segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Benfica chega ao golo 5000 no campeonato

O Sport Lisboa e Benfica chegou ao golo 5000 no campeonato nacional.

Sabe bem rever este golo, apreciá-lo e admitir que o nosso golo 5000 está à altura dos pergaminhos do nosso Glorioso. Foram muitos marcadores e todos eles foram certamente comemorados com alegrias que passam gerações.

Abaixo coloco a lista de todos os marcadores do Benfica em jogos para o campeonato, retirada das páginas do jornal "A Bola". É bom tentar lembrar nomes que marcaram definitivamente o Benfica e outros que mesmo marcando golos, não deixaram nenhumas saudades.

Parabéns a todos os que marcaram ajudando o Benfica a ser incontestavelmente o Grande Clube nacional no conjunto de todos os campeonatos/ligas e colocando o seu nome num lugar merecido na História do Glorioso.

A esta lista acrescentamos Suazo no golo 5000 e Sidnei no golo 5001, obviamente.






Todos sabemos que este golo 5000 poderia ser de 1001 maneiras, mas todos interiormente o desejámos bonito. Este é um golo que alia a magia dum "mago" do futebol com a força duma "pantera negra" que não sendo Eusébio, até nos pode fazer lembrar, tal o estilo e o seu apelido de guerra nas Honduras.

Parabéns aos dois jogadores que construíram magistralmente o golo 5000 do Sport Lisboa e Benfica e que nos ajudam a sonhar com tempos futuros igualmente "Gloriosos".

Força Benfica

Um passo de gigante


Ontem demos um passo de gigante... Apesar do primeiro lugar ainda não nos pertencer, sabemos que temos futebol, organização e disciplina para lá chegar num curto espaço de tempo. Neste momento, ser líder do campeonato e manter essa liderança até final da época será o objectivo perfeito.

Mesmo sabendo que provavelmente nenhuma equipa liderará este campeonato por muitas semanas - FCPorto, Sporting, Nacional e Leixões já lideraram nestas primeiras 7 jornadas - ambiciono chegar a esse lugar o mais rápido possível. Já não estamos no primeiro lugar do campeonato desde o dia em que o ganhámos pela última vez em Maio de 2005 - passaram mais de 1250 dias - e penso que está na altura de voltar a olhar para a tabela classificativa com o Benfica em primeiro lugar. A receita é fácil, apesar de complicada - ganhar, ganhar e ganhar...

Sou dos que desde o primeiro momento defendi Quique e toda a sua equipa técnica. Critiquei e criticarei quando achar que o Benfica entra nos jogos a pensar que já os ganhou - como aconteceu especialmente em Matosinhos perante o Leixões - mas nunca direi uma palavra contra uma equipa que mostra garra, atitude, espírito de sacrifício e uma vontade incrível de ganhar, como o fez ontem em Guimarães.

Podíamos ter empatado e se no último minuto tal acontecesse não alteraria absolutamente nada neste texto, porque no futebol ganhar ou perder depende dum lance de sorte ou azar, mas a atitude, a união e o espírito vão muito para lá da sorte ou azar e nesse particular o Benfica deste ano dá 10-0 a todos os "Benficas" dos últimos anos. Por essa razão é que desde Maio de 2005 que não somos lideres e na verdade nunca fizemos muito por sê-lo.

A união que Luisão voltou a referir ontem é fruto de um trabalho magnífico de todos quanto trabalham e organizam o futebol deste Benfica 08/09. Hoje há liderança na administração, na direcção desportiva, na equipa técnica e no plantel. O Benfica tem vários líderes e no meio de tantos nomes e de tantos jogadores de nomeada, todos sabem ser peças certas nesta engrenagem que é o plantel profissional do Sport Lisboa e Benfica este ano. Não há 11 eleitos apenas... O Benfica este ano são todos os que entram na equipa e os que ficam no banco esperando a sua oportunidade. Esta é a grande diferença deste Novo Benfica. São mesmo 27 e não apenas 11 mais 3...

A capacidade de liderança de Rui Costa é notável. Ontem desceu ao relvado e obrigou (ou talvez seja melhor aplicar a expressão "sugeriu") que os jogadores fossem perto da bancada agradecer o apoio incondicional dos adeptos à equipa. Sente-se que a união começa no seu director desportivo e nos dias em que as derrotas chegarem, acredito que será o primeiro a baixar ao relvado e apoiar esses mesmos jogadores. Hoje há uma equipa unida em todas as suas vertentes.

