domingo, 22 de novembro de 2009

Excesso de Confiança

Esta tarde escrevi que a Taça de Portugal era para mim uma prioridade. Penso que esta opinião é partilhada por todos os sócios e simpatizantes do Benfica espalhados pelo mundo.

Na hora da derrota há que avaliar as causas e assumir as responsabilidades com quem de direito. Sem dramas...

Para mim, a Taça é sempre prioridade e o ano passado o nosso treinador achava que esta competição era apenas a "segunda mais importante competição Nacional". O facto de pensar assim, fez com que Quique Flores trocasse de guarda redes e colocasse alguns jogadores que eram menos utilizados noutros jogos teoricamente mais importantes. Jogámos dois jogos miseráveis. Um contra Penafiel e outro contra Leixões, tal como lembrei esta tarde. Em ambos os jogos fomos aos penalties, num ganhámos e noutro perdemos.

No ano passado, contra esta equipa de Guimarães despedimo-nos do campeonato com uma derrota em pleno Estádio da Luz (0-1) e este ano fomos ganhar em Guimarães com um golo que veio do céu no último minuto de jogo (0-1). Se a juntar a estes dois ultimos jogos oficiais contra Guimarães, nos lembrarmos da última vez que jogámos contra esta equipa para a Taça de Portugal (derrota por 0-1 com um golo irregular de canto) há três anos, tinhamos todos os ingredientes para recear que algo poderia correr mal hoje.

Ter receio - ou medo como escrevi esta tarde - é aquilo que nos deve indicar o caminho da concentração, da superação, da entre ajuda de grupo e da atitude superlativa que nos levará à vitória. Pois Jorge Jesus hoje deu um sinal claro que para ele a Taça não é prioritária e que o respeito que tem por Guimarães não é o maior. Quando diz ontem que "rodar os guarda redes lá mais para a frente vai terminar" está a dizer-nos que este jogo ainda não é a sério e por isso dá-se ao luxo de colocar o seu terceiro melhor guarda redes em campo.

Quando deixa Maxi Pereira no banco todo o jogo - mesmo tendo chegado tarde da selecção é o nosso melhor defesa direito - está a dar um sinal de excesso de confiança que ele próprio nem interioriza.

Quando deixa Keirisson jogar quase todo o jogo, está a dizer-nos que esta Taça para ele não é importante. Quando deixa tempo demais Weldon e Nuno Gomes no banco está a dizer-nos que o golo aparecerá, sem problemas. Quando Jesus tira Aimar a perder 1-0 está a dar esse mesmo sinal que o tal golo aparecerá, mas a verdade é que para o golo aparecer deveria ter-se feito muito mais. Hoje o Benfica perde porque só jogámos uma parte e sempre com mais coração que cabeça.

No entanto, perder e ganhar faz parte do jogo. Não há nenhum problema em perder um jogo de campeonato. Há muitos para recuperar e é uma competição de regularidade. Perder um jogo contra Guimarães em casa que significa ficar fora da Taça de Portugal - sem hipótese de fazer nada mais - é razão suficiente para chamar a atenção do treinador e com a calma e serenidade que nos caracteriza, dizer-lhe:

"Senhor Jorge Jesus, queremos que fiques aqui muito tempo. Por isso mesmo, que esta derrota te sirva de lição. Não há ou vai haver mais nenhuma facilidade em nenhum jogo da Taça de Portugal nos próximos anos em que aqui estejas. A Taça é prioritária e todos sabemos que um jogo que corre mal é a "morte do artista". Literalmente... Posto isto e antes de irmos todos para casa pensar no que fizemos mal, quero que entendas que enquanto aqui estiveres e jogando com equipas de primeira divisão ou de terceira, em casa ou fora, o Benfica para a Taça de Portugal jogará sempre com a melhor equipa possivel e sem gestão alguma com vista a futuros jogos. Esta é a unica competição que se perdermos estamos fora - Taça da Liga, Taça Uefa e Campeonato permitem que apareçam derotas que se podem recuperar depois. Nesse sentido meu caro Jorge Jesus, acabou-se a brincadeira com as poupanças, ou gestão de grupo, ou o que lhe chamam nos compêndios de futebol.

