssimo jornalismo. E não confundir péssimo jornalismo com ditadura e proibir a Sic Noticias de entrar mais no Estádio da Luz. È apenas péssimo jornalismo e viveremos com isso, ou talvez não...

Provavelmente, é importante constatar que estes lances de tão normais já nem merecem ser transmitidos. Obviamente que a Sic Noticias acabou por colocar a imagem no resumo e difundi-la nos seus programas de desporto - nomeadamente no Rui Santos ontem à noite - mas o que fica é a ideia que a normalidade é a falha, o roubo, o engano que de tão humano e de tão certinho devemos desconfiar.

O árbitro ao intervalo já sabe que há um erro de fora de jogo nos minutos iniciais da partida, entra na segunda parte transformando um penalti seguido de golo em falta atacante anulando o 1-1 e quando minutos depois David Luiz cai na área num lance duvidoso, o árbitro não tem dúvidas e deixa seguir o jogo. Aqui senti claramente que o erro do árbitro não é humano. Um árbitro com cariz "humano" depois de saber que errou num fora de jogo e que anulou um golo limpo, marca o penalti mesmo que tenha sido um lance duvidoso. Alguém que não o marque é porque passa do lado humano para o lado frio, premeditado e calculista que eu não quero acreditar existir.

Depois, nos momentos finais eis que chega o clássico dos clássicos. Espalhar cartões amarelos para os jogadores da Académica - serão três - para que não possam defrontar o FCPorto na próxima semana. Não vejam nestas frases uma afirmação de corrupção, porque não o faço. No entanto há algo sobrenatural que protege essa equipa de azul, mesmo que não tenham obviamente nada a ver com tudo isto...

A quem serve esta brutal crise no Benfica? A quem serve que Rui Costa não ganhe embalo e preferência dos Benfiquistas? A quem serve que Quique seja despedido e com ele sigam mais 3 milhões de euros de indemnização, troca de jogadores e começar tudo de novo? A quem serve contestação ao presidente e à gestão financeira magnífica mesmo sem liga de campeões pelo terceiro ano consecutivo? A quem serve criar contestação ao facto de termos mais de 200 000 sócios e com isso receitas que mais nenhum outro clube tem? A quem serve tudo isto?

Eu sei que no Benfica este ano joga-se muito alto devido às eleições. Hoje o Benfica é apetecível, pela simples razão que está mais organizado e consegue gerar receitas mesmo sem ganhar nada no futebol. Imaginem o que será o Benfica quando for campeão três vezes seguidas. Nesse dia o Benfica pode mesmo voltar a ser um colosso total. Por isso e não só, o Benfica é hoje um clube desejável e quanto pior correr a vida à equipa de futebol, melhor corre para todos os que querem ser candidatos em Outubro deste ano. Eu entendo tudo isso e sobre as eleições já escreverei noutro post, mas neste momento é importante entender a massa humana que é o Benfica e os lenços e "lençóis" brancos que no sábado foram mostrados a Quique.

Todos sabemos que ninguém chega a presidente do Benfica sem ser populista. Isto vem nos livros porque ninguém espera que em 6 milhões de pessoas e em mais de 200 000 sócios exista a tal sensibilidade de gestão, de futebol, de marketing, de merchandising, de receitas extraordinárias, de direitos televisivos. O que a grande massa quer saber é de resultados e neste momento os resultados desportivos do futebol são muito penalizadores para a equipa directiva. No entanto, nunca nos tomem como parvos. O Benfica e os seus sócios sabem sempre distinguir o bom do mau, o trafulha do sério, o populista do homem com verdadeiras ideias e podem ser enganados uma vez mas nunca serão enganados duas vezes.

Nestes tempos é importante que não apareçam os populistas com sonhos fáceis porque obviamente que há um problema na gestão do futebol encarnado que será solucionado com o tempo e com o desgaste duma cartilha de sistema que apesar de tudo já viu melhores dias.

Para esses interessa que tudo mude no Benfica a começar pela equipa técnica, pelo director desportivo, pelos jogadores, porque se desta vez o sistema reagiu com habilidades que nos retiraram o primeiro lugar cirurgicamente, também interessa vingar quem lhes fez frente - bem ou mal - nestes últimos anos e aí mudar o presidente benfiquista como vingança pessoal.