Sofrer faz parte do jogo e não conheço campeões sem sofrimento. Em sete partidas de campeonato já jogámos metade de duas dessas partidas com 10 jogadores - contra FCPorto e contra Guimarães que foram respectivamente primeiro e terceiro da anterior Liga - e não perdemos nenhum desses jogos. Não os perdemos porque como também dizia Luisão na noite de ontem, "o Benfica está a tornar-se uma família, com os jogadores a correrem uns pelos outros. Cada lance em que somos felizes é também por aqueles que não estão a jogar". Acrescentou que depois do intervalo "reentrámos determinados, pois decidimos que tínhamos de correr pelo Reyes, face à sua expulsão". Assim continuem solidários, porque esta será a chave para o sucesso deste campeonato.

Espero sinceramente que o trabalho continue a ser bem assimilado por todos e que possamos aproveitar esta onda vitoriosa com mais uma vitória frente ao Galatassaray na próxima quinta-feira. Agora que vamos estar em casa nos próximos três jogos - Galatassaray (dia 6), Desportivo de Aves (dia 9) e Estrela da Amadora (dia 16) - espero que o público apareça em massa nestes mesmos jogos e que mostre que este ano há uma cumplicidade diferente entre equipa e adeptos. Ao contrário de outros anos, estamos todos a torcer para o mesmo lado, com a paciência de quem sabe que o tempo joga a nosso favor. Ontem, demos um passo de gigante em toda a linha...

Força Benfica

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Obscenidades várias...

Tenho tido pouco tempo para passar os olhos nos blogs vizinhos que tão bem falam e opinam sobre o nosso Glorioso, mas hoje consegui fazê-lo de forma mais calma e deparei-me com coisas tão escandalosas que nem sei que adjectivo colocar no tópico deste texto.

O nosso colega do "Fórum Benfica" escreve aqui várias considerações sobre os dinheiros que cada um dos "grandes" receberam pela construção e acessibilidades dos seus respectivos estádios. Peço-vos que leiam e que meditem sobre tudo o que ali se retrata, questionando-se a si próprios porque razão estes números são retirados dum blog credível mas obviamente marginal em termos de audiências e não dum jornal de grande tiragem nacional...

Neste mesmo blog pude ver aqui um resumo das contas do FCPorto, onde concluí o que já há muito tempo vinha desconfiando - o que no Benfica se afigura como uma década de estabilidade e prosperidade financeira, no FCPorto afigura-se como a década da queda do "gigante com pés de barro". Pode ser que me engane, mas...

Força Benfica

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Gerir as expectativas

Tenho aqui falado muito na capacidade que um bom presidente, administrador, director ou treinador devem ter na "gestão de expectativas" e o Benfica não foge à regra. Desde o início da época que tenho tentado com textos que valem o que valem, alertar para esta fundamental arma que é a "gestão de expectativas".

O Benfica começou mal a época porque as contratações não vieram no tempo correcto, as dispensas não foram feitas na altura certa e tentámos mudar (quase) tudo duma só vez. No início de campeonato tivemos todos um travo amargo na boca, sentindo que uma vez mais ou nossos adversários, mantendo equipas técnicas e estruturas base de plantel levavam-nos avanços consideráveis.

A verdade é que ao olharmos para o nosso umbigo de forma crítica e a lermos os jornalistas do costume a dizer que na vizinhança tudo corria bem - estabilidade na direcção técnica, estabilidade nos respectivos plantéis, reforços em posições chave - pensámos que iríamos arrancar muito mal e eles muito bem.

Na verdade nós não arrancámos muito bem, mas eles arrancaram pior. Luisão dizia ontem que "este ano o público aplaude e incentiva mesmo quando as coisas não correm bem" e isso tem exactamente a ver com esta "gestão de expectativas" que falei durante muito tempo. A percepção que nós temos da necessidade de dar tempo à equipa, a percepção que todos temos que devemos apoiar uma equipa em construção, uma nova estrutura técnica e a percepção fantástica que nos diz que assobiar nesta fase não ajuda em nada (eu acrescento que nem nesta fase, nem em fase nenhuma) faz com que perdoemos muito melhor um deslize ou um pior resultado esta época que em qualquer das nossas últimas temporadas - apesar de tudo já empatámos com Rio Ave, Porto e Leixões.

