segunda-feira, 20 de julho de 2009

Reyes, Simão, a restante armada espanhola e os nossos jovens...


















Aí está finalmente a apresentação do Benfica, amanhã em pleno Estádio da Luz. Bem sei que é verão, que metade dos Benfiquistas anda a banhos noutras paragens mais a sul ou mais a norte, mas a apresentação do plantel este ano contra Atlético de Madrid é suficientemente forte para irmos massivamente a este jogo.

Depois das vitórias suadas no torneio Guadiana, e depois de toda a atitude demonstrada pelos nossos jogadores nesta pré-época, o mínimo que podemos fazer nesta altura é responder com a nossa presença no Estádio amanhã.

Além de ser o nosso jogo de apresentação, o adversário tem Simão e Reyes que são mais valias para que nos desloquemos à nossa catedral.

Diz hoje Simão na A Bola :

"Claro que gostava de voltar ao Benfica". E para nós adeptos, obviamente que o gostávamos de ter na equipa outra vez. No entanto, Reyes também disse o mesmo há umas semanas - "Claro que gostava de jogar esta época no Benfica, mas não depende de mim" - e nós adeptos também gostávamos de o ter na equipa.

Aliás o caso de Reyes é um caso interessante de gestão desportiva. O ano passado, quando se compra 25% do seu passe a ideia era clara. Adiantar um quarto do dinheiro no primeiro ano, ver como se adaptava o jogador e depois comprar os restantes 75% do passe no ano seguinte - ou seja, este verão.

O jogador foi dos que mais rendimento teve na anterior época desportiva, gosta de Lisboa (tal como a sua família), tem um carinho especial pelos adeptos, os adeptos um carinho especial por ele e mesmo assim o Benfica não quis pagar os tais 6 milhões que custariam o resto do passe.

Eu já aqui escrevi que penso que o Benfica tentou puxar a corda com o objectivo de obter um empréstimo por mais um ano, e assim baixar o valor do jogador até ao último momento ou acreditar que alguém o comprasse e com isso recuperar pelo menos os tais 25% que foram investidos no ano passado neste activo importante.

Apesar de não ser um jogador regular, sentia-se que Reyes poderia arrancar para uma boa segunda época, onde a tal regularidade que não teve em quase nenhum clube nos últimos anos, pudesse ser no Benfica uma realidade. Eu acreditava muito nele.

A vida é feita de opções e de escolhas. Todos sabemos que quando decidimos, perdemos e ganhamos algo, sempre. O tempo o dirá se a escolha foi ou não acertada mas as decisões não se podem adiar. Nesta perspectiva tenho de admitir que seria mais estável apostar em Reyes e tentar meter Di Maria como concorrente do espanhol ou vice versa. No entanto percebo, aceito e aplaudo a decisão do Benfica de apostar na juventude e na valorização destes jovens que temos no nosso plantel em detrimento duma aposta sólida em alguém que já tem mais experiência e que já passou pelo seu primeiro difícil ano de adaptação.

É uma pena deixar partir um jogador que era acarinhado por todo o terceiro anel, que lhe reconhecia o talento e o mérito para poder desequilibrar quando estava bem fisicamente e de cabeça limpa - como se diz na gíria futebolística. Ás vezes, sem complexos há que admitir que dum ano a outro as ideias e estratégias mudam. Com Rodriguez no FCPorto, a ideia de ir buscar Reyes o ano passado não seria seguramente a pensar em tê-lo aqui apenas uma época. No entanto, não me parece errado a opção da nossa direcção, quando tem boa e muita qualidade nessa posição especifica.

A verdade é que não temos tido muita sorte com jogadores espanhóis no Benfica e acabam de anunciar que temos mais um a caminho. Tal como Balboa no ano passado, o Benfica comprou hoje um jovem de 22 anos ao Real Madrid, por três milhões de Euros, de seu nome Javi Garcia.

Eu como não conheço bem o jogador, acho que pode ser uma boa opção para o tal famoso "numero 6" - que por acaso era o de Reyes - ou lugar "6" de médio defensivo e vértice mais recuado do losango. Como se fala por aí, na tal giría futebolística "dizem que é bom jogador". Pois seja bem vindo...

Javi Garcia ainda está na Irlanda e até há quem o aponte à titularidade do jogo que Real Madrid vai defrontar mais tarde, na estreia de Ronaldo, mas a verdade é que deverá estar amanhã no relvado do Estádio da Luz a ser apresentado a todos os sócios. Provavelmente vamos ter Javi Garcia a ser apresentado e o Javi do ano passado (Balboa para os amigos) a ser despedido ou dispensado tendo em conta os zero minutos nos 380 que o Benfica já fez em 4 partidas.

Obviamente que tenho pena que investimentos de 4 milhões de Euros sejam assim mal aproveitados pelo clube, mas ninguém tem culpa disso. Foi uma aposta séria num jogador com determinadas características e que não funcionou na primeira época. Na segunda época com outro treinador poderia funcionar se as opções técnicas fossem outras. Naquela posição a concorrência é complicada e no sistema de Jesus com os tais médios interiores direito e esquerdo, Balboa terá problemas em afirmar-se. É pena, porque não foi barato e não me parece má pessoa. A verdade é que Jesus deve ter confirmado o erro de casting que já se falava por aí nos bastidores e deverá mesmo dispensá-lo a fazer fé em mais uma noticia publicada hoje no jornal "A Bola".

Não vale a pena andarmos a falar destes 4 milhões o resto do ano. Bons e maus negócios existem em todos os clubes e faz parte do risco das contratações. Nós, adeptos fervorosos, que estamos sempre do lado certo e que nada decidimos e muito criticamos, temos de saber viver com os fracassos económicos da mesma maneira que vivemos com os êxitos financeiros/desportivos.

No blog vizinho "Geração Benfica" explica-se aqui como o FCPorto queria implantar uma estratégia de aproveitar 3 júniores entre 2006 e 2011 lançando-os na sua equipa profissional e como acabaram por ter que emprestar ou vender os tais barretes como são Ukra, Castro, Tengarrinha, Alan, Diogo Valente, Kazmierkzac, Edgar, Rabiola, Hélder Barbosa, Vieirinha, Ventura, Bruno Gama, etc...

