No último post, antes da derrota na Madeira, falava do final anunciado desse tal ano zero que nós tanto acreditámos que fosse o relançamento do futebol encarnado nos voos que tanto ambicionamos e merecemos.
Na verdade, tal não sucedeu. E não digo isto por causa dos resultados obtidos. Isso sinceramente não me importa e sei que é grave quando alguém diz que "os resultados não importam" num clube como o Benfica, mas sei o que quero dizer quando afirmo tão polémica frase.
Eu apoiei Rui Costa e apoiei Quique e sua equipa. Mesmo com todo o descalabro desportivo desta segunda volta, continuo a acreditar que não será desejável qualquer alteração nesta estrutura. Quando nós na bancada dizemos "sai o Nuno Gomes", "sai o Yebda", "sai o Aimar" baseamos a nossa opinião na premissa de adepto fervoroso que está descontente com a performance desse jogador. Um treinador que sinta o mesmo que nós tem que pensar quem vai meter no seu lugar e analisar se esses resultados serão positivos para a equipa e não apenas para penalizar o jogador que não está a render. Esta metáfora aparece aqui para justificar a razão que defendo para deixar ficar Quique Flores e sua equipa como treinadores do SLBenfica.
Qualquer outra alteração nesta estrutura, seria algo negativo. A não ser que o treinador fosse alguém que conhece bem o futebol português, alguém que conhece muito bem o plantel actual do Benfica, alguém que conseguisse garantir resultados e ambição sem exigir contratações milionárias, alguém que não dissesse que "Reyes, Balboa, Aimar e Yebda" deveriam sair porque são "jogadores de Quique", alguém que fosse suficientemente carismático para conquistar o terceiro anel em dois minutos, alguém que fosse profissional e exigente, alguém que sentisse a mística e se desse bem com a estrutura de Rui Costa, alguém que fosse duro e exigente com os jogadores mas que os soubesse conquistar e convencer da mística Benfiquista, alguém que desse a sua vida pelo Benfica sem outros objectivos a curto-médio prazo, alguém que não use o Benfica para um qualquer trampolim pessoal.
Esse alguém existe. Seguramente que sim. Mas não é fácil passar deste perfil para um nome disponível e economicamente viável. Nesse sentido deve ficar Quique.
Mesmo assim, todo o processo Quique está a ser absolutamente mal gerido. Rui Costa, depois da derrota com Guimarães deveria ter dado um sinal inequívoco que Quique é para ficar. Depois da derrota com Académica e da contestação nessa semana pela exibição contra Amadora, Rui Costa deveria ter deixado claro para todos que "Quique fica" e depois da derrota com Nacional, Rui Costa deveria ter dito "que até podemos perder 10-0 nos restantes jogos da Liga, que Quique Flores será sempre nosso treinador na próxima época". Não o dizendo dá razões para especular...
E isto leva-me ao ponto fundamental deste texto. O Benfica não tem uma estrutura de Futebol que entenda bem o que é o Futebol moderno e as exigências comunicacionais desse mesmo futebol.
Rui Costa é um dos nossos. Foi, é e será...Há um ano despediamo-nos dele e eu escrevia que aos 35 anos, habituado a balneários, estágios e relvados, seria difícil ele habituar-se rapidamente ao outro lado do jogo. Ele mostrou qualidades nas contratações e no tal projecto que ele queria implementar a dois anos com Quique e com um punhado de novos jogadores no plantel. Quer "misturar experiência com juventude". E diz que "quer aproveitar mais jovens da formação e contratar mais portugueses para o Benfica". Se este é um projecto, não se esgota nas bolas na barra ou nos golos falhados ou sofridos que constituem percas de pontos.
O problema é que o Benfica de Rui Costa não se esgotou no último dia de contratações. A gestão do dia a dia do futebol do Benfica, foi na minha opinião mal feita. Nem tudo foi mal feito, mas foi muita coisa mal feita.
