segunda-feira, 8 de junho de 2009

Dia triste para o Sport Lisboa e Benfica...

Hoje é um dia triste para o Benfica. Hoje é o dia em que se prova que tudo no Benfica se sabe antes da hora, e que a estratégia - certa ou errada - é sempre discutida primeiro na praça publica e só depois nos locais apropriados.

Começo por Quique Flores e o seu acordo de rescisão amigável com o Benfica, que foi comunicado hoje à CMVM. Eu disse em tempos que a estabilidade era o nosso maior trunfo para esta época. Hoje, mais que criticar Quique ou aplaudir Quique - na hora da despedida há sempre um focar mais claro nos pontos fortes que nos pontos fracos - há que criticar toda a gestão deste processo e há que criticar de forma clara toda a gestão do apoio dado (ou a falta dele) a Quique nos momentos realmente duros da época.

Para quem estava a começar um ciclo que se queria de futuro, este treinador deve servir de exemplo para todos os gestores desportivos e presidentes que querem aprender o que "não se deve fazer" num ano zero que se pretende de continuidade. Eu não vou dizer se os resultados não apareceram por falta de solidariedade entre direcção e equipa técnica ou se foram os maus resultados que fizeram com que esse divorcio existira, mas a verdade é que de uma ou outra maneira se sentiu que esta administração, esta direcção, esta direcção desportiva não estava coesa com a equipa técnica e isso num primeiro ano que se quer de aprendizagem é crucial que exista para se obter sucesso. Vem nos livros - mas naqueles de primeira classe - do dirigismo desportivo, se é que existem livros desses no mercado.

Assinar por dois anos com um treinador, tem de significar dar o corpo às balas por esse treinador, exigir mais e mais dele internamente e apoiá-lo externamente SEMPRE. Num momento dado da época eu achei que a este treinador se devia renovar por mais um ano para não dar azo a qualquer tipo de especulação jornalística, ou mesmo à especulação dos jogadores e da sua performance.

Cada técnico que esteja refém das opiniões dos administradores está a prazo no Benfica. Seja Jesus, Quique, Koeman, Fernando Santos, Mourinho ou Trapattoni. Ponto Final.

Sobre Jorge Jesus só tenho a dizer que há uma coisa positiva. Muito positiva... Com Jesus a expectativa é realmente baixa. Eu apelei e apelei e apelei durante este ultimo ano que era importante que o Benfica baixasse a expectativa pois no fundo estava a começar um ciclo contra ciclos já em fase de maturidade como eram os de Sporting e FCPorto, que apresentavam equipas técnicas estáveis. Jorge Jesus é uma escolha tão má, tão pouco acertada e tão diferente do perfil de Quique Flores que me parece impossível terem sido as mesmas pessoas a escolherem-no. E isto diz tudo do descontrolo que vai no Benfica. Foram as mesmas pessoas que escolheram os dois perfis de treinadores para dirigir o Glorioso? Serão pessoas da mesma direcção?

Eu já disse e repito que vou esquecer as calinadas de Português do nosso futuro treinador, vou esquecer que depois dum jogo com algum suspense no resultado, o meu treinador disse aos jornalistas que esse tinha sido um jogo digno dum filme de "Francesco Coppolla" (sim, exactamente assim), vou esquecer todo o ódio que este senhor tem demonstrado quando joga contra o Benfica, vou esquecer o seu sportinguismo assumido desde sempre e vou focar apenas nos pontos positivos. Quais são? Ser tão má opção que a nossa expectativa este ano será tão baixa que até nos podemos arriscar a ser campeões. Por vezes a inconsciência é premiada. Neste caso pode ser premiado o Presidente que inteligentemente definiu este perfil de treinador, pode ser premiado o director desportivo que aceitou essa escolha e podem ser premiados todos os adeptos que como eu já não esperam nada de nada... Vamos ao Estádio da Luz como se fossemos uns cordeirinhos. Sem chama mas com a paixão cega que nos faz todas as semanas estar ali no sítio do costume a sofrer, a apoiar e a gritar pelo nosso Glorioso. Assim será com Jesus, com Manuel Machado e se quiserem até com o Quinito, porque nós os verdadeiros Benfiquistas somos maiores que toda esta corja que pensa que Ama mais o Benfica que os verdadeiros Benfiquistas. Custa-me ver um sportinguista a defender a honra do nosso convento, mas se tiver que ser, assim será.

Enquanto Jesus não é apresentado posso opinar sobre o que me vai na alma. No dia em que for apresentado será obviamente o melhor treinador do mundo e a sua desconhecida equipa técnica a mais competente para servir os interesses do Benfica. Até esse dia posso ir opinando sensatamente. Começo com um simples "Força Jesus..."

Mas porque razão é que este dia é realmente um dia triste para o Benfica? Porque se despediu o treinador? Não, até porque esse treinador já estava despedido há muito tempo. Hoje é um dia triste porque os meus dirigentes continuam a usar estratagemas que só visam proteger-lhes o couro (e cabelo), continuam a mentir a toda a imprensa como aconteceu depois do jantar no Altis a semana passada - quando toda a gente já sabia que as eleições queriam ser antecipadas - continuam a defender a democracia e depois utilizam estratégias politicas muito pouco democráticas para servir os seus interesses e pouco os interesses gerais do Benfica democrático.

Eu defendo todas as eleições do Benfica em Outubro. É assim que estão nos estatutos e nesses estatutos também está definido que um Presidente gere o clube e não o calendário do Futebol.

aqui disse que ser Presidente do Benfica é muito mais que ser Presidente do Futebol. Nesses termos, qual é o problema em deixar as eleições para Outubro como eu defendi, defendo e defenderei? Eu dei um mandato ao meu Presidente para gerir até Outubro de 2009 e não para se demitir desse mandato a seu bel prazer e consoante os seus objectivos. Estou triste por isso. Sinto que o meu Presidente está teoricamente preocupado com a estabilidade do plantel mas na verdade está com medo da instabilidade normal duma época de candidatura em Outubro de 2009. Se fosse esse realmente o objectivo - planificar com estabilidade o plantel - teria decidido antecipar as eleições para fim de Maio ou inicio de Junho pois assim daria tempo para preparar a nova época a quem fosse eleito. Marcar as eleições para dia 3 de Julho é absolutamente irresponsável.