No Benfica as Taças de Portugal são prioritárias. Perder ou ganhar é sempre um resultado possivel, mas perder com todos os melhores disponiveis lá dentro é uma coisa, e perder a fazer descansar jogadores é outra. Manter dentro de campo jogadores que não têm lugar para 5 minutos no campeonato e têm depois quase 90 minutos na Taça é uma falta de respeito que não mais admitimos.Jorge Jesus, és um de nós e para que te sintas assim, tens de interiorizar isto imediatamente.

Este ano jogámos dois jogos da Taça e neste último mostrámos uma arrogância competitiva e um excesso de confiança que eu não reconheço neste Benfica. Este ano acabou a Taça de Portugal e ainda temos a Taça da Liga e Campeonato. A Taça Uefa é uma miragem e por isso devemos focar no que é possivel ganhar, como seria esta Taça de Portugal.
Com os erros se aprende.

Na próxima época estaremos no Jamor se interirorizares tudo isto. Independentemente de questões tácticas que percebes bem melhor que nós, tens de fazer com que a motivação para os jogos da Taça seja igual a uma final de Champions. Como? Tens muito tempo para pensar nisso. Um ano para pensar nisso, mas por favor não deixes que ninguém mais brinque com a Taça de Portugal. Nem tu, nem directores, nem jogadores. Motivação ao máximo para podermos ganhar ou perder sem amargos de boca e sem sentir o que sentimos hoje. Não fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para ganharmos.


Agora descansa e motiva todos os jogadores para ganharmos ao Sporting em Alvalade.
"

Hoje o Benfica foi uma nódoa autêntica e mesmo que os números mostrem que atacámos, que lutámos, que até merecíamos outro resultado, eu não entendo isso de forma tão linear. Para mim existiu excesso de confiança em toda a linha e para um desporto e para um clube que se define como "altamente profissionalizado" é algo que eu acho inconcebível.

Temos 6 dias para recuperar e mostrarmos que afinal ainda temos duas competições para ganhar e por favor deixemos lá os sonhos de Taça Uefa para outros, porque as prioridades devem ser Campeonato e Taça da Liga - como deveria ter sido também Taça de Portugal.

Mais vale aprender tarde que nunca. Não admito que o Benfica fique fora da Taça de Portugal na próxima época, antes da passagem de ano. Nem eu, nem nenhum dos 200 000 sócios e isso deverá ser suficiente para que esta noite seja de reflexão completa de todos os que trabalham na estrutura de futebol do Benfica. Temos o primeiro objectivo da próxima temporada definido. Ganhar a Taça de Portugal.

No entanto, não choro sobre leite derramado. Não é por morrer uma andorinha que acaba a Primavera e no sábado a equipa tem de dar a resposta que todos esperamos.

Força Benfica

Viva (a Taça de) Portugal

Depois de muitas dúvidas e críticas, Portugal apurou-se para o Mundial de 2010 na África do Sul e volta à normalidade desejada. Não entendo porque anda meio País a criticar e a reiterar a ideia que Portugal não joga nada - nem Argentina, nem Brasil, nem França (três campeões do mundo) jogam- e meio País a reiterar a ideia que faz parte do grupo que "sempre acreditou" e portanto com legitimidade para poder criticar o comentador, o colega de trabalho, o amigo ou familiar que "ousou" criticar a selecção quando a previsão era que pudéssemos ficar fora do Mundial.