Não gosto do estilo de comunicação do nosso director João Gabriel. Já aqui o escrevi e sei que alguns dos que me lêem criticaram a minha postura, mas é a que me vem de dentro. Não entendo a mediatização da figura do director de comunicação e detesto o seu estilo. Neste papel exige-se discrição e boa gestão do timing. Deixar que os actores principais sejam jogadores e técnicos, trabalhando na sombra para alcançar objectivos claros, mas que só ele deve saber. Ser capa de semanários e sentir que ele próprio é uma estrela mediatizada neste nosso Benfica, parece-me desadequado à função, seja ele João Gabriel ou João Malheiro. Há outras maneiras mais modernas de gerir este departamento. Aliás, nada me convence que tem de ser ex-jornalista para executar bem esta função. Alguém da área do marketing e do media management pode fazê-lo de maneira mais moderna, eficaz e discreta.
Além do estilo de comunicação, há o estilo e a mediatização do director jurídico. É ele que dá a cara na Liga, é ele que fala no final de cada assembleia e parece-me que o Benfica deve zelar pelos seus interesses na Liga, mas lá dentro e não através dos media. Mais uma vez alguém que entenda o media management em 2009 poderia ajudar o nosso director jurídico Paulo Gonçalves a desempenhar melhor esse trabalho. Dizem por aí que não ganhou nenhum caso para o Benfica. Não sei se ganhou ou não ganhou, mas essa não é razão do meu descontentamento com esta dupla que mais directamente assessoria Rui Costa.
Sem Luís Filipe Vieira nos jogos - por conselho médico - o Benfica fica frágil durante o "fim de semana" e forte durante a semana de "segunda a sexta" onde todo o potencial empresarial do Benfica funciona. Esta metáfora da "segunda à sexta" vs "fim de semana" é obviamente para delimitar o que tem sido a gestão magnifica de todo o universo empresarial do Benfica ao nível de associados, projecto do cartão e seus descontos, merchandising, dinamização das casas do Benfica, marketing e novas variáveis da marca Benfica - viagens, seguros, telecom - e da má gestão futebolística da mesma direcção.
Nesta fase, prefiro que de "segunda a sexta" se trabalhe bem e se trabalhe mal ao "fim de semana" porque apesar de ser ao "fim de semana" que existe o core business da marca Benfica é mais fácil adaptar e mudar uma área que todas as outras. Outra razão que assenta este meu raciocínio é que as contas do Benfica estão orientadas - apesar do passivo crescente - e controladas. Caso contrário, se existisse um descontrolo total nas contas e se o futebol funcionasse e ganhasse, seria apenas fogo de vista e um rastilho que rebentaria rapidamente com a crise financeira a meter-se mais cedo ou mais tarde na gestão do futebol.
Então o que é que o Benfica tem de mudar para voltar a ganhar?
Essa resposta não é clara, mas há razões que podem ajudar a entender o que na minha opinião corre mal. Uma dessas razões é que o nosso Rui Costa está sozinho ao "fim de semana".
Sem Luís Filipe Vieira ao "fim de semana", sem Diamantino, Chalana ou qualquer outro membro forte na estrutura com ligação à mística Benfiquista, com Rui Águas muito distante e com outras obrigações, sobra Paulo Gonçalves e João Gabriel - aliás bem visível nas imagens televisivas que vimos do estádio do Nacional.
Isto é muito pouco para quem tem que gerir muitas pontas ao mesmo tempo. O problema é este. Rui Costa parece-me ser uma boa pessoa. Muito boa pessoa. Não consegue ser "aquele sacana" que muitas vezes na vida temos que ser para atingirmos determinados objectivos. Um exemplo...
No final do jogo na Trofa, em Matosinhos para Taça de Portugal, na Amadora ou contra Guimarães em casa seria importante que Rui Costa fosse ao balneário ser DURO com todos, mostrando quem manda, quem lidera e mostrando a atitude que se deve ter ao vestir a camisola do Benfica. Usando uma linguagem dura, com as "asneiras" e as ofensas pessoais a subir de tom deveria responsabilizar o plantel e equipa técnica e mostrar que "quem não se sente não é filho de boa gente". E mostrar que não admite faltas de atitude em nenhum campo onde o Benfica jogue.