Temos que ser sensatos, inteligentes e perspicazes para entender bem a dimensão de todo este alvoroço mediático à volta do Benfica, e apoiar quem tem de ser apoiado. Não é fácil apoiar neste momento. Mais fácil é sacar o lenço branco do bolso ou o lençol da cama e acená-lo sabendo que nesse momento só estão a fazer rir o senhor maior de todo este sistema.

Não tenham a menor dúvida. Pede-se sensibilidade e bom senso...

Força Benfica

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Obviamente, demitam-no!

Não há nenhum problema em ter uma exibição miserável, paupérrima, vergonhosa contra uma equipa que mostrou "mais brio num dedo que o Benfica em todo o corpo". Entristece-nos, mas isto pode acontecer. Há que assumir, dar a cara e esperar que esta total miserabilidade dê lugar a alegria, convicção, atitude e um profissionalismo que ontem não apareceu na Amadora.

Não há nenhum problema com jogos assim. Lembro-me de um Paços de Ferreira-Benfica no tempo do Mourinho que teve um resultado de 0-0 e que a atitude e qualidade da nossa equipa foi similar à de ontem na Reboleira e veja-se onde chegou Mourinho.

Para quem tem visto o Benfica nos últimos tempos, esta exibição não espanta e espero realmente que a equipa dê a volta já no próximo sábado contra a Académica. Daqui deixo um incentivo - na medida do possível - ao plantel e à equipa técnica para que tudo mude numa semana e que se possa ver um pouco de futebol no que resta de campeonato.

Não merecemos ganhar o jogo e parece-me totalmente indigno ganhá-lo desta forma. A única coisa que me alegra sobremaneira em ganhar estes três pontos é ter a certeza que na próxima semana estes mesmos jogadores do Estrela, cheios de Brio, vão passear ao Estádio das Antas e fazer de propósito para perder por poucos. Então se estivessem a perder 2-0 aos 16 minutos devem combinar com os de azul, mudar aos 5 e acabar aos 10. Por esta razão, fico contente com a conquista dos três pontos por "antecipação de sentimentos".

No fim do jogo e quando Quique Flores comentava a terrível exibição na sala de imprensa eis que é interrompido por João Gabriel, nosso director de comunicação.

Segundo o jornal A Bola :

"Bem menos compreensível foi a atitude do director de comunicação do Benfica, João Gabriel, que de forma brusca interrompeu a conferência de Imprensa de Quique Flores para lhe colocar um ponto final, algo que surpreendeu o próprio técnico espanhol e todos os jornalistas que assistiram à cena.

Depois, emanou ordens para nenhum jogador encarnado prestar declarações aos profissionais que exerciam as suas funções.

Cardozo, de resto, foi prova disso, pois acedeu ao pedido dos jornalistas que estavam junto do autocarro da equipa para comentar o jogo e os dois golos marcados, mas foi então informado que o não podia fazer. «Não posso falar», disse Tacuara."

Sobre este senhor já aqui falei sobre o tristíssimo episódio da proibição da entrada da Agência Lusa no centro de estágio e num dos jogos do Benfica na Luz este ano.

Neste momento e depois de tudo o que se passou na Reboleira no relvado, não deixar o nosso treinador ou os nossos jogadores falarem na conferência de imprensa é sinal de total autoritarismo - para não falar de regime ditatorial - que não posso de maneira nenhuma aceitar.

Comecei o meu texto a dizer que "não há nenhum problema em ter uma exibição miserável" e na verdade não há mesmo nenhum problema. São coisas que acontecem. Agora irromper numa conferência de imprensa e proibir o nosso treinador e jogadores de falarem é algo INACEITÁVEL.

Tenho uma paixão enorme pelo Benfica e sei que muitos dos que todas as semanas acompanham o Glorioso sentem exactamente o mesmo. Criticamos e apoiamos fruto de uma paixão que sentimos de dentro...

Não há nenhum problema em ouvir críticas de imprensa séria ou menos séria. Eu sei que numa qualquer conferência de imprensa há sempre inimigos do Benfica e pessoas à espera do erro Benfiquista para afiarem a sua faca. Todos sabemos disso. Mas essas atitudes ficam para quem as comete e o Benfica está sempre acima disso tudo, mesmo quando as exibições são tão pobres como a de ontem.