Eu sempre acreditei, mas se tivéssemos ficado fora do Mundial, não esperaria que algum dos meus amigos críticos desta equipa me viessem atacar e até desejaria dessas pessoas alguma tristeza pelo hipotético não apuramento. Pois agora que estamos no Mundial porque não voltamos a deixar de lado o binómio Scolari/Queiroz?; porque não deixamos de falar dos Brasileiros na selecção?; porque não deixamos de criticar o "labrego" Eduardo quando não se criticava o "super labrego" Ricardo?; porque não deixamos de lado a falta de qualidade técnica e táctica desta equipa?; porque não deixamos de lado a piada fácil e óbvia da expressão "Quem é Edinho?"; porque não voltamos a ter esperança em fazer um bom mundial se até a Grécia foi campeã da Europa sem jogar bem nenhum jogo e uma França que em 2006 só fez um jogo bom contra Brasil, foi vice-campeã do mundo?; porque não deixamos de lado a falta de Benfiquistas na nossa selecção? A resposta a esta última é tão óbvia que parece incrível haver sequer pergunta. Uma equipa que tem dois jogadores na selecção Brasileira, dois na selecção Argentina e outro com reais esperanças de voltar, um na selecção de Paraguai, outro na selecção de Uruguai e um com possibilidade de entrar nas escolhas da selecção Espanhola, deixam pouco espaço para inundarmos a nossa selecção de jogadores nacionais. Aliás, Coentrão fez parte agora mas ainda pode haver um ou outro que entrem nos 23 de Queiroz em Junho.

Parabéns Portugal! Com ou sem boa equipa, com mais ou menos Brasileiros, sendo Queiroz um estudioso do futebol ou um "parvinho sem chama", a verdade é que se nos apuramos para os quartos de final do Mundial - e aí o sorteio de 4 de Dezembro é fundamental - tudo é possivel. Aliás tudo é possivel para nós e para as outras 15 equipas que aí cheguem. Estarmos todos com Portugal é o mínimo que se exige com Scolari, com Queiroz ou com Mourinho se um dia aqui chegar como é seu desejo. Tudo o que que não seja estar com Portugal até ao ultimo dia do Mundial é para mim uma parvoíce e complexos típicos provincianos que afectam tanta gente neste país "à beira mar plantado."

Todos seremos poucos no apoio à nossa Selecção. Se somos tão apaixonados pelos clubes e menos pela Selecção, mais razões temos para a apoiar despreocupadamente neste Mundial, pois quando perdermos cá estaremos com Jesus para mais um ano que se prevê cheio de vitórias.

Por falar em Jesus, em vitórias e em Selecção, a Federação Portuguesa de Futebol (que tem a selecção e a organização da Taça de Portugal) conseguiu unir Benfica e FCPorto em algo comum. Ambos estão de "pistolas" apontadas à nossa Federação. O Benfica não se fez representar na tribuna do nosso Estádio da Luz no jogo contra Bósnia, em protesto pela decisão do Conselho de Justiça em atribuir o título de campeão nacional aos juniores do Sporting. O FCPorto aponta baterias para a teimosia da Federação em querer jogar o jogo no estádio do Oliveirense, quando aparentemente esse estádio tem poucas condições para se jogar qualquer partida oficial, quanto mais uma partida com chuva intensa. A verdade é que na mesma semana vemos Benfica e FCPorto a atacar para o mesmo lado, coisa que me entristece bastante... Não gosto de estar ao lado do FCPorto em nada e estando ao seu lado que seja no apoio à nossa selecção. É a única forma que encontro para poder estar ao lado desse clube, pelo menos enquanto estiver aí esse presidente. Defendo que não ir para a Tribuna do nosso Estádio no jogo decisivo do apuramento do Mundial é confundir "alhos com bugalhos" e contribuir para mandar mais umas "achas para a fogueira" já bem quente do nosso futebol.

Jogar a final da Taça de Portugal numa tarde quente de Maio na grande festa do futebol nacional deve ser um dos grandes objectivos da época. Defendo a hegemonia nacional em detrimento de voos Europeus e nesse sentido não aceito nenhum outro resultado hoje que não seja a vitória. O ano passado escrevi aqui um texto a focar a importância da Taça de Portugal nesta era do Benfica. Quique Flores não achava o mesmo. Perdemos contra Leixões num jogo onde demonstrámos pouca atitude e noutro jogo dessa mesma Taça de Portugal, essa pouca atitude resultou num jogo miserável contra Penafiel, que felizmente ganhámos nos penalties.