Não tratar ninguém de forma diferente. Mesmo os que lhe são próximos e que o grupo sente como próximos dele deveriam ser os primeiros a ser criticados. Criticar sem critério o que significa poder apontar o dedo ao melhor jogador e o que mais correu para que todos entendam que a sua "cegueira" é por amor ao clube e que nenhum desses jogadores se pode sobrepor ao emblema encarnado.
No final poderia sair do balneário com todos os jogadores a chamarem-lhe nomes e a rogarem-lhe pragas. Para fora o discurso teria que ser de solidariedade, de força, de acreditar, de mandar recados de união para adversários mais próximos, de cerrar fileiras para entender que dos pontos fracos e dos pontos perdidos vamos ter mais força para os recuperar noutros terrenos.
Mesmo que Rui Costa "amuasse" com os seus meninos um ou dois dias eles sentiriam que não fez nada disto por mal, nem por lhes querer mal, mas por amor ao clube e a uma gestão bem feita. Quando os jogadores sentissem esse discurso de protecção para fora, poderiam comentar:
"Este cabrão gritou e berrou até mais não, mas depois defendeu-nos na rua".
E é isto que nós precisamos - duma voz de comando que não pode ser João Gabriel - por favor - ou Paulo Gonçalves - por favor - ou Quique muito solitário - por favor - ou Luís Filipe Vieira a meter os pés pelas mãos quando na conferência que devia ser de apoio inequívoco a Quique o que melhor lhe saiu foi "os contratos são para cumprir". A fazer fé no episódio Fernando Santos, essa frase ficou-lhe muito bem...
Isto consegue-se, delimitando quem faz o quê na estrutura, e talvez contratando alguém que seja uma voz maior no seio do grupo. Rui Costa é o director desportivo mas pode haver alguém que pode acompanhar a equipa, tendo em conta que Luís Filipe Vieira está proibido de assistir aos jogos.
E o Shéu? Eu adoro o Shéu. Aliás um texto de Ricardo Araújo Pereira sobre o Shéu há uns meses descrevia o que é Shéu para uma geração. "Eu queria ser o Shéu". Claro que sim. Mas será que essa pessoa que falo atrás é o Shéu? Não me parece. Shéu é um gentleman e nalguns momentos no futebol não se pode ser só gentleman e Shéu é só gentleman. E que continue a ser... Rui Costa pode endurecer o discurso para dentro ganhando mais respeito mas é um ex-colega de grande parte deles e não tem essa distância. Eu não dou nomes reais, mas posso definir nomes que definem perfis... Será que precisamos de um Toni, de um José Veiga, de um Humberto Coelho, de um Manuel José, de um Álvaro Magalhães ou de um Diamantino que não seja fragilizadíssimo desde a primeira semana de treinos? Se calhar de alguns desses perfis não necessitamos, mas sei que precisamos de competência no Benfica. A figura intermédia entre Presidente Luis Filipe Vieira e o director desportivo Rui Costa é importante. Humberto Coelho poderia ser um bom nome ou com um bom perfil, mas mesmo assim preferia alguém mais "bruto" ou menos politicamente correcto... Uma espécie de Jorge Jesus ou Scolari, mas da casa e com mística reconhecida. Alguém que Reyes e Aimar não "gozassem" se ele tivesse que puxar dos galões. E essas pessoas não são os que neste momento temos na estrutura de futebol e esse é o nosso problema.
No ano de José Veiga, além dele tínhamos Trapattoni e Álvaro Magalhães. Todos pesos pesados e uma equipa que não tinha o mínimo de talento. Ganhámos porque a estrutura era forte. Eu sei que a história não se repete e sinceramente penso que o tempo destes três já passou e não desejo que qualquer um deles volte ao Benfica. Isto serve apenas como exemplo do que para mim é a disciplina e forte estrutura que neste momento não temos.
Quando se fala em mística é disto que falo. Quando este sábado o Sporting empata com Académica era imprescindível que o Presidente, o director desportivo ou esta figura intermédia fosse ao balneário e dissesse umas palavras que metam a equipa em sentido.