Neste momento somos terceiros na Liga. É uma classificação normal à sexta jornada para a tal "equipa em construção". Anormal é termos Nacional e Leixões a partilhar o comando mas isso revela que afinal o nosso campeonato pode ser competitivo e vai sê-lo cada vez mais nos próximos anos. Continuando nesta gestão de expectativas e sabendo que num campeonato longo o que hoje é uma vantagem pontual, amanhã é um atraso fruto dum empate ou derrota inesperada, espero que possamos manter esta paciência e esta cultura adulta de quem sabe que o caminho está a ser bem definido, mas que nada se ganha em Outubro - ou em Setembro, em Janeiro ou em Fevereiro (nestes meses só se pode perder).

Nos nossos adversários mais directos as expectativas eram altas. Iam lutar um contra o outro pela liderança do campeonato, enquanto o Benfica ia ser o eterno terceiro a tentar aproximar-se dos "estáveis" Sporting e FCPorto.

Apenas a 1 ponto do Benfica, o FCPorto já tem lenços brancos na bancada, adeptos com pedras na mão a lembrar-nos a razão pela qual o FCPorto nunca terá expressão nacional - o treinador Jesualdo foi campeão por duas vezes e na última vez com uma dezena de pontos de avanço - e o Sporting ainda sem lenços brancos não consegue já calar a crítica popular a Paulo Bento por opções disciplinares/técnicas duvidosas - exemplos de Stojkovic, Vukcevic, Djaló e Miguel Veloso.

Não gosto de falar dos adversários, e a verdade é quanto pior lhes correr a vida melhor me sentirei, mas tenho que admitir que Paulo Bento teve muito bem em não convocar os jogadores Yannick Djaló e Miguel Veloso para o jogo de Paços de Ferreira. As notícias vindas hoje a público, confirmam que o empresário Paulo Barbosa levou os seus jogadores a reunirem com a SAD onde se criticou abertamente as decisões técnicas do treinador Paulo Bento (que colocou Veloso a defesa esquerdo contra o Shakhtar Donetsk em detrimento da sua "normal" posição de "trinco" e que colocou Djaló no banco depois de um começo brilhante com golos contra FCPorto na Super Taça e contra Trofense para o campeonato) e onde se criticou uma vez mais o valor das cláusulas de rescisão que ambos os jogadores assinaram sem "nenhuma espingarda apontada nas suas cabeças". Sobre este assunto da intromissão dos agentes no trabalho técnico e nos contratos que os seus jogadores assinam já falei aqui, mas tenho que voltar a referir que a culpa também é dos clubes que dão uma importância a estes empresários que eu não entendo - porque é que a administração da SAD leonina aceita uma reunião com o agente Paulo Barbosa no dia 23 de Outubro, quando o mercado está fechado e não se afiguram nenhumas possibilidades reais da venda de nenhum dos seus activos? Pouco me importa porque na casa dos outros, não mandamos nós...

No entanto, podemos opinar sobre essas mesmas casas. Tenho nestes textos utilizado alguma ironia na questão do Cristian Rodriguez (como o fiz aqui ou aqui) e alguma seriedade (como fiz aqui ou aqui). No entanto, nunca desejei ou desejaria a qualquer pessoa o que aconteceu este fim de semana a Cristian Rodriguez. Alguns relatos dizem que o seu carro foi apedrejado por vândalos ligados à claque Super Dragões, e que nessa viatura apedrejada, além de Rodriguez viajavam seus familiares como a sua filha menor. Também pelo que se lê em blogs e publicações desportivas nacionais (as ligadas ao FCPorto preferiram não escrever nada contribuindo uma vez mais para elevar o excelente jornalismo que já praticam diariamente), Pinto da Costa esteve no balneário da equipa após a derrota contra Leixões. Uns jornais dizem que Pinto da Costa desceu ao balneário para "dar confiança a Jesualdo" enquanto noutras publicações se lê que o presidente desceu ao balneário para "dar um puxão de orelhas aos jogadores". O que é inequívoco é que passadas 72 horas sob o triste episódio, Pinto da Costa não proferiu uma única palavra contra os actos bárbaros que foram efectuados por adeptos ligados ao FCPorto. Para quem se considera uma pessoa Humana, o seu silêncio é demasiado velhaco.