Hoje, jogando no Estádio da Luz, diante da pior assistência da época, espero que os jogadores não facilitem e entrem neste encontro com a responsabilidade de quem está a jogar uma das muitas finais que nos levarão ao Jamor em Maio de 2010. Oxalá Jesus não esqueça nunca o seu desejo de voltar a jogar essa final do Jamor e de finalmente poder levantar essa Taça de Portugal.

Estamos sem Cardozo, estamos sem Luisão, estamos com Ramires a 50%. Isso, para mim terão que ser motivações extra para provar que esta equipa não são os onze titulares, mas sim um plantel com soluções que nos dão garantias de atacarmos todas as competições.

O Guimarães já provou no seu Estádio que não é "pêra doce" e há três anos eliminou-nos em pleno Estádio da Luz desta Taça de Portugal com um golo irregular. Eu tenho sempre confiança na nossa equipa, seja com que adversário for, mas não deixo de ter medo das competições a eliminar. Aqui se vê a fibra das grandes equipas que não podem errar nestes jogos, pois não há segundas oportunidades. Hoje, como em todos os outros jogos da Taça de Portugal, há que ganhar ou ganhar.

Espero e desejo que o Benfica mostre que a Taça de Portugal é prioridade hoje e sempre. Há 22 anos que não temos a dobradinha e este ano era muito, muito, muito bom que a conseguíssemos. Para isso faltam muitas finais e esta é a primeira.

Insisto. Não se pode facilitar e espero que pela noite possa dizer que afinal este Benfica é mesmo um "novo Benfica", forte em toda a linha e em todas as competições.

Força Benfica

sábado, 14 de novembro de 2009

Força Portugal

Desde o fatídico jogo em Basel contra a Alemanha que tive a certeza absoluta que em Junho de 2010 estaria na quarta competição seguida - depois de Euro 2004, Mundial 2006, Euro 2008 - acompanhando a nossa selecção rumo ao título mundial. Não retiro nem uma vírgula à minha convicção que hoje é maior que nunca.

Estou longe do Estádio da Luz mas com a certeza que pior que não ir à África do Sul acompanhar a minha Selecção é saber que em vez de Portugal, estará a equipa da Bósnia. Obviamente que isso não vai acontecer. Portugal vai ganhar hoje e estar na África do Sul a lutar pelo título de campeão do mundo - aliás tal como todas as outras selecções.

Hoje, não é Carlos Queiroz ou Liedson ou qualquer "falta de Ronaldo" que interessa. Hoje é Portugal que joga e quando se ama um jogo como o futebol, todos temos que estar do mesmo lado, apoiando Portugal incondicionalmente.

Em Junho lá estarei na África do Sul a acreditar no que sempre acredito - na vitória de Portugal.

Força Portugal

Força Benfica

O futuro seguro do Sporting, segundo Ricardo Araújo Pereira

O Ricardo Araújo Pereira é hoje um dos rostos mais mediáticos do humor nacional televisivo, mas é nas páginas d' "A Bola" que mostra do que é feito. Tenho por norma ler religiosamente tudo o que escreve semanalmente na nossa Bíblia, tal como leio sempre a nossa Leonor Pinhão. Já no caso do Sílvio Cervan leio (não de forma tão regular) e muitas vezes mais valia não ler, tal a diferença abismal de conteudo (e mesmo de forma) dos dois nomes que referi anteriormente.

Hoje, Ricardo não escreve sobre o Benfica mas tem um dos textos mais refinados e irónicos de que há memória. Como é possivel descrever de forma tão real, o estado do nosso adversário mais antigo recorrendo apenas à ironia e humor? Sim é possivel de maneira inteligente e sábia no melhor estilo do nosso Ricardo Araújo Pereira.

Deliciem-se....