O nosso Presidente da Assembleia Geral disse hoje o seguinte:

"Atendendo à instabilidade que foi criada de alguns meses a esta parte pela antecipação de uma discussão eleitoral que só deveria acontecer em Outubro, foi proposto pelo Presidente da Direcção a renúncia dos Órgãos Sociais de forma a poder clarificar e poder trazer de regresso ao Sport Lisboa e Benfica a tranquilidade institucional de que necessita. Esta proposta foi aceite por todos, o que significa que o acto eleitoral, inicialmente agendado para Outubro, será antecipado para o dia 3 de Julho, sendo que o prazo para apresentação das candidaturas irá decorrer até às 17h30 do dia 22 de Junho. O Benfica sempre foi dos Sócios. É esse o seu principal património. São eles que devem avaliar e decidir qual o caminho a seguir. A partir de amanhã tomarei a iniciativa de clarificar os detalhes do processo eleitoral."

Com todo o respeito que tenho por Manuel Vilarinho - por razões óbvias - esta declaração é ridícula. Por esta ordem de ideias Bush ter-se-ia demitido 2 anos antes quando se começaram a discutir as eleições de Novembro de 2008.

Não acredito em nada disto e fico triste com todo o este processo. Para si senhor Luís Filipe Vieira uma carta aberta nesta noite triste de Junho...

"Senhor Luís Filipe Vieira, os meus 20 votos estariam assegurados em Outubro porque a minha memória não é curta, e sei o que gosto do Meu Benfica para me aventurar em projectos de risco nesta altura. No entanto, neste momento dou-lhe o cartão amarelo próprio de quem sabe muito bem o que é o Benfica, a nossa cultura e a missão dum Presidente responsável. Esta sua decisão vem ferida de morte e sei que o respeito que merecem todos os sócios do Benfica deveria ter ficado acima de guerra politicas e de grupos económicos/comunicação social. Se o senhor entende de politica ou de politiquices, eu não quero isso no meu Benfica. Sei os seus objectivos e conheço bem as suas (boas) intenções, mas sinceramente não é isso que espero do meu Presidente.

Quero que o meu PRESIDENTE seja humilde suficiente para planificar um projecto e se apresente com esse projecto no tempo correcto e definido anteriormente. Quero que defina uma equipa técnica e um plantel em consciência e que a defenda no timing certo. Quero que defina uma politica de amadoras, quero que defina uma politica de marketing e de merchandising, quero que me diga qual é a sua ideia para os tais direitos televisivos, tão importantes no próximo mandato, quero que me diga qual o projecto desportivo para os próximos 3 anos, quero que defina as prioridades para o excelente projecto dos sócios, quero que me diga qual a sua estratégia para a tal internacionalização da nossa marca, quero que me justifique os desaires financeiros como algo pontual e controlado apontando as boas soluções que entende melhor servirem os interesses do Benfica , quero que me afirme e reafirme o seu Amor incondicional ao clube - se por acaso o tem - e sinceramente não vejo o que é que tudo isto tem a ver com a antecipação de eleições.
Não entendo as razões desta antecipação.

Bruno Carvalho, o "concorrente da blogosfera" (como lhe denominei aqui) não dá luta nem para uma associação desportiva de aldeia hoje, em Julho ou em Outubro e todos os outros candidatos serão bem recebidos, bem tratados e apoiados por todos os que os quiserem apoiar no timing certo. Não esteve nada bem e esta decisão é totalmente errada.

O Benfica não necessita, não necessitou nem necessitará de eleições antecipadas para Julho de 2009 e reitero esta ideia hoje e sempre, mesmo sabendo que alguns dos nossos colegas Benfiquistas defendiam o contrário - como por exemplo o candidato Bruno Carvalho.


Senhor Luís Filipe Vieira, este é um erro grave e muito egocêntrico. Os Benfiquistas não mereciam que colocasse a táctica eleitoralista à frente dos nossos reais interesses. Para mim é uma página estratégica negra numa folha de Presidente que em 5 anos e 8 meses, teve obviamente pontos altos e pontos baixos fruto de quem gere diariamente um clube e quem tenta fazer sempre bem, mesmo que não consiga. Neste momento, estou triste consigo e sei que como eu muitos Benfiquistas também estão. Congelei os meus 20 votos certos na sua candidatura em Outubro, para uma fase passageira em que necessito de "ser convencido a votar em si" e de entender internamente se depois disto você ainda merece ser o Meu Presidente.
"

Força Benfica

sábado, 6 de junho de 2009

Somos Campeões

Depois de 14 anos, somos outra vez campeões nacionais de Basket.

Foram 14 longos anos, mas hoje o título volta à casa do grande nome nacional do Basket.

É nosso o campeonato e tal como Henrique Vieira, também eu não me lembro dum 4-0 numa final de Playoff.

Sem Ben Reed, ganhar 4 jogos na final contra o tri-campeão Ovarense mostra a força duma grandíssima equipa que ganhou todos os 30 jogos na regular season e apenas averbando 3 derrotas em todos os jogos do Playoff. Como dizem na NBA, fechar o ano com uma vassourada de 4 vitórias em 4 jogos é algo que revela a qualidade da nossa equipa e a inequívoca e incontestável vitória neste campeonato.

Para quem gosta de Basket como eu, é emocionante ver uma equipa tão demolidora e com tantos e tão bons Portugueses. Ontem falava dos Portugueses no Benfica versão futebol... Pois aqui está mais um exemplo do que digo num desporto tradicionalmente Americano.

Somos Campeões.

Viva Carlos Lisboa. Viva Henrique Vieira. Viva toda a equipa de Basket do Benfica...

Força Benfica

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Então e os Portugueses?