Este senhor que tanto critica os de azul e branco, tem uma cartilha que não reconheço nem apoio de nenhuma maneira, própria desses senhores do Norte. Aliás, já aqui o escrevi há vários meses, mas pensei que seriam dificuldades de adaptação ao novo mundo da comunicação do futebol.

Passados alguns meses e depois da atitude tomada hoje - que obviamente terá uma qualquer justificação que colocará cirurgicamente no nosso site nos próximos dias - não pode haver nenhum tipo de contemplação. Só aceito a demissão. Tudo o que não seja a demissão deste autoritário e pouco inteligente (só alguém pouco inteligente retira a palavra a um treinador depois duma exibição deste nível hoje) director de comunicação será obviamente um erro grosseiro.

Sei da relação de amizade que este senhor tem com Rui Costa e com as cúpulas directivas do clube mas não se pode confundir amizade com pouco profissionalismo. Não tenho nada contra este senhor. A boa educação faz com que sempre tenha respeito por toda e qualquer pessoa que em qualquer momento da sua vida tenham servido o Benfica. Isso eu não mudo nunca e respeito a pessoa em causa. No entanto nem sempre podemos achar que o respeito ou amizade serão razões suficientes para não decidir o que tem de ser melhor decidido em prol do clube.

Compreendo a razão estratégica do não despedimento deste senhor a 7 jornadas do fim do campeonato. Não compreendo que este senhor fique nesta posição mais um dia sequer, depois do final desse mesmo campeonato.

Para que conste, comigo não entraria no escritório esta manhã...

Força Benfica

sábado, 4 de abril de 2009

Pré-Época - Parte 2




Eu escrevi aqui há semanas que depois da derrota com Guimarães o Benfica devia pensar num conceito de pré-época que permitisse dar mais competitividade ao colectivo nas restantes jornadas, tentar criar o grupo base para a próxima época e desta maneira chegar mais bem preparado ao mês de Julho, quando oficialmente preparar a nova época.

O que me surpreendeu foi ver toda a comunicação social a tratar o tal conceito que aqui defendi de pré-época como uma verdadeira pré-época. Não me lembro de ver em Março tantas capas seguidas com jogadores que vão ser reforços do Benfica na próxima temporada. Obviamente que quando aqui defendi o conceito de pré-época era a pensar no colectivo, no modelo de jogo que tarda em aparecer e a pensar nos jogadores que fazem parte do nosso plantel e que farão parte do plantel na próxima temporada. Nunca pensei que este conceito de pré-época fosse aproveitado pelos media pelas piores razões.

Por falar em piores razões, e para sermos claros e sem teorias de conspiração, pensei e pensei e pensei em que é que o castigo do Lisandro prejudica o FCPorto ou o jogador e sinceramente não consigo entender em que medida é que este castigo nesta altura pode prejudicar clube ou avançado.

O jogador está castigado para o jogo com Guimarães por acumulação de amarelos e depois não poderá jogar com o Estrela da Amadora no próximo sábado num jogo em casa contra uma equipa que o FCPorto tem "controlada". Aliás tão "controlada" que mesmo sem treinar, o Benfica não pode facilitar nem um único segundo este domingo na Reboleira, sob pena de ficar ainda mais longe do primeiro classificado.

Descansar Lisandro entre os jogos contra Manchester será algo que o FCPorto quase que agradece porque este castigo é aquele tipo de castigo que permite aos do FCPorto mostrarem a revolta das "injustiças do nosso futebol" e fazer com que Pinto da Costa sorria pois ele sabe tão bem que este castigo apenas servirá para que a equipa jogue mais concentrada nos jogos que se avizinham. Esta cartilha já eu a conheço bem e não é mais que utilizar os pontos fracos a nosso favor e alterá-los subtilmente para pontos fortes.

É exactamente o que o Benfica necessita nestas últimas 8 jornadas. Transformar os pontos fracos do seu futebol em pontos fortes reais com a conquista dos 24 ainda possíveis. É o que se deseja para este fim de campeonato. Mas entre o que se deseja e o que se pode, vai uma grande diferença...

Depois da derrota contra Vitória de Guimarães seria bom que equipa embalasse para as tais 8 vitórias que necessitamos para entrar motivados na verdadeira pré-época de Julho...