"Villas
Boas
deu às
de Vila Diogo
No momento em que escrevo, o Sporting continua sem treinador por não ter tido capacidade para contratar o técnico da Académica de Coimbra. Quem sonha alto arrisca-se a desilusões, e o homem que orienta o último classificado da Liga Sagres e iniciou a carreira no mês passado veio a revelar-se uma fantasia impossível para o clube leonino. Ainda assim, na comunicação social, André Villas Boas foi treinador do Sporting durante cerca de 10 minutos. Apesar da curta carreira, já vai tendo currículo: bateu o recorde do saudoso Vicente Cantatore. Além disso, há que reconhecer que teria sido uma escolha inteligente: a contratação de Villas Boas contribuiria para desestabilizar a Académica, um adversário directo do Sporting na luta pela manutenção. Trata-se de um homem cujo apelido tem dupla consoante, tal como o de Bettencourt, o que é especialmente apropriado para um clube como o Sporting. É um técnico que teria certamente muito para ensinar a jovens como André Marques e Pereirinha, mas também poderia aprender com jogadores mais velhos do que ele, como Tiago e Angulo. Perdeu-se um intercâmbio de conhecimentos que poderia ter sido muito interessante. Mais: sabendo que Sá Pinto é o novo director do futebol profissional do Sporting, é conveniente contratar um treinador jovem, que não tenha memória do que Sá Pinto costumava fazer aos treinadores, com destaque para Artur Jorge.

Enfim, foi pena. Segundo os jornais, José Eduardo Bettencourt pretendia um treinador português e experiente, e André Villas Boas já tem quatro ou cinco jogos oficiais debaixo do cinto, um dos quais conseguiu mesmo vencer. Não será fácil descobrir candidatos mais experimentados. Por outro lado, numa conferência de imprensa que é já histórica, Bettencourt disse que o próximo treinador seria caucasiano. Ao mesmo tempo que excluía, por exemplo, Oceano, a declaração do presidente do Sporting parecia apontar claramente para Villas Boas, cujo cabelo arruivado é uma garantia inequívoca de pertença ao tipo racial que Bettencourt procura.

Ontem, no entanto, tudo parece ter terminado. A meio da manhã, o Sporting comunicou à CMVM que se encontrava a efectuar, e cito, «contactos (…) com o representante do treinador André Villas Boas». Mas, à tarde, a Académica publicava uma nota segundo a qual, volto a citar, «a Académica e o Sporting não chegaram a acordo para a transferência do técnico para Alvalade». E, às 19h10, a página de A BOLA na internet noticiava que José Eduardo Bettencourt, instado a revelar o que teria falhado nas negociações com a Académica para contratar André Villas Boas, tinha dito que, e cito novamente, «não falhou nada, houve por parte da comunicação social muita especulação acerca do tema. Nunca houve contactos directos com quer que seja, mas mesmo assim a comunicação social deu-o como certo no Sporting». Já se sabe como é esta comunicação social. Só porque o Sporting comunica à CMVM que está a efectuar contactos com o representante de André Villas Boas, a comunicação social especula imediatamente que o Sporting está a efectuar contactos com o representante de André Villas Boas. Pelo simples facto de a Académica tornar público que as negociações falharam, entretém-se inventar que houve negociações, e que - imagine-se! - falharam. A saída de Paulo Bento pode ter sido um pouco conturbada, mas felizmente o futuro está a ser preparado de uma forma muito organizada e segura. As bases do novo ciclo são, sem dúvida, muito sólidas, o que deve tranquilizar os sportinguistas."

Força Benfica

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O outro lado do jogador

Para todos nós o futebol é divertimento, satisfação, convívio, prazer e alegria. Para todos nós o nosso clube uma Paixão. Para muitos dos que olham para o fenómeno desportivo nacional e internacional os jogadores são os expoentes máximos dessa alegria e normalmente ocupam lugares ambicionados por muitos outros milhares. Todos nós sonhámos em ser jogadores do Benfica e por nenhum momento ousámos pensar que seria penoso ser jogador do nosso Glorioso.

Robert Enke foi nosso jogador durante três anos e todos nós sabemos que era um dos nossos. Sei que nesta altura é normal colocarmos ênfase nas coisas boas dum jogador no momento da sua despedida mas a verdade é que quem me lê sabe que ele era realmente especial e sentia paixão pelo nosso clube de uma forma muito honesta. Como se dizia esta semana de Javi Garcia, Robert Enke sempre foi do Benfica e ainda recentemente li uma entrevista sua dizendo que adorava Portugal e não colocava de lado um regresso ao nosso clube, se por ironia do destino essa oportunidade assim se verificasse.