Temos assistido nos últimos dias ao clássico dos primeiros dias de pré-época. Nomes e nomes e nomes de jogadores que o Benfica vai buscar e no final apenas aparecem 1/4 desses nomes para não dizer 1/5. A verdade é que depois da revolução no plantel do ano passado, pensei que este defeso fosse calmo, mas apenas duas semanas depois do nosso último jogo, eis que me convenço do contrário. Vai ser tudo menos calmo.

Em comparação ao ano passado já temos um ponto em comum. O Álvaro Pereira já está no FCPorto depois de até eu aqui o ter quase confirmado como nosso reforço - baseando-me na única fonte que vale para mim, que é o jornal "A Bola". A verdade é que como todos os jogadores que assinam pelo FCPorto e que o Benfica antes desejava, existe uma autêntica festa em vários meios de comunicação social. Desejo-lhe a pior sorte do mundo. Obviamente.

Tirando esse ponto em comum com a pré-época passada, temos algo que na minha opinião é bastante pior este ano. Não temos treinador. Isto é gravíssimo, apesar de estarmos a poucos dias da sua resolução. Qualquer segundo depois do jogo com o Belenenses para mim já é uma eternidade.

Outro ponto negativo é que neste momento já se contrataram Patric, Ramires, há quem garanta Schaffer e até ver nem um único jogador Português para a nova época. O ano passado contei 8 jogadores no nosso plantel e escrevi aqui o que achava nessa altura.

Hoje continuo a achar que temos que ter mais Portugueses no Benfica. Ponto final. Repito, temos que ter mais Portugueses no Benfica. Novos ou experientes, o Benfica tem de passar de 8 para 14 jogadores nacionais em poucos anos.

Hoje leio no mesmo jornal "A Bola" que o Benfica fez uma proposta para a contratação de um novo guarda redes Argentino pelo valor de 3,8 milhões de Euros. Já sei que estas noticias valem o que valem - mesmo vindo da Bíblia - mas não deixo de me surpreender com que nem um nome Português seja referenciado nos jornais. Falou-se de Ruben Micael mas devem ter achado que eram muitos Rubens no meio-campo e ele próprio já disse que preferia o estrangeiro. Temos outro Ruben, (este é Lima de apelido) para o lado esquerdo da nossa defesa em Toulon e mandamos olheiros para verem os craques das outras equipas.

Eu já disse 1001 vezes que respeito Rui Costa, tenho um carinho especial por ele e aceito o que ele defender para o nosso futebol, apesar de poder não concordar. E a verdade é que não concordo nem aceito que se gastem milhões (ou milhares para ser mais orçamentalmente correcto) em viagens ao estrangeiro em observações várias e ninguém observe no nosso campeonato, nos juniores de outras equipas, na segunda divisão. Hoje era impossível haver um Vitor Paneira que chegasse ao Benfica da segunda divisão e a verdade é que ele ficou lá muitas e muitas épocas - foram exactamente 7 as temporadas que vestiu de encarnado e com águia ao peito.

Este ano é para manter e corrigir. Pois bem, em vez de manter e corrigir, não temos treinador, não temos mais Portugueses (a julgar apenas pela amostra), vamos perder Katsouranis e/ou Luisão e/ou Di Maria e/ou Cardozo e/ou Reyes - e porque não perder (ganhar?) Binya? - já perdemos Suazo e a única coisa que neste momento é totalmente positiva é a planificação dos jogos de pré-época.

Temos Torneio Guadiana, Torneio de Guimarães, Torneio de Amesterdão, temos apresentação com Atlético de Madrid, temos Taça Eusébio com ACMilan. Aplaudo a planificação e neste particular já parece que temos uma estratégia. É só isso que eu quero sentir no meu Benfica. Uma estratégia.

Alguém que me diga, "tem calma porque há um rumo claro" que está desenhado, planeado e em execução. Eu não tenho dúvida que tem de haver. Se Quique fosse o nosso treinador e não houvesse esta novela ridícula, triste e pouco digna já podíamos estar a fechar dispensas, contratações e a irmos todos de férias. Diz Rui Costa que quer ter o plantel fechado no dia da apresentação da equipa. Um objectivo na vida não é algo ligeiro. Tem que se focar e pensar claramente em tudo o que é necessário para que isso seja realmente possível. Começar a época com todos os dispensáveis, realmente dispensados e todos os contratáveis, já contratados e a treinar.

A palavra estabilidade não é algo que se procure sem alcançar. É apenas um objectivo que se prossegue com determinação. Como ter mais Portugueses na equipa.

Numa altura em que Domingos Soares Oliveira acha que temos que vender para chegar a um patamar de receitas que nos permitam encarar financeiramente bem esta nova época, não há ninguém que diga que ter mais Portugueses pode ser uma boa ajuda nesse item?

Neste momento perdendo Reyes - não consigo entender como é que se compram 20% dum passe dum jogador sem o objectivo claro e orçamentado de comprar a totalidade no ano seguinte - perdendo Suazo, perdendo Katsouranis e podendo perder mais um jogador para ter a tal receita extraordinária que é imprescindível, porque é que se gastam 7,5 milhões em Ramires, 2 milhões em Patric, 2 milhões no tal Schaffer e 3,8 milhões no tal guarda redes Argentino (estes dois últimos sem nenhuma confirmação oficial) quando se pode ir de mansinho e com ar de humilde, caçar no tal mercado nacional, na formação ou até mesmo nos nossos emprestados?

Só peço encarecidamente e com educação que coloquem no plano macro-desportivo das próximas épocas ao lado das palavras ambição, disciplina, talento, boa relação preço-qualidade o passaporte Português - preferencialmente sem naturalidade apesar de eu poder falar pouco deste item, porque sempre fui a favor dos naturalizados como cidadãos do (nosso) mundo. No entanto, nesta área não interessa onde se nasceu - afinal foi só um hospital numa determinada cidade ou país, mas que sinta o Benfica desde sempre. Como eu sinto.