Nos clubes adversários só se falam dos grandes negócios esquecendo os grandes flops e no Benfica temos a mania de só falar dos grandes flops e esquecer as boas contratações.

Às vezes acerta-se e outras vezes falha-se. Todos esperamos que possamos finalmente acertar neste Javi Garcia, primo de Luís Garcia que amanhã também se deslocará ao Estádio da Luz. Como vemos, o mundo do futebol é um mundo pequeno...

Com os três milhões de Euros que demos hoje por este novo reforço, o Benfica sobe para quase 20 milhões de Euros de investimento nesta temporada em cinco jogadores - Shaffer, Patric, Ramires, Saviola e este Javi Garcia - o que já de si é um montante considerável, tendo em conta que não se vendeu nada até agora.

Entre um ano e outro pagámos só ao Real Madrid, quatro milhões por Balboa, cinco por Saviola e agora três, fazendo um total de 12 milhões de Euros. Se fosse como aqueles brindes promocionais ao fim de três contratações poderíamos ter uma quarta contratação grátis, ou pelo menos com 50% de desconto. Pena que neste mundo, as promoções ainda não são uma realidade.

Eu por mim, ficava contente com a noticia maravilhosa que o plantel do Benfica estava fechado amanhã pelas 19h45m aquando do pontapé de saída do jogo contra Atlético de Madrid. Era um sinal muito positivo que dávamos a todos os Benfiquistas e adversários que devagar, devagarinho a coisa vai estabilizando.

Mesmo assim, teremos que dispensar para a equipa de juniores Roderick e Nelson Oliveira, emprestar João Pereira, talvez Jorge Ribeiro, o tal Balboa, a que se juntam Binya, Makukula, Freddy Adu (que ainda não voltou de férias) entre outros que por aí andam e que só se vão apresentar a 29 de Julho.

Uma coisa é certa... Se fecharmos amanhã o plantel - fala-se que Jesus já se contentava com o regresso de Marcel do empréstimo a um clube do Japão - a única preocupação de Rui Costa seria baixar a folha salarial dos dispensados ou vendê-los definitivamente para se poder encaixar algum dinheiro. Tendo em conta a crise que existe no futebol a este nível, não será um trabalho fácil...

O que sei é que neste momento, não vivemos só de nomes duma equipa que não sabemos como vai jogar. Hoje, o Benfica tem uma equipa que esteve quase toda junta o ano passado, que se reforçou com Saviola para o lugar de Suazo, Patric para o lugar que nunca foi substituído de Nelson, Shaffer e Sepsi para o lugar que também não teve substituto de Léo, este Javi Garcia para o lugar de Kastouranis, Coentrão para o lugar de Reyes e Ramires para reforçar o meio campo em vários lugares, dado que é um polivalente. Ganhámos David Luiz para o centro da defesa - o ano passado esteve sempre na esquerda - e colocámos Aimar onde sempre deveria ter estado.

É assim que se retoca uma equipa sem a desfigurar e a verdade é que o ano passado estávamos nesta altura com muito mais incertezas e com muito mais dificuldades em formar o plantel e gerir os dispensáveis. Passado um ano, apenas temos que nos preocupar com os dispensados e espero não ouvir uma única palavra mais sobre um hipotético novo guarda redes a não ser que seja para o apresentar pela calada. Mesmo assim defendo que o nosso problema não está aí.

Para terminar, basta-me esperar que quando Simão queira voltar ao Benfica - três ou quatro anos mais? - não seja para tirar lugar a um qualquer jovem da nossa formação. Diz hoje "O Jogo" a propósito de jovens contratações para a nossa formação que:

"O jovem brasileiro Victor Andrade, actualmente nas escolas do Santos, está prestes a ser contratado pelo Benfica, revelou a sua mãe à Imprensa brasileira. "Há um forte interesse do Benfica, há muito tempo eles entram em contacto e acho que vamos pra lá. Gostaria de ficar mais tempo aqui no Brasil, mas, na Europa, o mundo da bola é encarado de uma forma mais profissional e, nesse aspecto, o futebol brasileiro ainda tem muito a aprender", afirmou Cristiane, orgulhosa do avançado que tem sido frequentemente comparado a Robinho, também ele um antigo ídolo do Santos."

Ninguém sabe prever o futuro mas é bom que se comece a definir as prioridades de gestão desportiva e cimentar a aposta nos jovens da formação no plantel profissional do Benfica, ano após ano.

Para já, esse parece ser o caminho e a razão pelo qual Reyes não estará este ano no Benfica. Como sabemos, no futebol o que hoje é verdade, amanhã é mentira, e para contrariar tudo o que aqui escrevi, amanhã Reyes pode ser apresentado no Glorioso. Se assim for, aqui virei redefinir a análise daquilo que me parece ser a estratégia correcta do nosso clube. Ou talvez não...

Força Benfica

domingo, 19 de julho de 2009

Os "chicos-espertos" no futebol

Antes da nossa apresentação na Luz esta terça feira e sem grandes assuntos do nosso Glorioso, não posso deixar de passar em branco umas quantas frases proferidas nesta última semana que mostram que o futebol está a perder classe e a ganhar mais similaridades com os jogos de bastidores doutros desportos menos sensíveis.

Ontem o agente de Ibrahimovic disse que o seu jogador "valia mais que Cristiano Ronaldo, Kaká e Benzema juntos" numa clara alusão provocatória às mais recentes contratações desses três jogadores pelo Real Madrid. Não entendo o que é que isso beneficia o negócio de Ibra com o Barcelona, tendo em conta que tudo está nas mãos do inteligente, sensível e pouco materialista Samuel Eto. Aliás dele e do seu também inteligente, sensível e pouco materialista agente...

Eu, se fosse Ibra despedia o seu agente por falar de mais e sobre assuntos que não entende. Depois explicava-lhe que um jogador só, é quase impossível valer mais que três numa equipa de topo e quando essa equipa é o Real e com a qualidade dos nomes que referiu, ainda pior. Não sou o Ibra, nem o seu agente, logo a minha opinião vale zero, obviamente...

Pareceu-me que estávamos no boxe, numa antecipação daqueles importantes combates em Las Vegas e não nos bastidores dum jogo nobre e com elevação.