Força Benfica

domingo, 22 de março de 2009

A vitória do FCPorto

Há uns dias dizia que o Benfica devia iniciar a nova época este fim de semana com o jogo da Taça da Liga - numa espécie de Torneio Guadiana de Março - e deveria utilizar o resto da época para tentar organizar a equipa e definir um modelo de jogo que lhe desse resultados já no inicio da nova temporada em Julho.

A ideia era clara. Já que não ganharemos o campeonato, deveríamos lutar para ganhar a Taça da Liga e com essa moral de vitória poder ter mais calma para pensar no modelo de jogo, nos vários mecanismos que têm faltado, ver quem estará disponível para a próxima época, lançar jovens menos utilizados para arrancarmos a nova temporada em fase muito mais adiantada que os adversários directos que mudarão obviamente de treinadores.

Sendo assim, este jogo da Taça da Liga tinha a importância relativa que cada um de nós lhe quereria dar. Para mim era muito importante ganhá-la neste quadro de futuro a curto prazo.

Quando me dirigia para o estádio sentia que o nervoso miudinho de outros derbies tinha dado lugar a uma descontracção estranha de um qualquer jogo de pré-temporada. Perder ou ganhar nesses jogos apenas serve para ficarmos contentes ou tristes durante 10 minutos.

No decorrer do jogo o coração nem bateu, tal a mediocridade geral da partida. Ao intervalo eu pensei em culpar o relvado - já em desespero racional - mas percebi que o meu subconsciente considerava este, um jogo de pré-época, sendo essa era a razão óbvia para performance tão má de todas as equipas em jogo.

Quando acontece o tal lance de "pseudo" penalti senti uma sensação muito boa comigo mesmo. Não me levantei nas confusões geradas antes da sua marcação e disse que tinha a certeza que não era penalti. Passados 10 segundos, já toda a bancada tinha a resposta em forma de sms em cada telefone. "Não era penalti". Ainda o árbitro estava a discutir com fiscal de linha e com jogadores se "era ou não era" penalti e já todo o estádio sabia por fontes fidedignas via sms que não era penalti. Exactamente o mesmo que passou no Estádio do Dragão, só que com a diferença que no Estádio do Dragão muitos dos que receberam os sms a dizer "não era penalti" ainda estavam fechados num portão frio, a serem obrigados a tirar os sapatos, colocar as suas meias em poças de água, antes de poderem entrar dentro do estádio já com o marcador em 1-1.

Não me esqueço da cara dos adeptos do FCPorto a comemorar de forma "normalíssima" o penalti e a gozar com os poucos adeptos do Benfica, apesar de nos seus telefones também terem mensagens de familiares e amigos a dizer que o tal lance do Yebda e Lisandro "não era penalti".

Se em 2009, em menos de 15 segundos todos os adeptos são informados "se é ou não é penalti", "se é ou não era fora de jogo no golo assinalado", "se era ou não era razão para expulsão", porque é que não se decide duma vez por todas a utilização do "vídeo-árbitro" que em menos de 30 segundos informa o árbitro da razão "subjectiva" mas fundamentada da sua decisão? Se alguém me pode explicar porque se discute colocar mais dois árbitros - ficarão 5 mais o sexto árbitro - quando se pode colocar um monitor no relvado com a emissão televisiva e dar mais verdade desportiva a este desporto, eu ficaria muito contente com essa explicação.

A segunda coisa que concluí no estádio do Algarve é que minha paixão pelo Benfica não me ofusca os valores de educação e moral que familiarmente me foram transmitidos de pequeno. Aliás, pela primeira vez na vida senti-me deslocado num estádio de futebol. Sentado, vi o penalti de Reyes, queria que a bola entrasse (há coisas que não podemos mudar) mas não o comemorei. Sentei-me e se estava triste pela exibição fraca do Benfica, pela exibição paupérrima do Sporting e pela exibição inqualificável do árbitro que entre erros disciplinares, várias expulsões perdoadas e penaltis inventados estava a ser o verdadeiro protagonista do jogo.

Nos penaltis, enervei-me e obviamente comemorei efusivamente cada penalti defendido por Quim e marcado por cada um dos nossos jogadores. Nos penaltis, era outro jogo... E isso é algo que eu entendi, mas parece que nem toda a gente entendeu. O jogo de futebol mal jogado, num relvado mau, com equipas más (as três) tinha terminado. Agora era "outro filme" e o Benfica ganhou e bem. Quando um guarda redes defende 3 penaltis em 5, merece ganhar o jogo das grandes penalidades e esse foi obviamente ganho por Quim e consequentemente pelo Benfica.

