sexta-feira, 9 de julho de 2010

O sonho de ver Portugal Campeão do Mundo

Está a acabar o Mundial e com ele o sonho de milhões de pessoas no mundo inteiro.

Apenas os corações de Espanhóis e Holandeses batem mais forte com a esperança de verem o seu capitão beijar a famosa Taça dourada neste domingo.

Estive na África do Sul, também sonhei com a conquista do título e isso para mim basta para se iniciar o processo dessa conquista. Sonhar é o primeiro passo e quero hoje escrever sobre o sonho de ser campeão do mundo. Diz o poeta que o "sonho comanda a vida" e é isso que falta ao povo Português - sonhar mais...

Falo pouco da selecção por aqui mas agora quero falar muito e escrever tudo aquilo que me vai na alma antes de voltar a falar do Benfica na próxima semana.

No avião de Joanesburgo para Paris, vi o filme do Emir Kusturica sobre Maradona e revi o grande Deus do futebol com 10 anos de idade a falar para a câmara, dizendo que tinha dois sonhos... O primeiro era jogar o campeonato do mundo e o segundo era ganhar esse título.

Ver esse filme no regresso de África fez me pensar que estamos ainda longe da mentalidade que necessitamos para sermos campeões do mundo.

Também nesse avião vi outro filme Brasileiro de nome "O ano em que meus pais saíram de férias". É um filme mais sério, mas passado em plena "copa do mundo de 1970" com o personagem principal com os mesmos 10 anos que Maradona tinha quando deu aquela famosa entrevista. No filme entende-se que a copa do mundo de 1970 atravessa toda a história e enredo provando que no povo Brasileiro o sonho da conquista desse importante título está na génese de toda a gente desde tenra idade.

Também nesse avião e aproveitando a longa viagem vi "Invictus" de Clint Eastwood e também apesar da temática não ser o campeonato do mundo de futebol fala-se muito na descrença dum povo na sua selecção de rugby, no ano em que esse mesmo campeonato do mundo se disputava na África do Sul, havendo claras semelhanças com o nosso povo e com a mentalidade gozona de alguns media, opinion makers e população.

Nesse ano de 1995, Nelson Mandela tinha dois sonhos. O primeiro e mais importante, que o rugby unisse todo um povo independentemente da cor dos seus cidadãos e depois o sonho maior que a África do Sul pudesse conquistar esse título contra todas as expectativas nacionais e internacionais.

Outra lição importante do filme é a humildade de toda a equipa junto dum objectivo, com um capitão líder e com bom coração. Isso será sempre fundamental na real conquista de qualquer título e o colectivo será sempre mais importante que a soma das partes e dos egos que a compõem.

Em 2006 disse que ia para a Alemanha para ser campeão do mundo. Todos os meus amigos se riram, a família gozou e só o meu irmão e mais outros crentes seguiram viagem comigo a acreditar que chegávamos a casa um dia depois da final. Afinal, chegámos a casa no dia da final entre Itália e França depois de perdermos contra a Alemanha no jogo de terceiro e quarto lugar.

Neste mundial saí com o mesmo espírito. Desta vez éramos só três crentes e a ideia era regressar entre a meia-final e a final pois tínhamos compromissos inadiáveis neste sábado dia 10, mas sonhávamos com o charter ou com o voo Tap que nos levaria a Joanesburgo para assistirmos à final do Mundial neste domingo.

Saímos de Portugal com a clara noção que a melhor maneira de acreditar em Portugal campeão do mundo é fugir de Portugal. Aqui todos dizem mal e existe um "agoiro" constante nos media, nas ruas, nos cafés...

Ou porque o Benfica não tem jogadores suficientes na selecção, ou porque o Queiroz não presta, ou porque não devíamos ter Brasileiros na equipa, ou porque CR9 é um "maniento" que não joga nada com a nossa camisola, ou porque a história do Nani está mal contada, ou porque com Scolari é que era bom, mas quando era Scolari o treinador, o Queiroz é que seria bom, ou porque Portugal vai para a África para não ganhar nenhum jogo, ou porque isto ou porque aquilo...