Alguém que bata à porta educadamente, peça permissão para entrar e faça um discurso de 2 minutos onde foque com educação que "este jogo só pode ter um resultado, independentemente do que jogamos ou não jogamos". Lembrar que cada um daqueles jogadores vai "querer lutar por um lugar na champions onde eles merecem estar" e dar uma mensagem subtil de "responsabilidade e atitude." Não me canso de falar em "atitude" porque foi isto que nos faltou o ano todo - independentemente de nós "treinadores de bancada" pensarmos isto ou aquilo da parte táctica.
A falta de atitude nos tais campos pequenos e mais recentemente em casa - por exemplo com Guimarães - para mim só é possível porque não há liderança no nosso futebol. Posso estar enganado e tudo o que aqui opino estar obviamente errado. Claro que sim,mas este espaço é meu e eu opino o que bem me apetece.
Gosto de Rui Costa e sei que ele parece-me pouco confiante e muito sozinho. Ele pensou que com este João Gabriel ou Paulo Gonçalves estaria bem acompanhado e na minha opinião não está. Ele é o patrão, não esses nomes. Ele é o patrão do futebol e tem de ter tudo muito claro para que nos próximos meses tudo isto tenha que ser melhorado. Não pode confundir amizades com profissionalismo e deve saber ler nas "entrelinhas" de tudo o que se passou esta época.
Nessa altura, posso acreditar que o Benfica será bem gerido "de segunda a domingo" porque esta dicotomia de "fazer bem" vs "fazer mal" dependendo das áreas de actuação da gestão do Benfica é das coisas mais desconcertantes que me lembro de ver em qualquer tipo de organização.
Falhar o main core business e conseguir gerir bem tudo o resto, é das coisas mais estranhas da gestão do nosso clube. "Só" temos que acertar no futebol e apelar ao profissionalismo, liderança e capacidade mobilizadora.
Quando isso acontecer seremos mesmo imparáveis. De verdade.
Força Benfica
Na verdade, tal não sucedeu. E não digo isto por causa dos resultados obtidos. Isso sinceramente não me importa e sei que é grave quando alguém diz que "os resultados não importam" num clube como o Benfica, mas sei o que quero dizer quando afirmo tão polémica frase.
Eu apoiei Rui Costa e apoiei Quique e sua equipa. Mesmo com todo o descalabro desportivo desta segunda volta, continuo a acreditar que não será desejável qualquer alteração nesta estrutura. Quando nós na bancada dizemos "sai o Nuno Gomes", "sai o Yebda", "sai o Aimar" baseamos a nossa opinião na premissa de adepto fervoroso que está descontente com a performance desse jogador. Um treinador que sinta o mesmo que nós tem que pensar quem vai meter no seu lugar e analisar se esses resultados serão positivos para a equipa e não apenas para penalizar o jogador que não está a render. Esta metáfora aparece aqui para justificar a razão que defendo para deixar ficar Quique Flores e sua equipa como treinadores do SLBenfica.
Qualquer outra alteração nesta estrutura, seria algo negativo. A não ser que o treinador fosse alguém que conhece bem o futebol português, alguém que conhece muito bem o plantel actual do Benfica, alguém que conseguisse garantir resultados e ambição sem exigir contratações milionárias, alguém que não dissesse que "Reyes, Balboa, Aimar e Yebda" deveriam sair porque são "jogadores de Quique", alguém que fosse suficientemente carismático para conquistar o terceiro anel em dois minutos, alguém que fosse profissional e exigente, alguém que sentisse a mística e se desse bem com a estrutura de Rui Costa, alguém que fosse duro e exigente com os jogadores mas que os soubesse conquistar e convencer da mística Benfiquista, alguém que desse a sua vida pelo Benfica sem outros objectivos a curto-médio prazo, alguém que não use o Benfica para um qualquer trampolim pessoal.
Esse alguém existe. Seguramente que sim. Mas não é fácil passar deste perfil para um nome disponível e economicamente viável. Nesse sentido deve ficar Quique.
Mesmo assim, todo o processo Quique está a ser absolutamente mal gerido. Rui Costa, depois da derrota com Guimarães deveria ter dado um sinal inequívoco que Quique é para ficar. Depois da derrota com Académica e da contestação nessa semana pela exibição contra Amadora, Rui Costa deveria ter deixado claro para todos que "Quique fica" e depois da derrota com Nacional, Rui Costa deveria ter dito "que até podemos perder 10-0 nos restantes jogos da Liga, que Quique Flores será sempre nosso treinador na próxima época". Não o dizendo dá razões para especular...