No fim do jogo, entende-se tudo de forma clara. Afinal isto não era o torneio do Guadiana, nem as migalhas que o FCPorto dá aos seus mais directos adversários. Afinal o erro do árbitro - numa jogada muito parecida com a que expulsou o defesa do Rio Ave e deu o golo do Rochemback na passada semana - foi um erro grave e com influência no resultado. O Sporting através de Pedro Silva prova que afinal era um torneio importante, Paulo Bento na conferência de imprensa, dá uma importância a este taça que não deu a alguns outros roubos do campeonato e Miguel Telles/Soares Franco gritam como nunca haviam gritado antes. Neste futebol nacional de incompetência, calha a todos, menos aos de azul...

A cara de Pinto da Costa e da sua entourage no final do jogo, deveria ser de contentamento absoluto. Sem nenhuma influência sua, o árbitro conseguiu rebentar com um ambiente magnifico de fair-play que se viveu esta semana com conferências de imprensa conjuntas. Tudo aquilo que não interessa ao FCPorto em termos de bom ambiente viveu-se esta semana.

Ao FCPorto interessa que Sporting esteja a seu lado, interessa que o segundo lugar da liga seja para Sporting para que o gigante Benfica esteja o mais adormecido possível. Ao FCPorto interessa que na champions esteja esta equipa inofensiva de nome Sporting para que eles possam brilhar. Ao FCPorto interessa que o Benfica esteja fora dos milhões da champions e da montra que poderia representar para os seus jogadores essa competição. Ao FCPorto interessa que a grande voz contra o sistema - Luís Filipe Vieira - se possa calar um bocadinho depois deste "pseudo-escândalo" do penalti no Algarve. Ao FCPorto interessa ver adeptos dos dois maiores clubes nacionais a insultarem-se por um "pseudo" penalti tão natural no futebol onde vivemos. Dividir para reinar.

O que a mim me mete impressão é que o "choné" do Soares Franco esteja a ser utilizado neste jogo que só interessa a um clube. A mim o que me mete impressão é que o Sporting só se preocupe com o Benfica e com este ódio primário ao Benfica. A mim o que me preocupa é que um amigo (Pinto da Costa) consiga trair outro amigo (Soares Franco) com a alteração duma data do jogo entre ambos por uma mentira (afinal o jogo com Estrela da Amadora vai-se jogar hoje) e isso não seja motivo de repúdio, aceitando-se sentar ao seu lado nesse jogo do Dragão - para não falar de todos os outros escandalos em que esse clube se viu envolvido nestes últimos tempos.

Sinceramente, não estou contente com a maneira como se chegou ao penalti - obviamente - mas sei que cada um tem o que merece... Este Sporting, tem um pacto de silêncio com o Diabo - Pinto da Costa e FCPorto - para poder ficar no segundo lugar do futebol nacional - as taças que ganharam no passado recente e os segundos lugares nos últimos campeonatos provam isso mesmo.

Mas há uma coisa que eles não entendem. Neste momento, este penalti fantasma só tem um vencedor e não é o Benfica. Porque depois desse "pseudo" penalti o Benfica ainda teve que jogar outro jogo de penaltis. Com um pouco de sorte, o FCPorto poderia ter tido uma noite em cheio. De poltrona assistia ao empate de forma irregular do Benfica e poderia celebrar a vitória dos seus amigos do Sporting nos penaltis. Felizmente, a vitória nos penaltis foi nossa e totalmente justa.

No dia em que o Sporting se juntar à guerra pelo fair-play, se juntar à guerra contra a mesquinhice, se juntar à guerra pela verdade desportiva, se juntar à guerra contra o FCPorto em prol dum futebol de verdade e não tenha medo de admiti-lo, o futebol nacional voltará a dar sentido ao jogos antigos de matraquilhos quando as cores de Benfica e Sporting ocupavam o tabuleiro desse mítico jogo.

Até lá, vamos ser todos roubados. Umas vezes uns, outras vezes outros, mas nunca aqueles...

Parabéns ao FCPorto por mais esta vitória no futebol onde melhor sabem jogar - da mentira, da falsidade, da peixeirada...

