sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sem nacionalismos, não faltam Portugueses ao Benfica?

Passando os olhos por alguns dos blogs Benfiquistas, li aqui um hipotético plantel com os supostos 26 eleitos de Quique Flores para o Benfica 08/09. Com o bom senso que caracteriza este blog, as escolhas são meras hipóteses, com base em opções de jogadores que têm vindo referenciados na imprensa apesar da versão final não estar muito longe do que esta tarde escreveu o "lampião do norte".

Independentemente do acerto ou não dos seus palpites, dos reforços ou não que se venham a concretizar, salta-me à vista a falta de jogadores Portugueses no plantel sénior do Benfica (escrevo sénior mas nos júniores o problema já existe de igual modo).

Da lista dos 26 jogadores que este colega aqui apresenta, apenas 8 são Portugueses - dois guarda redes (Moreira e Quim), três defesas (Miguel Vitor, Nelsón e Jorge Ribeiro) dois médios (Rúben Amorim e Carlos Martins) e um avançado (Nuno Gomes).

Destes, os três defesas ainda estão na lista de "pseudo-dispensáveis", mas quero acreditar que nenhum será dispensado, vendido ou envolvido nalgum outro negócio.

Como digo, esta lista é provisória e trata-se da opinião pessoal dum colega blogger, sendo que Quique Flores pode ter opinião diferente e além destes 8 jogadores manter no plantel Makukula, Luís Filipe (não, por favor, não...) ou Nuno Assis passando o contingente para 10/11 Portugueses na equipa.

Como o colega do lado, eu vou especular com base na tal hipótese de ter 8 jogadores nacionais num plantel de 26 e parece-me preocupante que isso possa acontecer. A palavra "preocupante" não vem colada a críticas a quem quer que seja. É apenas uma constatação e acredito que, obviamente, não há nenhuma conspiração contra atletas nacionais, mas a verdade é que começam realmente a escassear essas referências nacionais no plantel do Benfica.

E a verdade é que Portugueses de qualidade fazem mesmo falta ao Benfica. O Benfica teve os seus momentos aureos só com Portugueses (ok contando com as ex-colónias) e apesar do tempo não voltar para trás eu sou da opinião que devemos ter mínimos. Não mínimos de quotas, porque isso é absurdo, mas mínimos morais de quem gere o Benfica, para que o clube não seja uma manta de retalhos multi cultural sem um laço forte ao nosso país.

Todo eu sou multi cultural e nada tenho contra o multi culturalismo, mesmo nas equipas do Benfica. Mas eu sou eu e o Benfica é o Benfica apesar de no título estar escrito que "O Benfica Sou Eu". É mesmo importante que se voltem a ter atletas de referência da formação do clube, e se não da casa pelo menos com nacionalidade Portuguesa. Se este é o ano zero de Quique e Rui Costa, que no quinto ano (talvez de Rui Costa, não tanto de Quique) tenhamos o dobro destes jogadores nacionais no clube porque fazem falta, pela mística, pelo que sabem da História do Benfica, de como sentem o Benfica, de como vivem e viveram o Benfica em diferentes momentos da sua vida, de como entendem a Grandeza do Benfica, de como nos obrigam a ir contratar jogadores estrangeiros de inegável qualidade e se não houver mais razões, porque Sim...

Aqui na vizinha Espanha, além do Real Madrid e Barcelona só o Atlético de Bilbao nunca desceu à segunda divisão, e teve sempre jogadores de origem basca. Eu não sou radical nesta postura e o Benfica não tem nenhuma necessidade de ir a estes extremos (não o defenderia nunca, obviamente) mas é imprescindível que se tomem medidas para quebrar a tendência de queda dos jogadores nacionais no plantel profissional do Benfica. A dispensa de Petit abriu um pouco a discussão sobre as nossas referências no plantel. Sem ter nada contra nenhum dos nossos estrangeiros, é difícil que um estrangeiro sinta o Benfica da mesma maneira que um Português, a não ser que esse estrangeiro esteja vários anos no Benfica como por exemplo Luisão, ou outros que durante várias temporadas defenderam o Benfica e a sua mística com tanta ou mais paixão que muitos dos Portugueses que nos representaram.