Eu acho que o Rodriguez esteve muito mal em todo o processo de saída para o FCPorto e tenho textos onde coloquei bem expressa a minha opinião. Mas não tenho pela pessoa nada a apontar e cada vez que se assobia algum jogador adversário num recinto desportivo, todos o fazemos por razões de clubismo óbvias mas nenhum de nós quer que algo possa acontecer a esse jogador. No meu caso, nem uma lesão por mais pequena que seja gosto de ver num relvado de futebol em qualquer equipa adversária. Espero sinceramente que o Rodriguez, o Postiga, o Cardozo ou outro qualquer jogador não tenham que passar por estas situações (ainda por cima com filhos no carro) de nenhuma maneira, sob nenhuma condição, mesmo que para os dois primeiros o meu desejo sincero é que desportivamente percam muitos dos seus jogos, porque isso beneficiaria o Benfica.

Por falar em Benfica, e para terminar o tópico que dá título a este post - "gerir as expectativas" - espero que todos possamos entender que ainda temos muitos pontos para perder, algumas derrotas para sofrer e que devemos aprender com os erros de expectativa destes nossos vizinhos, mantendo sempre os pés bem assentes no chão. Este domingo segue-se outro jogo difícil e como sempre, espero que possamos continuar a crescer como equipa e nesse crescimento que possamos ir amealhando os pontos necessários para chegar ao primeiro lugar o mais rápido possível. Não podemos nunca esquecer que para o objectivo principal desta época - ser campeão - só temos que ter mais pontos que todos os outros na última jornada e que num deslize ficamos nós atrás e os outros dois à frente. Desejo união, porque sinto que ao contrário dos nossos adversários, este é ainda o nosso ponto mais forte. Temos a equipa unida e os adeptos unidos com a equipa.

Força Benfica

domingo, 26 de outubro de 2008

A Maldição de Cristian Rodriguez

Há alguns dias aquando do nosso empate no campo do Leixões disse que:

"Apesar de tudo, ganhámos 1 ponto a uma equipa que há quinta jornada só perdeu 1 jogo. Para a próxima jornada prestará vassalagem nas Antas e perderá o segundo, porque no futebol há coisas que nunca mudam. Ou talvez não... Veremos"

Pelos vistos as coisas estão mesmo a mudar. O José Mota ganhou pela primeira vez no Estádio do Dragão quebrando uma larga maldição, pois era o único estádio onde José Mota não tinha ganho nunca. Aliás, José Mota passou anos e anos a dificultar a vida a todos os outros clubes e a descansar cada vez que se deslocava às Antas. Desta vez, correu tudo bem e no meio de tanta Festa dos homens de Matosinhos, o que estará menos contente será mesmo José Mota que quase acabava a sua carreira sem ganhar ao seu clube de coração. Há dias maus para todos e desta vez se calhar os jogadores lixaram-lhe os planos. Aliás o que eu estranhei (ou nem tanto) foi que o José Mota hoje nem criticou a arbitragem absolutamente vergonhosa de Paulo Baptista, que até se deu ao luxo de roubar um um golo limpo ao "seu" Leixões. entre outras habilidades... Ele, que como se sabe, não deixa passar uma semana sem falar ou criticar as arbitragens. Desta vez, teve medo que depois da desfeita da vitória nas Antas, as suas palavras fossem "mal recebidas pelos seus amigos dragões". Como o compreendo...

Eu fiquei contente e penso que é muito positivo que um clube modesto mas com tradições futebolísticas lidere a prova depois dum empate contra Benfica e vitória contra FCPorto.

No entanto, a verdadeira razão para estes tão maus resultados do FCPorto só pode ter a ver com a decisão do azarado Cristian Rodriguez em mudar-se para os ares do norte. Este homem sozinho, conseguiu que o Paris Saint Germain quase descesse de divisão, que o Benfica tivesse uma das suas piores classificações de sempre, e agora que ia finalmente para a equipa que ganha constantemente - "Admirava o FC Porto porque ganha sempre." Cristian Rodriguez, 12 de Julho 2008 - Rodriguez encontra-se perante derrotas contra Dínamo de Kiev e Leixões na mesma semana e entre outros empates e derrotas que ele tão bem conhece desta época - até perderam o jogo de apresentação em casa....