Se assim for, ser Português é algo muito importante nos objectivos que temos pela frente. Volto a repetir pela enésima vez que apelar aos Portugueses não é vincar os Paulos Jorges, os Carlitos, os Amoreirinhas, os Miguelitos, os Marcos Ferreiras entre outras ricas prendas que por aqui passaram nos últimos anos, mas sim os Ruben Amorim, Moreira e Miguel Vítor que ainda por aqui andam. Não é ser nacionalista mas sim ser focado nas nossas limitações orçamentais e na nossa História de sempre. Com Portugueses conseguimos ser mais fortes, quase sempre, e isso é indesmentível factualmente...

Força Benfica

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Verdadeira Mística?

Numa altura em que falar do novo treinador e do futuro próximo da nossa equipa é especular e alimentar uma discussão totalmente estéril, prefiro reflexionar um pouco sobre o que realmente será isto da verdadeira Mística encarnada.

Para mim Mística sempre foi a capacidade de sofrer, a humildade, a atitude, ter força para lá do teoricamente normal, a capacidade de entrega total numa clara oposição ao auto convencimento, à sobranceria, à arrogância competitiva, à superioridade duma equipa antes de jogar.

Eu tenho para mim que a nossa Mística nasce essencialmente depois das nossas campanhas Europeias onde com dificuldades imensas e vindos dum país complicado politicamente e pobre provámos que com essa Mística - leia-se vontade, força, orgulho em representar a nossa camisola, capacidade de sacrifício em oposição à tão portuguesa ideia de vamos lá para perder por poucos - fomos a 5 finais europeias em 8 anos.

E esta é a verdadeira Mística. Ir a 5 finais Europeias em 8 anos prova que o Benfica teve que jogar em muitos campos, em muitos países, contra muitas equipas. Esta regularidade fez de nós uma equipa que não vira a cara à luta e que luta com todas as armas para ganhar. Quando não se ganha, damos tudo o que se tem e o que não se tem. Era assim e ponto final.

Hoje a nossa Mística está teoricamente em perigo?

Toni dizia noutro dia na "Liga dos Últimos" do grande comunicador e amigo Álvaro Costa que "Mística é ganhar". Dizia ele que "ninguém segue uma equipa que perde". Pois eu discordo totalmente desta afirmação. O FCPorto ganha e ganha e ganha e ninguém respeita neste momento nenhuma da sua mística. Sim, teve-a nos anos 80 quando começou a ganhar e as pessoas diziam que "joga à Porto" que basicamente era jogar duma forma atabalhoada mas com muita garra. Sim admito que sim. Foi um estilo. Depois esse estilo transformou-se e a arrogância tomou conta das equipas, dos treinadores e obviamente do seu presidente. Não há classe no FCPorto. Nenhuma classe e uma equipa sem classe e sem elevação não pode ter nem Mística nem qualquer outra palavra nobre. A maneira como se dirige aos adversários - onde o Benfica é o principal alvo - será o inicio do fim do FCPorto e ainda bem.

Esta última semana onde Pinto da Costa afirmou que "a final da Taça de Portugal deveria ser no Estádio da Luz para os adeptos do Benfica finalmente verem um bom jogo" é muito mais que uma provocação. É um estado de alma. E eu sei o que acontece a qualquer organização que se aburguesa, que se auto convence que é muito superior aos outros e que age com sobranceria perante todos. Sei eu e sabem todas as pessoas com alguma visão global das organizações. Vai cair. Os ciclos têm um inicio e um final. Tal como o ciclo do Benfica teve um final nos anos 60 (apesar da boa década de 70 internamente), ressurgindo com força em três finais europeias na década de 80, o FCPorto pode estar a terminar um ciclo, mais ano menos ano. E nesse dia em que o FCPorto esteja os tais três anos sem ser campeão vai ser bonito ver toda aquela arrogância no chão, no seu mais baixo patamar...

Até lá temos que arranjar maneira de ressuscitar a nossa Verdadeira Mística. E eu detesto ver essa Mística adaptada por estrangeiros - ou no caso, por muitos estrangeiros - mesmo sabendo que ao longo da nossa história alguns desses estrangeiros foram tão nobres e dignos dessa Mística como qualquer um dos mais nobres Portugueses. Isso é um facto. Outro facto é que eu detesto ler entrevistas de Brasileiros quando chegam a Portugal. Normalmente aparecem com esse auto convencimento e arrogância ao aeroporto que me irritam. Como se viessem do mundo perfeito do futebol e esta passagem pelo Benfica fosse isso mesmo - uma passagem - para outros campeonatos mais importantes. Tudo bem. Houve excepções e no último sábado vi uma frase na capa de " A Bola" que mais parecia dum qualquer novo Donizete a caminho da Luz:

- "As vitórias do Porto vão acabar" dizia sorridente. Poderia claramente ser mais um Donizete ou muitos Donizetes que aqui chegaram ao nosso clube nas últimas décadas. Abro a página da sua entrevista e diz:

- "Agora seremos nós os Campeões" e imagino o Pinto da Costa a rir no seu escritório ou na sua casa pois é disto que ele se alimenta. No entanto, com o decorrer da entrevista leio partes que me agradam.

"Para já, começou por devorar tudo o que é informação a respeito dos encarnados. Adquiriu televisão portuguesa, não perde noticiários, é um viciado na Internet, na procura de tudo o que diga respeito ao Benfica. Com a ajuda preciosa da esposa, Jordana, também ela totalmente compenetrada na vivência benfiquista.

«Ficámos tristes por não ter sido o Benfica a fazer a festa de campeão. Quando começaram a dar as imagens dos festejos do FC Porto, desliguei imediatamente a televisão», conta Patric. A mulher meneia a cabeça, confirmando a história, o jovem de 20 anos não está a dizer isto só para ficar bem, já está a levar isto muito a sério, ou não fosse do Sul do Brasil (Santa Catarina, enquanto Jordana é de Porto Alegre), região que mais se identifica com a mentalidade europeia (área mais fria, com forte colonização dos povos da Europa do Norte).

«O FC Porto foi campeão nos últimos quatro anos, não é? Pois tenho a certeza que isso vai acabar para eles, agora seremos nós os campeões», é a convicção do internacional sub-20 brasileiro. Por duas razões, na sua opinião: é o momento ideal para uma mudança de ciclo (Patric não falou com Luís Filipe Vieira, as expressões são mesmo dele!) e porque o plantel é forte. A contratação de Ramires é a prova de que o clube é «ambicioso» e «os jogadores contratados na época passada vão seguramente jogar melhor na temporada que agora vem, pois já tiveram o tempo necessário para se adaptarem. Lutaremos todos para sermos campeões», é o atestado de garantia que deixa.