E isto leva-me ao ponto fundamental deste texto. O Benfica não tem uma estrutura de Futebol que entenda bem o que é o Futebol moderno e as exigências comunicacionais desse mesmo futebol.
Rui Costa é um dos nossos. Foi, é e será...Há um ano despediamo-nos dele e eu escrevia que aos 35 anos, habituado a balneários, estágios e relvados, seria difícil ele habituar-se rapidamente ao outro lado do jogo. Ele mostrou qualidades nas contratações e no tal projecto que ele queria implementar a dois anos com Quique e com um punhado de novos jogadores no plantel. Quer "misturar experiência com juventude". E diz que "quer aproveitar mais jovens da formação e contratar mais portugueses para o Benfica". Se este é um projecto, não se esgota nas bolas na barra ou nos golos falhados ou sofridos que constituem percas de pontos.
O problema é que o Benfica de Rui Costa não se esgotou no último dia de contratações. A gestão do dia a dia do futebol do Benfica, foi na minha opinião mal feita. Nem tudo foi mal feito, mas foi muita coisa mal feita.
Não gosto do estilo de comunicação do nosso director João Gabriel. Já aqui o escrevi e sei que alguns dos que me lêem criticaram a minha postura, mas é a que me vem de dentro. Não entendo a mediatização da figura do director de comunicação e detesto o seu estilo. Neste papel exige-se discrição e boa gestão do timing. Deixar que os actores principais sejam jogadores e técnicos, trabalhando na sombra para alcançar objectivos claros, mas que só ele deve saber. Ser capa de semanários e sentir que ele próprio é uma estrela mediatizada neste nosso Benfica, parece-me desadequado à função, seja ele João Gabriel ou João Malheiro. Há outras maneiras mais modernas de gerir este departamento. Aliás, nada me convence que tem de ser ex-jornalista para executar bem esta função. Alguém da área do marketing e do media management pode fazê-lo de maneira mais moderna, eficaz e discreta.
Além do estilo de comunicação, há o estilo e a mediatização do director jurídico. É ele que dá a cara na Liga, é ele que fala no final de cada assembleia e parece-me que o Benfica deve zelar pelos seus interesses na Liga, mas lá dentro e não através dos media. Mais uma vez alguém que entenda o media management em 2009 poderia ajudar o nosso director jurídico Paulo Gonçalves a desempenhar melhor esse trabalho. Dizem por aí que não ganhou nenhum caso para o Benfica. Não sei se ganhou ou não ganhou, mas essa não é razão do meu descontentamento com esta dupla que mais directamente assessoria Rui Costa.
Sem Luís Filipe Vieira nos jogos - por conselho médico - o Benfica fica frágil durante o "fim de semana" e forte durante a semana de "segunda a sexta" onde todo o potencial empresarial do Benfica funciona. Esta metáfora da "segunda à sexta" vs "fim de semana" é obviamente para delimitar o que tem sido a gestão magnifica de todo o universo empresarial do Benfica ao nível de associados, projecto do cartão e seus descontos, merchandising, dinamização das casas do Benfica, marketing e novas variáveis da marca Benfica - viagens, seguros, telecom - e da má gestão futebolística da mesma direcção.
Nesta fase, prefiro que de "segunda a sexta" se trabalhe bem e se trabalhe mal ao "fim de semana" porque apesar de ser ao "fim de semana" que existe o core business da marca Benfica é mais fácil adaptar e mudar uma área que todas as outras. Outra razão que assenta este meu raciocínio é que as contas do Benfica estão orientadas - apesar do passivo crescente - e controladas. Caso contrário, se existisse um descontrolo total nas contas e se o futebol funcionasse e ganhasse, seria apenas fogo de vista e um rastilho que rebentaria rapidamente com a crise financeira a meter-se mais cedo ou mais tarde na gestão do futebol.
Então o que é que o Benfica tem de mudar para voltar a ganhar?