Obviamente que tudo isto pode mudar rapidamente mas sinto que este ano as trapalhadas vêm todas do mesmo lado. É incompreensível que uma equipa que se reforça, mantém a estrutura técnica e depois de ganhar o campeonato com 20 pontos de avanço deita tudo a perder em tão curto espaço de tempo. Claro que ainda estamos no inicio mas a vantagem de poder arrancar de forma fulgurante e ganhar avanço considerável para os seus mais directos adversários, não passa neste momento duma ilusão.

Que os nossos jogadores hoje, vistam o fato de macaco e que não percam a oportunidade de arrancar para um novo ciclo de vitórias que tanto necessitamos.

Força Benfica

sábado, 25 de outubro de 2008

20 milhões de espectadores nos próximos 15 anos?

O nosso Estádio da Luz celebra hoje o seu quinto aniversário. Lembro-me perfeitamente desse 25 de Outubro de 2003 e sei que as lembranças desse dia ficarão para sempre na minha memória. Passei muitas e muitas vezes pelo novo Estádio em construção e fui analisando por fora toda a evolução da obra desde os tempos em que víamos essa mesma construção do Estádio antigo até ao ponto em que já não havia sequer Estádio antigo. Tive uma ou outra oportunidade de acompanhar as obras por dentro, que sempre recusei a pensar no exacto momento em que entrasse no novo Estádio da Luz.

Sei que por motivos profissionais tive que viajar do norte para Lisboa e voltar ao Norte de Portugal imediatamente depois do jogo, fazendo com que chegasse pouco tempo antes do apito inicial. Não assisti a toda a festa envolvente antes do jogo e quando cheguei lembro-me que já estava o estádio completamente cheio.

Comprei um bilhete de terceiro anel - afinal o mítico terceiro anel também existe no novo Estádio - e fui bem lá para cima, sozinho, molhado da chuva que se fazia sentir lá fora. A primeira impressão que tive ao subir as escadas deste novo terceiro anel é que o "cimento" do novo Estádio estava à vista como acontecia no antigo Estádio. Senti uma sensação algo similar ao que vivi muitos anos ao subir o Estádio antigo. Gostei. Quando cheguei lá acima senti as mesmas semelhanças. Antes de entrar na porta que me levaria ao meu local, senti uma vez mais que o passeio com vista para a rua me fazia lembrar o antigo Estádio o que sinceramente me alegrou bastante. Quando entro no Estádio e vejo as 60 000 pessoas em festa fiquei feliz, mas a verdade é que foi uma felicidade nostálgica e não entendi bem porquê. Seria por estar sozinho, distante dos meu habituais companheiros de "bola"? Seria por estar o tempo cinzento de chuva a fazer com que o meu estado de espírito fosse ele também cinzento? Seria um último momento de saudades do antigo estádio? Não entendi mas sei que passou rápido. Não me lembro do jogo... Passei muito tempo a avaliar tudo o que tinha a ver com o Estádio que acabo por não ter grandes recordações da partida de futebol propriamente dita. Também não era importante...



Sempre fui defensor do novo Estádio apesar de sentir que foi no antigo que o Benfica se fez Glorioso. Na vida, as mudanças não são fáceis mas esta mudança era essencial, imprescindível O conforto que os "novos clientes" do desporto exigem não eram minimamente compatíveis com o que oferecia o nosso antigo Estádio e as receitas anexadas a esse Estádio eram absolutamente irrisórias quando comparadas com as receitas geradas por este novo Estádio.

Parabéns ao Benfica pelo quinto aniversário do Estádio de todos nós.