Moreira diz hoje n´"A Bola" que a primeira impressão que teve dele foi de uma pessoa fria.

"A ideia é de que os alemães são frios. Quando vi Enke pela primeira vez, foi o que achei: frio. Mas com os dias, vi que não, que era conversador, e a atenção que dispensava ao que fazia era a mesma que dispensava ao que os outros faziam e diziam", diz Moreira. Continua dizendo que:

"Quase de um dia para o outro começou a falar português correctamente. Foi a uma conferência de imprensa e falou em português! Eu só lhe corrigia a pronúncia. Era inteligente, queria tudo perfeito, nada menos que isso".

Enke "Ficava chocado quando via cães abandonados, levava-os para casa. Era comum vê-lo chegar ao treino danado e explicar-se: tenho um cão que me deu cabo do jardim!", acrescenta Moreira.

"Nos treinos trabalhava para o grupo, não só para ele. No quarto era certinho: a roupa arrumada, os livros empilhados. A única chatice era no que respeitava à televisão: ele ligava um canal alemão, com um filme alemão e eu pedia-lhe para escolher um em inglês que compreenderíamos os dois. Ele dizia-me que o filme alemão era melhor...", conta Moreira. A morte do Enke foi para o guarda-redes encarnado um choque.

"Fiquei devastado. Já não falava com ele desde Barcelona, mas seguia a carreira. Nunca no Benfica deu sinais de ser alguém deprimido", recorda Moreira.

Enke viveu dias aparentemente felizes em Lisboa mas a sua depressão começa em 2003 em Barcelona e foi agudizada pela morte da filha de dois anos, já na Alemanha. Não tenho dúvidas que ter uma depressão não será caso único no panorama futebolístico mundial porque os jogadores são humanos e têm problemas pessoais que vão muito para lá das bolas nos postes ou dos penalties que não se marcam.

Esta história dramática de Robert Enke, que escolheu um qualquer comboio Alemão para terminar com a sua vida, deve servir de exemplo para todos nós e especialmente para todos os jogadores de hoje e do futuro...

Todos sabemos que a questão psicológica é muito importante no grupo de trabalho, mas não tenho dúvidas que em plantéis de 25/26 jogadores, há sempre problemas pessoais que se podem e devem tratar em terapias individuais.

Ás vezes o futebol não é tudo, como o trabalho não é tudo, como o dinheiro não é tudo e muitas vezes todos temos que decidir baseado no nosso bem estar. Enke deciciu de acordo com o seu bem estar e por isso o respeito. O que retiro deste momento é que como diz uma famosa canção - "be thankful for what you've got" - todos devemos estar felizes com o que temos...

Enke está mais descansado e nós vamos guardar na nossa memória a sua passagem pelo Benfica com uma ideia de profissionalismo, de dedicação, de amor ao Benfica e vamos lembrar a sua história como um aviso para que no futebol das próximas décadas não nos esqueçamos nunca que o Homem é sempre mais importante que o Jogador.

Força Benfica

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Javi Garcia - Parte 2

No blog vizinho Tertúlia Benfiquista escreve-se hoje:

"Javi García: «Foi uma honra marcar».

Caro Javi,

a honra, essa, é toda minha, de te ver no relvado - jogador feito, de águia ao peito e fogo no coração - semana após semana, e perceber que sempre foste do Benfica e não sabias." Carlos Miguel Silva (Gwaihir)

Bela Frase...

Caro Javi, sempre foste do Benfica e não sabias!

Acontece muitas vezes, com muitas pessoas, mas não tanto com Espanhóis. Conheço alguns como o Javi e sei que não serão os últimos a serem conquistados do outro lado da fronteira. Todos são benvindos e necessários para chegar aos 300 000 sócios, não?

Aimar, Saviola e Jesus também só recentemente souberam que sempre foram do Benfica. Mais vale tarde que nunca! Paulo Bento, esse, nunca esqueceu...