Quando começa o mundial só quero estar longe de Portugal e perto dos estádios, dos adeptos reais, da paixão do futebol. É assim que eu vejo o mundial - perto da acção e não a mandar bitaites do sofá e com pessimismos exacerbados.

Do outro lado temos as campanhas publicitárias a passarem a mensagem que Portugal será campeão do mundo, que desta é que é, etc... Não aguento esta bipolarização da nossa sociedade. Por um lado os ultra pessimistas e por outro os ultra optimistas, inconscientes e perfeitamente desligados da realidade, a venderem os sonhos que as marcas exigem que eles vendam...

Com tudo isso ainda temos a já celebre série dos "Incríveis" com um apresentador que também "anda por lá" mas que não entende nada da verdadeira concepção do sonho de ser campeão do mundo e prefere colocar um país a chorar com os "pseudo heróis" nacionais.

A verdadeira concepção do sonho de ser campeão do mundo nasce nas palavras dum menino de 10 anos a dizer que quer ser campeão do mundo para as câmaras duma cadeia de TV local e de seu nome, Diego Armando Maradona.

Alguém ouviu algum dos nossos jogadores dizer que o seu sonho é ser campeão do mundo? Alguém já ouviu com ar humilde e sem ser a ridicularizar, os nossos treinadores a dizerem que querem ser campeões do mundo? Alguém já ouviu os adeptos dos três grandes, unidos a dizerem que querem ser campeões do mundo? Alguém viu os nossos jornalistas juntos numa ideia comum a dizerem e escreverem que sonham em ser campeões do mundo? Alguém viu ou ouviu os nossos dirigentes a uma só voz dizerem que querem ser campeões do mundo? Alguém ouviu a população Portuguesa em massa a acreditar de forma inocente, crente e humilde que sonha em ver Portugal campeão do mundo?

Em Junho de 1982 eu tinha 7 anos e o meu irmão tinha 4 anos. O meu pai tinha uns cromos Panini que comprava e guardava num "montinho" à espera dum dia vir a caderneta do Mundial de 1982, que acabou por nunca aparecer. No móvel da sala eu e o meu irmão víamos religiosamente esses cromos e inocentemente pensávamos que os jogadores Brasileiros representavam Portugal porque escutávamos família e amigos mais velhos brincarem com a nossa selecção como desporto favorito nacional e porque não estando lá, o Brasil seria a selecção a apoiar. Passados 4 anos o caso Saltillo apenas veio lembrar que afinal o desporto nacional favorito - dizer mal e criticar - continuava vivo, mas desta vez com razões de sobra para se criticar.

Vinte anos depois eu e o meu irmão íamos pela primeira vez a um mundial e até Portugal ser campeão do mundo iremos todos os anos que houver esse importante evento. Seja onde for, desde que Portugal vá, lá estaremos a apoiar a selecção de forma incondicional.

Connosco iremos ter os verdadeiros adeptos, que tal como nós, sonham com o dia em que Portugal vai ser campeão do mundo. Não somos muitos e já nos conhecemos. Estamos em todos os jogos, pagamos do nosso bolso os bilhetes, as viagens, os hotéis, as alimentações e vamos para os países organizadores para apoiar incondicionalmente...

Estamos nos dias de jogos e em todos os outros. Gritamos "Portugal Portugal", sonhamos em ser campeões do mundo e dizemo-lo aos Franceses, Espanhóis, Holandeses, Alemães, Argentinos, Brasileiros, Italianos, sem nenhum tipo de vergonha.