Na passada semana o inteligente do Zidane disse que nem Messi, nem Ronaldo eram os melhores jogadores do mundo. Esse lugar estava ocupado pelo brilhante e magnifico Ribery. Eu li e achei que o Zidane é um palhaço. Mas já acho há muito tempo, portanto nada de surpreendente. Desde que ganhou o titulo de melhor jogador do mundial 2006 e aceitou receber esse título depois do que se passou na final, está tudo dito sobre este senhor (com letra pequena obviamente).

No entanto, eu respeito opiniões diferentes da minha e encaro esta opinião de Zidane sobre Messi ou Ronaldo, como consequência do chauvinismo francês, com palas que direccionam tudo para o seu umbigo francês... Portugal, Argentina ou Suécia com os melhores jogadores do mundo? Não não, o melhor é esse portento de nome Ribery.

Passados uns dias, leio que o presidente da UEFA - Michel Platini - diz "Se Cristiano Ronaldo custou 92 milhões de euros, eu teria custado, com 23 anos, 93 milhões". Mas disse mais...

Disse que "o Platini, na verdade, não custaria nada, porque respeitava os compromissos e ficava nos clubes até ao final dos contratos." Pois bem, meu caro Platini, deveria ter mais atenção aos seus conterrâneos de nome Ribery - pelos vistos como é o melhor jogador do mundo deverá ser fácil prestar-lhe atenção - porque segundo consta na imprensa do dia de hoje este seu concidadão, anda com vontade de não cumprir os seus contratos até ao fim...

Segundo A Bola:

"O francês Franck Ribéry está em claro choque com os responsáveis do Bayern, isto porque não permitem a sua transferência para o Real Madrid. Desta vez o jogador recusou integrar a viagem do clube alemão para participar num torneio.

O jogador não aceita a intransigência do Bayern em negociar o seu passe com o Real Madrid e o relacionamento entre as duas partes está a piorar. Enquanto os restantes jogadores abandonaram a unidade hoteleira onde estavam e partiram num autocarro para o aeroporto, Ribéry permaneceu no hotel e foi para o café como se nada estivesse a acontecer."

Tudo isto me faz muita impressão... As pressões, o dinheiro, o mediatismo, o aparecer em todo o lado, o opinar mais alto que o vizinho, parece-me ser algo que não existia há uns anos neste negócio. Enfim, no fim de contas, há coisas que nunca mudam... Este senhor Ribéry jogou seis meses no Metz e surpreendentemente sai para a Turquia onde jogou no Galatassaray. Sai desse clube em diferendo com a direcção, por suposta quebra de contrato - a FIFA deu razão ao jogador. Daí, segue para o Bayern de Munique e até ver, aos 26 anos ganhou uma taça da Turquia, duas taças Intertoto com o Marselha, uma taça da Liga Alemã, uma taça Alemã e um campeonato Alemão em 2008 - tudo com o Bayern de Munique.

Pela selecção não ganhou nada e esteve directamente ligado à eliminação da França nos quartos de final do Euro-2008...

Se aos 26 anos este é o curriculum, penso que não deve valer a pena falar de Messi, de Ronaldo ou de Ibra... Talvez o possa comparar em termos de títulos com o seu colega Benzema - também metido esta semana no barulho mediático das declarações ridiculas dos agentes deste novo futebol - e em termos de estupidez com os seus dois conterrâneos franceses - Platini e Zidane...

Para terminar, deixo um pequeno vídeo de Ribery fora dos terrenos de jogo e a contracenar com um grupo de Hip Hop francês... É por estas e por outras que apoio sempre as equipas que jogam contra este tipo de gente. A não ser que as tenha no meu Glorioso, mas acredito que temos sabido correr com os da mesma laia destes Riberys, dos agentes manhosos ou dos ex jogadores sem carácter que falam, falam e depois deixam que um clube acusado e condenado de corrupção ande a competir sem que nada aconteça... Enfim, "francesices...". Deliciem-se com esta nova noção de mau gosto em toda a linha...



Força Benfica

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O ultimo post sobre (altas) expectativas

Num dos últimos post falava das diferenças entre expectativas desportivas vs expectativas empresariais. Tentei focar a análise no desempenho do nosso Presidente que tem que gerir bem as duas vertentes da mesma moeda.

No entanto não falei dos media que amplificam essas palavras por um lado e que difundem ideias próprias que muitas vezes são encaradas como ideias oficiais.

Dizem por aí que a Bola é o jornal oficial do Benfica - ainda ontem Rui Santos no programa "Clube dos Jornalistas" na RTP2 afirmava-o sem rodeios. Eu quero acreditar que não é, pela simples razão que nas suas páginas escrevem pessoas que odeiam primariamente o Benfica e que defendem essas ideias de ódio com pouca inteligência e com pouca sabedoria literária e de expressão. O exemplo maior é um tal de José António Lima - onde é que se foi desencantar esta triste figurinha??? - que todas as semanas mostra a razão pela qual A Bola só pode ser um jornal plural. Miguel Sousa Tavares está no pólo oposto, porque apesar de não gostar nem um pouco do Benfica tem nível, inteligência, pensa por si próprio e quer se goste ou não, prova que afinal "A Bola" é obviamente um jornal plural.

Tem os gatos fedorentos Zé Diogo Quintela e Ricardo Araújo Pereira a gladiarem-se ao fim de semana pela piada mais cáustica e mais parva (como dizem eles) e não tem um representante do Porto porque nos Gatos não existe ninguém com essas preferências clubísticas e a concorrência deve ser muito intelectual ou atrasada para falar de futebol.

Tem na sexta feira a coluna dos senadores com excelentes comentadores azuis e verdes e um medíocre e básico comentador a representar as cores encarnadas. Isto mostra pluralidade e ainda por cima um carácter tendencioso ao contrário porque é óbvio que quer Rui Moreira ou Rogério Alves valem mais num dedo que o Sílvio Cervan no corpo todo...

Acho redutor denominar A Bíblia do nosso futebol como jornal do Benfica. Então porque é que A Bola é o jornal do Benfica? Porque José Manuel Delgado, Vítor Serpa e Fernando Guerra são algumas das caras estáveis duma protecção inteligente, refinada e segura dum certo Benfiquismo Histórico deste jornal. Atenção que não quero ofender nenhum destes isentos jornalistas mas é a opinião que tenho depois de ler e reler todas as páginas deste jornal que é o único que leio religiosamente todos os dias - versão online ou papel dependente do local do mundo em que me encontre - apesar de obviamente ler muitos outros jornais e revistas. Mas nenhum desses outros jornais leio todos os 365 dias do ano, e A Bola sim leio... Hábitos de pequeno...