Em relação ao Benfica, podemos começar a época relaxados e tentar aproveitar bem os nossos recursos e investimentos altos que fizemos há uns meses, preparando a equipa desde já para a nova temporada. Para já, ganhámos o torneio do Guadiana de Março.

Força Benfica

domingo, 15 de março de 2009

"I know its over"

Para quem tem na cultura pop uma referência de vida, há sempre uma citação de uma qualquer canção, de um qualquer filme, ou de um qualquer livro contemporâneo que faz sentido num determinado momento. Um mês depois de Morrisey lançar novo disco e na semana que antecede os seus 3 concertos em tantas outras salas de New York, aqui no burgo, lembro-me de uma das suas letras dos The Smiths escrita em 1986 no álbum "The Queen is Dead"- que obviamente nada tinha a ver com futebol. Cito uma parte da letra que diz:

"I know it's over
And it never really began
But in my heart it was so real"

Obviamente que estas palavras são tiradas fora do contexto emocional dessa letra, e que repito, nada, mas mesmo nada tem a ver com futebol.

No entanto, faz sentido neste momento, porque este pequeno texto reflecte exactamente o que é o Benfica nesta época e a minha relação com o Benfica este ano. Alterando a tradução e adaptando-a à minha realidade Benfiquista ficará algo como:

"Agora sei que acabou, mas na verdade nunca realmente começou, apesar de no meu coração sentir que poderia ser real."

Tirando o lado emocional da frase no contexto da canção, é exactamente isto que aconteceu nesta época.

No fundo, no fundo, quem gosta de futebol e entende um pouco de futebol, sabia que as hipóteses que tínhamos de ser campeões esta época eram as mesmas que tivemos no ano do Trapattoni. Poderia acontecer porque somos apaixonados e porque acreditamos sempre no nosso clube. Eu escrevi aqui dezenas de vezes - "acredito", "eu acredito", "claro que acredito" - sabendo que estes "acreditos" estavam presos apenas e só por pura paixão.

Nós somos apaixonados pelo Benfica. Ontem éramos 47100 - tirando os poucos do Guimarães - apaixonados e quando se está apaixonado a razão não é bom conselheiro.

Tal como no tempo do Trapattoni, ficámos fora da Uefa prematuramente, não jogávamos nada, resolvíamos de bola parada o que era complicado resolver de forma "corrida" mas a diferença grande é que nesse tempo a equipa era constituída por muito pior plantel, mas com um treinador muito mais esperto que Quique. Hoje temos um plantel muito melhor, apesar de um pouco desequilibrado - especialmente nos defesas laterais - mas com pouco sumo futebolístico.

Esse "sumo futebolístico" reduzido não vem de agora e revela erros graves de análise por parte da gestão do nosso futebol.

Eu sou dos que sempre defendeu Quique - tirando uma ou outra vez em que as declarações por si feitas acerca de jogadores do Benfica foram totalmente despropositadas - e defendi e defendo a estabilidade como forma de evolução.

O que se pediu a Quique, foi que construísse uma equipa, que definisse um modelo de jogo, que de forma relaxada e depois de um quarto lugar a mais de 20 pontos do FCPorto, pudesse acalmar e colocar em prática o tal "ano zero" com um futebol moderno e bonito, que agradasse a adeptos, apesar das diferenças grandes que Sporting e FCPorto levavam do ano transacto.

A partir dum determinado momento eu escrevi que estar a 2 ou 3 pontos do primeiro no inicio de 2009 seria uma vitória. Pensava eu que o mais difícil seriam os primeiros meses, os meses de adaptação a novos métodos, novos jogadores, nova estrutura. A partir de 2009, pensava que com tudo mais ou menos definido, com uma equipa a crescer futebolisticamente, os resultados iam aparecer e se não aparecessem logo, ao menos íamos construindo uma equipa.

A partir dum determinado momento da época e sem um fio de jogo perceptível, o discurso - especialmente depois da derrota na Trofa - mudou radicalmente. Em vez de construirmos a atitude competitiva, a disciplina, o cimentar de bases que nos pudessem dar esperança num futuro, o treinador define a prioridade nos "resultados" independentemente de não se jogar bem, apostando invariavelmente nas bolas paradas e na tal sorte e azar que não se controlando, são arriscadas.