Parabéns também pelo número absolutamente notável de 5 milhões de espectadores em 5 anos. No entanto, os próximos anos têm que mostrar um potencial ainda maior de ocupação do Estádio. Este é o grande desafio da próxima década. O Benfica nos próximos anos vai fechar o project finance acabando de pagar este grande investimento e desenvolver uma série de projectos que podem gerar receitas extraordinárias muito importantes - teremos seguramente mais sócios (mas não tantos mais sócios assim); teremos mais novas receitas com as negociações dos contratos de merchandising, da marca de equipamentos (Adidas ou outra marca), do naming das bancadas e do próprio nome do Estádio; teremos seguramente receitas extraordinárias associadas aos novos contratos de transmissão televisiva e teremos obviamente novas receitas geradas pelas novas tecnologias e por novos meios de distribuição da marca Benfica.

Tudo isto me parece óbvio e fico muito feliz por neste particular as contas irem tão controladas e sustentadas, fazendo com que o Benfica possa realmente sonhar em voltar a ser um grande da Europa, mesmo num campeonato que gera muito menos receitas que campeonatos vizinhos.

O que me parece que tem de ser feito neste momento é uma campanha de "quase marketing social" como nós vimos em outras áreas da nossa sociedade, em vários meios - TV, imprensa e outdoors. Como exemplo temos as campanhas de sensibilização para a utilização do cinto de segurança, campanhas de sensibilização para a redução do álcool em situações que envolvem condução, a prevenção da SIDA com a promoção da utilização sistemática do preservativo, etc... Estas são campanhas que não se medem no "fim de semana seguinte" mas sim na década seguinte.

O Benfica tem de traçar objectivos claros nesta matéria. Nos próximos 15 anos devemos ter 20 milhões de espectadores no Estádio, o que pensando na hipótese de ter 400 jogos nesses mesmos 15 anos - nestes 5 anos tivemos 131 partidas - dará uma média de 50 000 espectadores, contra a (boa) média inicial de 38 000 espectadores nestes primeiros 5 anos.

Eu conheço todas as teorias que nos dizem que o nosso tecido urbano não se compara com o de Madrid ou de Barcelona, que a nossa competitividade no campeonato é incomparável a outros campeonatos, que temos jogos da taça da liga e da taça de Portugal que muitas vezes não são grande conteúdo para quem vai ao Estádio, mas tudo isso são as ameaças que temos de transformar em oportunidades.

Quem gosta do Benfica e se habitua a ir ao Estádio, terá esse hábito para sempre. O conforto que temos neste Estádio, aliado a um ou outro requisito tecnológico que nos permitirão ver outros ângulos do jogo no telefone ou em outras quaisquer máquinas portáteis, ajudarão a viver uma experiência muito melhor no estádio do que no sofá de casa.

Claro que estas campanhas de "marketing social" que falava há pouco deviam ser pensadas e executadas pela própria Liga e cada clube potenciava essa campanha com outras campanhas mais localizadas, mas é importantíssimo que as pessoas sintam o apelo do Estádio.

Todos sabemos que quanto melhor a performance da equipa, melhor o desempenho da bilheteira - sempre foi e sempre será assim. No entanto, também sabemos que nos próximos anos teremos momentos bons e momentos maus e também sabemos que ter gente no estádio pode estar directamente ligado à venda de mais cativos - outro importante factor de receita do clube. Apesar de sabermos que os cativos não vão a todos os jogos e muitas das vezes temos "bilhetes vendidos" no cartão de cativo com lugares vazios, é fundamental aplaudir o esforço feito pela direcção e administração em fomentar o apelo ao cativo. Essa pode passar por ser uma das soluções mas não é seguramente a única.

Dizia o nosso administrador Domingos Soares Oliveira hoje em pequena entrevista ao jornal "A Bola" que o Newcastle mete 20 000 pessoas a almoçar em dias de jogo no seu Estádio. Obviamente que essas receitas extraordinárias são fruto duma cultura de Estádio diferente da que temos em Portugal. Nos jogos de basket da NBA é normal vermos pessoas abandonar a sala durante o jogo para ir jantar e mesmo que não vão jantar, todas as pessoas comem ou bebem algo durante o jogo. No Estádio da Luz mais importante que pensar nas receitas extraordinárias associadas ao jogo - merchandising, alimentação - temos de focar no número de espectadores que em média se deslocam ao nosso Estádio e analisar que variáveis externas ao jogo, ao plantel, ao sucesso da equipa, podem ter ou não influência nessa deslocação de pessoas ao Estádio - estacionamento, transportes públicos, acessibilidades, hora do jogo, etc...