Essa resposta não é clara, mas há razões que podem ajudar a entender o que na minha opinião corre mal. Uma dessas razões é que o nosso Rui Costa está sozinho ao "fim de semana".
Sem Luís Filipe Vieira ao "fim de semana", sem Diamantino, Chalana ou qualquer outro membro forte na estrutura com ligação à mística Benfiquista, com Rui Águas muito distante e com outras obrigações, sobra Paulo Gonçalves e João Gabriel - aliás bem visível nas imagens televisivas que vimos do estádio do Nacional.
Isto é muito pouco para quem tem que gerir muitas pontas ao mesmo tempo. O problema é este. Rui Costa parece-me ser uma boa pessoa. Muito boa pessoa. Não consegue ser "aquele sacana" que muitas vezes na vida temos que ser para atingirmos determinados objectivos. Um exemplo...
No final do jogo na Trofa, em Matosinhos para Taça de Portugal, na Amadora ou contra Guimarães em casa seria importante que Rui Costa fosse ao balneário ser DURO com todos, mostrando quem manda, quem lidera e mostrando a atitude que se deve ter ao vestir a camisola do Benfica. Usando uma linguagem dura, com as "asneiras" e as ofensas pessoais a subir de tom deveria responsabilizar o plantel e equipa técnica e mostrar que "quem não se sente não é filho de boa gente". E mostrar que não admite faltas de atitude em nenhum campo onde o Benfica jogue.
Não tratar ninguém de forma diferente. Mesmo os que lhe são próximos e que o grupo sente como próximos dele deveriam ser os primeiros a ser criticados. Criticar sem critério o que significa poder apontar o dedo ao melhor jogador e o que mais correu para que todos entendam que a sua "cegueira" é por amor ao clube e que nenhum desses jogadores se pode sobrepor ao emblema encarnado.
No final poderia sair do balneário com todos os jogadores a chamarem-lhe nomes e a rogarem-lhe pragas. Para fora o discurso teria que ser de solidariedade, de força, de acreditar, de mandar recados de união para adversários mais próximos, de cerrar fileiras para entender que dos pontos fracos e dos pontos perdidos vamos ter mais força para os recuperar noutros terrenos.
Mesmo que Rui Costa "amuasse" com os seus meninos um ou dois dias eles sentiriam que não fez nada disto por mal, nem por lhes querer mal, mas por amor ao clube e a uma gestão bem feita. Quando os jogadores sentissem esse discurso de protecção para fora, poderiam comentar:
"Este cabrão gritou e berrou até mais não, mas depois defendeu-nos na rua".
E é isto que nós precisamos - duma voz de comando que não pode ser João Gabriel - por favor - ou Paulo Gonçalves - por favor - ou Quique muito solitário - por favor - ou Luís Filipe Vieira a meter os pés pelas mãos quando na conferência que devia ser de apoio inequívoco a Quique o que melhor lhe saiu foi "os contratos são para cumprir". A fazer fé no episódio Fernando Santos, essa frase ficou-lhe muito bem...
Isto consegue-se, delimitando quem faz o quê na estrutura, e talvez contratando alguém que seja uma voz maior no seio do grupo. Rui Costa é o director desportivo mas pode haver alguém que pode acompanhar a equipa, tendo em conta que Luís Filipe Vieira está proibido de assistir aos jogos.
E o Shéu? Eu adoro o Shéu. Aliás um texto de Ricardo Araújo Pereira sobre o Shéu há uns meses descrevia o que é Shéu para uma geração. "Eu queria ser o Shéu". Claro que sim. Mas será que essa pessoa que falo atrás é o Shéu? Não me parece. Shéu é um gentleman e nalguns momentos no futebol não se pode ser só gentleman e Shéu é só gentleman. E que continue a ser... Rui Costa pode endurecer o discurso para dentro ganhando mais respeito mas é um ex-colega de grande parte deles e não tem essa distância. Eu não dou nomes reais, mas posso definir nomes que definem perfis... Será que precisamos de um Toni, de um José Veiga, de um Humberto Coelho, de um Manuel José, de um Álvaro Magalhães ou de um Diamantino que não seja fragilizadíssimo desde a primeira semana de treinos? Se calhar de alguns desses perfis não necessitamos, mas sei que precisamos de competência no Benfica. A figura intermédia entre Presidente Luis Filipe Vieira e o director desportivo Rui Costa é importante. Humberto Coelho poderia ser um bom nome ou com um bom perfil, mas mesmo assim preferia alguém mais "bruto" ou menos politicamente correcto... Uma espécie de Jorge Jesus ou Scolari, mas da casa e com mística reconhecida. Alguém que Reyes e Aimar não "gozassem" se ele tivesse que puxar dos galões. E essas pessoas não são os que neste momento temos na estrutura de futebol e esse é o nosso problema.