Portugal esteve nas fases finais de Euro 2000, no Mundial 2002, no Euro 2004, no Mundial 2006, no Euro 2008 e agora no Mundial 2010. Tirando o ano 2002 em que fomos eliminados ainda na fase de grupos, Portugal tem uma final - Euro 2004 - duas meias finais - Euro 2000 e Mundial 2006 - uns oitavos de final onde somos eliminados por um dos finalistas - Espanha neste Mundial 2010 - e uns quartos de final onde somos eliminados por outro finalista - Alemanha no Euro 2008. Isto faz com que Portugal seja um nome incontornável no panorama futebolístico internacional, pelo menos nos verdadeiros adeptos e não tanto nos analistas. Por tudo isto, falamos com confiança do nosso futebol nos restaurantes, nos bares, na rua, trocamos provocações simpáticas com os verdadeiros apaixonados de futebol e eles respeitam-nos, como nós a eles. Defendemos Portugal e não vamos para uma discussão às 2am num qualquer bar dizer mal do Queiroz, do Scolari, do CR9 ou CR7... Defendemos Portugal, não mudamos de camisola ou de selecção quando perdemos e odiamos os "chulos" que chegam em aviões charters com as suas camisolinhas TMN, BES, Cosmos ou qualquer outra marca...

Essa gente devia ser proibida de ir a mundiais. Essa gente gosta de beber e comer grátis, de "mamar" à conta de alguém e de dizer mal da nossa selecção. Vão para os jogos confiantes com as suas máquinas fotográficas/vídeo para depois dizer mal de tudo. Aliás, alguns dizem mal antes de entrar no avião e de tudo o que diz respeito à selecção. Estes "chulos" são simultaneamente o Portugal moderno e o Portugal dos "velhos do Restelo".

Para esses, Portugal não vai ser campeão do mundo nunca, mas há uma minoria que acredita sempre, que não diz mal, que apoia. Eu também acho que com Miguel e Paulo Ferreira não havia necessidade de ter o Ricardo Costa a titular; também acho que depois dos 7-0 à Coreia do Norte era igual perder ou empatar com Brasil e esperava que Portugal fosse para cima do Brasil "como se não houvesse amanhã" para evitar Espanha, Paraguai ou Alemanha/Argentina e escolher Chile, Holanda, Uruguai; também achei que não se devia tirar Hugo Almeida do jogo contra Espanha e depois de estar a perder contra essa mesma Espanha, Deco era imprescindível jogar, mas tudo isso são "peanuts" comparado com a paixão e alegria de sonhar, apoiar e defender Portugal.

Que ganho em dizer mal do Cristiano? Que ganho em dizer mal do Queiroz? Que ganho em dizer que mais valia não termos ido ao mundial? Que ganho em desejar que Portugal não ganhe mais um jogo, para despedir Queiroz? Mas que Portugal é este? Por causa deste Portugal é que somos ainda poucos a sonhar com o título mundial.

Por causa de pessoas como estas, a Espanha foi derrotada e derrotista durante anos e anos. Havia sempre uns espertos que achavam o Real Madrid e Barcelona as melhores equipas do mundo, mas depois riam cada vez que a selecção não passava dos "oitavos". Esta gente não interessa a Espanha. Ate um slogan entrar na mente de todos os Espanhóis - "Si podemos" - a Espanha nunca acreditou na sua selecção. Em 2008 o título Europeu fez um país unido e esperançoso. Sonhavam agora em ser campeões do mundo e não têm vergonha de o dizer... Pois bem, estão na final e preparam-se mesmo para serem campeões do mundo. Preparam-se para levar a Taça dourada para a Praça Cibeles e hoje há meninos de tenra idade que vão dizer que o seu sonho não é ser campeão Europeu pelo Real Madrid ou pelo Barcelona. Eles vão dizer que querem ser campeões do mundo pela Espanha, tal como Maradona o disse e fez, anos mais tarde.

Quando cheguei a África do Sul fomos a um dos "Fun Park" e encontrei aí os três "profissionais" (como eu lhes chamo) que vieram de Portugal com a auto-caravana que atravessou toda a África com um sonho - serem campeões do mundo.

Viajaram desde o dia 25 de Abril numa auto-caravana, atravessando não sei quantos países para serem campeões do mundo e para testemunarem uma viagem única no contacto com populações locais em vários países com dificuldades financeiras e onde existe fome, infelizmente.