Isto para dizer que a expectativa ou a gestão da expectativa depende muito do que os media fazem ou amplificam e A Bola de hoje - sexta feira 17 de Julho - é um excelente exemplo.

Por um lado temos José Manuel Delgado a colocar pressão na direcção e a afirmar que agora é o tempo de investir (ou será que quis dizer "gastar") milhões em mais três reforços - baliza, meio campo e ataque.

Diz ele que:

"LUÍS FILIPE VIEIRA (...) está a três jogadores de poder apresentar um plantel de luxo, capaz de não defraudar as enormes expectativas dos adeptos. Diga-se que, para conseguir este objectivo, o líder encarnado terá de agilizar uma operação financeira importante, que sustente a aquisição de um guarda-redes (que valha 10 pontos no fim da Liga!), um trinco, que tenha certeza de passe saiba pisar os terrenos certos e mais um avançado que garanta ser do campeonato de Cardozo e Saviola.

Sejamos absolutamente claros: o Benfica só pode rentabilizar, devidamente, os activos que possui, se participar na Champions. Só pode encher a Luz se a equipa associar espectáculo e vitórias. Daí que seja imperioso investir agora, quando os encarnados possuem um plantel acima da média, excepto nas três posições atrás aludidas. É esse o golpe de asa que Vieira deve ter, na certeza de que este é o momento certo, uma conjugação astral especial, que paira nos céus da Luz.

Não se trata de se fazer, aqui e agora, um apelo à irresponsabilidade da SAD encarnada. Trata-se, apenas de identificar uma janela única que se abre a um Benfica que galvaniza os adeptos. Se ao modelo de jogo de Jesus (além do losango, a bola passou de quadrada a redonda), a que se assiste apenas com os intérpretes disponíveis , se juntar Luisão, Ramires, Sidnei e ainda um keeper, um trinco e um avançado, todos de top, será muito difícil parar este Benfica. E Vieira sabe-o bem..."

Se este texto não é pressão e colocar as expectativas no céu, então eu não sei o que é o conceito das palavras pressão e expectativa. Delgado diz tudo de forma clara e não pensa na juventude, esquece que Champions League é para o ano (na melhor das hipóteses), descredibiliza quem está (porque só com um novo guarda redes, um trinco e um avançado o plantel ficará equilibrado, pois na posição de atacante "o Benfica não possui jogadores acima da média") e depois termina com a célebre frase dissimulada "Ninguém pára o Benfica" como se a estivesse a cantar no meio dos No Name Boys ou com os sócios que no lado do antigo terceiro anel ainda mantêm a mística viva.

Meu caro José Manuel Delgado, com todo o respeito que tenho por si e por todos os profissionais que trabalham n' A Bola, este texto é desestabilizador em várias formas. Cria mais expectativa nos adeptos, afirma que virão jogadores nos próximos dias - e sendo certo que vêm, mete pressão na sua qualidade - e por fim diz que investir agora é o timing certo sabendo que apesar de tudo, o Presidente do Benfica na TSF há 4 dias dizia que íamos ter cerca de 25 milhões de Euros de prejuízo. Vamos ter calma e não aproveitar este tempo de defeso para dar largas à imaginação e incendiar o que não merece ser incendiado.

Do outro lado da barricada a inteligência de quem sabe jogar com estas euforias e de quem sabe colocar a expectativa e a pressão do lado certo (para eles) e consequentemente do lado errado (para nós).

Escreve Rui Moreira hoje:

"O Benfica em grande euforia. O novo treinador está satisfeitíssimo e confiante, e garante que ninguém será, doravante, capaz de travar a sua equipa. Os com as boas novas, os adeptos rejubilam, jornalistas excitam-se com as exibições e encantam-se com Jesus e com a sua prosápia. Tudo isto é habitual e vulgar. Afinal, é preciso vender jornais, há seis milhões de almas que desesperam por boas notícias e, mais não seja para sairmos da crise, não se lhes pode retirar a esperança durante os meses de verão.

Por outro lado, anda muito boa gente preocupada com o plantel do FC Porto e contristada com a sua triste sina que se lhe anuncia e as saídas de Lisandro Lopez e Lucho Gonzalez preocupam, até, aqueles que nunca simpatizaram com as cores azuis-e-brancas. É raro o dia em que não se ouve falar da saída de Bruno Alves que ora é dado em Barcelona, ora no Real, ora em Inglaterra.

Ou seja, neste longo e interminável defeso, fica-se com a sensação que o campeão está em saldos, e à deriva, que a hipótese do penta já se esfumou antes mesmo do campeonato começar, e que o Benfica fez, desta vez, todas as boas escolhas, e sairá da pole position.

O teste virá depois, quando a longa corrida começar. Nessa altura, perceber-se-á quem é, de facto, o melhor e se a águia ressuscitou como a fénix.

Mas, este é «o ano de todos os perigos». Porque o investimento sucessivo que o Benfica tem vindo a fazer implica que consiga resultados e que faça os possíveis, e até os impossíveis, para conseguir retorno. Afinal, o domínio do FC Porto não tem uma expressão meramente desportiva. Tem, também, um impacto muito grande em muitos negócios. É por isso que o FC Porto, que tem sido o desmancha-prazeres de alguns desses interesses económicos, tem de estar, este ano, particularmente atento."

Aqui joga-se à defesa, criando a ideia que os coitadinhos são eles. Ninguém disse que a pole position é nossa - ninguém, ninguém, ninguém disse e pelo contrário Maxi Pereira e Nuno Gomes assumiram favoritismo do FCPorto - ninguém gozou com o tetra campeão e referiu que anda em saldos - saldos com cissoko a 15 milhões, lucho e lisandro a 45 milhões e com bruno alves a valer 30 milhões está quase nos 94 milhões do Ronaldo - ninguém disse que o penta já era e ninguém chamou mentiroso ao senhor Pinto da Costa depois de ter usado a assembleia da republica para inventar que o Reyes tinha-lhe sido proposto de forma gratuita, quando ontem o Atlético de Madrid já o veio desmentir. A verdade é que os maus neste filme são os de azul e quando as pessoas não são inteligentes e não sabem jogar com as emoções, com as sensações, com os estados de alma e com a contenção acabam todos por jogar o mesmo jogo que só interessa a um lado.