Todos sabemos que foi necessário uma assembleia geral em 1979 para que o Benfica autorizasse o brasileiro Jorge Gomes a ser integrado como parte integrante do plantel do Benfica, sendo o primeiro estrangeiro a fazê-lo. Depois dele, onde permaneceu três temporadas, tivemos Filipovic (3 temporadas), Stromberg (2 temporadas) Maniche (4 temporadas) e Vando (4 temporadas) como os seguintes estrangeiros a jogar de águia ao peito e depois destes, muitas dezenas já nos representaram e representam, sem que nenhum problema venha daí associado. Ter estrangeiros de qualidade e Portugueses de qualidade é uma exigência que todos fazemos aos nossos dirigentes porque mais importante que a nacionalidade é o que cada um desses jogadores dá ao Benfica. Mas era importante ter mais jogadores nacionais e isso pode passar pelo aproveitamento das equipas de júniores.

Tomando o exemplo dos juniores, vai ser complicado que Rui Costa o consiga em 5 anos, porque mesmo nesse escalão o Benfica tem já vários atletas de outras nacionalidades. Poderão ser os sinais dos tempos, a ditar uma nova ordem, mas penso que temos que fazer algo para que esses sinais dos tempos prossigam com os nossos mínimos, e esses mínimos não podem significar 8/9 jogadores por época.

Como digo no título, não há aqui nacionalismos, nem sequer qualquer outra razão que não seja meramente emocional. Eu gostava de ver mais Portugueses de qualidade no Benfica. Como? Eu acho que a solução passa por garantir que o maior número de jovens possível possam chegar à nossa primeira equipa vindo da formação, nem que o consigam apenas aos 22/23 anos. Sinto pelas palavras de Quique Flores e de Rui Costa que esse objectivo está traçado. Esta é a opção lógica e a outra opção é que em casos de possíveis reforços de plantel, e entre propostas semelhantes, se possa começar a optar mais pelo jogador nacional, em detrimento de outros jogadores de outras quaisquer nacionalidades. Aqui, cada caso é um caso e não poderia nunca funcionar como norma, obviamente. Aliás, todos sabemos que em nenhum momento a opção nacionalidade pode ser determinante quando se trata do Benfica. A qualidade é determinante, o preço é determinante, a margem de progressão é determinante e a nacionalidade apenas uma preferência, da mesma maneira que todos gostamos de ter vários jogadores do Benfica na nossa selecção. Na nossa e nas outras, claro está.

O grito de alerta está dado e só espero que no que toca às dispensas, Quique Flores não leia este texto e se deixe influenciar pelas minhas palavras mantendo Luís Filipe na equipa. Não, Obrigado. Não tem condições para continuar e digo-o pensando na pessoa Luís Filipe, que segundo sei é altamente respeitável. Na parte profissional, mesmo nos jogos bons (ou menos maus?) seria sempre criticado por um qualquer "lançamento mal efectuado". Com um pouco de sorte vai jogar na liga de campeões pelo Guimarães, enquanto no Benfica apenas jogaria a Taça Uefa... Como em tudo na vida há opiniões contrárias à minha, que aqui são exemplarmente defendidas.

Para concluir, e para que não existam aqui qualquer tipo de hipocrisias, se me garantissem que nos próximos anos seríamos campeões europeus com cinco jogadores nacionais no plantel, eu assinaria por baixo, sem nenhum problema. Como as bolas de cristal não existem no futebol, e os misticismos têm limites, sou obrigado a acreditar que essa garantia nunca podia ser possível. E se fosse, desejaria que os cinco jogassem a final dos campeões a titulares... Assim disfarçávamos o problema, da mesma maneira que o disfarçaríamos se esta época os nossos Portugueses jogassem de forma continuada a titulares. Não acredito, mas pelo menos a baliza estará bem representada.

No fim de contas, nós apoiamos todos de igual forma, desde que eles nos apoiem a nós com trabalho, profissionalismo e entrega, mas sem nacionalismos, não faltam Portugueses ao Benfica?

Força Benfica

1 comentário:

Anónimo disse...

Sou da mesma opinião; o Benfica descaracteriza-se tendo poucos jogadores portugueses. No entanto, do mal o menos. Tenho vindo a dizer que, caso o Benfica opte por contratar poucos portugueses, para ter algum êxito, só poderia contratar, além destes, africanos e espanhóis e prescindir de brasileirada, argentinada, ou quejandos. Entendo eu.