sexta-feira, 11 de julho de 2008

O nosso conselho de Justiça

Tenho aqui escrito muito pouco sobre o apito final ou dourado ou o que lhe queiram chamar...

Primeiro porque na minha opinião tem pouco a ver com o Benfica e aqui neste espaço gosto de escrever focando tudo no universo Benfiquista. Segundo porque não sou especialista em Direito e penso que todas as questões de Direito têm sempre duas leituras possíveis. É sempre tudo muito dúbio...

No entanto o que se passou na reunião do conselho de Justiça tem a leitura jurídica e legal que eu nem sequer comento e a leitura popular e de carácter de senso comum onde eu me incluo.

Sinto que nesta vertente o que aconteceu no conselho de justiça da passada sexta feira, e que se tem vindo a desenrolar depois desse dia até hoje é o que se pode denominar como o resumo do que se passa no futebol Português há muito tempo.

Dum lado haviam alguns conselheiros que tinham aparentemente a lição estudada a favor de Benfica, Guimarães e Paços de Ferreira. Ou seja, fazer com que Boavista fosse condenado a descer de divisão (e por conseguinte beneficiar o lobby do Paços de Ferreira que assim poderia ficar na primeira divisão mesmo não tenha sido desportivamente merecedor dessa distinção) e com que Pinto da Costa fosse castigado, dando razões de aparente felicidade a Benfica e Guimarães que assim teriam mais uma réstia de esperança a subir respectivamente à pré eliminatória da Champions e ao acesso directo aos grupos da mesma competição.

Do outro lado o Presidente do conselho de Justiça encabeçava uma corrente que tinha o vice presidente e mais um dos conselheiros do Conselho de Justiça. O presidente desse conselho é vereador da Câmara de Gondomar, onde Valentim Loureiro é presidente. Independentemente do que se está juridicamente a decidir nesse conselho de sexta feira o que se nota das noticias vindo a publico dias depois, é que este presidente tinha objectivo claro de ou safar o Boavista da segunda divisão e o Pinto da Costa das acusações de tentativa de corrupção, ou na pior das hipóteses evitar que se decidisse algo contrário à sua opção.

O Presidente tentou a primeira opção, convidando um dos conselheiros a abandonar a sala por "incompatibilidades" (não interessam para o caso definir quais) julgando ele que em caso de empate a 3-3 ele teria o voto final como presidente do conselho de justiça.

Não conseguindo de forma clara fazer com que um dos conselheiros abandonasse a votação, declarou terminada a sessão "por não haver condições" para continuar a mesma reunião e abandonou a sala com o seu vice presidente, conseguindo assim o segundo objectivo que era não decidir nada nessa sexta feira e adiar assim o processo.

Minutos depois a outra facção volta para reabrir a reunião, sem os Presidente e Vice Presidente e toma uma decisão final contrária ao Boavista e FCPorto. Independentemente da legalidade da decisão tomada pelos 5 vogais horas depois de terminada a primeira parte da reunião, que nem sequer vou comentar porque não tenho conhecimentos jurídicos/legais para isso, há algo que salta à vista de quem gosta de futebol.

Presumo que grupo de vogais/conselheiros teria garantido ao Benfica, Guimarães e Paços de Ferreira que sairia uma decisão favorável a esses clubes, acontecesse o que acontecesse nessa reunião.

O presidente do conselho de justiça tinha garantido ao Boavista e ao senhor Pinto da Costa que ou não se decidiria nada (como alias ele cumpriu pelas 6pm de sexta feira) ou haveria uma decisão favorável para Boavista e Pinto da Costa.

E digo isto, tendo em contas as declarações do senhor presidente do conselho de Justiça publicadas em jornais e televisões no dia seguinte. Eu que gosto da série "Sopranos" vi pessoas menos assustadas na série, a defender o indefensável que o próprio senhor Gonçalves Pereira - presidente do conselho de justiça.

Eu volto a frisar que não quero saber se o Benfica ou Guimarães ou Paços de Ferreira sairão ou não beneficiados deste caso, porque já o disse aqui antes, penso que o nosso Glorioso deveria ir à Taça Uefa porque é esse lugar que merece depois do quarto lugar no campeonato nacional 07/08.

No entanto, se o Benfica tivesse ficado em segundo lugar e não alterasse nada na decisão de participação ou não da Champions League eu escreveria aqui este texto porque me parece que agora sim, estamos perante um caso de policia grave.

Como é possível haver um escandaloso caso de "tráfico de influências" testemunhado na TV e nos jornais, onde o presidente do conselho de justiça exige a todo o custo que não o demitam, exige a todo o custo que não se apliquem as decisões do conselho de justiça que ele não presidiu, garante a "sócios do Boavista" e a "pessoas ligadas a Pinto da Costa" (como ouvi na SIC Noticias) que as decisões não têm validade como se a sua vida ou a vida da sua família dependesse dessa decisão.