Temos visto que as Casas do Benfica têm feito um trabalho notável na gestão e organização de excursões que de alguma maneira habituam as pessoas a vir mais vezes ao Estádio. Não tenho dúvida que uma geração mais nova tomará conta dos destinos dessas mesmas Casas do Benfica e provavelmente outras formas mais criativas de trazer pessoas ao Estádio serão desenvolvidas.

Um dos factores que traria muito mais excursões ao Estádio da Luz era voltarmos a ter jogos à tarde porque isso permite que se volte a casa em tempo útil. Não sei se num futuro próximo isso será realmente possível. Estou convencido que há leis em Portugal que podem mudar e uma delas é essa proibição de se transmitir televisivamente jogos que colidam com outros jogos de divisões inferiores. Não sei se o Pay Per View individual influirá nesse particular - em Espanha podemos comprar jogos de Pay Per View que se desenvolvam a qualquer hora - mas sempre tive a noção que quanto mais cedo for o jogo, mais gente levará ao Estádio.

As soluções para chegar a este mágico número de 20 milhões de espectadores em 15 anos são muitas - umas de fácil implementação, outras muito complicadas - mas penso que poderá ser possível chegarmos a um número próximo dos 20 milhões de uma forma realista.

Neste momento apenas nos resta celebrar o maravilhoso número de 5 milhões de espectadores em 5 anos em 131 partidas e esperar que amanhã possamos chegar aos 5000 golos marcados em todas as competições. Noutros tempos, noutro Estádio, pedir-se-iam os 5-0, mas eu apenas peço a vitória...



Força Benfica


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

As Lições dos Pequenos

O Benfica é Glorioso e será sempre o Maior, para quem realmente tem o clube no coração e assim deverá continuar. No entanto, a humildade dos grandes também é aplaudir os pequenos e tirar ilações (ou lições) desses mesmos pequenos.

Isto a propósito dos três últimos jogos contra "pequenos" - Paços de Ferreira, Leixões e Penafiel. Ganhámos o primeiro por 4-3 mas tivemos que correr muito e jogar ao melhor nível para levar os três pontos de Paços. Parabéns ao Paços pela atitude e competitivade. Empatámos em Matosinhos contra um Leixões grande demais para ser considerado pequeno. O empate foi lisonjeiro para a nossa equipa e escrevi-o aqui. Ontem contra o Penafiel, uma equipa da segunda divisão B a jogar no Estádio da Luz, vimos um Gigante que quase eliminava o Benfica pela simples razão que teve atitude, coragem (especialmente de defender acima das linhas recuadas) e muita determinação em fazer História num palco a que não pertence no presente mas que pertenceu num passado recente (e a ver pela exibição pode ambicionar a voltar num futuro).

Eu não vou alinhar pelo diapasão de criticar de forma gratuita o trabalho de Quique ou dos jogadores que ele elegeu para jogarem esta partida. Nada disso. Vou aplaudir a atitude do Penafiel e esperar que o Benfica tenha a mesma atitude em TODOS os jogos que dispute esta época. Obviamente que temos mais qualidade individual e obviamente que a nossa equipa técnica é melhor que a do Penafiel mas a atitude competitiva perante o jogo tem de ser SEMPRE no limite. Já todos entendemos que mesmo ficando em quarto lugar no ano passado, temos sempre equipas preparadas para nos derrotar. Por isso somos Gloriosos e Grandes. Não trocava esse título por qualquer outro, mesmo que isso me desse mais facilidade de jogar contra os pequenos.

Esta é uma das grandes lições que temos de retirar dos ditos "pequenos". Se essas equipas estão SEMPRE preparadas para jogar o jogo da vida delas contra o Benfica, o nosso Benfica tem de jogar o jogo da nossa vida casa semana. Não há outra hipótese. Temos de jogar todas as semanas, independentemente dos 11 eleitos, nos máximos limites competitivos.

Vamos ter sempre os melhores guarda redes contra nós, vamos ter sempre os melhores avançados prontos para nos marcar e vamos ter sempre o conjunto mais bem preparado para nos derrotar. Ainda bem que assim é... A sério. Sei que contra os nossos rivais alguns dos pequenos amedrontam-se enquanto contra o Benfica agigantam-se. Repito, ainda bem. Não vejo nisso um problema, mas vejo nessa atitude constante dos nossos adversários um alerta geral para o que devemos e temos que fazer. Jogar SEMPRE nos nossos limites.