Sinceramente gostei do discurso do rapaz apesar do título ser para "o tal terceiro anel" que eu cada vez acho que é mais jovem e mais entendedor de futebol e de todo o seu fenómeno, mas a verdade é que senti Mística. Gostei da maneira inteligente como diz que a equipa vai crescer e os reforços vão ajudar a esse crescimento.

Mística é algo que claramente não anda lá pelos lados do Dragão. Cada vez que vejo uma equipa com cabelo pintado de azul a comemorar o título jogando naquela figura contra uma outra equipa - neste caso o Sporting de Braga - aumento o orgulho no Meu Benfica.

Essa parolice - não tem outro nome - é abominável. Não entendo quem teve essa ideia peregrina de gozar literalmente com os adversários no final de cada ano. É ridículo, pouco desportivo e se o Benfica algum dia jogar com o cabelo encarnado depois de ganhar um título não retirarei nenhuma palavra, silaba ou virgula a estas afirmações. Como diz o terceiro anel - "se eu mandasse ninguém celebrava de cabelo pintado de encarnado..."

Para celebrarmos mais e melhor temos que nos virar para dentro. É fundamental que em vez de irmos à procura dos Sub-20 Argentinos como Di Maria, ou Sub-20 Brasileiros como Patric se veja de forma real o poderio que temos nos Sub 20 Portugueses, na nossa formação e nas outras equipas nacionais.

Eu penso que esta última opção de procurar jogadores Portugueses bons nas outras equipas nacionais - como fizemos com Vitor Paneira, Chalana, Carlos Manuel e muitos muitos outros - é complicada especialmente depois da razia de Artur Jorge há quase 15 anos. Ainda hoje estamos desconfiados deste processo de ir buscar bons jogadores às outras equipas nacionais tal as dezenas de falhanços nestas ultimas épocas.

Mas essa desconfiança tem de acabar com um melhor scouting desses jogadores. Eu não acredito em nenhum jogador até o ouvir falar. Sei que parece romântico mas é assim que eu vejo a questão de novas contratações. O jogador é bom, está bem referenciado, tem estatísticas interessantes, foi observado em 20 jogos, há vídeos específicos que mostram que o jogador é mesmo bom, o clube dele está disposto a vender, o preço é simpático ou negociável, mas falta a entrevista... Saber qual é a sua entourage, família, ideias sobre o Benfica, etc... Já falei no conceito romântico, mas é assim que eu sinto cada contratação.

Evitar tudo isto é ter o jogador da formação e aí Miguel Vítor é o nosso melhor exemplo em muitos anos. Não só porque ele é bom jogador mas porque sabe o que é o Benfica e isso nota-se em cada palavra que diz, mesmo aos 20 anos.

Se tivermos que fazer um modelo da verdadeira mística para os próximos 10 anos ela terá que se basear em poucas premissas:

- Ter os melhores Portugueses com longevidade e fazer com que eles não pensem no Real Madrid, no Chelsea ou no Inter que devoram na PlayStation ou na SportTV.

- Ter os melhores estrangeiros compenetrados em fazer crescer o Benfica, não a crescerem eles próprios para outros voos e last but not least manter a longevidade com cada um desses estrangeiros.

Já sei que me falam dos prejuízos de milhões, da inevitabilidade das vendas para equilibrar as contas, das pressões dos agentes que querem comissões de vendas, etc...

Contratar nacionalmente a preços razoáveis, aproveitar a formação, contratar estrangeiros com contratos de vários anos e não os vender à primeira oferta. A Mística rejuvenesce com Ruben Amorim, Miguel Vítor, com Moreira e com outros jogadores nacionais. E é isso que terá que ser a prioridade total.

Não vejam neste texto algo nacionalista que não tenho, não tive, nem em nenhum momento terei. Aceito que os melhores estrangeiros devam estar no Benfica e se estão aqui que fiquem muitos e muitos anos. É simples. Fazer com que os estrangeiros gostem do Benfica e queiram ficar por aqui muitos anos deve ser o objectivo de qualquer director desportivo do Benfica nas próximas épocas.

Manter uma equipa o maior numero de tempo possível. Luisão é um exemplo. Eu não vou aqui opinar se neste momento necessitamos mais dos milhões da sua venda ou da sua Mística no balneário - calculo que Domingos Soares Oliveira tenha uma opinião e Rui Costa outra - porque respeitarei qualquer das decisões. Mas se repetirmos os anos de Benfica do Luisão com Patric, David Luiz, Sidnei, Cardozo, Filipe Bastos, Urreta, Aimar, Reyes, Di Maria, Maxi Pereira, Ramires já podemos dar-nos por satisfeitos e seguramente que o Benfica irá ganhar títulos com estabilidade. Se a estes, juntarmos mais 4 ou 5 jogadores nacionais que ficarão no Benfica para sempre será ainda mais fácil ser campeão e fazer boas figuras no estrangeiro.

Se a estes jogadores ensinarmos a ser humildes, respeitar sempre o adversário, jogar nos limites em todos os campos, tratar o Estádio da Luz como um templo onde só há dois cenários possíveis - ganhar por mais de 3 ou ganhar por menos de 3 - tratar as derrotas como anormais, sentir a equipa unida para não se repetirem mais derrotas e sendo bem liderados podemos voltar a ser o que fomos. Sem a mínima dúvida.

Vou terminar falando da outra nossa Mística - a revista. Começo por dizer que não simpatizo com Sílvio Cervan. Não gostei da sua faceta politica no PP, não gosto do seu look de betinho que aparentemente foi gozado na escola por toda a gente, não gosto muito das suas ideias e acho que cada vez que escreve n' "A Bola" ou fala no "Dia Seguinte" diz coisas superficiais e pouco mais...