Com esta atitude mantivemos a ilusão nos adeptos - 47100 ontem na Luz - mas colocámos a "equipa a jeito" para um desaire que deitaria tudo a perder. Esse desaire surgiu em forma dupla - derrota em Alvalade com exibição paupérrima e derrota na Luz contra um Guimarães que não merecia perder.

Neste momento e lutando por um lugar na champions com o rival de sempre é importante pensar nos resultados, mas mais importante redefinir novamente a prioridade na construção duma equipa, dum modelo de jogo e duma base que nos dê mais títulos no próximo ano. Hoje começa a nova época e é bom que todos pensem que não queremos depender das bolas paradas e da sorte ou do azar na próxima temporada.

Nós a partir de agora queremos a tal construção de equipa, maturidade, espírito competitivo, atitude de vitória em todos os jogos, o tal fio de jogo que tarda em aparecer. Queremos hoje aquilo que queríamos em Agosto de 2008.

Sempre disse que gerir as expectativas seria algo muito importante. Criando expectativas de conquista do título, com derrotas na Uefa, com derrota na Taça de Portugal em Dezembro, fez com que os adeptos sonhassem, acreditando apenas no coração. Apenas o coração nos fazia acreditar e daí as célebres frases de "sofremos até ao fim", "sempre a sofrer". São frases próprias de quem ama ou quem tem paixão, esquecendo que os jogos nos indicavam outra realidade.

Não há problema. Nós vamos sempre amar e ter paixão pelo clube. Agora é a altura de alguém dar o murro na mesa e gritar bem alto as prioridades que tínhamos no inicio do ano - criar um novo grupo, reduzir distancias para os adversários directos e ganhar pelo menos um título.

Está tudo em aberto, nestes objectivos propostos. Podemos e devemos ganhar um título contra o rival de sempre no próximo sábado, podemos e devemos criar as condições para jogarmos melhor de forma mais consistente, podemos e devemos reduzir distancias para os adversários mais directos. Se ganharmos os 21 pontos em disputa no campeonato, reduziremos essas distancias ao mínimo, se perdermos mais um ou dois jogos e mostrarmos atitude e futebol para o futuro acabamos a época outra vez na dezena de pontos para primeiro, sem champions mas a ganhar noutros tabuleiros seguramente.

O que não podemos é continuar a tapar o sol com a peneira e a redefinir prioridades a meio do percurso.

Quique Flores será o nosso treinador no próximo ano, a equipa terá três saídas e três entradas no máximo e o modelo de jogo terá de ser obviamente mais consolidado. Nos adversários directos, teremos novos treinadores, novos jogadores e novos métodos a partir de Julho. Sendo assim, é bom começar a treinar para a próxima época a partir de hoje.

Não há que desesperar e pedir cabeças em Março. O director desportivo será o mesmo em Agosto, o treinador será o mesmo, a equipa técnica a mesma e o plantel será praticamente o mesmo. Ir à champions é importante se terminarmos em primeiro. Sendo segundo, temos de começar a época em Junho, fazer duas importantes eliminatórias, correndo o risco de perder uma delas, voltar para a Uefa e estragar todo o planeamento da restante época.

Perdendo o campeonato ontem e não despedindo Quique Flores uma hora depois de terminar o jogo contra Vitória de Guimarães, não faz nenhum sentido continuar com essa história de "Quique servir ou não servir para este Benfica". A nova época começa hoje e é com estes que vamos estar em Julho a planear a nova modalidade da Taça Uefa, a lutar pelo campeonato, pela Taça de Portugal e esperamos que a defender o título que ganhámos este ano na Taça da Liga.

Custa escrever, mas mais vale assumir a realidade que continuarmos a sonhar com base no coração...

Força Benfica

domingo, 8 de março de 2009

"David e Golias" ao contrário

O Benfica tem de ganhar hoje para ser campeão. Ou muito me engano ou o Benfica tem de ganhar todos os restantes nove jogos - partindo do principio que ganha hoje - para voltar a ser campeão nacional. Eu acredito, como sempre aqui referi, mas sei que a missão do nosso clube é claramente de "David contra Golias"...

A exibição do Leixões e as suas ofertas ao FCPorto - nalguns pontos semelhantes a outros jogos deste campeonato, (lembro-me da desmarcação do defesa do Leixões para Hulk ser fotocópia duma outra desmarcação dum defesa Belenenses para o mesmo Hulk, no estádio do Restelo) - fazem-me acreditar que algo vai mal na correlação de forças do nosso futebol.