Estivemos com eles todos os dias na Àfrica do Sul, como já tínhamos estado na Alemanha ou na Suiça. Nessa mesma noite conheci dois portugueses de 24 anos. Tinham vindo de Lisboa para ver os jogos. Normalmente quando alguém vem de Portugal, vem para um, dois ou três jogos no máximo... Quando perguntei a estes dois rapazes quando voltavam a Portugal disseram-me que "obviamente voltariam no dia 13 de Julho com a Taça na bagagem."

Não pensem que são dois meninos ricos que vieram gastar o dinheiro de família. Nada disso. O João e o Pedro são a maior surpresa do mundial porque pouparam dinheiro durante meses e meses para ver Portugal campeão do mundo. Assim, sem mais... "Viemos para ser campeões do mundo" disseram-me eles na primeira noite que os conhecemos. Um é do FCPorto e outro do Sporting e a regra é clara - durante um mês não se fala de clubes, acreditamos sempre em Portugal e discutimos com quem seja sobre futebol e sem perder uma dessas discussões.

Fizemos 1001 esquemas com as possibilidades reais de sermos campeões do mundo e cada vez que um jogo terminava actualizávamos os esquemas de oitavos, quartos e meias finais.

Sabíamos que ganhar ao Brasil colocava-nos numa posição privilegiada para podermos sonhar.

Perder ou empatar com Brasil colocava-nos contra Espanha e aí sabíamos que só um milagre ou um jogo perfeito nos daria a vitória. No entanto, se lutássemos pela vitória contra o Brasil, tudo era possível. Ainda hoje não entendo os últimos 15 minutos contra o Brasil, toda aquela passividade e um dia, com o respeito que tenho pelo Carlos Queiroz e por todos os seleccionadores que ocuparam, ocupam ou ocuparão esse lugar, perguntar-lhe-ei o que celebrou ele com punhos fechados e braços no ar o apito final e o consequente "0-0" contra Brasil. Ele deverá ter uma explicação e eu vou ouvi-la atentamente, porque hoje não entendo essa celebração.

Ganhar esse jogo significava jogar contra Chile em Joanesburgo, ir a Port Elizabeth jogar contra a Holanda e depois jogar com Uruguai ou Gana em Cape Town o acesso à final. Só jogaríamos em altitude os oitavos de final e a final em Joanesburgo. Todos os restantes jogos seriam junto ao mar, como foram os três primeiros da fase de grupos. Mesmo sem Nani, sem Bosingwa, com Pepe a 50%, sem Deco e com Cristiano fora de forma era possível ganhar a esta Holanda, que era o jogo mais difícil até à final.

A Holanda perde historicamente com Portugal e sei que a defesa desta equipa treme, treme e treme. Até podem ganhar à Espanha (não acredito, mas no futebol tudo é possível) mas tirando a vitória contra Brasil com um canto e com um "chouriço", o mundial deles foi jogar contra Dinamarca, Japão, Camarões, Eslováquia e Uruguai... Não me venham dizer que jogaram contra colossos mundiais e não me digam que jogam "espectacularmente"...

Não vejo nesta equipa a "laranja mecânica" que muitos querem fazer crer e digo e repito que o nosso afastamento do Mundial foi escrito em Durban com o "desejado 0-0" contra Brasil e não com o golo em fora de jogo que Villa nos marcou em Cape Town.

É assim que se ganham campeonatos do mundo. A fazer quadros e a escolher os cenários que melhor sirvam o interesse final que é ser campeão do mundo. Ao "escolhermos" o empate com Brasil, arriscamos o caminho difícil, pois mesmo que ganhássemos à "Super Espanha" - que no fundo é o Super Barcelona com um ou outro jogador - e mesmo que se ganhasse ao Paraguai teríamos sempre uma Argentina ou Alemanha na meia final.