Eu não sou jornalista mas como digo no título deste blog - O Benfica Sou Eu - conheço bem o Benfica. Não digo bem demais porque nunca é demais conhecer esta massa adepta a fundo, mas estas são as páginas que mostram um lado azul a baixar expectativa cerrando fileiras para a guerra e no outro lado encarnado a criarem-se falsas ilusões de cenários que eventualmente nem são exequíveis.

Um guarda redes que valha 10 pontos? Um numero 6 de classe mundial? Um avançado de nível de Saviola e Cardozo? Contenção meu caro Delgado, contenção...

E agora sim fecho o ciclo dedicado à expectativa. Por falar nisso tenho a expectativa de ganhar o torneio do Guadiana e o jogo em casa com Atlético de Madrid. Por enquanto, nos próximos 4 dias, porque na verdade a verdadeira expectativa é ser Campeão Europeu. Campeão Europeu? - mas este ano não vamos à Champions! Bolas, é verdade. Que pena...

Força Benfica

Primeiros 270 minutos em 5 palavras






















Viva Roderick!

Viva Miguel Vitor!

Força Benfica

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A gestão de expectativas desportivas vs empresariais

No último post escrevi que sou dos "que gosto de baixar as expectativas". Uma pessoa com expectativas baixas sob um determinado assunto tem mais margem de manobra caso alguma coisa corra mal.

No futebol desta altura do ano existe aqui um ponto de embraiagem muito complicado de fazer. Por um lado a direcção, os técnicos e o plantel gostam de aparecer motivados e gostam de prometer melhorias em relação á época transacta. Por outro lado há quem defenda que baixar as expectativas, passar mais tempo a alertar para as dificuldades e focar no longo caminho até ao título pode ser benéfico para a mentalização dos perigos do "excesso de confiança".

Eu repito que desportivamente gosto de passar mais despercebido até porque as nossas últimas épocas aconselham a sermos mais comedidos nas euforias. No entanto o nosso Presidente é muitas vezes acusado de vender falsas expectativas e frases feitas como "a melhor equipa da última década" o nosso "dream team", a famosa expressão "não cometeremos os mesmos erros do passado" ou o clássico "este ano seremos campeões, seguramente". No entanto há uma frase que rebenta a escala do optimismo e do aumentar de expectativa proferida pelo nosso Presidente quando diz que "Jorge Jesus é o melhor treinador Português". Ou seja, neste momento Jesus é superior a Mourinho para Luís Filipe Vieira e obviamente para muitos Benfiquistas que utilizam o cliché clássico "o treinador do Benfica é sempre o melhor treinador do mundo".

Todas estas frases podem servir de motivação extra para jogadores, equipa técnica ou adeptos mas também podem ser utilizados como arma de arremesso de adversários ou media mais críticos num determinado momento de fraqueza durante a época. Uma coisa é certa, este aumento de expectativa aumenta a pressão sobre toda a estrutura encarnada e aumentam o peso e a responsabilidade exigida pelo terceiro anel.

A verdade é que neste e noutros defesos o Benfica tem de gerir muito bem a utilidade estratégica de baixar as expectativas no futebol - com objectivos estratégicos e psicológicos a longo prazo mais positivos, especialmente quando algo corre mal - e aumentar essas expectativas, com o objectivo de comercialmente obter receitas imediatas numa altura muito importante do ano.

A ideia de aumentar estas expectativas e motivar a massa adepta do Benfica nesta altura do ano é fundamental em termos de negócio. Este ano temos o Red Pass que veio substituir o tradicional cativo com um posicionamento mais moderno e mais apelativo ao normal associado Benfiquista, mas também noutro nível temos os camarotes de empresa que estão a ser renovados por estes dias. Nesta fase, gerar receitas com vendas de bilhetes em jogos de apresentação, no torneio Eusébio, nas camisolas oficiais e alternativas com as letras a dizer Saviola, no merchandising, nas prendas dos emigrantes ou no normal adepto pode significar uns bons milhões em várias áreas.

Quando falei nos camarotes de empresa, tenho noção que serão os que menos são afectados pela performance do clube e mais (ou menos) da crise que afecta muitas empresas em muitos sectores económicos. No entanto, mesmo que muitos tenham que ser renovados por esta altura - os que assinaram por 5 anos em 2004 terão quer renovar por mais 3 ou mais 5 anos por estes dias - a ideia e a matriz fundamental neste negócio não passa pela euforia popular do tradicional terceiro anel.

Eu acho que depois dos quase 200 000 sócios que temos nesta altura, o nosso desafio é conseguir aumentar os tais Red Pass para um nível mais adequado à dimensão do clube e para que isso seja feito a atitude ultra positiva do nosso Presidente é fundamental. Muitas vezes nós criticamos o nosso Presidente pelas frases proferidas nos media e que ganham depois ecos sob várias formas, mas eu tenho que aplaudir a coragem em dizer coisas que se calhar nem acredita para ser a tal alavanca motivacional com o objectivo de conseguir que o clube num determinado momento atinja objectivos empresariais previamente definidos.

Eu não sei se o faria - dizer algo em que não acredito só para atingir objectivos definidos anteriormente - e por isso aplaudo a determinação do Presidente. Obviamente que eu sou de outra escola, mas entendo esta opção.

Além das receitas de bilhetes, Red Pass, camarotes, quotas de sócio, temos a acção para os grandes patrocinadores e nesse caso, a ideia anunciada que se está (ou vai estar) a negociar o naming do Estádio é importantíssima. Nesse sentido, quanto maior for a expectativa - nem que dure até ao natal - mais hipóteses temos de mostrar vitalidade e o tal plus psicológico que será obviamente determinante. Eu sei que é importante que depois dumas eleições concorridas, termos o estádio cheio nestes primeiros jogos e que se sinta que este é realmente um Novo Benfica. E por isso é que aparecem estas frases que reafirmam a opção de investimento comprador em detrimento de vendas, a aposta no futuro com juventude, a aposta na continuidade de Jesus por vários anos, etc...