Força Benfica

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Vitória de Campeão

VITÓRIA DE CAMPEÃO!

Foi com estas palavras que Jesus resumiu a vitória do Benfica sobre a Naval. Estive em Guimarães quando o Benfica marcou por Ramires e nesse momento que a bola entrou mesmo por baixo da baliza onde estávamos todos, senti algo que é indescritível. São aquelas vitórias que não dão títulos, que não dão taças, que não decidem nada, mas que nós sabemos que decidem muito. Nesse dia achei que podíamos ser campeões e vínhamos dum empate caseiro frente ao Maritimo.

Hoje estou longe. Muito longe. Fui ver um jogo num clube Português onde o Benfica se sente mais puro e mais distante. Senti nas caras daquelas dezenas de pessoas a mesma sensação que tive em Guimarães. Não é apenas um alívio... Alívio era quando marcávamos na época passada no fim e não jogando nada tinhamos a sensação de "safámos o resultado". Aqui, hoje, quando Javi Garcia marca o golo, o que se sente a muitos km de distância do Estádio da Luz, o que se sente quando se abraça o desconhecido que está ao nosso lado é muito mais do que isso. Sente-se em milésimos de segundo a Raça e a Mística que sempre foram apanágio do Benfica. Ver depois através da TV as caras de Javi Garcia, David Luiz ou Di Maria a comemorar o golo, sentimos que nem árbitros, autocarros estacionados lá atrás ou túneis nos vão parar.

Assim, com este espírito de luta e de acreditar até ao fim - Inácio sabe bem o que é isso porque quando foi campeão pelo Sporting sabia que com Jardel era sempre possivel marcar em qualquer altura, mesmo no último minuto - aqule golo foi sentido como se sentiu o golo do Luisão em Maio de 2005 contra o Sporting. Estes golos dão títulos e este golo marca uma "Vitória de Campeão".

E quando nos festejos vejo a cara dum Português de coração azul ou verde dizer "que já cá faltava a ajuda do árbitro" vi nessa cara o mesmo sentimento que todos estávamos a viver. Este golo é de campeão. Esse adepto Português "azul e/ou verde" sentiu o mesmo a muitos, muitos km de distância e saíu sem ver a jogada que poderia ter dado o empate. E esse empate não apareceu exactamente porque este ano a onda é encarnada e não apareceu para justificar que essa onda nos vai dar o campeonato.

O ano passado por mais que tivéssemos esperanças - e muitos dos meus textos do ano passado são de pura esperança - sabíamos que não tinhamos futebol. Hoje temos tudo. Futebol, jogadores, equipa, treinador, espírito, garra, vontade de ser campeões e um apoio dum público que segundos antes do golo no livre que deu esse mesmo golo gritou para que todo o mundo ouvisse "Benfica, Benfica, Benfica". Apoio inequívoco e uma cumplicidade que não se via exactamente desde essa onda encarnada do Trapattoni que sem futebol, sem equipa e sem talento, tinhamos espírito e sorte.

Lá longe onde cada um dos Benfiquistas anda, ouvimos nesse livre "Benfica, Benfica, Benfica" e sabemos que esta equipa este ano "nunca andará sozinha". Eu não posso estar perto agora, mas garanto que dificilmente perderei um jogo "in loco" esta época em casa e fora, porque perdendo ou ganhando estes jogadores merecem tudo, e o nosso tudo é ilimitado.

Estiveram 41 000 pessoas no Estádio. É um grande número mas que vai ser maior. Eu pedi há uns meses 45000 de média para este ano e não tenho dúvida que esta época esse número será alcançado e suplantado. Hoje posso pedir 50 000 de média com a certeza que se esta onda continuar quem ganha é o Benfica. Não fiquem em casa. Quem puder ir - ou seja, esteja fisicamente perto do Estádio ou em Portugal Continental - não fique em casa. Vamos mostrar porque é que esta equipa não merece "andar sozinha" em nenhum Estádio nacional ou internacional.

Estou orgulhoso do meu (nosso) Benfica.

Força Benfica