O que quero com isto dizer? Criticar Queiroz? Dizer mal dos jogadores? Culpar os Brasileiros da nossa selecção? Criticar o planeamento feito pelos nossos responsáveis? Não, nada disso. Valorizo as coisas boas, o facto de termos jogado contra a melhor equipa Africana, a melhor equipa Sul Americana e a melhor equipa Europeia e só termos sofrido um golo, marcado em fora de jogo; saber que estamos a construir uma equipa de futuro e por muito que se diga mal de Queiroz no seu trabalho no banco, ninguém pode duvidar do trabalho de base que está a ser feito para outros aproveitarem - quem sabe Jesus ou Mourinho; saber que há jogadores que virão ajudar já em Setembro, recuperados de lesões, entre outras coisas positivas. Prefiro sempre valorizar e acreditar que poderemos lutar pelo título em 2014, 2018 ou 2022. É assim o meu espírito e desejo que este seja o espírito dominante cada vez que se fala da selecção nacional.

A Espanha joga junta há muitos anos, tem uma máquina de jogar futebol de nome Barcelona como a sua base e mesmo assim fez um mundial com exibições más. Aliás depois do Barcelona ser bi-campeão Espanhol, ter sido campeão Europeu e do Mundo, a Espanha só teria que aproveitar o que Guardiola fez no seu clube e foi isso que Del Bosque tem feito, como Scolari aproveitou no Euro 2004 o trabalho de Mourinho no FCPorto.

Mesmo assim, a Espanha joga com uma equipa de segundo nível europeu - Suiça - e perdeu. Jogou com a pior equipa do Mundial - Honduras - e fez apenas o suficiente para ganhar, sem brilhantismo. Jogou contra Chile com mais um homem a maior parte do tempo e ganhou apenas 2-1. Jogou contra Portugal num jogo que controlou, mas apenas marcou em fora de jogo e teve um ou outro aperto na defesa. Safa-se do Paraguai porque Cardozo falha o seu quinto penalti da época, jogando muito, muito pouco e ganha a uma Alemanha irreconhecível numa meia final que neste caso, mereceu ganhar. É este o trajecto sem glória e sem encanto da "Super Espanha" no mundial. Lembro outra vez que o Barcelona ganhou tudo o ano passado, a Espanha já vem campeã Europeia e não perdia há muitos, muitos jogos, logo era um dos favoritos claros a estar na final. Quem se junta à Espanha na final?

Uma Holanda perfeitamente ao seu alcance, que ganha 3-2 a um Uruguai sem Suarez e se o jogo durasse mais 5 minutos, provavelmente nem estaria na final.

Tudo isto são razões suficientes para encararmos o futuro com um sorriso, porque é mesmo possível ser campeão do mundo e este ano teria sido "fácil", ou pelo menos "mais fácil"...

No fim do jogo com a Espanha, tirámos uma foto para recordarmos esse momento no dia em que estivermos os 4 da foto, os 40, os 400 ou os 4000 na bancada a celebrar o título que um dia vai chegar.

Nesse dia teremos os emigrantes que sempre apoiam, que mesmo com as vuvuzelas a não darem tréguas, gritaram connosco naquela segunda parte contra Espanha. Estes não desistem, sonham e com a humildade que os caracterizam também choram de tristeza - quando perdemos - ou de alegria - quando ganhamos.

No dia seguinte ao jogo contra Espanha estive com os "profissionais" e um deles dizia-me que viajou pelo mundo todo, tem a vida que quis ter, fez tudo o que quis fazer, vai continuar a acompanhar a selecção onde quer que a equipa jogue, mas não acredita que "esteja vivo no dia em que Portugal for campeão do mundo.". Este "Senhor" lembra-se de ver o Mundial de 66 na TV, correu todos os Mundiais com Portugal e eu sei que estarei com ele na bancada no dia em que Portugal for campeão do mundo, como estarei com o meu irmão e como estarei com estes "meninos de 24 anos" que foram sozinhos à aventura Sul-Africana.

Estou farto de gente pequena, que representa negativamente este país dizendo sempre mal, não fazendo nada para ajudar e estando constantemente do lado do pessimismo.