No ano de José Veiga, além dele tínhamos Trapattoni e Álvaro Magalhães. Todos pesos pesados e uma equipa que não tinha o mínimo de talento. Ganhámos porque a estrutura era forte. Eu sei que a história não se repete e sinceramente penso que o tempo destes três já passou e não desejo que qualquer um deles volte ao Benfica. Isto serve apenas como exemplo do que para mim é a disciplina e forte estrutura que neste momento não temos.
Quando se fala em mística é disto que falo. Quando este sábado o Sporting empata com Académica era imprescindível que o Presidente, o director desportivo ou esta figura intermédia fosse ao balneário e dissesse umas palavras que metam a equipa em sentido.
Alguém que bata à porta educadamente, peça permissão para entrar e faça um discurso de 2 minutos onde foque com educação que "este jogo só pode ter um resultado, independentemente do que jogamos ou não jogamos". Lembrar que cada um daqueles jogadores vai "querer lutar por um lugar na champions onde eles merecem estar" e dar uma mensagem subtil de "responsabilidade e atitude." Não me canso de falar em "atitude" porque foi isto que nos faltou o ano todo - independentemente de nós "treinadores de bancada" pensarmos isto ou aquilo da parte táctica.
A falta de atitude nos tais campos pequenos e mais recentemente em casa - por exemplo com Guimarães - para mim só é possível porque não há liderança no nosso futebol. Posso estar enganado e tudo o que aqui opino estar obviamente errado. Claro que sim,mas este espaço é meu e eu opino o que bem me apetece.
Gosto de Rui Costa e sei que ele parece-me pouco confiante e muito sozinho. Ele pensou que com este João Gabriel ou Paulo Gonçalves estaria bem acompanhado e na minha opinião não está. Ele é o patrão, não esses nomes. Ele é o patrão do futebol e tem de ter tudo muito claro para que nos próximos meses tudo isto tenha que ser melhorado. Não pode confundir amizades com profissionalismo e deve saber ler nas "entrelinhas" de tudo o que se passou esta época.
Nessa altura, posso acreditar que o Benfica será bem gerido "de segunda a domingo" porque esta dicotomia de "fazer bem" vs "fazer mal" dependendo das áreas de actuação da gestão do Benfica é das coisas mais desconcertantes que me lembro de ver em qualquer tipo de organização.
Falhar o main core business e conseguir gerir bem tudo o resto, é das coisas mais estranhas da gestão do nosso clube. "Só" temos que acertar no futebol e apelar ao profissionalismo, liderança e capacidade mobilizadora.
Quando isso acontecer seremos mesmo imparáveis. De verdade.
Força Benfica
2 comentários:
Concordo com a generalidade do post.
Só um pormenor com que não concordo: no ano de Trapatoni, o Benfica não tinha uma equipa sem talento, tinha um super jogador numa forma fantástica que levou a equipa às costas - Simão Sabrosa.
Podemos dizer que em número de talentos a actual equipa do Benfica está mais bem servida, e é um facto. Mas, por motivos vários, muitos dos quais referidos neste post, nenhum deles rendeu metade do que fez o Simão nessa época.
Volto a dizer que isto é apenas um pequeno reparo e que estou totalmente de acordo com a generalidade do post.
PETIÇÃO ONLINE PARA ELEIÇÕES ANTECIPADAS!
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AMO-TE BENFICA!
http://www.peticao.com.pt/eleicoes-antecipadas-slb
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