Eu não tenho nada contra o Boavista, nada contra o senhor Pinto da Costa (e aqui não coloco nenhuma ironia), nada a favor do Guimarães (a tal equipa que fez um cordão humano de força para ganhar ao Benfica e que acabou na segunda divisão nesse ano) nada a favor do Paços de Ferreira, nem tão pouco nada a favor do Benfica nesta questão, porque o Benfica nada tem a ver com isto...

Isto tem a ver com justiça elementar no conselho de justiça e de punições graves e severas para quem se vier a provar que esteve na reunião desse conselho de justiça, não para avaliar os casos e decidir, mas sim para levar para dentro desse conselho as encomendas que lhe tinham sido feitas por amigos, conhecidos ou intermediários dos clubes a quem interessaria uma/outra decisão ou a não decisão, no mínimo... Seja dum lado ou de outro.

Eu penso que o que aconteceu nestes dias com comentários do Boavista (através do seu presidente Álvaro Braga Júnior) a dizer que jogará a Liga Sagres 08/09, com o Sr. Pinto da Costa a dizer que "dá razão ao Benfica e que este conselho de justiça não tem credibilidade" com comentários de juristas a dizerem "que as duas actas têm legitimidade" só prova que tudo isto bateu no fundo. Eu não quero saber se o conselho de justiça está "minado" de pessoas ligadas ao Benfica ou ao Guimarães ou ao Paços de Ferreira, o que sei é que o presidente desse conselho está ligado ao FCPorto e ao Boavista como provam as suas declarações desesperadas na imprensa e como provam as suas ligações profissionais fora do conselho de justiça.

Que todos os que se provarem estarem neste conselho a mando de clubes e de lobbies sejam condenados. Que se decida sobre esta matéria no imediato com este ou de preferência com outro conselho de justiça. Que o senhor Freitas do Amaral - a pessoa externa a este processo nomeada para aclarar tudo o que se passou nesse famoso conselho de justiça - decida sobre o conselho de forma imparcial e que alguém depois decida estes casos de forma imparcial também. Que qualquer que seja a decisão seja respeitada por todos - e aqui o Benfica tem de preparar se para perder mais uma batalha e não incendiar mais o que já parece totalmente incendiado, porque preparando se para a perder mais facilmente a ganha.

Posto isto, e tendo em conta que este senhor presidente já colocou duas providências cautelares para evitar que a decisão do conselho de justiça (tomada sem ele na sala) seja oficializada já se sabe que isto não terminará legalmente aqui, independentemente do que se vier a decidir no inquérito presidido por Freitas do Amaral.

O que eu sei é que se o Benfica estivesse metido no lugar do FCPorto e eu visse o presidente do conselho de Justiça de forma escandalosa a proteger o meu clube só teria de o criticar veementemente. Não concebo o futebol ou o conselho de justiça duma federação como o cantinho dominado pelo clube A, clube B ou C.

Não seria mau de todo, que os nossos clubes nacionais estivessem uns aninhos fora das competições europeias para de uma forma clara e inequívoca acabarmos com todos os lobbies que existem no futebol nacional. Sejam lobbies do lado FCPorto, do lado do Benfica, do lado do Sporting ou do lado de qualquer outro clube.

Precisamos de repensar tudo como se de uma nova ordem se tratasse. Eu sei que para isso temos que ter novos dirigentes, com novas ideias e com nova atitude mas onde um conselho de justiça, analisasse legalmente, ouvisse cada uma das partes e decidisse. Sem lobbies e sem cores de camisolas.

Já o disse e volto a dizer - penso que o Benfica está muito exposto a isto e quis levar para a opinião pública e imprensa uma guerra que na essência não é nossa, pois representa algo alheio ao Benfica e de contornos muito sujos, onde o nosso Glorioso não deve andar. Como diz e bem o nosso treinador - O Benfica esta na Taça Uefa e é na Taça Uefa que pensamos. Se algo se decidir a nosso favor melhor, mas não se dorme e acorda obcecado com essa decisão, como parece que alguns dos nossos dirigentes estão. Tenham calma meus senhores... Podemos e vamos ganhar-lhes no campo, mais ano menos ano e durante muitos anos. Não desesperem porque quanto mais desesperados estão e mais desespero passem para as páginas dos jornais, mais isto parece uma simples guerra Benfica-Porto. Sejam inteligentes. As nossas guerras com o FCPorto são duas vezes por ano - uma no estádio da Luz e outra no Dragão. Ponto final. E são essas que eu quero ganhar mais e mais e mais... A começar já no próximo dia 31/08.

Força Benfica

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