Saiam do sofá, saiam para a rua, poupem dinheiro para ir aos mundiais de 4 em 4 anos e sonhem em ser campeões do mundo. Sejam humildes e se gostam tanto de futebol, sonhem em vez de se armarem em grandes, dizendo mal e depois sofrendo baixinho em frente ao televisor para depois dispararem toda a sua ira nos sites, blogs, fóruns dizendo todo o mal que lhes vai na alma...

Sonhem meus caros, sonhem e de uma vez por todas digam mal do Porto, do Sporting ou até mesmo do nosso treinador ou da direcção do Benfica mas quando for a selecção calem-se e apoiem.

Se não gostarem da selecção, calem-se de vez, vão de ferias, vão para a praia mas não se ponham com ar provinciano a dizer bem da Espanha, da Holanda e de todas as selecções menos de Portugal.

Estou farto de ver dizer bem de tudo o que é dos outros. Eu viajo por todo o mundo - literalmente - e sei do que falo. Deixem de ser pequeninos e da próxima vez que Portugal jogar, sonhem em ser campeões do mundo, porque esse é o primeiro passo para atingir o objectivo.

"O Benfica Sou Eu" e sonho em ser campeão Europeu pelo Benfica. Sei que esse dia vai chegar e quero ter ao meu lado os sócios cativos que me acompanham hoje e sempre, quero ter a mulher que amo junto a mim, quero ter o meu pai por perto (ou se não por perto, do outro lado da linha telefónica porque ele gosta mais de ver na TV) e quero ter eventualmente os meus filhos/filhas se os tiver na altura...

Este sonho não colide em nada com o sonho de ser campeão do mundo por Portugal. Já disse e repito que são estradas paralelas e não temos que escolher um ou outro. Eu sonho ganhar os dois e não descansarei enquanto não alcançar esse sonho. Sei que nesse dia o meu irmão estará ao meu lado e bem perto, como já disse, estarão os tais "jovens de 24 anos" (nessa altura não tão jovens) estará o Antonio, o Carlos (que ao contrário do que me disse, estará vivo e bem vivo) e mais uns quantos amigos que seguramente continuarão a acompanhar Portugal de forma descomplexada e apaixonada.

Tambem estarão os "chulos" do costume, com as marcas a pagarem-lhe as viagens, também teremos o jet set nacional, as pobres estrelas de TV e toda a corja que nos maus momentos são os primeiros a sair. Tudo bem... Não há problema. Tambem eles são Portugal e tambem os abraçarei, se for caso disso.

Hoje só desejo que se comece a sonhar. Não tenham vergonha de dizer que queremos, podemos e sonhamos em ser campeões do mundo.

Eu considero-me culto, trabalho com as pessoas mais evoluídas culturalmente e intelectualmente de todos os continentes, viajo por todo o lado, tenho a sorte de poder estar nos melhores teatros, ver os melhores concertos, ler os melhores escritores, desfrutar do melhor que a vida tem para me dar nos cinco cantos do mundo e digo em voz alta que sonho ser campeão do mundo com Portugal. Os emigrantes mais humildes, sonham, dizem-no descomplexadamente e depois vejo uns "pseudo-apoiantes-Portugueses" a criticar, dizer mal de tudo, literalmente a gozar com a selecção, dizendo piadinhas baixas e sem piada e a não mexerem uma palha para ajudar a equipa. Sejam humildes e sonhem meus caros, sonhem.

Temos 2014 no Brasil, 2018 e 2022 possivelmente em Portugal/Espanha. São 12 anos para mudar uma mentalidade, para nos fazer acreditar que é realmente possível e criar uma "cultura de sonho" que é aquilo que Brasil, Itália, Alemanha, Argentina, França, Espanha, Holanda têm sempre e nós tivemos durante um mês durante o Euro 2004. Mas isso foi pouco...