No entanto tenho um respeito por ele enorme porque serve o Benfica. Todos os que servem o Benfica em qualquer área têm o meu respeito e hoje sei que entre jornal, televisão e revista, a "Mística" é neste momento o projecto mais sólido de todo o universo media com a marca Benfica. Parabéns a Sílvio Cervan que lidera muito bem este projecto.

Esta nova Mística de Maio tem três entrevistas muito boas. O outro lado do Aimar - que eu penso que deve cumprir os os tais 3 próximos anos do seu contrato - a reportagem dos manos Rafael que mostram que a Mística também se vê nas amadoras - eu afirmo cada vez mais nas amadoras - e uma magnifica entrevista de Domingos Soares Oliveira que deve ser lida por todos os que se interessam por assuntos mais financeiros da vida do nosso clube.

Será esta a Verdadeira Mística?

Também mas não só. A Mística também é o ecletismo e a formação. Neste momento lutamos pelo titulo de Basquetebol, de Futsal, de Andebol e de todas as áreas de formação no Futebol. Será aqui que se recupera a Mística para depois a transpor para a parte sénior do nosso Futebol?

Temos que começar por algum lado, não?

Força Benfica

sexta-feira, 29 de maio de 2009

"Quem semeia ventos, colhe tempestades"

Vou começar este texto por aplaudir o comunicado do Benfica emitido ontem à tarde e que se pode ler aqui no nosso site. Eu que tenho sido crítico de João Gabriel na forma e às vezes no conteúdo das suas afirmações, tenho de admitir que desta vez se falou alto, com sentido e a dar-se ao respeito. Muito bem. Aplaudo deste singelo cantinho...

O que não aplaudo é o barulho com que se vem falando à volta da questão do treinador do Benfica. Todos sabemos que a culpa dos jornais inventarem o que bem entendem não é do Rui Costa, nem do Luís Filipe Vieira, nem mesmo do João Gabriel, mas nestes casos a estratégia tem de ser evitar estes desaires comunicacionais, precavendo o que pode acontecer num futuro quando não decididas as questões em tempo útil.

O Benfica devia ter dito antes que Quique seguiria com o seu contrato - não dando azo a especulação - ou que pelo contrário iria ser substituído do cargo de treinador do Glorioso. Não o fazendo quando se exigia - para mim a derrota com a Académica poderia ter sido o momento certo se fosse para Quique continuar; a vitória contra Belenenses teria sido o momento certo se a opção fosse a de despedir Quique - criou condições para que os piores jornalistas possam brilhar.

Da mesma maneira que quando se critica a arbitragem dum jogo que nos rouba 1 golo e 1 penalti, os mais cépticos dizem que o "Benfica não fez o suficiente futebolisticamente para ganhar" minimizando assim os erros de arbitragem. Aqui é igual... Deveríamos ter acautelado este dossier a tempo e horas de não nos metermos a jeito nesta peixeirada - que já mete Rui Costa no aeroporto a defender muito bem o Glorioso - que é a escolha do novo treinador Benfiquista.

Outra coisa que me preocupa é o facto de Jesus poder realmente ser o novo treinador do Benfica. Nunca se vai provar se o Record teria ou não teria razão. Eu não preciso de provas. Se o meu clube e Jesus emitem dois comunicados distintos dizendo que não assinaram nenhum acordo eu não preciso de nada mais para acreditar. Mas eu sou sensato, calmo e honesto e assim acredito que a minha direcção seja igual. Agora todos os outros podem desconfiar e aí será complicado credibilizar quando a imagem é precisamente o contrário. Já parece que estou a ver os nossos adversários nos media a gozarem connosco e a afirmarem solenemente que o Benfica tem contrato com o Jesus há meses. Da mesma maneira que a mentira que afirma que Jorge Ribeiro falhou o penalti contra Benfica porque já tinha contrato. Mas a verdade é que passados uns meses ele estava mesmo no Benfica e hoje ainda tenho que ouvir uns espertos a jurarem a pés juntos que foi essa a razão da falha do penalti...

Vamos acalmar as coisas, decidir o que tem de ser decidido quanto antes, tornar público o que tem de se tornar publico e manter em segredo o que tem de ser confidencial.

Vamos confirmar Jesus, Quique ou qualquer outro treinador o mais rápido possível e aproveitar os jogadores novos da formação para começar finalmente a aproveitar a prata da casa na criação do tal "novo Benfica" que renasce todos os anos.

Vamos contratar mais jogadores nacionais e vamos pensar no Benfica como algo unificado e unificador. Noutro Blog alguém dizia que o Benfica precisa do novo "José Aguas". Pois esse novo José Aguas só aparece se tivermos um jogador nacional de qualidade durante 10 épocas no Benfica. No momento o nosso José Aguas tem mais aspecto de ser o novo Humberto Coelho, olhando para o jovem Miguel Vítor, mas há mais e bons nos juniores.

Como digo no titulo "Quem semeia ventos colhe tempestades" e quando não se acautelam bem as coisas no timing certo acabamos por ter que ouvir, ler e ver coisas que não seriam previsíveis.

Vamos acreditar na bonança como tenho dito ultimamente... Ela surgirá, não sabemos é quando...

Força Benfica

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Nervos à flor da pele




Temos assistido em vários blogs, em vários fóruns, em vários comentários nas caixas de alguns media online e mesmo nos cafés, na rua ou no trabalho que a nação encarnada anda nervosa.

Eu tenho aqui escrito com um tom critico acerca da confusão que se tem gerado nos últimos dias, mas também penso que depois da tempestade virá a bonança. Só assim pode ser e será assim seguramente.

Primeiro, que fique claro que apoiarei inequivocamente qualquer treinador que comece a próxima época. Isso penso que é óbvio e como eu, qualquer Benfiquista. Sem a mínima dúvida. Segundo, penso que no meio de alguma incompetência e de algumas decisões com que não concordo, temos que aproveitar este tempo, para acreditar que nem tudo pode ser mau na gestão desportiva encarnada e acreditar que quem manda também deve ter algum plano, alguma linha estratégica, alguma ideia mais inteligente do que aquelas que nos foram sido transmitidas estes últimos dias.