Ontem, na roleta dos penaltis pensei no que correu mal na partida. E não critico nenhuma das opções de Quique. Entendi-as no inicio e entendo-as no final. Aliás, no dia anterior o nosso treinador dizia isto a propósito das alterações que ia fazer na equipa:

"Parto do princípio todos os jogadores, se estão no plantel, é porque têm qualidades. Temos 27. Seria subestimá-los pensar que um deles, sequer, é incapaz de jogar contra o Penafiel, na Taça. Seria decepcionante para mim constatar amanhã [hoje] que tinha jogadores no plantel que não conseguiam jogar este jogo. Seria sinal de que algo falhara. Confio em todos os meus jogadores. Vou escolher uma equipa com a mesma esperança e determinação de que podemos fazer um bom jogo, e como se o jogo fosse com o Sporting, o FC Porto ou o Nápoles!"

Estas frases descrevem em absoluto a atitude que deseja Quique, desejo eu e desejamos todos - que o plantel do Benfica cumpra sempre e que deixe tudo em campo independentemente de quem joga, porque se estes jogadores fazem parte do plantel, é porque têm muita qualidade e responsabilidade. No final do jogo de ontem as suas palavras resumem-se neste parágrafo:

"Qualquer jogo deve ser abordado com a seriedade e o rigor necessários. O que se passou é que faltou intensidade e quando nos falta intensidade iguala-se a categoria, o talento, o jogo equilibra-se. Lamento este sofrimento desnecessário e o desgaste físico em vésperas competição importante. A única coisa positiva hoje foi que passámos..."

Análise certeira e madura como aliás se espera de alguém que em nenhum momento pode ter o lugar em perigo. Digo isto, porque caso os penaltis tivessem corrido mal, hoje teríamos um coro a pedir a cabeça de Quique e tenho que dizer bem alto que a única coisa que temos e devemos ter certa nos próximos três anos (eu não admito sequer que ele não faça 2 épocas mais 1) é que Quique e sua equipa técnica são intocáveis.

Já nos deu TODAS as razões para entendermos que se trata doutra classe de treinador. Como bom treinador aprenderá as lições que os pequenos nos dão. Exigirá a todos os elementos do plantel responsabilidade e profissionalismo da mesma maneira que nós a ele lhe exigimos trabalho e disciplina. Só com exigências ao máximo em TODOS os jogos do campeonato, taça de Portugal, taça Uefa e taça da Liga podemos aspirar a ser felizes esta época. Não há outra forma.

E se queremos seguir o exemplo dos pequenos, que mostram toda a sua garra contra o Benfica também podemos olhar para dentro e seguir o exemplo dos suplentes do nosso Plantel. Um especialmente, que há três anos que não joga um único jogo oficial e que nunca criticou nenhuma opção de nenhum treinador, que nunca ousou treinar menos ou pior pela sua razão de suplente e que ontem deu uma lição de humildade, profissionalismo e de Mística Benfiquista. Sobre Moreira, Quique disse ontem:

"Moreira merece-me o maior respeito como pessoa e profissional. Dá-nos alegria no balneário, esforça-se ao máximo e é quase sempre o último a sair do relvado. Além disso, é dos estudiosos, dos que chegam a casa revêem as partidas e tiram as suas conclusões. Alegra-me muito que tenha jogado três anos depois".

Não mudaria a minha opinião sobre Moreira se não tivesse defendido nenhum penalti ou se tivéssemos sido eliminados pelo Penafiel porque este é um dos Grandes do Novo Benfica. Disse há umas semanas que "precisava-se fato macaco" para este Benfica. Eu penso que Moreira personifica este fato macaco que necessitamos e espero realmente que todos entendam que teremos que ter fato-macaco, fato de gala e alguma elegância (sempre juntos) para podermos ganhar todos os nosso jogos.

Aprender com os pequenos e seguir os seus exemplos de humildade, profissionalismo e seriedade - no fundo os mesmos exemplos que eles retiram do Glorioso e que estão personificados nessa Mística tão nossa - é a chave fácil para o sucesso nesta época.

Força Benfica