Se o campeonato de 2018 ou 2022 for disputado em casa, mais uma oportunidade de ouro para sonharmos e é importante pensar a longo prazo. Carlos Queiroz tem contrato até ao Euro 2012. Alguém o substituirá em Julho desse ano e levará Portugal ao campeonato do Mundo no Brasil e ao Euro 2016. Depois entrará Mourinho(?), Jesus (?), ou outro qualquer que tomará conta da selecção... Os nomes e treinadores não são importantes como no Benfica também não são. Nós, os adeptos, somos o mais importante nos clubes e por isso é que os treinadores e jogadores vêm e vão e nós estamos sempre cá.

Na selecção tem de ser este o espírito porque uma vez Português, a nossa selecção será sempre esta e não o Brasil, Espanha ou a Holanda, pelos seus bonitos equipamentos laranja.

Vamos apoiar incondicionalmente, perceber que não custa nada e no fim sabe melhor estar conscientemente do lado certo da razão e da História.

Viva Portugal.

Força Benfica.

4 comentários:

Anónimo disse...

"Outra lição importante do filme é a humildade de toda a equipa junto dum objectivo, com um capitão líder e com bom coração. Isso será sempre fundamental na real conquista de qualquer título e o colectivo será sempre mais importante que a soma das partes e dos egos que a compõem."

vês isso na nossa selecção? eu não. com scolari, com o euro 2004, quando não havia egos, mas sim uma nação em campo, havia bandeiras nas janelas. hoje não há e isso tem explicação. não somos bóis cegos que acenam com a cabeça e que batam palmas quando os "senhores" quiserem. esta selecção não era uma equipa, o capitão e o seleccionador são arrogantes e impossíveis de aturar. quando voltarmos a ter homens entre a nossa selecção, lá estarei a apoiá-los.
mas como emigrante sou eu que tenho que aturar (e defender) o mundo a gozar com a nossa selecção infantil e arrogante. deviam ter mais respeito pelas pessoas que abraçaram esse destino.

O Benfica Sou Eu disse...

Meu caro Captain Kid

Tenho lido as tuas opiniões e sabes que gosto sempre de te ver por aqui, a opinar sobre vários tópicos.

Como é óbvio esse parágrafo que tu tão bem retiras do meu texto, não foi escrito por acaso.Para mim torna-se claro que alguma coisa vai ter que acontecer à cabeça do Cristiano Ronaldo, mas a humildade, como a educação, vem do berço e ou se tem ou não se tem... Tenho esperança que a idade, a maturidade, a experência Mourinho e um ou outro acontecimento pessoal possam disciplinar Ronaldo e fazer com que ele seja o nosso verdadeiro Capitão. Teremos que esperar para ver.

Em relação ao treinador, penso que a discussão é estéril e não vai levar a nenhum outro efeito prático, que não seja a continuidade de Carlos Queiroz. Ele assinou um contrato chorudo e ninguem o pode despedir por ser eliminado pelo futuro campeão do Mundo, depois de ter empatado com o numero 1 do ranking Fifa e com a Costa do Marfim.

Logo, neste momento nao faz nenhum sentido pensar em despedimento. Ou teria sido logo na ressaca da eliminação - e teriam que existir coisas muito fortes para activar esse despedimento - ou agora não vejo essa hipótese sequer como plausível.

Tendo em conta este cenário, vamos mesmo ter que apoiar e bater as palmas no apuramento do Euro 2012 e depois na fase final desse Euro. Não há outra hipótese. Assobiar como aconteceu em duas situações de jogos passados, não vai resolver nada e só o apoio e a estabilidade podem criar condições para se fazer o melhor possivel no Euro 2012 e depois sim mudar de seleccionador.

O meu texto é geral e não é focado na defesa ou ataque deste ou daquele. Este texto é um grito de revolta para que possamos todos sonhar em ser campeões do mundo com este ou aquele treinador - tambem não é inocente a minha referencia a Jesus e/ou Mourinho - mas agora o importante é entender que a selecção tem de ser um espaço de estabilidade porque de instabilidade vivemos nós todo o ano com os árbitros, apitos dourados e guerras semanais entre os clubes da primeira Liga.