Luís Filipe Vieira tem de ter calma e de não disparar contra todos aqueles que neste momento o criticam. Eu sou uma voz sempre critica mas ao mesmo tempo uma voz que apoia e que sabe entender algumas das frustrações do nosso presidente. Mas eu não sou nada mais que um simples e singelo blogger. Para ele, todo o bom trabalho que fez na SAD em todas as áreas - menos na desportiva - deveria ser suficiente para ter a tal passadeira vermelha que ele subconscientemente pensa que merece dos Benfiquistas. Tudo na vida só se alcança com trabalho e sei que os últimos 6 anos foram difíceis para ele e para quem o acompanhou na "credibilização da Instituição Benfica". Estamos todos de acordo e quem não concordar com isso é porque é muito limitado intelectualmente.

O grande desafio agora é desportivo, para que o monstro que ele ajudou a criar - especialmente ao nível de toda a campanha de sócios, das parcerias e das receitas extraordinárias - tenha agora eco nos tais títulos que nos têm faltado. A julgar pelos resultados da formação até ao momento, a palavra esperança faz algum sentido de utilizar neste texto.

Eu entendo que para um Homem prático e habituado a negócios mais tradicionais, o negócio do futebol com especificidades próprias lhe meta alguma espécie (usando uma expressão bem popular).

Esta história da rescisão com Quique pode ser um bom exemplo. Eu não tenho duvidas que a ser verdade que Luís Filipe Vieira não quer ter Quique na próxima época, também não deixa de ser verdade que não lhe queira pagar a clausula de rescisão. Ele lá pensará que para pagar 3,5 milhões de Euros, quase que mais vale ter cá o homem na próxima época, porque mesmo que se contrate Jesus, esses 3,5 milhões de Euros serão diluídos durante o ano. Claro que isto não passa de pura especulação e colocada em forma de hipérbole, para provar a ideia que prova que Luís Filipe Vieira quer que Quique anuncie o novo clube e que se vá embora pelo seu próprio pé. Se eu ontem dizia que não se pode esperar outra coisa de Quique que não seja pedir uma indemnização por ele considerar que deveriam ter falado com ele antes, também não deixa de ser verdade que Luís Filipe Vieira está no seu direito a não querer pagar nada.

E é exactamente aqui que reside a essência desta nossa paixão. O que uns acham bem outros acham mal e o que uns defendem hoje podem já não defender amanhã. Nesta premissa que acabo de defender, é triste admitir que o futuro de Quique no Benfica pode estar dependente de terceiros. Quique quer ir para Espanha com a mala cheia de notas - a que tem direito contratualmente - e Luís Filipe Vieira quer que Quique assuma que já tem outro clube e deseja que ele saia pelo seu próprio pé abdicando da indemnização a quem tem direito.

Eu entendo que se pudesse ser, o nosso presidente preferia ficar cá o ano todo com a equipa técnica de Quique e ao mesmo tempo contratar Jesus para ser o treinador nas próximas duas épocas. E acredito porque ele é assim. Neste jogo de empurra vamos estar todos nós, até a corda esticar dum dos lados. E isso é mau. Não decidirmos nós o nosso futuro e deixar que outros decidam por nós é a pior coisa que se pode passar na vida pessoal ou profissional. Neste momento é assim que eu penso que estamos - todos á espera que alguém decida o nosso futuro.

Como disse, acredito que alguém leia os contratos, pense bem nas estratégias e que ajude o nosso presidente a decidir o que tem de decidir. E por falar em decidir, hoje "A Bola" mostra esta foto que reproduzi acima dividida em dois esquadrões. E aqui volto ao conceito de "pai" e "filho" que apesar de ser provavelmente um mau exemplo é aquele que melhor define o que penso sobre estes nossos quatro membros do Clube/SAD.

Os dois "pais" responsáveis a tentar vender jogadores em Inglaterra - Luís Filipe Vieira e Domingos Soares Oliveira - e os dois "filhos" - Rui Costa mais o amigo Paulo Gonçalves - a tentarem comprar em Roma. Aceito que a comparação não é a mais feliz mas é que tenho utilizado para expressar o que penso que se passa no Benfica num passado recente. No entanto, gosto de os ver assim como nesta foto. Sorridentes, felizes e esperançados. Só esta atitude optimista já é um sinal claro que "A Bola" dá na tentativa de ajudar a levantar o moral dos adeptos.

Gosto de acreditar que com ou sem Quique, com ou sem reforços, com ou sem Jesus, a administração está unida. Até prova em contrário é assim que temos que a ver, mesmo que os sinais possam ser contrários a esta foto que coloco acima. Mas esses sinais que vamos ouvindo e lendo aqui e ali valem o que valem. Eu já ficaria contente em saber que os nervos à flor da pele dariam lugar a uma bonança calma e tranquila com um rumo definido e seguro. Muito contente... Vamos todos acreditar no fumo branco durante esta semana para se poder começar realmente a preparar com quem de direito as dispensas, as contratações e as vendas. Pelo sim pelo não, Domingos Soares Oliveira, Luís Filipe Vieira, Rui Costa e Paulo Gonçalves já se estão a antecipar nestas importantes decisões.

Força Benfica

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Esperteza Saloia

Estes últimos dias têm sido pródigos numa expressão muito popular e que se encaixa bem em algumas das situações vividas no nosso Benfica - Esperteza Saloia.

Esta esperteza saloia - atenção que a "esperteza" e a "inteligência", sendo diferentes entre si não são assim tão antagónicas da palavra saloia que me é bem cara, e bem cara à grande maioria dos Portugueses - tem sido utilizada de várias maneiras pela nossa BENFICA SAD e quero dissecá-las neste canto blogosférico.

Eu já aqui falei do conceito "Pai" e "Filho" entre Luís Filipe Vieira e Rui Costa para descrever de forma meramente metafórica o conceito do saloio e do inteligente. O saloio quer um treinador saloio e teoricamente popular e o inteligente quer um treinador inteligente e não tão popular tendo em conta os resultados desta época.