No futebol não basta parecer há que ser, enquanto que nos negócios - especialmente negócios de receita impulsiva e de receitas de patrocinadores a longo prazo - há momentos em que se pode parecer sem realmente o ser. O momento em que se assinam os negócios pode ser fundamental e nesse aspecto não há boa ou má euforia. É sempre boa toda e qualquer euforia psicológica e que motive as massas. Por isso digo que nesse aspecto, e por mais que a minha postura seja mais low profile, o nosso Presidente está uma vez mais a servir os interesses maiores do Benfica.

Para que isto funcione bem, seria bom termos mais vitórias este fim de semana e que no dia 21 de Julho contra Atlético de Madrid o estádio pudesse estar cheio (ou quase), mesmo que isso signifique uma expectativa desportiva enorme, a um mês do inicio da competição e com consequências terríveis caso algo corra mal durante a época.

Força Benfica

O Futuro...Hoje

Ao contrário de muitos que hoje andam eufóricos com as nossas prestações no arranque dos jogos na Suíça, eu sou dos que gosto de baixar expectativas. Estou ainda a aprender a gostar do Jesus, estou ainda a habituar-me à ideia de ter dois jogadores no ataque "sempre", ainda me estou a habituar à ideia de ter quase o plantel fechado no meio do mês de Julho e ainda me estou a habituar à ideia de ter uma equipa combativa, determinada e em constante pressão.

A verdade é que não tenho de me habituar às incompetências dos árbitros porque elas já começaram nestes primeiros jogos a mostrar que este Benfica pensa em tudo e antecipa muito bem o que pode acontecer durante o ano. As arbitragens neste fim de semana já foram uma pequena amostra do que se prevê que aconteça em vários estádios desta Liga Sagres. Para que não tenhamos esperança em que as coisas mudem, é bom começar logo no verão. Muito bem...

Entretanto, esta semana tivemos o sorteio que nos deixou a sonhar alto durante uns dias. Primeiro temos o sonho de ser campeões ao fim de 5 anos e depois temos o sonho de chegar ao Dragão empatados na classificação e com aspirações reais de ambas as equipas serem campeãs.

Ou seja caso o Benfica tenha ganho ou empatado o jogo na Luz ambos podem ter aspirações a ser campeões na penúltima jornada - isto considerando que o Sporting está abaixo, mas como estou a falar dum sonho posso inventar a classificação que quiser. Ser campeão aí seria o tónico certo para vincar e sublinhar a tal euforia que todos mostram neste momento, menos eu. Eu considero isto um sonho e sei que a realidade pode ser bem mais dura.

Esperança tenho sempre. Acredito que o Benfica pode ganhar a todas as equipas do mundo, sempre e este ano não será excepção. A razão pela qual eu este ano opto por baixar publicamente a expectativa é porque a minha memória recente coloca-me quatro anos seguidos abaixo do segundo lugar. Sendo assim e utilizando a matemática e as probabilidades estatísticas sou obrigado a deixar a razão ocupar um lugar maior que o que normalmente detém no item Benfica.

Mesmo assim, tenho razões para sorrir. Vi Roderick jogar e lembrei me de palavras de Ricardo Araújo Pereira que num dos seus textos de Agosto de 2007, referia que mesmo tendo o Benfica empatado contra o Guimarães a zero não nos poderíamos esquecer desse importante dia a 25 de Agosto de 2007 onde todos assistimos à estreia de Miguel Vítor no plantel sénior do Benfica.

Pensei nesse texto quando vi este Roderick estrear-se com a camisola oficial do Benfica - mesmo que os jogos sejam de preparação e não contem para a estatística oficial como o de Miguel Vítor contra o Vitória de Guimarães. Temos obviamente o futuro assegurado, mesmo que se defenda que além deste temos outro defesa promissor de nome João Pereira.

Disse Rui Costa a João Manuel Pinto no inicio do jogo contra Sion, que "Roderick era parecido com Mozer". Eu senti o mesmo quando o vi jogar e apesar da tenra idade não tenho dúvidas que todos vimos o "futuro... hoje".

Também ao contrário de muitas pessoas, eu gostei mais das segundas partes que das primeiras exactamente porque nas segundas fui obrigado a ver o futuro no presente. Temos Roderick, Miguel Vítor, Fábio Coentrão, Nelson Oliveira (todos Portugueses) aos quais juntamos Urreta, Filipe Bastos ou Patric (que apesar de não entusiasmar é novo e deverá crescer e melhorar).

Se a esta juventude juntarmos as palavras de Luís Filipe Vieira na sua entrevista da TSF este domingo - "...no próximo ano se vendermos algum jogador, de certeza que será substituído por um dos juniores" - entendemos claramente que o futuro começa a construir-se hoje.

Há tempo escrevi que faltavam Portugueses neste Benfica. A verdade é que neste momento, sabemos que a prioridade é lançar jovens juniores na equipa principal e acreditar que em 3 anos teremos 5 novos jogadores do plantel aproveitados das camadas jovens.

Esta frase do nosso Presidente também tem em si uma ligação com outra declaração onde afirma que o Benfica deverá ter um prejuízo de 25 milhões de Euros no final deste exercício e onde reafirma que o clube está comprador e não vendedor.

Esta politica deverá ter como objectivo poder vender na próxima época Luisão e aproveitar o tal Roderick, deverá ter a ver com vender Di Maria e aproveitar outro júnior, deverá ter a ver com vender Cardozo e aproveitar Nelson Oliveira ou outro que dos juniores possa subir. Provavelmente na próxima época apenas contrataremos um ou dois jogadores, mesmo vendendo três ou quatro.

Outra frase interessante proferida pelo nosso Presidente é quando ele afirma que "Jesus será o treinador do Benfica durante os próximos três anos". Luís Filipe Vieira acredita que alem dos dois de contrato se irá accionar a clausula de opção. Ou seja, pelo que se denota, finalmente o Benfica começa a definir prioridades e mecanismos para operacionalizar essas mesmas prioridades/estratégias. Vamos ter mais Portugueses, mais jovens e provavelmente menos estrangeiros, mas de grande qualidade. Lentamente vai se afinando o rumo desportivo e acertando ideias e conceitos.

Para terminar quero referir que para os Benfiquistas que se entusiasmam bastante nesta pré época não esquecerem que faltam Luisão, Sidnei, David Luiz, Ruben Amorim ou Ramires. Destes cinco, quatro serão potencialmente titulares e isso alterará o figurino (desejavelmente para melhor) do tal onze das primeiras partes.