Esta é a intenção do texto e respeito que aches que o Carlos Queiroz deve sair como tambem deves respeitar quem ache que neste momento mais vale ele preparar o que tem de preparar, aprender com os erros que ele próprio cometeu e ajudar na preparação dum futuro que hoje é muito diferenete do que era há 20 anos. Hoje tu sabes tão bem como eu, que as nossas camadas jovens já têm um número muito elevado de estrangeiros e isso não é bom para o futuro das selecções. Antigamente, eram quase exclusivamente os clubes que criavam as estrelas e agora cada vez mais o seio da selecção é um espaço privilegiado para despontarem novas estrelas e novos valores para a selecção.

Vamos esperar para ver, mas parece-me claro que o Carlos Queiroz será o nosso treinador para os próximos dois anos e sendo assim só temos mesmo que apoiar e aplaudir, porque assobiar e dizer mal durante dois anos, pode mesmo significar cair no ridiculo total.

Aparece sempre... Sabes que gosto de te ler no blog e aqui no espaço de comentários.

Força Benfica

Anónimo disse...

Muita mais do que a eliminação de Portugal neste mundial, o que me custou foi ouvir tanta critica a esta selecção. As pessoas já estão tão habituadas a falar mal que nem se dão ao trabalho de pensar na realidade. Eu acreditava que podíamos, como noutras fases finais, fazer algo especial mas era necessário que os jogadores se transcendessem. A qualidade da nossa equipa não dava para muito mais. Eu fiquei com melhor opinião acerca do Queiroz depois do mundial e acho que ele foi vítima da sua própria astúcia. Ele fez com que os portugueses achassem que temos equipa para ganhar a Espanha ou ao Brasil… Num mundial tudo é possível e com sorte podemos chegar muito longe, mas se isto fosse um campeonato de 32 equipas a 62 jornadas não passávamos do oitavo lugar e em 10 jogos contra estas selecções ganhávamos 2. O Queiroz fez o que pôde, assim como o Ronaldo.
Um abraço,

JFS (espaco1904.blogspot.com)

Anónimo disse...

Bem, as pessoas criticam porque têm o direito de criticar. Se está mal há que o dizer, e não calar. Tudo começou com os lobbys, que tentaram e conseguiram colocar Queiroz na seleção, tentando naquela época, queimar Scolari. Uma injustiça, a quem tanto tinha feito pela nossa seleção e pela nossa imagem. Deveriam antes esperar que terminasse o respectivo contrato e só depois apresentarem o Queiroz, ou quem quer que fosse. Ou sejá logo á partida a coisa ficou inquinada. O mesmo aconteceu este ano com a seleção francesa.

Depois a própria personalidade do selecionador, que não cativa e é mesmo chata. Discurso com palavras rebuscadas, mas monocórdico, que adormece qualquer cocaínomano. Pessoa que não assume os seus erros, tentando sempre arranjar uma desculpa, ou culpar os outros. Etc.

No que respeita aos jogadores, também a sua imagem não é das mais famosas. Vão representar o país, deveriam pois colocar um pouco mais de esforço e combatividade em jogo. No entanto o que se constata, é que cada um pensa apenas em si, no seu umbigo, mostrar-se para um eventual futuro contrato milionário, esquecendo as suas obrigações perante o país que tudo lhe paga principescamente. Quanto irão receber de prémios.

Esta não é a minha ideia de uma seleção, que deveria representar o seu país. Eu iria de borla. Esforçarme-ia mais do que no clube que me pagasse. Jogaria com amor á camisola.

Em 4 jogos disputados na África do Sul, por exemplo, apenas vi Cristiano Ronaldo, a jogar com a equipa na segunda parte do Portugal-Coreia do Norte. Nos outros, esteve-se borrifando completamente para a equipa, pensando apenas nele, e como conseguiria ser considerado o melhor do mundo neste campeonato. Inglório. Ou talvez estivesse a pensar no filho que lhe nasceu, não se sabe de onde...