O Benfica anda há muito tempo a viver neste conceito saloio que eu não entendo, apesar de afirmar e reafirmar que a expressão é me cara e aceito-a de algum modo como parte integrante da minha pessoa, das minhas origens e da minha formação.

Este conceito eleitoralista que o Jesus é mais popular e com isso dá mais votos em Outubro não tem eco em nenhuma sondagem feita por empresas ou até por televoto. É exactamente como a ideia (errada) que o merchandising do Benfica tem que estar sempre mais perto do saloio que do urbano. Nunca entendi este conceito. Eu entendo é que um clube com 6 milhões de adeptos deverá ter produtos para cada um dos seus nichos de mercado. Mas isto é marketing e agora pouco importa.

O que importa é futebol e a politica desportiva do Benfica. O saloio acha inteligente pagar 3,5 milhões de Euros por uma indemnização mais 1 milhão de Euros pela clausula de rescisão de Jesus ao Sporting de Braga. Se alguém ousa pensar que será fácil baixar esse valor está enganado pela simples razão que o dragão favorito do Minho é o presidente desse clube e que dificilmente baixará esse valor até porque está com um processo em tribunal contra Benfica pelas obras do centro de estágio do Seixal.

O inteligente "talvez" ache que manter Quique será o ideal.

Já comprámos Ramires por 7,5 milhões de Euros, já demos 2 milhões por Patric e estamos a caminho de dar 4 milhões de Euros por Álvaro Pereira e alguém acha que Quique vai embora sem pedir o valor a que tem direito?

Na gestão o timing é tudo. Num clube como o Benfica entre director desportivo e treinador a frontalidade tem de ser a base. Se Rui Costa achava (ou acha) que Quique seria dispensável para a próxima época deveria ter falado antes com a equipa técnica. Não é depois de ter gasto quase 13 milhões de Euros em jogadores para a nova época que vai reunir com Quique. Volto a perguntar. O que é que Quique deverá fazer? O lógico será pedir o que tem direito e quanto muito negociar algo abaixo desse valor. Pouco abaixo... Eu como Benfiquista preferia que Quique se fosse embora de forma gratuita - caso a vontade do Benfica seja prescindir do treinador espanhol - mas para isso acontecer deveria se ter acautelado essa situação. Hoje já devia estar tudo mais que decidido.

Com toda esta confusão eis que hoje à tarde aparece o comunicado do Benfica para a CMVM que refere:

1) A SL Benfica SAD e o Sr. Enrique Sanchez Flores celebraram e mantêm em vigor um contrato de trabalho válido até ao final da época desportiva 2009/2010;

2) A SL Benfica SAD e o Sr. Enrique Sanchez Flores têm estado a debater as condições relativas à preparação da nova época desportiva;

3) A SL Benfica SAD não tem intenção de avançar com qualquer rescisão unilateral do actual contrato;

4) Não existem negociações em curso relacionadas com o contrato em vigor.

Este comunicado já gerou confusão que não deveria ter gerado. Há quem se congratule por Quique ficar em nome da estabilidade e há quem preferia Jesus e neste momento já volte a preferir Quique porque muitos Benfiquistas são do Benfica e ponto. Sem mais. Defendem o Benfica e quem os representa sempre e assim deveria ser também por parte da SAD para com os seus funcionários.

Isto tudo porque este comunicado foi solicitado pela comissão de valores e o Benfica teve que responder o politicamente correcto. Se isto significa que Quique fica no Benfica, parabéns pela estabilidade e pela decisão de manter o treinador independentemente dos maus resultados. Se isto é uma manobra para esconder as dificuldades com a rescisão, muito mal vai a nossa direcção.

E daqui a tal esperteza saloia que falava no inicio. Temos que ser frontais e assumir as coisas. Se Rui Costa e Luís Filipe Vieira preferem Jesus deveriam ter acertado tudo com Quique de maneira a anunciar a rescisão no sábado. Aliás seria o óbvio. Quando no dia 23 de Maio, no final do último jogo Quique afirma que «Não houve conversas, mas imagino que tenha de haver» eu pergunto se Rui Costa é afinal a boa pessoa que eu tenho em muita consideração.

Não consigo entender como é possível a Rui Costa ser patrão de Quique e seu director desportivo, não falando com ele sobre o assunto mais quente do final de campeonato. Não entendo que não tenham falado sobre se fica ou se vai Quique. Quem tratou das novas contratações? Foi Rui Costa ou Quique foi ouvido? Porque aí já se sente quem fica e quem vai. Assim penso, mas posso me enganar e confirmar que no mundo do futebol a ironia e a mentira descarada sejam realmente o modus operandi mas não quero acreditar que no Meu Benfica isso possa acontecer.

Não há nenhum problema em assumir a Quique que tendo falhado a Taça Uefa, tendo falhado a Taça de Portugal, tendo falhado o objectivo mínimo da Champions e tendo conquistado uma Taça da Liga ficou aquém dos objectivos propostos e falar abertamente com vista à saída. Se não há coragem para isto, então não deve haver coragem para coisas realmente importantes e difíceis.

Eu acho que se fosse para Quique ficar já deveria estar decidido e se fosse para se ir embora também deveria estar igualmente decidido. Obviamente...

Indecisão desportiva a pensar nas eleições é o pior que se pode passar num clube de Futebol. Gerir é decidir. Bem ou mal há que decidir e essa decisão tarda por táctica. Sinto que há táctica neste nosso Benfica. Táctica para pagar menos a Quique. Táctica entre Luís Filipe Vieira e Rui Costa para algo que não entendo. Táctica entre o Benfica e o Braga por Jesus. Táctica na gestão legal com a CMVM. Muita táctica e poucas decisões que mostram o espelho do descontrolo desportivo a que estamos entregues.

Tudo se vai resolver a bem e com mais ou menos milhões para Quique, mas a verdade é que se podia fazer tudo isto com elevação e com a dignidade que o Benfica e a nossa equipa técnica merecem. Tenho escrito várias vezes por aqui e volto a pedir à nossa direcção o mais simples de todos os pedidos. Orientem-se meus caros, orientem-se...

Força Benfica