Em qualquer país do mundo, em qualquer desporto, uma equipa que seja em 20 anos campeã por 15 vezes é absolutamente odiada por todos os seus adversários. Tem lógica. O ódio das restantes equipas provém do sucesso alheio e do querer combater esse sucesso com vontade, garra e força, para que no final possam orgulhar-se de vencer à equipa que tem dominado o futebol desse país nos últimos anos.

Em Portugal, acontece o contrário. A subserviência das equipas que defrontam o líder incontestado do nosso futebol nas últimas décadas sempre me meteu impressão. Sempre desconfiei da maneira como as equipas pequenas na sua maioria "morrem em campo" para ganhar ao Benfica e encaram o jogo com esse equipa dominadora - FCPorto - com um "à vontade" que nunca entendi. Não entendi porque há Amor pelo FCPorto e Ódio pelo Benfica. O Benfica foi quarto o ano passado e apesar de ser a maior equipa nacional em número de títulos, em número de sócios e em simpatizantes não devia fazer de nós o alvo de todo o ódio.

Eu digo muitas vezes, que num dia que tenha tempo e que possa abdicar dum ano da minha vida para alguma coisa, gostava de estudar com profundidade este assunto. Parece-me apaixonante que alguém consiga passar por coitadinho - e por isso conseguir a simpatia de todos os outros - e que consiga passar a imagem que o "David" nesta história será "a equipa que ganha" sendo o "Golias" a equipa que nos últimos anos não ganha nada, ou quase nada. Isto é notável.

No marketing diz-se que posicionamento é a imagem que o público tem do nosso produto, independentemente dessas características assimiladas por um tipo de público, corresponderem às verdadeiras características desse produto. Neste caso o posicionamento do FCPorto no mercado de todos os adversários nacionais é claro - "atenção que eu ganho sempre, atenção que tenho mais títulos europeus que todos os outros grandes nacionais, atenção que sou a equipa com mais presenças na champions league (a par de Manchester), mas a equipa a abater é esse gigante de nome Benfica."

Como se consegue fazer este milagre do posicionamento, e fazer deste, um caso exemplar no desporto mundial? Com inteligência. É a única arma. Ser mais inteligente que os outros. E aí, meus caros amigos, independentemente dos apitos dourados, dos envelopes, das prostitutas em hóteis, o senhor Pinto da Costa é inteligente.

Tentar ter uma estrutura de emprestados que possibilite esse "não ódio" ao FCPorto que pode contaminar o balneário. Conseguir uma certa aura de vencedor que ao contrário de incutir o ódio e o desejo de vitória nos adversários, produz um efeito dormente de profunda admiração - e aí quem sabe de futebol, quem conhece os balneários e quem entende do "futebol real" nacional não pode esperar "inteligência suprema" nesses jogadores para que consigam entender que tudo é posicionamento.

O grosso dos jogadores que constituem os plantéis da Liga e segunda Liga prestam vassalagem pura ao FCPorto. Se somos maiores e temos mais adeptos é normal que também tenhamos mais adeptos encarnados no seio dessas equipas da Liga e segunda Liga. Sim, talvez... Mas mesmos esses, quando entram nos balneários formatados de "David e Golias ao contrário" fazem com que esse Benfiquismo se esfumace numa cartilha de mentiras e mitos, que dizem que o FCPorto é que é "um espectáculo" - utilizando a linguagem vulgar dum qualquer balneário nacional.

Essa cartilha passa de presidente para directores, de directores para treinadores e de treinadores para jogadores. Os jogadores são a pontinha final duma estratégia que passa por "minar" todas estas estruturas com a mentira maior do desporto mundial. Afinal no principal campeonato de futebol em Portugal, o David é o Golias...

Contra tudo isto, há coisas muito boas. No dia em que voltarmos a ser campeões três anos seguidos, voltamos a colocar os posicionamentos certos nos "produtos" certos. O Benfica é o alvo a abater sendo o "Golias" por mérito próprio e o FCPorto já pode voltar a ser o coitadinho do "David".

Hoje temos que ser grandes, gigantes para ganhar na Figueira da Foz e será isso que vai acontecer. Assim esperamos, assim desejamos e assim acreditamos.

Força Benfica. Força Benfica. Força Benfica.