Vamos esperar e ver o que se vai passar nos próximos dias e nos próximos meses com a certeza que o futuro do Benfica se constroi a partir de hoje. Isto sim é a grande diferença deste ano para todos os outros desta última década.

Força Benfica

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Vendetta

Na semana passada li no novo diário "i" um artigo onde se falava do grande presidente Eng. Maurício de Brito e da sua contratação do treinador campeão Bela Gutman ao FCPorto no inicio da década de 60. Nessa contratação, Bela Gutman pediu bastante dinheiro de prémios se fosse campeão, se ganhasse a Taça de Portugal e se fosse campeão europeu. Neste último desejo e objectivo, pediu 200 contos ao nosso então Presidente. O Eng. Maurício de Brito disse: "200 contos? Ponha mais 100" e fecharam o acordo por 300 contos caso fossem campeões europeus.

Pois bem, fomos duas vezes campeões europeus, tivemos que pagar os 600 contos e ainda levámos com a famosa maldição de Bela Gutman que afirmou "que jamais uma equipa Portuguesa ia ser bicampeã Europeia e nem em 100 anos o Benfica voltaria a ser campeão Europeu."

Eu que já apanhei por tabela com a tal História de Bela Gutman em duas finais, tenho por este senhor um sentimento estranho. Não posso simpatizar com a sua figura, com a sua maldição e mesmo que me lembre que foi ele que nos deu as duas taças de clubes campeões Europeus, não me esqueço que este senhor veio lá do outro lado e para mim isso é suficiente para desconfiar... Dizem que de Espanha "nem bom vento nem bom casamento", mas do FCPorto a haver ditado deveria ser algo bem pior... (Daí a ligação ao Porto e ao casamento desse senhor que está na fotografia ridicula que acompanha este texto)

A verdade é que alguma desta arrogância Benfiquista dos 60s e algum deste poderio económico e desportivo encarnado foi agora substituido pela arrrogância e poder desportivo/económico do FCPorto em relação ao nosso Benfica. Mas quem nasce burrinho não dá para cavalo, verdade? E o FCPorto nasceu mesmo burrinho de todo...

Dizem vários jornais nacionais e internacionais que o FCPorto é o rei das vendas nos útimos 10 anos. O jornal espanhol Sport colocou um gráfico onde dizia que com as compras de Jardel, Jorge Andrade, Helder Postiga, Paulo Ferreira, Deco, Pedro Mendes, Ricardo Carvalho, Carlos Alberto, Derlei, Maniche, Costinha, Seitaridis, Hugo Almeida, Anderson, Pepe, Bosingwa, Quaresma, Lucho Gonzalez - nao estão ainda Bruno Alves e Lisandro - o FCPorto gastou 43.5 milhões de Euros e com as suas vendas facturou 289 milhões de Euros tendo um benefício de 245.5 milhões de Euros.

Se eu fosse espanhol e lesse este artigo, onde se diz quem em 27 anos Pinto da Costa ganhou 48 títulos, eu seria levado a pensar que o FCPorto é realmente a galinha dos ovos de ouro e que Pinto da Costa consegue o melhor de dois mundos. Ser forte desportivamente e obter lucros incriveis com as suas vendas. A parte desportiva é factual e inequívoca. Há realmente titulos conquistados em 27 anos. Todos sabemos que muitos desses títulos foram com mérito próprio, outros com demérito dos adversários e outros com ajudas claras em termos de outros factores externos. Na parte económica 289 milhões de lucro em 10 anos com 18 jogadores - serão 20 e com lucros acima dos 300 milhões com as vendas de Lisandro e Bruno Alves - deveria meter o FCPorto no top dos clubes mundiais e nunca lá aparece. Porque será? Com toda esta estratégia tão perfeita, sendo o clube com mais presenças na Liga dos Campeões, como é que o FCPorto nunca apareceu no top 20 dos clubes com mais receitas, onde o Benfica apareceu há uns anos?

Miguel Sousa Tavares diz n'"A Bola" esta terça feira que :

"No FC Porto, é mais do mesmo: saem dois ou três dos melhores, entram nove ou dez cujo valor se ignora e que tanto podem ser um sucesso como um fiasco, destinado a alimentar a interminável legião de supra-numerários que a SAD azul-e-branca sustenta por esse mundo fora. Saíu Lucho, por 17 milhões — depois de se ter jurado que não sairia por menos de trinta. Tal como Quaresma, no ano passado: só saía por 40 milhões menos um euro, e acabou por sair pelos mesmos 17 e com a «oferta» envenenada do Pélé, que se transformou, como era de prever, em mais um supra-numerário para sustentar.

(Lucho) Foi-se embora porque a SAD o queria vender. Porque, como já exliquei bastas vezes, a SAD quer vender dois ou três dos melhores todos os anos porque a gestão do clube é sempre deficitária e só se equilibra vendendo. E é deficitária porque é preciso sustentar um exército de alguns 70 jogadores, quando o normal seria metade disso. E assim se fecha este círculo vicioso: para pagar aos jogadores que não jogam é preciso vender os que mais jogam.

A questão que se coloca é esta: porque razão, quando vende grandes jogadores, a SAD não se limita a encaixar o dinheiro e a amortizar a dívida e, pelo contrário, vai logo comprar dois ou três por cada um que vende, assim aumentando todos os anos o rol de pagamentos e o crónico défice? Pois, essa é a grande questão, que qualquer auditor de contas ou conselho fiscal tinha obrigação de controlar: basta ir ver a quem são pagas comissões nas compras e que interesse tem o clube em ter jogadores emprestados por todos os lados. Por exemplo: se, depois de vender o Pepe, o Quaresma e o Bosingwa no ano passado, a SAD não tivesse comprado nenhum jogador e, pelo contrário, tivesse ido aproveitar alguns com quem tem contrato e a quem paga e não aproveita (o Ibson é o caso mais notável e incompreensível), este ano não seria preciso vender jogador algum…

(...) E como o Lucho acabou vendido quase ao mesmo preço que o Cissokho (!), também essa venda é curta para o muito que há a amortizar e o muito que é preciso para gastar com aquela vaga habitual de sul-americanos, de preferência argentinos: os Farías, Guárins, Tomáz Costa, Mariano, Bénitez, etc.

Enfim, o triste cenário habitual. Eu até já tenho medo de comprar os jornais da manhã, nesta altura da época! Não digo que o FC Porto, como Benfica e Sporting, não precise de vender, de vez em quando, ou não deva vender, quando o negócio é demasiado irresistível. Mas não era preciso vender todos os anos dois ou três dos melhores. Bastava que a gestão fosse mais transparente e que conseguisse também, de quando em vez, vender um dos outros, daqueles que só servem para receber o ordenado ao fim do mês."

Todos nós sabemos que Miguel Sousa Tavares n'"A Bola" tem textos de puro ódio ao Benfica, mas não é por isso que deixo de o ter em imensa consideração como um dos bons opinion makers que Portugal viu nascer, opinando em várias áreas sob vários tópicos. Gosto muito do ver escrever nas páginas d' "A Bola" porque cada vez que uma pessoa inteligente escreve sobre Futebol - mesmo dizendo coisas más sobre o nosso Glorioso - é bem vinda.

Pois desta vez Miguel Sousa Tavares mete o dedo na ferida... O FCPorto com 300 milhões de Euros em 10 anos é deficitário e isso deve ser o que preocuparia o normal adepto tripeiro. No entanto, eles parecem pouco preocupados e parecem mais interessados em rir e gozar com cada reforço que o Benfica deseja e que acaba invariavelmente no FCPorto. Mas eu isso até compreendo, tendo em conta o que conhecemos dessa legião de fans e adeptos do FCPorto. O que não entendo é quando os Benfiquistas se sentem muito tristes, criticando a nossa direcção quando os perde para o FCPorto. Eu, do fundo do coração, digo que cada vez que isso acontece sinto um enorme contentamento. Sem ironias. Há um ano critiquei aqui Cristian Rodriguez muito antes de ele ir para o FCPorto e afirmei que se fosse comigo ele não jogaria mais no Benfica. Fiquei contente quando o vi partir. Não tem seriedade nem qualidade para jogar no Benfica. Qualidade humana. Quando Álvaro Pereira saiu para o FCPorto perguntei "quem é Álvaro Pereira?" Conheço o Nuno Alvares Pereira mas esse desconhecido Uruguaio a quem o Benfica limitou financeiramente a sua contratação ao seu real valor, não conheço e desejo-lhe a pior sorte do mundo. Quando Falcão aceita receber 500 000 Euros ano e depois pede 1 milhão de euros ano - talvez o que vai receber no FCPorto - só posso continuar a minha alegria veraneante. Este senhor não interessa. Nem ele, nem o seu empresário, nem talvez a equipa a quem se enviou um fax com a proposta formal de 4,5 milhões de Euros por uma percentagem do seu passe. Veremos o que o FCPorto diz à CMVM sobre este acordo para ver quem ri por último.

O que temos de assumir é que hoje a máquina económica e desportiva que é o FCPorto está 10 furos acima do Benfica e mesmo assim dá prejuizos atrás de prejuizos. No dia em que esta equipazinha esteja 3 anos sem ganhar nada, ou sem ir à liga dos campeões - e para isso acontecer teria de existir um qualquer cataclismo na atitude do Sporting em relação aos seus amigos do norte - pode mesmo ter sérios problemas, a julgar pela amostra financeira que tem neste momento e de todas as comissões e coisas menos transparentes que vem fazendo nos ultimos 27 anos.

E é aqui que nos temos que focar. Por um lado crescendo o Benfica economicamente e desportivamente fazemos com que FCPorto desça e diminuia o poder que tem neste momento. Nesse dia não vamos fazer nem como Eng. Maurício de Brito (apesar da aposta certeira) nem como Pinto da Costa agora faz. Vamos escolher os melhores jogadores com critério futebolisticos e não apenas para que o adversário não o tenha. Espero que daqui a uns anos o nosso Presidente não se esqueça desta ideia base porque o Benfica não precisa de se colocar em bicos dos pés para provar que é Grande e que é Glorioso. Do FCPorto, das suas memórias do passado e destas contratações a picar o Benfica vamos rir e rir e rir... Eu para evitar mal entendidos já me rio agora. Este Falcão se fosse bom jogador, boa pessoa e bem formado estaria obviamente no Benfica. Como de todas estas caracteristicas apenas pode ter a primeira - e mesmo asism eu coloco sérias dúvidas no seu valor futebolistico valer 4.5 milhões de Euros por 70% do passe - estou alegre e feliz por podermos dar lugar a outra pessoa que queira mesmo vir jogar no Benfica.

Por falar nisso, Pinto da Costa acaba de anunciar no seu almoço anual com deputados do seu lobby politico na Assembleia da República que o Atlético de Madrid ofereceu este sábado Reyes ao FCPorto de forma gratuita. A ideia era fazer troca por troca com Ibson, o jogador emprestado - dos 70 segundo Miguel Sousa Tavares - com mais mercado. Obviamente que o Benfica já desistiu de Reyes há muito e apenas joga com o tempo, pois se no final do defeso não houver propostas para a sua venda efectiva - e com isso recuperar os 25% de investimento feito no seu passe há um ano - o Benfica pode tentar novo empréstimo, prevendo que o treinador do Atlético de Madrid não conta com ele.

O pior que pode acontecer com Reyes é que ele fique mesmo no Atlético de Madrid porque assim não recuperamos o tal investimento de 25%, que na verdade nunca entendi. Já aqui escrevi que não entendia porque se compra 25% dum passe dum jogador se não se tem como objectivo comprar os outros 75% um ano mais tarde. Se a ideia era tentar ter um empréstimo, então não se necessitava de comprar esse 25%. Se por alguma razão Reyes for parar ao FCPorto - por troca ou por baldroca - é importante que o Benfica seja sempre ressarcido desse investimento de 25%. Isso é o mais importante. Como é importante que o Benfica feche duma vez o plantel e que poupe o dinheiro de Falcão investindo em mais um ou outro jovem Português que tem no seu plantel. A ideia agora é valorizar quem temos e não comprar quem já está valorizado e caro.

Por mim, dava por fechado o ano, metendo Adu (ou não) e esperando por Ramires e Luisão. Mesmo assim ainda há muitas dispensas a fazer. A ver se algum interessa ao FCPorto...

Força Benfica